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Comunicações: tudo controlado

6 de Abril de 2014, 10:11 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Grandes manobras, muito pouco publicitadas.
É o que acontece no sector das comunicações.

E nós, como sempre, a discutir do sexo dos anjos enquanto os grandes poderes aperfeiçoam os meios de controle, condicionando assim o que sabemos, o que pensamos, o que iremos fazer.

A procura por dados (sejam estes áudio, vídeos ou simples documentos escritos) atingiu níveis astronómicos. Isso ocorre em parte porque os usuários de internet estão cada vez mais escravos (voluntários) das redes sociais.
Facebook, por exemplo, já tem mais de 1,3 biliões de utilizadores (apesar de sofrer uma ligeira queda, unida a uma mudança das faixas etárias: cada vez menos jovens e mais adultos); Youtube ultrapassa o bilião; Twitter 750 milhões; WhatsApp 450 milhões.

Em todo o mundo, os usuários não são satisfeitos com um único meio de comunicação e reivindica o quadruple play, ou seja, acesso à Internet, TV digital, telefone fixo e telefone celular. E para atender a essa procura insaciável, eis conexões capazes de fornecer um enorme fluxo de informação, expressa em centenas de megabits por segundo.

E aqui reside o problema. Do ponto de vista técnico, as redes ADSL (utilizadas em muitos Países para a Intenet de banda larga) estão quase saturadas.

O futuro: cabo & fibra

O futuro é o cabo coaxial ou, ainda melhor, a fibra óptica . Esta tecnologia garante uma óptima qualidade de vídeo e de transmissão de dados, com uma banda ultra-larga, quase ilimitada. pessoalmente sou um utente da fibra óptica, após ter sido utilizador do ADSL e posso confirmar: a qualidade, velocidade e estabilidade da fibra ultrapassa abundantemente o sistema ADSL.

A coisa curiosa é que o cabo coaxial (outro meio com características superiores ao ADSL) era já bem conhecido nos anos '80, mas foi arquivado porque exige obras mais dispendiosas (é preciso cavar e colocar cabos subterrâneos, depois trazê-los para a base dos edifícios).

As empresas preferiram poupar e optar para a mais económica ADSL: apenas alguns operadores de cabo têm continuado a investir e, pacientemente, construir uma extensa rede deste tipo. A maioria, como afirmado, optaram para a tecnologia ADSL, mais barato mas também hoje quase saturada.

Portanto, neste momento, o movimento geral das grandes empresas de telecomunicações (e dos fundos especuladores) é tentar a todo o custo a fusão com a operadores de cabo cujas "velhas" redes de fibra são, paradoxalmente, o futuro das comunicação.

Isso explica a recente aquisição em Espanha da ONO, o maior operador de cabo, por parte das britânicas Vodafone e British Telecom em troca de 7,2 biliões de Euros. Quarta operadora espanhola, a  Ono tem 1,1 milhões de linhas móveis e 1,5 milhões de linhas fixas, mas o que dá valor é a sua ampla rede com cabo, que atinge 7,2 milhões de domicílios.

Pormenor interessante: 60 % das acções da Ono estavam nas mãos dos fundos especulativos internacionais, os quais já sabiam (pelas razões descritas acima), que os gigantes das telecomunicações querem comprar, a qualquer preço, os operadores de cabo.

Em todo o mundo, os fundos-abutres estão a comprar operadores de cabo independentes, para depois revende-los e obter ganhos significativos...à custa de quem? Pois, este é o problema. Mas por enquanto continuemos com o assunto "aquisições".

Milhões, biliões...

Por exemplo, sempre na Espanha, os três operadores de cabo regionais Euskaltel, Telecable e R têm sido alvo de compra especulativa . Em 2011, o fundo de especulativo (mas o termo elegante é private equity, muito mais fino) Carlyle Group dos Estados Unidos adquiriu 85 % da operadora de cabo asturiana Telecable.

Em 2012, o fundo italiano Investindustrial e a americana Trilantic Partners Capitais obtiveram 48% do operador basco Euskaltel. E no mês passado o fundo britânico CVC Capital Partners adquiriu o restante 30% do operador galego R , que agora controla na totalidade.

