Domingo...
Antigamente o Domingo era o dia do futebol. Em Italia, digo. Às 15:00 começavam os jogos e havia os relatos em directo na rádio. Tudo acontecia nos vários campos de jogo ao mesmo tempo e era simpático ouvir as interrupções das vozes excitadas em ocasião dos golos.
Depois também este aspecto mudou e também o futebol teve que dobrar-se perante as exigências do mercado. Os dias de jogo ficaram assim "espalmados" ao longo de dois, três, até quatro dias.
Porquê? Basicamente por causa dos direitos televisivos: há emissoras que vivem em boa medida graças aos proventos dos jogos transmitidos em directo, por isso mais jogos significa mais receitas. Claro, assim a competição fica falseada, pois há equipas que entram em campo sabendo já qual o resultado realmente útil que devem conseguir.
Mas que importa?
Desta forma a atenção do adepto é mantida viva ao longo de mais dias, com uma teórica maior venda de jornais também e de todos aquele adereços que transformaram (há muito tempo) um jogo numa indústria.
É claro que a industrialização do futebol tem consequências ainda mais profundas.
Cada vez mais, é o desporto príncipe na equação panem et circenses (pão e jogos) que já os Romanos aplicavam: tinham percebido que a melhor maneira para manter calmo o povo consistia em fornecer comida e diversão.
Cada vez mais é gerido por pessoas que pouco ou nada têm a ver com o desporto ou que desfrutam este para atingir visibilidade mediática e novas oportunidades de negócio.
Cada vez mais é algo acima da lei, que desfruta a importância do próprio papel para ignorar e, se for o caso, modificar as regras aplicadas aos mortais.
Mas estas são coisas que todos sabemos, não há novidades.
As novidades estão ligadas aos Europeus de futebol, desta vez hospedados na Polónia e na Ucrânia, que começam na próxima semana. E eis alguns dados interessantes, cuja justificação pode ser encontrada em quanto dito até agora.
O diário desportivo espanhol As divulgou um estudo para identificar quais as selecções que vão gastar mais com a estadia em ocasião da competição. Gastos diários, relativo às despesas de alojamento.
A selecção campeã do mundo, a Espanha, que vai ficar no Hotel Mistral Gniewino, a poucos quilómetros de Gdansk, vai pagar 4.700 € por cada dia; preço resultante da estadia de jogadores, treinadores, dirigentes e outros membros da expedição, cerca de 40 elementos.
E as outras equipas? Eis a lista completa, com o nome da selecção, a localidade da estadia e a despesa diária:
1. Portugal - Opalenica 33.174 euros
2. Rússia - Varsovia 30.400 euros
3. Polónia - Varsovia 24.000 euros
4. Irlanda - Sopot 23.000 euros
5. Alemanha - Gdansk 22.500 euros
6. Rep. Checa - Wroclaw 22.200 euros
7. Inglaterra - Cracóvia 19.000 euros
8. Holanda - Cracovia 16.200 euros
9. Italia - Wieliczka 10.500 euros
10. Croácia - Warka 8.300 euros
11. Dinamarca - Kolobrzeg 7.700 euros
12. Espanha - Gniewino 4.700 euros
Portugal: 33.174 Euros diários. A selecção que mais gasta. Interessante.
As medidas de austeridade não se aplicam à Selecção. Não há aqui intervenções do governo, não há um primeiro ministro que rogue sacrifícios para um futuro melhor, não há uma oposição que pretenda um debate no parlamento. O futebol é a prioridade absoluta.
É justo.
Rita (que agradeço) encontrou novos valores, tendo como base uma notícia do Jornal de Notícias. Segundo este diário, o valor pago pela Selecção seria de 8.120 Euros em vez dos 33.174 apresentados o post.
Pessoalmente acho que o novo valor faz muito mais sentido. Ok, fica a questão do "princípio", mas entre 8 mil e 33 mil Euros a diferença é substancial.
Fica a dúvida: mas porquê um diário polaco (o Sport PL, verdadeira fonte da notícia, ao que tudo indica) deveria ter inventado valores tão afastados da realidade? Não sei responder mas, como afirmado, a minha impressão é que os dados do Jornal de Notícias possam ser mais reais.
O link do Jornal de Notícias fica aqui.
Ipse dixit.
