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O mundo segundo o Council on Foreing Relations

7 de Janeiro de 2013, 22:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Faz sentido falar dum novo governo mundial sem cair em alguns dos excessos que circulam acerca da teoria do NWO?
Isso é, vamos esquecer os Templários, os Rosacruz, a Maçonaria, as ordens milenárias, a conspiração sionista e tudo o conjunto folclorista: há alguma coisa que sobra?

Sim, há. E tem um nome: globalização.

Pensar num governo mundial faz perfeitamente sentido numa óptica globalizadora, aliás, representa o natural desfecho desta. Num mundo globalizado, o que pode haver de mais "normal" dum governo supra-nacional que ultrapasse as divisões dos vários Estados e imponha normas iguais para todos?

E nem representa uma novidade: a História está repleta de tentativas "globalizadoras", desde os tempos mais antigos. Chamam-se "sonhos hegemónicos". A diferença é que antigamente o tal "sonho" era duma pessoa ou dum País que desejasse dominar os outros. Hoje as coisas são um pouco diferentes: há um grupo de poder trans-nacional que deseja impor a própria visão.

É nesta óptica que deve ser observado o recente encontro do Council on Foreign Relations em Moscovo, nos dias 12 e 13 de Dezembro de 2012, cujo título era "Desafios para um governo mundial em 2013".
Mas a reunião na Rússia não foi a primeira: sempre em 2012, o CFR foi bastante activo, com pelo menos outras duas confêrencias, em Outubro e Março.
Eis os assuntos tratados:

12-13 de Março
  • O estado geral da governação global e da cooperação multilateral
  • O estado da não-proliferação nuclear (em foco o Irão)
  • O futuro do dólar como moeda de reserva mundial
  • Os critérios para a intervenção humanitária, na sequência da mudança de regime na Líbia, e a continuação da crise na Síria 
30-31 de Outubro
  • Estabilização do sistema financeiro global
  • O avanço da liberalização do comércio
  • Fortalecimento da segurança marítima e da liberdade de navegação
  • Avaliação da proliferação das ameaças na Ásia
  • O futuro da Asian Security Cooperation
12-13 de Dezembro
  • A presidência russa do G20
  • A crise da Zona Euro e da economia global
  • A Síria e a função do Conselho de Segurança da ONU
  • A Cyber-segurança e reformas institucionais

Todos os assuntos citados podem ser consultados nas páginas oficiais de CFR: uma leitura bastante "pesada", pelo que vamos resumir as cinco directrizes principais:
  1. A gestão do colapso da economia mundial e o declínio do Dólar como moeda de reserva mundial (para estabilizar o sistema financeiro global)
  2. A gestão das "intervenções humanitárias" através dos representantes da Organização das Nações Unidas
  3. A gestão da Eurásia, isso é, da influência econômica da China e da influência política da Rússia (com a liberalização do comércio na Ásia e a presidência da Rússia do G20)
  4. A gestão da energia nuclear nos Estados "rebeldes" (Coreia do Norte e Irão em primeiro lugar)
  5. A gestão de internet
Vamos ver quais os pontos de vista do CFR acerca das várias questões.

Colapso económico

O CFR continua com a ideia de que a actual crise económica simplesmente aconteceu "porque sim". No máximo, podem ser identificadas algumas más políticas ou falta de regulamentação em determinados Países como causas acessórias.

Nem uma palavra acerca da mega-concentração bancária que é o resultado (e provavelmente a causa) da crise. Hoje temos 6 bancos que estão "acima dos outros" e uma governação mundial dificilmente poderia resolver o problema. Aliás, provavelmente poderia consolidar esta situação, tendo em vista o objectivo dum sistema bancário global único, gerido pelos mesmos que saquearam as economias do planeta.
O verdadeiro objectivo do CFR são os bancos centrais, as chaves para controlar/favorecer os outros bancos. É com os bancos centrais que pode ser imposta uma moeda única, tal como aconteceu na
Europa. E muito mais.

