O artigo de Wikipédia acerca da Síria é uma pequena obra-prima e vale a pena analisa-lo.
Um salto para frente e vamos ler o que estiver escrito sob a voz "Envolvimento estrangeiro":
Suspeita: mas não será que estes Países, pelo facto de não gostarem da Assad, participam activamente na "guerra civil"? Exemplar a forma como a simpática Wikipédia resolve o assunto:
Resumindo: sim, há vozes, mas valem o que valem...
E mais:
A propósito: nesta altura o Leitor mais atento poderia fazer 2 + 2 = 4. Isto é:
Então é aqui que aprendemos como "oficiais americanos acreditam que membros da Al-Qaeda...": nada de dúvidas, não há nenhuma colaboração, os americanos simplesmente suspeitam que haja Al-Qaeda atrás das bombas que matam civis ("alvos do governo sírio"). Pelo que: é Al-Qaeda que continua com o estilo de sempre, as bombas e o terror, não os Países que não gostam de Assad. Nem os americanos, nem a Bélgica.
Continua o artigo:
Qual o estilo ocidental? Este:
Esperem lá: mas porque raio os EUA reconhecem uma coligação, não é uma forma de ingerência?
Continuemos:
Agora sim, esta é a altura certa para tomar uma grande decisão:
Começa aqui a segunda parte do artigo de Wikipedia:
E se isso não fosse suficiente, eis Anistia Internacional que revela como o governo sírio utilize armas pesadas. Pergunta do cerebrinho: "mas quem fornece à Síria as armas pesadas?". Wikipédia não esclarece, mas a associação Rússia-Síria-armas pesadas está aí, nem é preciso esforçar-se muito. Reforço: a Rússia tem um "desleixo arbitrário pela humanidade". Assim fica mais claro.
Claro? Sim, mas melhor repetir: afinal duas vezes o mesmo conceito ajuda a formar uma certeza:
Digno final: o apoio de Fidel Castro.
Atingimos o fundo do poço.
Ipse dixit.
Fonte: Wikipédia (versão portuguesa)
Envolvimento estrangeiro - Apoio a oposição.
Guerra Civil Síria (às vezes referida como Revolta Síria ou ainda Revolução Síria) é um conflito interno em andamento na Síria, que começou como uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e progrediu para uma violenta revolta armada em 15 de março de 2011, influenciados por outros protestos simultâneos no mundo árabe.
As manifestações populares por mudanças no governo foram descritas como "sem precedentes". Enquanto a oposição alega estar lutando para destituir o presidente Bashar al-Assad do poder para posteriormente instalar uma nova liderança mais democrática no país, o governo sírio diz estar apenas combatendo "terroristas armados que visam desestabilizar o país".Primeira conclusão: na Síria há um conflito interno ("Guerra Civil") desencadeado pelos cidadãos ("grandes protestos populares") que querem "mudanças no governo" na óptica democrática ("uma nova liderança mais democrática"). Nada mal como começo.
Um salto para frente e vamos ler o que estiver escrito sob a voz "Envolvimento estrangeiro":
O conflito sírio é interpretado como parte de uma "guerra por procuração" entre Estados sunitas, como a Arábia Saudita, Turquia e Catar, apoiando a oposição de maioria sunita, e outros países como Irã e o movimento político do Hezbollah no Líbano, que apoiam o governo alauita sírio.É impressão minha ou falta alguém? O Leitor consegue ler "Estados Unidos" ou "isarel"? Não? Curioso.
