Havia sinais de perigo que poderiam ter advertido o banco? Havia, e eram mais do que simples sinais.
Em Março de 2002 surgiu a lista dos financiadores da Al-Qaeda, após a apreensão dos computadores da Benevolence International Foundation (BIF) em Sarajevo, uma organização sem fins lucrativos da Arábia Saudita que o Departamento do Tesouro dos EUA mais tarde descreveu como "terrorista".
E antes de prosseguir com as aventuras do HSBC, vale a pena gastar algumas palavras acerca desta BIF.
A BIF teve origem em 1988 quando foi fundado o Islamic Benevolence Committee, no Paquistão: tratava de assistir os combatentes na guerra contra os Russos no Afeganistão.
Em 1992 o Islamic Benevolence Committee foi rebaptizado Benevolence International Foundation (BIF) e estabeleceu a própria sede nos Estados Unidos: antes na Florida e depois em Chicago, Illinois. Aqui recebeu a visita do Embaixador americano Melissa Wells, enviado pelo então presidente Bill Clinton, que abençoou o BIF pelos "esforços para aliviar o sofrimento".
Não apenas no Afeganistão, mas em outras partes do mundo também, como a Bósnia. E Bin Laden tinha um passaporte da Bósnia, fornecido por Alija Izetbegovic, o ex-membro da SS Handschar (uma divisão do exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial), o ex-comunista ao serviço do Marechal Tito e o futuro presidente da Bósnia e Herzegovina, que tantos apoios teve entre os Ocidentais (pois Izetbegovis era um "liberal").
Mais tarde os responsáveis do Benevolence International Foundation nos Estados Unidos foram presos em Mountain View, perto de San Francisco (é a cidade de Google, Mozilla, LinkedIn, da Simantec, do Seti), mas não antes de ter enviado dinheiro, mísseis, metralhadoras, baionetas, explosivos, dispositivos de comunicação aos grupos de Bin Laden na Chechênia, no Afeganistão, no Paquistão
Mas porque é importante esta Benevolence International Foundation? Porque fazia parte da "Cadeia de Ouro", um grupo de autênticos anjos financeiros ao serviço do terrorismo internacional.
Em 2002, os investigadores americanos invadem em Herndon (Virgínia) os escritórios da SAAR Foundation, uma organização ligada à Al Rajhi. Na verdade o nome "SAAR" é um acrónimo do fundador Sulaiman Abdul Aziz Al Rajhi, acionista controlador da Al Rajhi Bank. Na SAAR os investigadores encontram documentos interessantes, relacionados com a tal "Cadeia de Ouro" de Bin Laden.
E um dos primeiros vinte nomes que identificavam os patrocinadores financeiros da Al-Qaeda era mesmo este: Sulaiman bin Abdul Aziz Al Rajhi, um dos fundadores e executivos da Al Rajhi Bank.
As consequentes pesquisas permitiram individuar mais de 100 empresas na Virgínia, ligadas ao círculo da família Al Rajhi, cuja tarefa era a lavagem de dinheiro, construída de maneira a não mostrar as ligações com o ambiente do terrorismo.
Particularmente interessantes as ligações com a SAAR Foundation e o Swiss Al Taqwa Bank, uma empresa constituída nas Bahamas em 1988, fundada pelo simpatizante nazista e convertido ao islamismo Albert Armand (Achmed) Huber; mas é nesta altura que a Administração Bush decide arquivar o inquérito. É evidente que a operação Green Quest pode levantar tampas de panelas incómodas, melhor parar tudo.
Mas a Swiss Foundation volta em 2011, quando o gigante dos seguros Lloyd, de Londres, tenta recuperar o dinheiro para as vítimas do 9/11. A denúncia dos Lloyd afirmava: ".. que dois ex-funcionários do banco Taqwa, Ibrahim Hassabella e Samir Salah, estavam associados à Fundação SAAR."
Naqueles dias, The Independent publicou alguns elementos contidos na denúncia, segundo os quais os arguidos estavam plenamente conscientes dos financiamentos para Al-Qaeda nos anos anteriores ao ataque (o 9/11). Mais: de acordo com os documentos na posse dos investigadores:
Mas que tem a ver tudo isso com o banco HSBC? O relatório do Senado mostra que:
Não, não é "só" isso.