Acção Humanitária

O CFR define a intervenção na Líbia como uma "acção humanitária". Tornar aquele que era um dos Países mais ricos da África (talvez o mais rico) num farrapo onde 6 milhões de almas têm que lutar para sobreviver foi, segundo o CFR, uma acção humanitária. Nem é preciso acrescentar mais nada: ser alvo duma acção humanitária significa, na melhor das hipóteses, ver a própria casa arrasada por um míssil "inteligente" da Nato. Uma mão no coração, outra no gatilho: este é o amor globalizador.

O próximo País alvo da bondade humanitária, já sabemos, será a Síria, até agora salva pela resistência da Rússia (mas até quando?).

E a seguir? Difícil fazer previsões, mas pode ser uma boa ideia espreitar o que se passa na Arábia Saudita.

Gestão da Eurásia

Por enquanto, a gestão da Eurásia está concentrada no Médio Oriente e na dupla Afeganistão/Paquistão. Uma gestão que custou até agora quase dois milhões de mortos (Iraque, Afeganistão, Primavera Árabe...). O próximo passo será a questão iraniana, o que poderia tornar-se um massacre de proporções aterradoras.
Doutro lado, a desestabilizarão do Médio Oriente não é algo "que acontece", é um instrumento para mudar o panorama geo-político da região. A agenda tem que ser respeitada.

Reorganização da Geopolítica global


Este é um discurso mais complexo. As variáveis em jogo são múltiplas e alcançar uma hegemonia global não é coisa simples ou que possa ser obtida em tempos breves. É um jogo de paciência, começado há muito tempo.

Brzezinski, 1974:
Precisamos mudar o sistema internacional para um sistema global em que novas forças activas e criativas, desenvolvidas recentemente, devem ser integradas.
Todavia, 2013 parece ser um ano importante, a altura em que a obra de "transformação" pode sofrer uma aceleração. Há uma crise económica que nos próximos meses pode piorar (uma óptima ocasião para "reorganizar"), há os ingredientes para um confronto entre os principais actores do palco mundial (EUA, China).
Do site CFR:
No geral, os autores desejariam ver o G20 emergir dum simples comité de crise para tornar-se um grupo directivo duradouro da economia mundial.

Controle da Internet

Opinião pessoal, internet funciona que é uma maravilha: confunde, desorganiza, espalha pensamentos pré-construídos, semeia desconfiança. Mas isso por enquanto: no futuro as coisas poderiam mudar e este é um risco que deve ser considerado. E é.

A China acaba de implementar o registo nominal para os usuários de internet. Difícil que os EUA ou os outros Países possam fazer o mesmo nas actuais condições. Mas as condições podem mudar e se um controle apertado funcionar com um bilião de pessoas (a China), porque não deveria ser implementado no resto do planeta?
Nesta altura daria jeito um 9/11 informático, algo que pudesse criar condições excepcionais e que pedisse medidas excepcionais. Sabemos que há em circulação vírus governamentais (o caso Stuxnet foi uma espécie de ensaio) e que a McAfee anuncia a existência dum projecto Blitzkrieg com o propósito de afectar as instituições financeiras.

2013 pode ser cedo para desmontar um jogo que tanto faz para a manutenção do actual status, mas algo está em movimento.

Conclusões

A agenda para a governance global existe, sempre existiu algo do género ao longo da história humana e a nossa época não é uma excepção. As actuais forças com ideia hegemónicas trabalham nesta direcção e o objectivo final é, como não poderia deixar de ser, um governo mundial.

Será preciso tempo e mais do que um Council on Foreign Relations para atingir o objectivo, mas as coisas parecem bem encaminhadas: geopolítica, ciência, saúde, economia e comunicação são todas vertentes tratadas nas conferências.
Nós estamos, como o título dum livro de Brzezinski (1970), Between Two Ages ("Entre Duas Épocas") Between Two Ages). Pode ser que 2013 seja o ano duma aceleração neste sentido. Ou pode ser que o projecto hegemónico acabe como acabaram todos os anteriores: derrotados pelos eventos.

