Scott Huffman |
relacionamento com os motores de pesquisa cada vez mais semelhante às complexas interacções que ocorrem todos os dias entre as pessoas.
O futuro dum negócio com um valor de 300 biliões de Dólares depende da capacidade de prever, automaticamente, as necessidades dos usuários:
O poder de computação está a tornar-se tão barato que é inevitável termos, mais cedo ou mais tarde, uma completa omnipresença dos sistemas, conectados uns aos outros, ao nosso redor: do microfone ligado ao nosso carro, aos novos óculos da Google.
Como um secretário pessoal altamente eficiente, interrompe a tua actividade para dizer: "É hora de partir". Dará as informações das quais precisamos.
Um pequeno dispositivo para ser vestido, que poderia ter um pequeno ecrã, e com o qual interagir através, simplesmente, da nossa voz, talvez com algum pequeno toque, e nada mais.
Imagine que eu possa dizer ao microfone colocado no tecto da sala "mostre-me o vídeo com os destaques do jogo de ontem na televisão da sala". E que isso funcione graças ao facto de que no sistema-cloud tudo está conectado.
Poderia pedir à minha 'assistente' para sugerir um restaurante francês não muito caro. Google diz "ok, vamos a esse restaurante" e, antes de entrar no carro, o navegador já terá definido o caminho. Estamos muito animados com a ideia de que um conjunto de diferentes ferramentas e dispositivos sejam capazes de comunicar uns com os outros.
Privacidade?
No tecto da sala tenho o candeeiro. E não tenciono substituí-lo, pois dá um certo jeito, sobretudo à
noite. Também é uma presença reconfortante: posso liga-lo e ter a certeza de que ninguém está a espiar-me a partir das lâmpadas. E isso é bom.
Poderia ser dito o mesmo dum microfone ou outro dispositivo ligado ao mundo digital? Não. E isso é mau.
No prazo de poucas décadas, o digital tem entrado em força nas nossas vidas: software e hardware têm evoluído de forma constante. O mesmo não aconteceu com a protecção dos nossos dados, pois neste aspecto o relacionamento do utilizador com o digital tem um sentido único: nós ligamos o telemóvel e sabemos que alguém pode "ver" qual a nossa posição, ouvir as nossas conversas, ler a nossa rubrica telefónica e as mensagens trocadas.
Mas nós não podemos saber quem está do outro lado: pode ser um governo, pode ser uma empresa privada ou um simples hacker. E o mesmo acontece ao ligar o computador, o tablet, o smartphone, os futuros óculos da Google. É por isso que fico com o candeeiro: resolver esta "aresta" não será nada simples.
Huffman:
Levamos muito a sério as questões relacionadas com a privacidade e segurança. O nosso objectivo é manter as informações seguras e usá-las de uma forma que possa ajudar.
Quando faço um pedido de informações no Google sobre viagens, enquanto já estou em viajem, o sistema processa-o usando o meu e-mail de confirmação para o hotel. Então eu, nesse momento, dou a minha informação privada ao Google, confiando-a a um sistema que considero confiável e, em troca das informações dadas, recebo uma vantagem.
Pois, é este o problema: "confiando-a a um sistema que considero confiável". Google deve ser a única que ainda considera Google de confiança. Lógico, portanto, não ver problemas nos ulteriores desenvolvimentos.
Analógico vs. digital
Google acredita que um dia poderá dia atender às necessidades de informação dos seus utilizadores
publicando os resultados da pesquisa directamente num microchip implantado nos cérebros.
Já foram iniciadas pesquisas sobre a possibilidade de utilizar microchips semelhantes para ajudar as pessoas com deficiência a orientar as suas cadeiras de rodas.
Se tu pensas com suficiente intensidade numa certa palavra, esta pode ser detectada pelos sensores com relativa facilidade. Será interessante ver a evolução desta tecnologia.
Os primeiros serão os mais entusiastas da informática; depois haverá uma utilização no âmbito laboral (imaginemos um balcão de informações), a seguir será proposto para a nossa saúde ("E se a sua avó cair sozinha nas escadas? Bastará pensar 'Ambulância! Ambulância!'"), por fim entrará no uso comum.
Será preciso tempo (bastante até), mas pegará.
A prioridade actual de Huffman é a utilização do Google's Knowledge Graph, um inventário cada vez maior de informações que contém actualmente 18 biliões de dados sobre factos relacionados com 60 milhões de pessoas: tudo para produzir uma resposta do sistema mais " humana". Uma área complexa, pois complexos são os pedidos de informação feitos por voz, bem mais complexos daqueles feitos digitando algumas palavras na caixa de diálogo de um motor de pesquisa.
A minha equipa está a trabalhar duramente para ter um modo mais rico de conversar com Google. Nas nossas conversas, usamos uma estrutura linguística muito sofisticada que hoje Google não é capaz de entender.
Mas em cinco anos vamos ter esse tipo de conversa com o Google, e a coisa parecerá bastante natural. Google irá responder exactamente da maneira que você faria.
Google ignora, voluntariamente, as profundas implicações que determinadas inovações poderiam ter: normal que assim seja, é uma empresa comercial, cujo único objectivo é o lucro. Mas as verdade é que uma vida mergulhada nas ligações cloud, que até podem alcançar o pai de todos os discos rígidos (o noss cérebro), traz consigo visões bem pouco tranquilizadoras.
Ipse dixit.
Fonte: The Independent
Vídeo: Euronews
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