O que são os partidos políticos hoje?
A melhor explicação chega dum partido português, o Partido Social Democrata (PSD), actualmente na maioria do governo (aliás, actualmente "a" maioria, pois o outro partido, o CDS-PP, resulta desaparecido em combate).
Que fique claro: o que segue aconteceu com o PSD, mas poderia ter acontecido com qualquer outro partido. Aconteceu com o PSD simplesmente porque alguém entre as fileiras deste movimento está descontente com a direcção e quis que passasse "para fora" a ideia de como as coisas funcionam no interior.
Então vamos ver.
O diário Expresso publicou um documento de quatro páginas formato A4 nas quais são listadas as respostas que os políticos têm que dar perante determinadas pergunta dos órgãos de comunicação social. O assunto em questão é o conjunto de medidas, sobretudo de carácter fiscal (mas não só), que o governo decidiu adoptar nos últimos dias e que tanta polémica geraram (pois retirar o dinheiro dos bolsos dos trabalhadores e entrega-lo às empresas não é coisa simpática).
Na verdade o que segue é o modelo padrão: há uma direcção que decide, depois há os membros que seguem as indicações. Este é um partido politico hoje. A diferença é que neste caso os dirigentes do PSD advertiram a necessidade de pôr tudo por escrito, o que não é um bom sinal em relação às capacidades, pelo menos mnemónicas, dos membros do partido.
A imagem oferecida é aquela dum partido no qual os vários membros não possuem vontade ou opiniões pessoais: devem limitar-se a repetir o pensamento único, aquele criado pela mente pensante do movimento. Como tantos macaquinhos bem treinados, indiferentes à realidade do País, insensíveis perante a grave recessão que atinge famílias e empresas, lêem e repetem na frente dos microfones o que outros disseram para dizer.
Qualquer vislumbre de debate democrático é cortado desde logo, não há espaço para o raciocínio pessoal, não há espaço para a reflexão. "Opinar" não é uma opção, "obedecer" é a virtude.
É só ler e repetir.
Eis a transcricção do documento:
Responde com energia e ambição ao maior problema que enfrentamos no nosso processo de
ajustamento o desemprego.
Combate a subida do desemprego porque:
Empresas deixam de ter a seu cargo a maior fatia das contribuições da segurança
social
Ipse dixit.
Fonte: Expresso (Artigo) (Documento):
A melhor explicação chega dum partido português, o Partido Social Democrata (PSD), actualmente na maioria do governo (aliás, actualmente "a" maioria, pois o outro partido, o CDS-PP, resulta desaparecido em combate).
Que fique claro: o que segue aconteceu com o PSD, mas poderia ter acontecido com qualquer outro partido. Aconteceu com o PSD simplesmente porque alguém entre as fileiras deste movimento está descontente com a direcção e quis que passasse "para fora" a ideia de como as coisas funcionam no interior.
Então vamos ver.
O diário Expresso publicou um documento de quatro páginas formato A4 nas quais são listadas as respostas que os políticos têm que dar perante determinadas pergunta dos órgãos de comunicação social. O assunto em questão é o conjunto de medidas, sobretudo de carácter fiscal (mas não só), que o governo decidiu adoptar nos últimos dias e que tanta polémica geraram (pois retirar o dinheiro dos bolsos dos trabalhadores e entrega-lo às empresas não é coisa simpática).
Na verdade o que segue é o modelo padrão: há uma direcção que decide, depois há os membros que seguem as indicações. Este é um partido politico hoje. A diferença é que neste caso os dirigentes do PSD advertiram a necessidade de pôr tudo por escrito, o que não é um bom sinal em relação às capacidades, pelo menos mnemónicas, dos membros do partido.
A imagem oferecida é aquela dum partido no qual os vários membros não possuem vontade ou opiniões pessoais: devem limitar-se a repetir o pensamento único, aquele criado pela mente pensante do movimento. Como tantos macaquinhos bem treinados, indiferentes à realidade do País, insensíveis perante a grave recessão que atinge famílias e empresas, lêem e repetem na frente dos microfones o que outros disseram para dizer.