O governo da Turquia é o que fornece maior apoio direto aos dissidentes sírios, sendo que boa parte dos mais de 500 mil refugiados gerados pelo conflito encontraram refúgio no território turco. Muitos opositores sírios usaram a cidade de Istambul como centro para comandar a luta pela mudança de regime no seu país, e a Turquia também refugiou o líder do Exército Livre da Síria, o coronel Riad al-Asaad. O governo turco, durante o conflito, aumentou sistematicamente a hostilidade contra o governo de Assad. Em maio de 2012, combatentes da oposição começaram a ser treinados pela Agência de Inteligência Turca. Os turcos, e vários países árabes e ocidentais, vem auxiliando os rebeldes com armamento pesado desde o início da guerra.São os Turcos, são eles que odeiam o governo de Assad e querem uma Síria mais democrática. Os Turcos são os novos defensores da Democracia no Médio Oriente. Sem Wikipédia, ninguém teria suspeitado isso. Segue uma breve lista de outros Países que não gostam de Assad:
Alguns países cortaram relações com o governo de Bashar al-Assad logo no começo das hostilidades, como os Estados do Golfo, a Líbia, Tunísia, Reino Unido, Espanha, Turquia, Estados Unidos e Bélgica.Espertos os gajos da Wikipédia: na breve lista aparecem antes os Países Árabes, tais como a Arábia ("Estados do Golfo"), Líbia, Tunísia. É importante: isso transmite a ideia de que em primeiro lugar são os mesmos islâmicos que desejam uma mudança na Síria. Só depois aparecem os Países ocidentais, entre os quais é possível encontrar os EUA ao lado da Bélgica (a Bélgica???).
Suspeita: mas não será que estes Países, pelo facto de não gostarem da Assad, participam activamente na "guerra civil"? Exemplar a forma como a simpática Wikipédia resolve o assunto:
De acordo com um homem ligado a Bashar al-Assad em uma entrevista uma agência de noticias Anna da Abecásia, antigos membro do Exército de Libertação do Kosovo estão lutando na Síria ao lado dos opositores. Ele disse que o Exército Sírio de Assad matou 400 rebeldes no país, incluindo kosovos.Sim, de facto há vozes que denunciam "infiltrações" estrangeiras no seio dos rebeldes. Mas de quem são estas vozes? Dum homem "ligado a Bashar al -Assad", portanto um indivíduo de parte, não dá confiança, é uma pessoa que falou numa entrevista a um agência de notícias ("Anna") da qual ninguém alguma vez ouviu falar.
Resumindo: sim, há vozes, mas valem o que valem...
E mais:
Grupos terroristas como a al-Qaeda também contribuem para a luta em nome da oposição armada. Oficiais americanos acreditam que membros da Al-Qaeda no Iraque tem conduzido ataques a bomba contra alvos do governo sírio, e que o líder da organização, Ayman al-Zawahiri, condenou o governo de Assad. Militantes islâmicos jihadista, vindos de diversos países, também foram a Síria para lutar pela oposição.A lógica teria pedido que o nome de Al-Qaeda tivesse aparecido após a lista dos Países que não gostam do governo sírio. Mas não, aparece depois das declarações suspeitas do "homem ligado a Bashar al-Assad": desta forma é mantida uma distância entre os terroristas e os Países democráticos (os EUA, a Bélgica) e ao mesmo tempo aproxima-lo das declarações do homem de Assad. Isto obriga a uma associação mental, uma técnica velha mas que funciona sempre.
A propósito: nesta altura o Leitor mais atento poderia fazer 2 + 2 = 4. Isto é:
EUA e Bélgica contra Assad
+
Al Qaeda contra Assad
=
EUA, Bélgica e Al Qaeda do mesmo lado da barricada.
Então é aqui que aprendemos como "oficiais americanos acreditam que membros da Al-Qaeda...": nada de dúvidas, não há nenhuma colaboração, os americanos simplesmente suspeitam que haja Al-Qaeda atrás das bombas que matam civis ("alvos do governo sírio"). Pelo que: é Al-Qaeda que continua com o estilo de sempre, as bombas e o terror, não os Países que não gostam de Assad. Nem os americanos, nem a Bélgica.
Continua o artigo:
Em agosto de 2012, a missão da ONU na Síria constatou que os rebeldes combatiam o governo com tanques e armas pesadas em Alepo, considerada a batalha decisiva. Turquia e os Estados Unidos supostamente estudaram estabelecer zonas de exclusão aérea na Síria, com o objetivo de ajudar os grupos rebeldes sírios em áreas que estes alegavam está em seu controle.Donde vinham os tanques dos rebeldes? Do céu, só pode ter sido. Provavelmente os rebeldes acordaram uma manhã e no quintal de casa encontraram alguns tanques, cada um com uma fita cor de rosa, prenda de Allah. Porque do ocidente não eram com certeza: os turcos e os americanos limitaram-se a estudar uma zona de exclusão aérea, ora essa, não é tal o estilo ocidental.