Entretanto, vamos nos entreter com algumas pérolas de sabedoria de Between Two Ages:
A Era Tecnocrática requer o aparecimento gradual duma sociedade mais controlada. Esta sociedade deve ser dominada por uma elite livre dos valores tradicionais. Em breve será possível implementar uma vigilância quase completa para todos os cidadãos e manter os arquivos atualizados com a maioria das informações pessoais dos mesmos. Estes arquivos estarão sujeitos a recuperação instantânea por parte das autoridades. [...]

Na sociedade Tecnocrática a tendência parece ser a agregação do apoio individual de milhões de cidadãos descoordenados, facilmente ao alcance de personalidades atraentes e carismáticas que exploram as mais recentes técnicas de comunicação para manipular as emoções e controlar a razão.[...]

Hoje estamos novamente testemunhas do surgimento duma elite transnacional, cujos laços ultrapassam as fronteiras nacionais. É provável que em pouco tempo as elites dos países mais avançados serão altamente internacionalistas ou globalistas em espírito e perspectivas. O Estado-nação está gradualmente cedendo a sua soberania. Progressos adicionais exigirão maiores sacrifícios americanos. Devem ser feitos mais esforços para moldar uma nova estrutura monetária, com algum risco para a posição actual, relativamente favorável, da América.
E muito interessante é a previsão da página 57:
Desde 2018, a tecnologia vai permitir que os líderes das principais nações possam realizar guerras secretas, onde apenas o mínimo das forças de segurança serão utilizadas. Uma nação pode atacar um concorrente secretamente por meios bacteriológicosenfraquecendo completamente a população (embora com um mínimo de mortes) antes de tomar posse com suas próprias forças armadas. Alternativamente, técnicas de modificação do tempo poderiam ser usadas para produzir períodos prolongados de seca ou tempestades.

Tanto para enquadrar a personagem e as relativas afirmações, é bem não esquecer quem é Zbigniew Brzezinski é um Democrata, supostamente um "dos bons"(como Obama), considerado como um dos máximos cientistas políticos contemporâneos dos Estados Unidos e do planeta, com um relacionamento particularmente próximo (e este é um eufemismo) com a Casa Branca.

E para acabar, lembramos mais uma vez quem são os membros mais notáveis do Council on Foreign Relations:
Madeleine Albright, Joe Biden, Warren Beatty, Michael R. Bloomberg, George H.W. Bush, Jimmy Carter, Dick Cheney, Bill Clinton, Hillary Rodham Clinton, John Edwards, Alan Greenspan, Mikhail Gorbachev, Angelina Jolie, Henry Kissinger, Paul R. Krugman, John McCain, Rupert Murdoch, Henry Paulson, David Petraeus, Colin Powell, Priscilla Presley, Condoleezza Rice, David Rockefeller, Jr., John D. Rockefeller, IV, David Stern, George Soros, Shirley Temple, Paul Volcker, Oprah Winfrey, Paul Wolfowitz, Robert Zoellick.

Entre os membros corporativos:
ABC News, American Express, AIG, Bank of America, Bloomberg, Boeing, BP, Chevron, Citigroup, Coca Cola, De Beers, Deutsche Bank, ExxonMobil, FedEx, Ford Motor, General Electric, GlaxoSmithKline, Google, Goldman Sachs, Halliburton, Heinz, IBM, JP Morgan Chase, Lehman Brothers, Lockheed Martin, MasterCard, McGraw–Hill, Merrill Lynch, Motorola, Nasdaq, Nike, Pepsi, Pfizer, Shell Oil, Sony Corporation of America, Tata Group, Time Warner, Total, Toyota Motor North America, UBS, Visa.


Ipse dixit.

Relacionados:

Fontes e aprofundamentos:
A seguir, uma lista de ligações para quem deseje aprofundar o assunto utilizando directamente as fontes do Council on Foreing Relations (todas ligações em língua inglesa):

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/AXoVU-qQBBQ/o-mundo-segundo-o-council-on-foreing.html

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