Com um número de utilizadores que atinge o total de 2.5 biliões (um terço da população mundial),
internet já não pode ser considerada uma realidade virtual: pelo contrário, é algo bem presente, bem real.
Estaremos no limiar de uma cyber-sociedade global? Provável.
No entanto, ainda existem algumas diferenças entre o mundo real e aquele virtual: no virtual há poucas regras que determinam a atitude e a maneira de agir. E isso causa problemas e até algumas lutas ferozes, como no caso da guerra entre a China e os Estados Unidos sobre a actividade dos hackers ou as revelações feitas por Edward Snowden.
Os EUA têm procurado dominar a opinião pública, aproveitando a extrema complexidade da segurança informática e da imprecisão das suas regras: conhecemos o Programa Prism, as técnicas de controle que têm como alvos potenciais todos os cidadãos.
Então, qual é a verdadeira natureza do mundo virtual?
Não é simples responder: internet continua a ser algo "indefinido", a maioria dos Países não controla a sua própria rede virtual. A sensação é aceder à internet signifique entrar numa espécie de "universo paralelo", onde é possível navegar entre um oceano de informação, dar a volta ao mundo simplesmente com rato e teclado. E na maior parte dos casos é assim, de facto. No entanto, são possíveis algumas distinções.
A guerra da segurança da informação é jogada em três níveis. O primeiro nível é a batalha pela opinião pública, o segundo nível é o mercado das infra-estruturas de Internet, o terceiro nível é constituído pelas informações entre as Nações.
A batalha pela opinião pública
A batalha em volta da opinião pública tem com objectivo ganhar o apoio das pessoas desfrutando as notícias. Os EUA, por exemplo, tiram proveito da posição dominante nos meios de comunicação para descrever a China como um promotor da guerra informática. Argumentam que os ataques virtuais partiram de hackers chineses, que actuam com o apoio do governo de Pequim.
Verdade? Pode ser (e provável também). Mas não deixa de ser curiosa a fonte do alarme: os EUA são o mesmo País que vasculha os e-mails dos seus cidadãos e, ao mesmo tempo, mantém sob-controle as conversas dos seus aliados. Isso sem esquecer o episódio do vírus Stuxnet lançado contra o Irão.
O facto é que governos perceberam rapidamente o potencial de internet para controlar a opinião pública: e implementaram as medidas já utilizadas no âmbito de outros meios de comunicação (televisão, imprensa...).
A batalha para o mercado das infra-estruturas de Internet
As principais infra-estruturas da rede mundial de computadores, como os servers root e root DNS, estão localizadas nos EUA e ficam sob o controle do governo dos EUA. Os principais fornecedores das infra-estruturas de Internet são na maioria empresas norte-americanas como a Cisco, Intel, Microsoft, Apple e Google.
Isso deve obrigar a reflectir. Por exemplo, acerca da informação alternativa: é lícito pensar que os EUA trabalhem para a sua própria destruição, hospedando as mais importantes infra-estruturas utilizadas pelas pessoas que pretendem desvendar as obscuras tramas de Washington?
Aparentemente a resposta é "sim". O que não deixa de ser curioso.
A batalha de informações entre os Países
Os Estados Unidos têm atribuído grande importância ao campo da batalha da informação e são o primeiro País a ter concluído um projecto ao mais alto nível neste sentido. A estratégia da segurança da informação fica directamente sob a orientação do Presidente dos EUA e esta abordagem integrada fortalece ainda mais a posição dos americanos no mundo virtual.
Outras potências, incluindo a China, não têm um projecto semelhante, com a mesma estrutura hierárquica, ou pelo menos ainda não conseguiram implementa-lo na integra.
Washington, portanto, representa até hoje o principal jogador no âmbito virtual. Mas é provável uma mudança no médio e no longo prazo.
Pequim, por exemplo, tenciona desenvolver uma estratégia defensiva de segurança informática e elaborar um plano de alto nível que acompanhe o seu desenvolvimento potencial. Se o controle até a data é praticado no interior dos próprios confins (com a censura que atinge os utilizadores chineses), no futuro é lícito esperar uma atitude mais "ofensiva", que tente influenciar o mainstream global.
No longo prazo, irá emergir como um dos líderes no espaço virtual e constituirá cada vez mais uma ameaça à cyber-hegemonia dos Estados Unidos: a China terá as suas Google, Intel, Microsoft...com relativas infra-estruturas.
A Rússia parece partir duma posição atrasada nesta corrida: isso enquanto não são visíveis outros jogadores "de peso" no horizonte (dado que israel é aqui considerada como parte integrante da estratégia de Washington).
Os tempos nos quais as guerras eram combatidas só com as espingardas estão cada vez mais afastados.
Ipse dixit.
Fonte: a fonte deste artigo é um aprofundamento de Fang Xingdong, presidente da Internet and Society Research Center da University of Media and Communications de Zhejiang. O original em chinês pode ser encontrado neste link, enquanto a versão traduzida para o inglês está disponível no site China.org..
internet já não pode ser considerada uma realidade virtual: pelo contrário, é algo bem presente, bem real.
