Eis uma história...como dizer? Divertida? Não, não divertida mas curiosa.
Mas antes: um passo atrás.
Há pouco mais de um ano, o Banco Central Europeu foi atingido por uma ideia genial: criar o LTRO. Não o "litro", aquele já existe, mas o Long Term Refinancing Operation. O pensamento era tão simples como evidentemente estúpido: criar dinheiro e entrega-lo aos bancos para favorecer o crédito.
"Simples" porque, de facto, se faltar o dinheiro é lógico imprimir novas notas e distribui-las.
"Estúpido" porque a ideia parte do pressuposto segundo o qual o banco privado, uma vez recebido o dinheiro, vai tratar dos interesses da economia e não dos seus próprios.
Claro, depois havia também a necessidade de ajudar algumas instituições bancárias em sérias dificuldades; mas a tónica foi posta no ciclo do crédito que o LTRO deveria ter despoletado, na intenção de conter o credit crunch. Mais dinheiro aos bancos = mais dinheiro para cidadãos e empresas = retoma económica = saída da crise = triunfo.
Cereja no topo do bolo: a entrega de dinheiro foi apresentada como um empréstimo, ao miserável interesse de 1%. Na mesma altura, os Países europeus em dificuldades pagavam (e ainda pagam) interesses bem maiores sobre as esmolas concedidas pela dupla FMI-BCE.
Total do LTRO? 1.000 biliões de Euros, um discreto montante criado a partir do nada.
Passado um ano, a situação evolveu segundo as linhas que o Leitor pode facilmente imaginar. Os bancos receberam o dinheiro, agradeceram, e continuaram a não conceder empréstimos. Porquê?
Basicamente por duas razões.
Mas onde fica a parte curiosa? Fica aqui: há ainda pessoas que acreditam num Banco Central Europeu que trabalha em prol da Zona Euro, dos cidadãos. Não é espantoso?
Meus senhores: o BCE é uma empresa privada que, portanto, tem que gerar lucros. Os donos do BCE são aqueles mesmos bancos privados que receberam a prenda chamada LTRO.
Mas vamos em frente: história acabada? Não, porque o LTRO, como afirmado, era um empréstimo que, como tal, tem que ser devolvido. Coisa que está regularmente a acontecer.
Até agora os bancos privado devolveram 145.6 biliões de Euros, mais interesses (o tal 1%...). E na próxima semana são previstos mais 3.8 biliões.
O mecanismo funciona que é uma maravilha. Os Títulos de Estado de curto prazo (tipo os de três meses) nos quais os bancos investiram o dinheiro do LTRO, já foram pagos pelos Estados em dificuldades; Estados que, para não falir, aceitaram pagar juros muito elevados. Portanto: os bancos encaixaram e agora podem devolver o mágico LTRO.
Quanto ganharam? Isso depende dos Títulos de Estado nos quais o dinheiro tinha sido investido.
Os Títulos italianos, por exemplo, renderam um 3% (mais ou menos), já Portugal pagou 4-5% (sempre valor aproximado), a Grécia 4% (mas este era o valor dos Títulos a três meses em Julho). Se a margem de ganho parece reduzida (2, 3 ou 4 pontos percentuais), é bom lembrar que aqui não se fala de bancos que comprar 100 Euros de Títulos...
Haveria espaço ainda para uma pergunta: "Quem paga os juros dos Títulos?".
Mas é uma pergunta retórica, não é?
Ipse dixit.
Fonte: Megachip
Mas antes: um passo atrás.
Há pouco mais de um ano, o Banco Central Europeu foi atingido por uma ideia genial: criar o LTRO. Não o "litro", aquele já existe, mas o Long Term Refinancing Operation. O pensamento era tão simples como evidentemente estúpido: criar dinheiro e entrega-lo aos bancos para favorecer o crédito.
"Simples" porque, de facto, se faltar o dinheiro é lógico imprimir novas notas e distribui-las.
"Estúpido" porque a ideia parte do pressuposto segundo o qual o banco privado, uma vez recebido o dinheiro, vai tratar dos interesses da economia e não dos seus próprios.
Claro, depois havia também a necessidade de ajudar algumas instituições bancárias em sérias dificuldades; mas a tónica foi posta no ciclo do crédito que o LTRO deveria ter despoletado, na intenção de conter o credit crunch. Mais dinheiro aos bancos = mais dinheiro para cidadãos e empresas = retoma económica = saída da crise = triunfo.
Cereja no topo do bolo: a entrega de dinheiro foi apresentada como um empréstimo, ao miserável interesse de 1%. Na mesma altura, os Países europeus em dificuldades pagavam (e ainda pagam) interesses bem maiores sobre as esmolas concedidas pela dupla FMI-BCE.
Total do LTRO? 1.000 biliões de Euros, um discreto montante criado a partir do nada.
Passado um ano, a situação evolveu segundo as linhas que o Leitor pode facilmente imaginar. Os bancos receberam o dinheiro, agradeceram, e continuaram a não conceder empréstimos. Porquê?
Basicamente por duas razões.
- as instituições em dificuldades conseguiram "tapar os buracos", mas nos cofres ainda ficam activos "tóxicos", que assustam e que pintam o horizonte de negro.
- as instituições mais saudáveis fizeram duas contas e rapidamente encontraram a maneira para tornar o novo dinheiro mais rentável. Como? Investindo nos Títulos de Estado dos Países em dificuldades porque, como sabemos, geram altos interesses.
Mas onde fica a parte curiosa? Fica aqui: há ainda pessoas que acreditam num Banco Central Europeu que trabalha em prol da Zona Euro, dos cidadãos. Não é espantoso?
Meus senhores: o BCE é uma empresa privada que, portanto, tem que gerar lucros. Os donos do BCE são aqueles mesmos bancos privados que receberam a prenda chamada LTRO.
Mas vamos em frente: história acabada? Não, porque o LTRO, como afirmado, era um empréstimo que, como tal, tem que ser devolvido. Coisa que está regularmente a acontecer.
Até agora os bancos privado devolveram 145.6 biliões de Euros, mais interesses (o tal 1%...). E na próxima semana são previstos mais 3.8 biliões.
O mecanismo funciona que é uma maravilha. Os Títulos de Estado de curto prazo (tipo os de três meses) nos quais os bancos investiram o dinheiro do LTRO, já foram pagos pelos Estados em dificuldades; Estados que, para não falir, aceitaram pagar juros muito elevados. Portanto: os bancos encaixaram e agora podem devolver o mágico LTRO.
Quanto ganharam? Isso depende dos Títulos de Estado nos quais o dinheiro tinha sido investido.
Os Títulos italianos, por exemplo, renderam um 3% (mais ou menos), já Portugal pagou 4-5% (sempre valor aproximado), a Grécia 4% (mas este era o valor dos Títulos a três meses em Julho). Se a margem de ganho parece reduzida (2, 3 ou 4 pontos percentuais), é bom lembrar que aqui não se fala de bancos que comprar 100 Euros de Títulos...
Haveria espaço ainda para uma pergunta: "Quem paga os juros dos Títulos?".
Mas é uma pergunta retórica, não é?
Ipse dixit.
Fonte: Megachip
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