A suspeita das ligações entre Al-Rajhi Bank e HSBC não se esgotam com as informações descobertas nos arquivos da "Cadeia de Ouro" e na verdade são apenas a ponta do iceberg.
Após 9/11 o FBI descobriu que três dos sequestradores, Hani Hanjour, Nawaf Alhazmi e Abdulaziz Alomari, descontaram milhares de Dólares de cheques de viagem e transferências recebidas por um indivíduo (não nomeado) que tinha como fonte os fundos do Banco Al-Rajhi.
Como explica o pesquisador Kevin Fenton no livro Disconnecting the Dots, as ligações entre a maioria dos sequestradores foram descobertas na sequência das suas transações bancárias:
Embora não haja evidência de que o HSBC e, neste caso, o Banco Al-Rajhi tivessem conhecimento dos ataques planeados em 11 de Setembro, o total desprezo mostrado por essas instituições no que diz respeito à violação do KYC (Know-Your-Client, Conheces o Teu Cliente) que regulam as transacções financeiras, revela um total desrespeito das normas mais básicas: o que importa é continuar a encher o cofre, tudo o resto não conta.
Comunicações confidenciais entre os altos executivos do banco revelam que estes estavam bem cientes dos problemas e dos riscos envolvidos, mas pouco ou nada fizeram, continuando a HSBC a hospedar todas as manobras do Al-Rajhi Bank.
Os suspeitos eram tais que a gerência do HSBC tinha classificado o banco Al-Rajhi como CCS (Categoria Cliente Especial), a categoria dos conteúdos de maior risco. Isto porque, explicaram os investigadores, o Reino da Arábia Saudita era considerado um "alto risco" e também pelo facto de que o accionista maioritário do Al-Rajhi, Sulaiman Bin Abdul Aziz Al Rajhi, era considerado uma pessoa politicamente exposta (PPE).
Documentos internos do HSBC revelam que em 2002, ou seja, após o 9/11:
Como escrito pelo jornalista Nicholas Shaxson num artigo dedicado aos bancos offshore:
É exactamente o contrário de "melhores oportunidades de acompanhar de perto as actividades das mesmas contas".
Joseph Harpster da HBUS escreveu o seguinte e-mail:
Preocupados com a tal perspectiva e os possíveis controles das autoridades, eis o e-mail enviado de Douglas Stolberg, chefe do Departamento Comercial e Institucional, para Alexander Flockhart, na altura executivo sénior da Secção de Retalho e Comercial do HBUS:
É interessante realçar o teor das preocupações: o que está em causa não é a ideia de trabalhar com terroristas, os mesmos que, supostamente, acabaram de assassinar cerca de 3.000 pessoas. O verdadeiro problema são "os riscos de reputação", "um inquérito público" e/ou "as medidas regulamentares".
O mesmo e-mail deixa também bem claro que o dossier Al-Rajhi era de conhecimento dos mais altos níveis da instituição (o SMC).
A prioridade do HBUS (que, lembramos, é a filial americana do HSBC) era a continuação dos negócios com as contrapartes árabes. Nem no e-mail de Harpster, nem naquele de Stolberg aparece um problema moral ou ligado à justiça.
Cabe ao Leitor retirar as próprias conclusões.
No próximo artigo a terceira e última parte.
Ipse dixit.
Fontes:
Senado dos Estados Unidos: U.S. Vulnerabilities to Money Laundering, Drugs, and Terrorist Financing: HSBC Case History (ficheiro Pdf, inglês)
Senado dos Estados Unidos: HSBC Exposed U.S. Financial System to Money Laundering, Drug, Terrorist Financing Risks
Senado dos Estados Unidos: U.S. Vulnerabilities to Money Laundering, Drugs, and Terrorist Financing: HSBC Case History - Hearings (vídeo, declarações, testemunhos; inglês)
CSR Report for Congress: Saudi Arabia: Terrorist Financing Issues (ficheiro Pdf, inglês)
Kevin Fenton: Disconnecting the Dots
Richard Labévière: Dollars for Terror, The United States and Islam
Nicholas Shaxson: Treasure Islands
The Guardian
The Telegraph
The Wall Street Journal
The Independent
Em Março de 2002 surgiu a lista dos financiadores da Al-Qaeda, após a apreensão dos computadores da Benevolence International Foundation (BIF) em Sarajevo, uma organização sem fins lucrativos da Arábia Saudita que o Departamento do Tesouro dos EUA mais tarde descreveu como "terrorista".