Depois há outros casos: por exemplo, um operador de cabo que compra uma empresa de telecomunicações. Aconteceu na França, onde a empresa de cabo Numericable (cinco milhões de famílias ou empresas conectadas) está a tentar comprar, para quase 12 biliões de Euros, a terceira operadora de telefonia móvel francesa, a SFR, dona duma rede de 57 mil quilómetros de fibra óptica.

Outras vezes são dois operadores de cabo que decidem fundir-se. É o que acontece nos Estados Unidos, onde as duas maiores operadoras de cabo, Comcast e Time Warner Cable, decidiram juntar-se. No total, estas duas empresas formam um monstro com mais de 30 milhões de assinantes, aos quais são fornecidos os serviços de internet de banda larga, telefonia fixa e móvel.

Comcast e Time Warner agora também controlam um terço da televisão por assinatura. A mega-fusão tem um custo de 45.000.000.000 de Dólares (36 milhões de Euros). O resultado é um gigante dos media, com um volume de negócios estimado em cerca de 87 biliões de Dólares (67 biliões de Euros).

Tanto para ter uma ideia das dimensões, o volume de negócios do grupo PRISA, o primeiro grupo de comunicação espanhol, editor do jornal El País e que tem uma forte presença na América Latina (e em Portugal também), nem chega aos 3 biliões de Euros; o New York Times factura menos de 2 biliões de Euros, o grupo Le Monde 380.000.000 milhões e o The Guardian uns "míseros" 250 milhões.

Os "novos" donos

Mas qual o problema em tudo isso?
O problema chama-se "informação".

Graças às revelações de Edward Snowden e Glenn Greenwald, sabemos que a maioria dos gigantes da Internet eram (e ainda são) cúmplices da americana Agência de Segurança Nacional (NSA) para a construção dos seus programas ilegais de espionagem, desfrutando as comunicação em massa e o uso das redes sociais.

Unir, fundir, adquirir por parte das maiores empresas significa reduzir cada vez mais a liberdade de expressão, controlada por um grupo de pessoas mais limitado.

A Comcast, por exemplo (que de facto agora controlará a Time Warner Company), em 2013 gastou 18.8 milhões de Dólares para a sua lobby, formada por ex-congressistas dos EUA: nada menos de que a sétima lobby por importância nos Estados Unidos. E, obviamente, Comcast tem o seu bonito fundo especulativo, o The Peacock Equity Fund.

O chefe é Brian L. Robert (e adivinhem? Exacto, é hebraico), republicano, também membro do conselho de administração da National Cable & Telecommunications Association (NCTA), chefe da CableLabs e conselheiro do Banco de New York.

Passo atrás: lembram do grupo Vodafone e British Telecom que adquiriu a espanhola Ono? A British Telecom é a mesma empresa que já em 2008 utilizava (como a Virgin Media) um spyware para interceptar e analisar os "clicks" dos utilizadores, dados depois vendidos para a empresa Phorm que utilizava-os para fins publicitários. Isso tanto para ter uma ideia do tipo de pessoas das quais estamos a falar.

E, cereja no topo do bolo, o presidente da British Telecom, Sir Michael Derek Vaughan Rake, é também membro do conselho de administração do banco Barclays: deve sempre haver um banco nestas histórias...

Podemos dar muitas voltas, mas afinal o percurso sempre nós traz para um grupo de nomes limitados e bem conhecidos.

E nós? Nós não somos inocentes. Escravos voluntários, sabemos somos observados, espiados, analisados: e mesmo assim, continuamos com a droga digital. Sem ficar preocupados da nossa crescente dependência, entregamos cada vez mais a vigilância das nossas vidas para os novos senhores da comunicação.

Vamos continuar assim? Podemos permitir que tudo fique sob controle?
A resposta é uma só: sim, e alegremente.


Ipse dixit.

Fonte: Le Monde Diplomatíque (versão espanhola), Wikiédia (várias páginas corporativas e biográficas, versões inglesas) 

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/eh7Wfk3ltig/comunicacoes-tudo-controlado.html

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