Qualquer vislumbre de debate democrático é cortado desde logo, não há espaço para o raciocínio pessoal, não há espaço para a reflexão. "Opinar" não é uma opção, "obedecer" é a virtude.
É só ler e repetir.
Eis a transcricção do documento:
Medida de ajustamento recíproco das contribuições para a segurança social:
Responde com energia e ambição ao maior problema que enfrentamos no nosso processo de
ajustamento o desemprego.
Combate a subida do desemprego porque:
- Reduz bastante os desincentivos à contratação de trabalhadores;
- Alivia as condições de tesouraria das empresas – e por isso diminui a pressão para os despedimentos;
- Permite baixar custos, o que aumenta a competitividade das empresas exportadoras e das empresas que no mercado nacional concorrem com importações, e, no caso das empresas produtoras de bens não-transaccionáveis, permite baixar preços, o que, por sua vez, aumenta o rendimento disponível das famílias num período de recessão económica. Quanto a este último caso, deve ser deixada uma nota de exortação às empresas para que adiram a este esforço nacional de redução dos custos e preços, e façam traduzir este alívio das contribuições para a Segurança Social nas suas políticas de preços.
- Permite aumentar as perspectivas de investimento, tanto das empresas nacionais, como do potencial investimento directo estrangeiro.
- É complementar à nova legislação laboral, que entrou recentemente em vigor. A conjugação dos dois efeitos oferece mais competitividade ao trabalho.
- O crescimento do desemprego é explicado como resultado de desequilíbrios estruturais da economia portuguesa. Só pode começar a ser resolvido com medidas estruturais como esta desvalorização fiscal.
- As nossas empresas têm feito um esforço notável para o crescimento das exportações, mas o ambiente internacional é cada vez mais difícil, por isso precisamos de garantir que este esforço tem continuidade e que é devidamente apoiado.
- Esta é uma medida que tem a capacidade de operar dos diferentes modos ao mesmo tempo, sendo por isso mais eficaz: alivia a tesouraria das empresas, permite reduzir custos nos mercados internacionais e também no mercado interno, tornando as nossas empresas mais competitivas e aliviando o esforço das famílias. Pode ser igualmente um modo de relançar o investimento e de tornar mais fácil o acesso ao crédito bancário para as empresas, porque melhora a sua situação financeira.
- Reequilibra as contas da Segurança Social, preservando o futuro, pensões, reformas, acesso aos mais desprotegidos da sociedade, e reforço de verbas para o desemprego.
- Ao aumentar o emprego, diminui a despesa da segurança Social, com subsídios.
- Promove aumento da arrecadação fiscal pelo aumento do número de activos.
- Comissário do emprego, Lazlo Andor; “criação do emprego tem de ser uma prioridade em si mesma, porque o emprego gera crescimento. Os países sob programa não podem simplesmente esperar que o emprego seja esperado como resultado do crescimento e da procura externa.”
- Corresponde à decisão do Tribunal Constitucional sobre a repartição dos sacrifícios. Há um alargamento do universo sujeito às políticas orçamentais de austeridade. Mas esta solução, e ao invés das alternativas que foram sendo avançadas na imprensa nas últimas semanas (aumento generalizado de impostos, sobretaxas extraordinárias, aumentos do IVA, etc.), em vez de provocar efeitos recessivos adicionais sobre a economia, tem pelo contrário efeitos positivos a curto e médio prazo sobre o emprego/desemprego.