Qual o estilo ocidental? Este:
Em 11 de novembro de 2012, em meio a escalada de violência, em Doha, o chamado Conselho Nacional e outros grupos de oposição se juntaram para formar a "Coalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias", unificando assim a maioria dos grupos anti-Assad. Nos dias que se passaram, muitos Estados árabes do golfo e várias potências ocidentais reconheceram a nova coalizão como legítimos representantes do povo sírio.Legalidade, este é o estilo das forças ocidentais. No máximo, os EUA podem reconhecer uma coligação "legítimo representantes" (nota: "coalizão" é singular, "legítimo representantes" é plural. Mas quem escreve na Wikjipedia portuguesa, um italiano?).
Esperem lá: mas porque raio os EUA reconhecem uma coligação, não é uma forma de ingerência?
Entre os delegados que compõem o novo conselho, estão mulheres e representantes de minorias étnicas e religiosas, como os alauitas. Já o conselho militar é formado por lideranças do Exército Livre da Síria. Em 25 de março de 2013, a Coalizão Nacional Síria ganhou oficialmente um assento no plenário da Liga Árabe, organização que apoia os rebeldes sírios desde o início do conflito.Não, não é, na coligação há "mulheres" e "minorias étnicas e religiosas": a coligação é boa por definição! Dúvidas? Então que tal a "liderança do Exército Livre da Síria"? Se for "livre", como pode ser mau? Até ganhou um assento no plenário da Liga Árabe, boa e democrática por definição (Iraque, Arábia Saudita, Líbia, Kuwait, Bahrein, Qatar, Omã, Emirados Árabes Unidos são bons e democráticos, desde sempre. Ou, pelo menos, desde que vendam o petróleo ao Ocidente).
Continuemos:
No começo de 2013, uma nova onda de armas teria sido enviada as forças rebeldes através da parte sul da fronteira jordaniana. Estes armamentos incluiriam fuzis de assalto, armas antitanque M-79, rifles e canhões, como o modelo M-60.Donde chegaram estas armas? Ah, pois, as prendas de Allah, sempre ele...
Anteriormente, o fluxo do tráfico de armas para a Síria era feito pela fronteira norte da Turquia. Contudo, muita dessas armas acabavam parando em mãos de rebeldes islamitas.Aqui Wikipedia torna-se hilariante: não consegue encontrar uma declaração decente dum representante do governo oficial, não faz ideia nenhuma de quem envie armas para a Síria, mas sabe que os "fuzis de assalto, armas antitanque M-79, rifles e canhões" da Turquia acabaram nas mãos dos rebeldes islamistas. Não dos rebeldes "legais", que são bons por definição (são reconhecidos pelos Estados Unidos), apenas dos islamistas. Que são brutos e ferozes, como todos os islamistas.
Agora sim, esta é a altura certa para tomar uma grande decisão:
Em 6 de março de 2013, a Liga Árabe deu aos seus países membros o "sinal verde" para armar rebeldes sírios. Reino Unido e França também anunciaram que poderiam tomar atitude similar, fornecendo armamento pesado para a oposição, apesar do embargo de armas da União Europeia contra a Síria.Tem que ser: não podemos deixar que apenas os islamistas fiquem com as armas, não é justo e pode ser muito perigoso. Em qualquer caso, antes são outros árabes que decidem enviar armas para os rebeldes (de islamistas para islamistas, de brutos mas democráticos para brutos mas democráticos), só depois (e com evidente sofrimento interior) são Reino Unido e França (a civilização no seu melhor) que não enviam mas anunciam "que poderiam tomar atitude similar".
Começa aqui a segunda parte do artigo de Wikipedia:
Apoio ao governo Assad
Em janeiro de 2012, a Human Rights Watch criticou a Rússia, principal apoiadora de Bashar al-Assad, por "repetir os mesmos erros dos países ocidentais" ao apoiar "disfarçadamente" o lado que simpatiza. A Anistia Internacional, notando que o governo sírio utiliza armas pesadas e até aeronaves de combate para atacar opositores, criticou os russos por ter "um desleixo arbitrário pela humanidade."É só nesta altura que aprendemos como Human Right Watch denuncie "erros dos países ocidentais" (sem nomes, ora essa): uma pequena concessão que bem vale a pena, pois descobrimos que a Rússia é nada mais nada menos de que a "principal apoiadora de Bashar al-Assad". Malandros!
