Uma das novelas mais bem sucedidas dos últimos anos, Tragédia Grega, parece ter chegado ao fim.
O diário alemão Der Espektakulen anuncia que a empresa produtora de Tele Europa, a FMI, tenciona acabar o projecto e cessar assim os financiamentos, o que poderá significar o fim das gravações já a partir do próximo Setembro.
Segundo boatos recolhidos pela imprensa, a directora do FMI, a ex actriz francesa Christine Lagarde, tem outros planos:
Epá, é assim: Tragédia Grega foi um sucesso, sem dúvida, mas agora a malta precisa algo mais cool. Os jovens querem acção, movimento, e Tragédia Grega começa a ser pouco trendy. Chega o dinheiro, acaba o dinheiro, chega outro dinheiro, acaba outra vez...o público arrisca o aborrecimento, precisa dum lufada de ar fresco...
Por isso a decisão: uma revisão do guião e novos desenvolvimentos no curto prazo. E não faltam as surpresas:
Vai haver novidades, acreditem: Tragédia Grega vai acabar em grande. Mas mais não posso dizer.
Mais pormenores com um dos protagonistas, a jovem promessa de origem portuguesa Manuel José Barroso, que na novela interpreta o papel do obtuso Presidente da Comissão Europeia:
Pessoal, têm que perceber: nos últimos meses faltavam novas ideias, era preciso um abanão. Então eis a ideia: basta de "ajudas" que afinal já foram 240 mil milhões de Euros, deixamos que a Grécia acabe com uma verdadeira falência, sai da Zona NEuro e volta a usar a antiga moeda, a Dracma.
Previsível? Poderia ser, mas reparem: ao longo destas duas épocas os roteiristas introduziram alguns pormenores interessantes, pois a Grécia foi totalmente destruída, esvaziada, é um zombie, entendem? Não tem economia, não tem governo, nada, nadinha. É assim que se constroem os sucessos, com paciência e capacidade de previsão. Agora a Grécia sai do NEuro, tudo bem, mas não vai ser tão simples.
Ao juntar estas com outras vozes que circulam no backstage, é possível ter uma ideia do que acontecerá nos próximos episódios: com o País ainda sob avaliação, numerosos especialistas vão advertir que a Grécia não conseguirá reduzir a sua dívida pública até 120 % do Produto Interno Bruto (PIB), objetivo central do programa traçado para reequilibrar as suas finanças públicas. Doutro lado, um novo resgate custaria mais 50 mil milhões de Euros.Não vou antecipar, mas pensem nisso: haverá pessoas arruinadas, gente que perde tudo, violência, suicídios....basta, basta, mais não posso dizer que depois levo na cabeça. O que posso dizer é que Tragédia Grega vai acabar com um estrondo do caraça. É disso que a malta gosta.
Então eis a surpresa: alguns dos Países da Zona NEuro dizem "não" e a Grécia terá como única solução abrir falência em Setembro e regressar à antiga moeda.
Um final digno duma das séries de maior sucesso dos últimos anos. E um final que satisfaz o público também, que ao longo destas duas épocas tinha imaginado um desfecho como este.
Um público que agora ficará órfão? Nem por isso: Tele Europa tenciona desfrutar o sucesso em outras séries do mesmo género, embora com novas ambientações e outros actores: fala-se duma novela ambientada em Espanha, cujo título provisório é "Cinco de la tarde".
Ao que parece, a nova série está já a ser gravada e os primeiros episódios recalcam os acontecimentos de Tragédia Grega, nomeadamente com Títulos de dívida a dez anos que atingem novos recordes e a Zona NEuro que disponibiliza até 100 mil milhões de Euros para sanear o sector financeiro.
E nem falta o pacote de austeridade (corte no subsídio de Natal aos funcionários públicos, redução no subsídio de desemprego e subida do IVA, entre as outras medidas que já fizeram o sucesso da série helénica).
Mas apesar dos ingredientes de partida serem os mesmos, os desenvolvimentos serão diferentes. Mariano Rajoy, por muitos apontados como um dos protagonistas da nova série (poderá desenvolver o papel de primeiro ministro ou do rei) não quer falar demais:
Vocês sabem, não posso dizer muito, estamos todos sob sigilo por causa da concorrência...mas que haja alguma coisa, bom, já não é mistério. O que posso dizer é que vai ser algo espetacular. Sabem como é, os Espanhóis são gente caliente...
É mesmo esta a dúvida da nova temporada: apostar numa novela com mais "acção", ambientada em Espanha, ou limitar-se a repetir quanto já visto na Grécia mas com um novo pano de fundo? É por isso que os bem-informados falam do vizinho Portugal como do verdadeiro concorrente: uma série gravada em Lisboa teria como vantagem a proposta cénica superior em detrimento da acção, pois os Portugueses por natureza não se mexem.
Sempre que de concorrência seja preciso falar: a FMI poderia escolher os dois projectos em simultâneo, como parece quase confirmar Christine Lagarde:
Concorrência? Não há concorrência na FMI, somos como uma grande família, todos trabalhamos para satisfazer o expectador. Espanha ou Portugal? Nada disso, e depois uma cosia pode não excluir outra, não é?
É por isso, afirmam o bem-informados, que a dívida pública portuguesa atingiu 111,7% do PIB no primeiro trimestre do ano, o que representa perto de 190 mil milhões de Euros e a terceira dívida mais elevada do Velho Continente.
Sobra apenas uma dúvida: e a tanto desejada novela italiana?
Há tempo que nos bastidores de Tele Europa não faltam vozes acerca desta super-produção que, todavia, parece encontrar fortes resistências por parte do principal patrocinador, o Banco Central Europeu. A ideia é que "O Debito mio" (este o título provisório) terá início mas não antes de ter resolvidos alguns aspectos em nada secundários: a vertente económica, pois Tele Europa pretende apostar no máximo da qualidade, e o casting. Mario Monti, por muitos considerado como certo protagonista, não parece convencer os planos altos de Tele Europa e a emissora parece ter já começado a procura dum substituto.
Em qualquer caso boas notícias para quem gostar das novelas económico-catastróficas: se Tragédia Grega parece ter encontrado o próprio lógico desfecho, o expectador não vai ficar de mão a abanar. TeleEuropa quer apostar em duas novas produções parecidas, sinónimos de sucesso, que com certeza terão a capacidade de manter o público colado ao ecrã.
Ipse dixit.
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