E antes de prosseguir com as aventuras do HSBC, vale a pena gastar algumas palavras acerca desta BIF.
A BIF teve origem em 1988 quando foi fundado o Islamic Benevolence Committee, no Paquistão: tratava de assistir os combatentes na guerra contra os Russos no Afeganistão.
Em 1992 o Islamic Benevolence Committee foi rebaptizado Benevolence International Foundation (BIF) e estabeleceu a própria sede nos Estados Unidos: antes na Florida e depois em Chicago, Illinois. Aqui recebeu a visita do Embaixador americano Melissa Wells, enviado pelo então presidente Bill Clinton, que abençoou o BIF pelos "esforços para aliviar o sofrimento".
Não apenas no Afeganistão, mas em outras partes do mundo também, como a Bósnia. E Bin Laden tinha um passaporte da Bósnia, fornecido por Alija Izetbegovic, o ex-membro da SS Handschar (uma divisão do exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial), o ex-comunista ao serviço do Marechal Tito e o futuro presidente da Bósnia e Herzegovina, que tantos apoios teve entre os Ocidentais (pois Izetbegovis era um "liberal").
Mais tarde os responsáveis do Benevolence International Foundation nos Estados Unidos foram presos em Mountain View, perto de San Francisco (é a cidade de Google, Mozilla, LinkedIn, da Simantec, do Seti), mas não antes de ter enviado dinheiro, mísseis, metralhadoras, baionetas, explosivos, dispositivos de comunicação aos grupos de Bin Laden na Chechênia, no Afeganistão, no Paquistão
Mas porque é importante esta Benevolence International Foundation? Porque fazia parte da "Cadeia de Ouro", um grupo de autênticos anjos financeiros ao serviço do terrorismo internacional.
Em 2002, os investigadores americanos invadem em Herndon (Virgínia) os escritórios da SAAR Foundation, uma organização ligada à Al Rajhi. Na verdade o nome "SAAR" é um acrónimo do fundador Sulaiman Abdul Aziz Al Rajhi, acionista controlador da Al Rajhi Bank. Na SAAR os investigadores encontram documentos interessantes, relacionados com a tal "Cadeia de Ouro" de Bin Laden.
E um dos primeiros vinte nomes que identificavam os patrocinadores financeiros da Al-Qaeda era mesmo este: Sulaiman bin Abdul Aziz Al Rajhi, um dos fundadores e executivos da Al Rajhi Bank.
As consequentes pesquisas permitiram individuar mais de 100 empresas na Virgínia, ligadas ao círculo da família Al Rajhi, cuja tarefa era a lavagem de dinheiro, construída de maneira a não mostrar as ligações com o ambiente do terrorismo.
Particularmente interessantes as ligações com a SAAR Foundation e o Swiss Al Taqwa Bank, uma empresa constituída nas Bahamas em 1988, fundada pelo simpatizante nazista e convertido ao islamismo Albert Armand (Achmed) Huber; mas é nesta altura que a Administração Bush decide arquivar o inquérito. É evidente que a operação Green Quest pode levantar tampas de panelas incómodas, melhor parar tudo.
Mas a Swiss Foundation volta em 2011, quando o gigante dos seguros Lloyd, de Londres, tenta recuperar o dinheiro para as vítimas do 9/11. A denúncia dos Lloyd afirmava: ".. que dois ex-funcionários do banco Taqwa, Ibrahim Hassabella e Samir Salah, estavam associados à Fundação SAAR."
Naqueles dias, The Independent publicou alguns elementos contidos na denúncia, segundo os quais os arguidos estavam plenamente conscientes dos financiamentos para Al-Qaeda nos anos anteriores ao ataque (o 9/11). Mais: de acordo com os documentos na posse dos investigadores:
Na ausência de patrocínios, quais aqueles das personagens apenas acusadas, Al-Qaeda não teria tido a capacidade de conceber, planear e executar os ataques de 11 de Setembro O sucesso dos planos da Al-Qaeda, incluindo o 11 de Setembro, só foi possível através das generosas contribuições financeiras recebidas ao longo de mais de uma década antes de 11 de Setembro de 2001.Os investigadores do Senado americano conseguiram ligar entre eles Mr. Hassabella (ex-funcionário do Banco Taqwa e acionista da SAAR Foundation), o Sr. Saleh (um ex-director e tesoureiro do Taqwa Bank of Bahamas e presidente da Piedmont Trading Corporation, que fazia parte da SAAR Foundation), o Al Rajhi Bank (fundado pelo Sulaiman Abdul Aziz Al Rajhi, dono da SAAR também).