Estaremos no limiar de uma cyber-sociedade global? Provável.
No entanto, ainda existem algumas diferenças entre o mundo real e aquele virtual: no virtual há poucas regras que determinam a atitude e a maneira de agir. E isso causa problemas e até algumas lutas ferozes, como no caso da guerra entre a China e os Estados Unidos sobre a actividade dos hackers ou as revelações feitas por Edward Snowden.
Os EUA têm procurado dominar a opinião pública, aproveitando a extrema complexidade da segurança informática e da imprecisão das suas regras: conhecemos o Programa Prism, as técnicas de controle que têm como alvos potenciais todos os cidadãos.
Então, qual é a verdadeira natureza do mundo virtual?
Não é simples responder: internet continua a ser algo "indefinido", a maioria dos Países não controla a sua própria rede virtual. A sensação é aceder à internet signifique entrar numa espécie de "universo paralelo", onde é possível navegar entre um oceano de informação, dar a volta ao mundo simplesmente com rato e teclado. E na maior parte dos casos é assim, de facto. No entanto, são possíveis algumas distinções.
A guerra da segurança da informação é jogada em três níveis. O primeiro nível é a batalha pela opinião pública, o segundo nível é o mercado das infra-estruturas de Internet, o terceiro nível é constituído pelas informações entre as Nações.
A batalha pela opinião pública
A batalha em volta da opinião pública tem com objectivo ganhar o apoio das pessoas desfrutando as notícias. Os EUA, por exemplo, tiram proveito da posição dominante nos meios de comunicação para descrever a China como um promotor da guerra informática. Argumentam que os ataques virtuais partiram de hackers chineses, que actuam com o apoio do governo de Pequim.
Verdade? Pode ser (e provável também). Mas não deixa de ser curiosa a fonte do alarme: os EUA são o mesmo País que vasculha os e-mails dos seus cidadãos e, ao mesmo tempo, mantém sob-controle as conversas dos seus aliados. Isso sem esquecer o episódio do vírus Stuxnet lançado contra o Irão.
O facto é que governos perceberam rapidamente o potencial de internet para controlar a opinião pública: e implementaram as medidas já utilizadas no âmbito de outros meios de comunicação (televisão, imprensa...).
A batalha para o mercado das infra-estruturas de Internet
As principais infra-estruturas da rede mundial de computadores, como os servers root e root DNS, estão localizadas nos EUA e ficam sob o controle do governo dos EUA. Os principais fornecedores das infra-estruturas de Internet são na maioria empresas norte-americanas como a Cisco, Intel, Microsoft, Apple e Google.
Isso deve obrigar a reflectir. Por exemplo, acerca da informação alternativa: é lícito pensar que os EUA trabalhem para a sua própria destruição, hospedando as mais importantes infra-estruturas utilizadas pelas pessoas que pretendem desvendar as obscuras tramas de Washington?
Aparentemente a resposta é "sim". O que não deixa de ser curioso.
A batalha de informações entre os Países
Os Estados Unidos têm atribuído grande importância ao campo da batalha da informação e são o primeiro País a ter concluído um projecto ao mais alto nível neste sentido. A estratégia da segurança da informação fica directamente sob a orientação do Presidente dos EUA e esta abordagem integrada fortalece ainda mais a posição dos americanos no mundo virtual.
Outras potências, incluindo a China, não têm um projecto semelhante, com a mesma estrutura hierárquica, ou pelo menos ainda não conseguiram implementa-lo na integra.
Washington, portanto, representa até hoje o principal jogador no âmbito virtual. Mas é provável uma mudança no médio e no longo prazo.
Pequim, por exemplo, tenciona desenvolver uma estratégia defensiva de segurança informática e elaborar um plano de alto nível que acompanhe o seu desenvolvimento potencial. Se o controle até a data é praticado no interior dos próprios confins (com a censura que atinge os utilizadores chineses), no futuro é lícito esperar uma atitude mais "ofensiva", que tente influenciar o mainstream global.
No longo prazo, irá emergir como um dos líderes no espaço virtual e constituirá cada vez mais uma ameaça à cyber-hegemonia dos Estados Unidos: a China terá as suas Google, Intel, Microsoft...com relativas infra-estruturas.
A Rússia parece partir duma posição atrasada nesta corrida: isso enquanto não são visíveis outros jogadores "de peso" no horizonte (dado que israel é aqui considerada como parte integrante da estratégia de Washington).
Os tempos nos quais as guerras eram combatidas só com as espingardas estão cada vez mais afastados.
Ipse dixit.
Fonte: a fonte deste artigo é um aprofundamento de Fang Xingdong, presidente da Internet and Society Research Center da University of Media and Communications de Zhejiang. O original em chinês pode ser encontrado neste link, enquanto a versão traduzida para o inglês está disponível no site China.org..
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