E se isso não fosse suficiente, eis Anistia Internacional que revela como o governo sírio utilize armas pesadas. Pergunta do cerebrinho: "mas quem fornece à Síria as armas pesadas?". Wikipédia não esclarece, mas a associação Rússia-Síria-armas pesadas está aí, nem é preciso esforçar-se muito. Reforço: a Rússia tem um "desleixo arbitrário pela humanidade". Assim fica mais claro.
Claro? Sim, mas melhor repetir: afinal duas vezes o mesmo conceito ajuda a formar uma certeza:
Novamente, a Human Rights Watch alertou que a companhia russa de armas, a Rosoboronexport, "enviar armas a Síria enquanto crimes de guerra são cometidos pode ser interpretado como cumplicismo destes crimes", e convocou empresas internacionais a cortar relações com empresas russas envolvidas com o conflito.Se duas vezes for bom, que tal três vezes? Talvez com uma explicação geopolítica, que fornece uma camada de lógica:
Um dos principais interesses da Rússia no conflito é a manutenção da base naval no porto de Tartus, que Moscou considera essencial para a manutenção da influência do país no mediterrâneo. Em apoio ao regime sírio, o governo russo teria enviado enormes quantidades de armas pesadas e até helicópteros de combate para suprir as forças do ditador Bashar al-Assad.Por isso: a Rússia é má. A propósito: haverá na região alguém ainda pior? Claro que há:
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, abertamente anunciou apoio ao governo sírio. O jornal britânico The Guardian reportou que o governo iraniano apoiou Assad com equipamentos e informações. O The Economist disse que o Irã, em fevereiro de 2012, enviou a Síria US$9 bilhões de dólares para ajudar o país a suportar o impacto da sanções econômicas do ocidente. O país também enviou combustível a Síria e mandou dois navios de guerra para a região para demonstrar apoio militar ao regime de al-Assad.Rússia e Irão ao lado do brutal governo sírio, contra a "livre" coligação que defende democracia, mulheres e minorias étnicas. É esta a altura certa para a intervenção do paladino da Liberdade. Quem? E quem poderia ser? Alguém que até agora nem tinha sido nomeado:
O presidente americano, Barack Obama, e o embaixador dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, acusaram o Irã de secretamente apoiar Assad militarmente em sua busca para esmagar os protestos e também houve relatos de combatentes iranianos lutando na Síria.E, para concluir, várias e eventuais do eixo do Mal:
O controle da cidade de Zabadani provou-se vital para Assad e para o Irã, ao menos em junho de 2011, já que a cidade servia como centro de apoio de logística do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica ao Hezballah. De acordo com oficiais da ONU, o governo iraniano vendeu quantidades significativas de armas a Síria antes do conflito, em violação as restrições de exportações de armas da República Islâmica a outras nações. Também durante a guerra, armamentos pesados foram contrabandeados pelos iranianos para dentro do território sírio afim de ajudar as forças do governo de Bashar al-Assad. De acordo com informações vindas do Irã, o grupo Hezbollah, dito como terrorista pelos governos ocidentais, apoia militarmente a luta do governo Assad contra opositores em Damasco e em Zabadani.Acabou? Não, ainda não, porque não pode haver dúvidas:
Em 31 de agosto de 2012, o autoproclamado "Movimento dos Países Não Alinhados" declarou que recusava a ideia de uma intervenção armada estrangeira no país e alguns países, como Equador e Irã, voltaram a declarar o seu apoio à posição do governo de al-Assad Eles também pediram o fim da violência e a retomada das negociações de paz. O ex-líder cubano, Fidel Castro, enviou mensagens ao presidente Assad declarando seu apoio.O "autoproclamado". Pode pensar o sagaz Leitor: também o Exército Livre da Síria e a Coalizão Nacional Síria são "autoproclamados". Sim, mas há uma diferença: estes foram reconhecidos e até ganharam um assento no plenário da Liga Árabe. Onde é que o Movimento dos Países Não Alinhados ganhou um assento? Em lado nenhum? Então, fica "autoproclamado". E vale o que vale.
Digno final: o apoio de Fidel Castro.
Atingimos o fundo do poço.
Ipse dixit.
Fonte: Wikipédia (versão portuguesa)
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