Mas que tem a ver tudo isso com o banco HSBC? O relatório do Senado mostra que:
HSBC estava totalmente informada das suspeitas sobre o Al-Rajhi Bank e o facto dos donos deste estarem associados ao financiamento de operações terroristas, situação facilmente detectável pelos perfis dos clientes da Al-Rajhi Bank."Só" isso? Afinal um banco que fechou os olhos acerca dum dos seus parceiros comerciais?
Não, não é "só" isso.
As preocupações
A suspeita das ligações entre Al-Rajhi Bank e HSBC não se esgotam com as informações descobertas nos arquivos da "Cadeia de Ouro" e na verdade são apenas a ponta do iceberg.
Após 9/11 o FBI descobriu que três dos sequestradores, Hani Hanjour, Nawaf Alhazmi e Abdulaziz Alomari, descontaram milhares de Dólares de cheques de viagem e transferências recebidas por um indivíduo (não nomeado) que tinha como fonte os fundos do Banco Al-Rajhi.
Como explica o pesquisador Kevin Fenton no livro Disconnecting the Dots, as ligações entre a maioria dos sequestradores foram descobertas na sequência das suas transações bancárias:
Neste contexto, é interessante notar que Global Objectives, uma empresa de auditoria dos bancos britânicos, mesmo antes dos ataques tinha identificado quinze dos dezanove terroristas, realçando-os como indivíduos de alto risco e preparando uma base de dados com os perfis deles. A base de dados foi espalhada entre dezenas de bancos.Entre os quais, óbvio, o HSBC.
Embora não haja evidência de que o HSBC e, neste caso, o Banco Al-Rajhi tivessem conhecimento dos ataques planeados em 11 de Setembro, o total desprezo mostrado por essas instituições no que diz respeito à violação do KYC (Know-Your-Client, Conheces o Teu Cliente) que regulam as transacções financeiras, revela um total desrespeito das normas mais básicas: o que importa é continuar a encher o cofre, tudo o resto não conta.
Comunicações confidenciais entre os altos executivos do banco revelam que estes estavam bem cientes dos problemas e dos riscos envolvidos, mas pouco ou nada fizeram, continuando a HSBC a hospedar todas as manobras do Al-Rajhi Bank.
Os suspeitos eram tais que a gerência do HSBC tinha classificado o banco Al-Rajhi como CCS (Categoria Cliente Especial), a categoria dos conteúdos de maior risco. Isto porque, explicaram os investigadores, o Reino da Arábia Saudita era considerado um "alto risco" e também pelo facto de que o accionista maioritário do Al-Rajhi, Sulaiman Bin Abdul Aziz Al Rajhi, era considerado uma pessoa politicamente exposta (PPE).
Documentos internos do HSBC revelam que em 2002, ou seja, após o 9/11:
O Departamento Bancos Privados Internacionais pediu para transferir diversas contas do HSBC para o Departamento Bancos Institucionais, no Delaware, com a justificação que este teria tido melhores oportunidades de acompanhar de perto as actividades das mesmas contas.Na verdade, a transferência das contas de Al-Rajhi para a divisão no Delaware teria tido (e teve) o efeito oposto e os funcionários do banco sabiam isso muito bem. A transferência, portanto, foi uma maneira para afastar estas actividades dos olhos dos curiosos.
Como escrito pelo jornalista Nicholas Shaxson num artigo dedicado aos bancos offshore:
O Delaware é o Estado que permite o mais alto nível de confidencialidade para as empresas offshore.Shaxson observou que a Suprema Corte do Delaware tinha estabelecido uma regra legal em relação às atividades económicas pela qual os tribunais não podem "especular" sobre as chefias das sociedades, então as chefias gozavam duma liberdade ilimitada perante os acionistas traquinas, o controlo jurisdicional e a opinião pública também.
É exactamente o contrário de "melhores oportunidades de acompanhar de perto as actividades das mesmas contas".