Fontes: AS (espanhol), Correio da Manhã, Sport.Pl (polaco), Jornal de Notícias
Antigamente o Domingo era o dia do futebol. Em Italia, digo. Às 15:00 começavam os jogos e havia os relatos em directo na rádio. Tudo acontecia nos vários campos de jogo ao mesmo tempo e era simpático ouvir as interrupções das vozes excitadas em ocasião dos golos.
Depois também este aspecto mudou e também o futebol teve que dobrar-se perante as exigências do mercado. Os dias de jogo ficaram assim "espalmados" ao longo de dois, três, até quatro dias.
Porquê? Basicamente por causa dos direitos televisivos: há emissoras que vivem em boa medida graças aos proventos dos jogos transmitidos em directo, por isso mais jogos significa mais receitas. Claro, assim a competição fica falseada, pois há equipas que entram em campo sabendo já qual o resultado realmente útil que devem conseguir.
Mas que importa?
Desta forma a atenção do adepto é mantida viva ao longo de mais dias, com uma teórica maior venda de jornais também e de todos aquele adereços que transformaram (há muito tempo) um jogo numa indústria.
É claro que a industrialização do futebol tem consequências ainda mais profundas.
Cada vez mais, é o desporto príncipe na equação panem et circenses (pão e jogos) que já os Romanos aplicavam: tinham percebido que a melhor maneira para manter calmo o povo consistia em fornecer comida e diversão.
Cada vez mais é gerido por pessoas que pouco ou nada têm a ver com o desporto ou que desfrutam este para atingir visibilidade mediática e novas oportunidades de negócio.
Cada vez mais é algo acima da lei, que desfruta a importância do próprio papel para ignorar e, se for o caso, modificar as regras aplicadas aos mortais.
Mas estas são coisas que todos sabemos, não há novidades.
As novidades estão ligadas aos Europeus de futebol, desta vez hospedados na Polónia e na Ucrânia, que começam na próxima semana. E eis alguns dados interessantes, cuja justificação pode ser encontrada em quanto dito até agora.
O diário desportivo espanhol As divulgou um estudo para identificar quais as selecções que vão gastar mais com a estadia em ocasião da competição. Gastos diários, relativo às despesas de alojamento.
A selecção campeã do mundo, a Espanha, que vai ficar no Hotel Mistral Gniewino, a poucos quilómetros de Gdansk, vai pagar 4.700 € por cada dia; preço resultante da estadia de jogadores, treinadores, dirigentes e outros membros da expedição, cerca de 40 elementos.
E as outras equipas? Eis a lista completa, com o nome da selecção, a localidade da estadia e a despesa diária:
1. Portugal - Opalenica 33.174 euros
2. Rússia - Varsovia 30.400 euros
3. Polónia - Varsovia 24.000 euros
4. Irlanda - Sopot 23.000 euros
5. Alemanha - Gdansk 22.500 euros
6. Rep. Checa - Wroclaw 22.200 euros
7. Inglaterra - Cracóvia 19.000 euros
8. Holanda - Cracovia 16.200 euros
9. Italia - Wieliczka 10.500 euros
10. Croácia - Warka 8.300 euros
11. Dinamarca - Kolobrzeg 7.700 euros
12. Espanha - Gniewino 4.700 euros
Portugal: 33.174 Euros diários. A selecção que mais gasta. Interessante.
As medidas de austeridade não se aplicam à Selecção. Não há aqui intervenções do governo, não há um primeiro ministro que rogue sacrifícios para um futuro melhor, não há uma oposição que pretenda um debate no parlamento. O futebol é a prioridade absoluta.
É justo.
Update
Rita (que agradeço) encontrou novos valores, tendo como base uma notícia do Jornal de Notícias. Segundo este diário, o valor pago pela Selecção seria de 8.120 Euros em vez dos 33.174 apresentados o post.
Pessoalmente acho que o novo valor faz muito mais sentido. Ok, fica a questão do "princípio", mas entre 8 mil e 33 mil Euros a diferença é substancial.
Fica a dúvida: mas porquê um diário polaco (o Sport PL, verdadeira fonte da notícia, ao que tudo indica) deveria ter inventado valores tão afastados da realidade? Não sei responder mas, como afirmado, a minha impressão é que os dados do Jornal de Notícias possam ser mais reais.
O link do Jornal de Notícias fica aqui.
Ipse dixit.
Fontes: AS (espanhol), Correio da Manhã, Sport.Pl (polaco), Jornal de Notícias
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