Empresas deixam de ter a seu cargo a maior fatia das contribuições da segurança
social
- A proposta não é inédita. Além disso, países com maior estabilidade social do que nós e com um forte Estado social optaram por diferentes distribuições entre trabalhador e empresa nas contribuições. Alguns exemplos europeus:
- A medida não é inédita até porque recupera, numa modalidade diferente, o projecto de “desvalorização fiscal” que foi avançado no passado recente pelo PSD e pelo Governo. Só que desta feita através das contribuições sociais dos trabalhadores e já não do IVA. Sendo um imposto regressivo, o IVA afectaria desproporcionadamente as famílias mais pobres pelo que o aumento do IVA que seria necessário teria um impacte social mais nocivo do que a subida das contribuições sociais dos trabalhadores.
Insensibilidade social?
- Os trabalhadores do sector privado e do sector público de menores rendimentos serão
protegidos por um crédito fiscal em sede de IRS, por intermédio do qual terão ou uma
redução do imposto a pagar, ou uma devolução maior. Os parceiros sociais terão um
contributo muito importante a dar na definição do esquema mais adequado para
proteger estes trabalhadores.
Novo aumento de impostos?
- A medida não pode ser vista como uma subida de impostos. As contribuições dos trabalhadores sobem, mas as contribuições das empresas descem. Como um todo, a economia não fica mais sobrecarregada com impostos/contribuições. Isso é que é importante salvaguardar. O impacto na atividade económica será positivo.
Acórdão do Tribunal Constitucional
- O Tribunal Constitucional nunca exigiu uma igualdade estrita entre os contributos do
sector público e do sector privado porque a situação é muito diferente num e noutro.
O que se exige é que todos participem e que exista proporcionalidade nos diferentes
contributos para a resolução dos nossos problemas. O Tribunal Constitucional nunca
determinou que o corte dos subsídios não podia ser mantido, mas sim que este corte
teria de ser acompanhado por uma contribuição do sector privado. - A medida corresponde à decisão do Tribunal Constitucional sobre a repartição dos
sacrifícios. Há um alargamento do universo sujeito às políticas orçamentais de
austeridade. Mas esta solução, e ao invés das alternativas que foram sendo avançadas
na imprensa nas últimas semanas (aumento generalizado de impostos, sobretaxas
extraordinárias, aumentos do IVA, etc.), em vez de provocar efeitos recessivos
adicionais sobre a economia, tem pelo contrário efeitos positivos a curto e médio
prazo sobre o emprego/desemprego. - O Orçamento para 2013 incluirá medidas que tributam os rendimentos da riqueza e do
capital, bem como os lucros das grandes empresas, como sucedeu já este ano.
Patrões
- Reforça os capitais das empresas, com repercussões na tesouraria das empresas, diminuindo os custos financeiros, relacionados com custos bancários no pagamento de despesas correntes, como salários. Não é o reforço de capitais para os bolsos dos patrões, é para o reforço e salvar as empresas e o emprego.
- A medida contribui para o desendividamento das empresas portuguesas (são das mais endividadas do mundo desenvolvido e é uma das razões porque não conseguem ter acesso a financiamento bancário).
Decisões do BCE de ontem:
- Premeia o esforço dos Governos que têm sucesso com os programas de ajustamento. Quem não cumpre, não tem ajuda do BCE.
- Dirige-se ao problema europeu que há muito é sublinhado pelo Governo português, perante o silêncio da oposição, e que consiste na fragmentação financeira do mercado interno europeu, em grande medida responsável pelas crescentes dificuldades de financiamento das nossas empresas.
- Portugal terá acesso ao apoio BCE, em meados de 2013, porque está a cumprir, com sucesso, o programa de ajustamento.
- Para ter acesso à compra de dívida pelo BCE, outro países terão de se submeter a programas de ajustamento. Por exemplo, se Espanha requerer ajuda do BCE, terá de acordar um programa (com o FMI e CE) com objectivos claros quanto aos défices orçamentais.
- Não há nenhuma hipótese de alívio de austeridade, enquanto Portugal não concluir com sucesso o seu programa de ajustamento.
- O BCE só apoiará Portugal apenas para facilitar a entrada nos mercados internacionais de dívida, em meados do próximo ano.
Ipse dixit.
Fonte: Expresso (Artigo) (Documento):
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