Joseph Harpster da HBUS escreveu o seguinte e-mail:
As principais preocupações nasceram quando foram feitas três transferências de pequenas somas de dinheiro (50 mil, 3 mil e 1.500 Dólares) em favor de pessoas com nomes que eram muito semelhantes aos nomes dos terroristas envolvidos nos actos de 9/11. O perfil da conta principal mostrava um dobrar das transferências de dinheiro a partir de 1 de Setembro, um grande número de cheques de viagem mas de valor reduzido e alguns depósitos em dinheiro.
De acordo com o oficial encarregado da conta, o tráfego da mesma foi aumentado porque tinham sido enviados mais recursos, como resultado dos relacionamentos com o Saudi British Bank e o fortalecimento da HSBC na República. Manter estes negócios neste âmbito é bem recomendado por David Hodghinson (da Saudi British Bank) e Dixon André, vice-presidente do HSBC Bank do Médio Oriente. A mesma opinião é de Niall Booker e de Alba Khoury do HBUS.Havia portanto o conhecimento acerca da identidade de determinados correntistas ("pessoas com nomes que eram muito semelhantes aos nomes dos terroristas" sic!), mas o que mandava eram os interesses do banco. Um total de 54.000 Dólares transferidos para os bolsos dum terrorista? E porquê preocupar-se? O verdadeiro problema parece ser a "publicidade adversa". Que, admitimos, não é simpática.
Douglas Stolberg |
Como mencionado anteriormente, aqueles da Conformidade levantaram dúvidas sobre a gestão real da conta do Grupo Al-Rajhi. [...]
Devemos considerar o Departamento Bancário Privado Internacional como o domicílio do relacionamento para fins de continuidade, dado que sabemos de interesses futuros em continuar a desenvolver os negócios com os membros da família.
Domiciliem portanto a conta no Delaware, onde os mecanismos de controle sobre as contas são ao mais alto nível [lololol, ndt].E continua:
Esta tornou-se uma situação de alto perfil. As preocupações por parte daqueles da Conformidade referem-se a possibilidade de que a conta Al-Rajhi possa ser utilizada pelos terroristas. Se isso for verdade, poderia expor HBUS a um inquérito público e/ou medidas regulamentares.
Aqueles do SABB [Saudi British Bank, ndt] são, obviamente, dispostos a continuar o relacionamento. Como esta questão está principalmente relacionada com a conformidade e os riscos de reputação, achamos justo que o SMC (Comité Executivo Sénior) recebera informação adequada [...] para que possam opinar sobre a aceitação ou não do plano. Estamos ansiosos para saber os pensamentos deles sobre como proceder!E o que pensaram ficou claro: após uma semana as contas foram transferidas para o Delaware.
É interessante realçar o teor das preocupações: o que está em causa não é a ideia de trabalhar com terroristas, os mesmos que, supostamente, acabaram de assassinar cerca de 3.000 pessoas. O verdadeiro problema são "os riscos de reputação", "um inquérito público" e/ou "as medidas regulamentares".
O mesmo e-mail deixa também bem claro que o dossier Al-Rajhi era de conhecimento dos mais altos níveis da instituição (o SMC).
A prioridade do HBUS (que, lembramos, é a filial americana do HSBC) era a continuação dos negócios com as contrapartes árabes. Nem no e-mail de Harpster, nem naquele de Stolberg aparece um problema moral ou ligado à justiça.
Cabe ao Leitor retirar as próprias conclusões.
No próximo artigo a terceira e última parte.
Ipse dixit.
Fontes:
Senado dos Estados Unidos: U.S. Vulnerabilities to Money Laundering, Drugs, and Terrorist Financing: HSBC Case History (ficheiro Pdf, inglês)
Senado dos Estados Unidos: HSBC Exposed U.S. Financial System to Money Laundering, Drug, Terrorist Financing Risks
Senado dos Estados Unidos: U.S. Vulnerabilities to Money Laundering, Drugs, and Terrorist Financing: HSBC Case History - Hearings (vídeo, declarações, testemunhos; inglês)
CSR Report for Congress: Saudi Arabia: Terrorist Financing Issues (ficheiro Pdf, inglês)
Kevin Fenton: Disconnecting the Dots
Richard Labévière: Dollars for Terror, The United States and Islam
Nicholas Shaxson: Treasure Islands
The Guardian
The Telegraph
The Wall Street Journal
The Independent
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