A política do simpático Barack Obama para o mundo árabe nasceu e morreu no Cairo.
No dia 4 de Junho de 2009, Obama fez um discurso intitulado A New Beginning ("Um Novo Começo") na Universidade do Cairo. Em princípio, o evento deveria ter sanado as relações dos EUA com o mundo muçulmano, depois dos oito anos de retórica anti-muçulmana e neo-conservadora do igualmente simpático Bush.
A Administração Obama, que tem dado um forte apoio ao presidente Morsi através do embaixador dos EUA no Cairo, Anne Patterson, não pediu a suspensão do golpe militar contra Morsi e os ministros deles. A lei conhecida como a Emenda Leahy obriga os EUA a parar qualquer ajuda dirigidas a um País que sofra um golpe. A Emenda Lehay, portanto, requer a rescisão dos 1,3 mil milhões de Dólares em ajuda militar que os EUA fornecem ao Egipto a cada ano. No entanto, os republicanos no Congresso, especialmente aqueles que apoiam israel, suportaram o golpe, proporcionando ao mesmo tempo o apoio a Obama para que o tal Emenda não seja aplicada. Seria lógico perguntar qual a razão, mas é melhor evitar, pois as respostas não são nada simpáticas.
Ou talvez, podemos contentar-nos com a resposta mais simples: a ajuda militar dos EUA ao Egipto terá de continuar para acalmar o exército egípcio, que não esquece o apoio americano ao ex-presidente que teve um desempenho miserável.
O que correu mal? A linha vermelha foi alcançada com os seus públicos apelos para que os egípcios apoiassem a jihad salafista e wahhabista contra o governo do presidente sírio Bashar al-Assad. No Egipto nem todos são estúpidos e foi claro o que Morsi ia rezando: apoiar as manobras dos EUA e de israel para derrubar um País árabe. A embaixadora Patterson, o verdadeiro cérebro atrás de Morsi, não entendeu a força e a importância da oposição secular no Egipto.
Não admira: a Patterson já tinha cometido o mesmo erro. Enquanto embaixadora no Paquistão, foi incapaz de apoiar o líder da oposição Benazir Bhutto, que acabou por ser assassinado em Islamabad. Agora a Patterson e os outros que apoiam o movimento salafista na administração Obama, tal como a CIA (também incapaz de prever os acontecimentos), lambem as suas feridas. Morsi era outro elemento central na política pró-Arábia Saudita e pró-Qatar (e, claro, pró-israel), aquela mesma política que viu os líderes árabes depostos com a força na Tunísia, no Egipto, na Líbia e no Iemen.
Os xiitas no Oriente Médio, como no Irão e Hezbollah do Líbano, a minoria alauíta representada pelo governo Assad, o Partido Popular Republicano (CHP) da Turquia, os herdeiros das tradições cristãs representados pelo presidente libanês Michel Suleiman e os cristãos pró-Assad no Conselho de Ministros do Líbano, a Arménia, a Rússia, a Grécia: todos tiveram tempo suficiente para entender quais os verdadeiros objectivos da guerra na Síria: um movimento feito de salafistas, membros de al-Qaeda, mujahideen apenas saídos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Somália e do Iemen, com o apoio americano e israelita para derrubar um legítimo governo árabe. E decidiram agir. O exército egípcio foi o primeiro a agir.
É claro que a "doutrina Obama", que requer apoio político e financeiro dos Estados Unidos para a expulsão dos regimes seculares, seguido do apoio militar directo ou indirecto (Nato, monarquias árabes do Conselho de Cooperação Golfo) morreu ontem em Tahrir Square, no centro do Cairo, na revolução do "Verão Árabe" do Egipto. Muitos egípcios celebraram a expulsão de Morsi saindo para as ruas e agora esperam que Washington retire o seu embaixador: aquela Patterson que é chamada "A menina de Morsi".
Mas, como afirmado, é toda a doutrina americana que fracassa e não apenas no Egipto. Este é um claro aviso para a Turquia também, onde o governo de Edogan apoia os rebeldes da Síria e deve fazer as contas com um líder da oposição, Kililçdaroglu, que critica duramente esta atitude. E atenção: a Turquia tem uma longa tradição de golpes e intervenções políticas.
Quem também beneficia da queda de Morsi é a Síria, onde Assad afirma:
Uma das primeiras estações de televisão a serem fechadas pelo novo governo egípcio foi al-Jazeera, a rede do Qatar, que sempre apoiou os rebeldes radicais sunitas em todo o mundo. E foram fechadas as estações de televisão da Irmandade Muçulmana e dos salafistas também.
Assim, enquanto os EUA celebravam o Dia da Independência, os egípcios comemoram a nova independência dele dum regime que era o produto dos centros de reflexão (os Think Thank), dos planos secretos, com envolvidos nomes como Brennan, Rice, Power, Rhodes, Hillary Clinton, Patterson. E seria possível acrescentar mais...
Ipse dixit.
Fontes: Startegic Culture Foundation, New Eastern Outlook
No dia 4 de Junho de 2009, Obama fez um discurso intitulado A New Beginning ("Um Novo Começo") na Universidade do Cairo. Em princípio, o evento deveria ter sanado as relações dos EUA com o mundo muçulmano, depois dos oito anos de retórica anti-muçulmana e neo-conservadora do igualmente simpático Bush.
A Administração Obama, que tem dado um forte apoio ao presidente Morsi através do embaixador dos EUA no Cairo, Anne Patterson, não pediu a suspensão do golpe militar contra Morsi e os ministros deles. A lei conhecida como a Emenda Leahy obriga os EUA a parar qualquer ajuda dirigidas a um País que sofra um golpe. A Emenda Lehay, portanto, requer a rescisão dos 1,3 mil milhões de Dólares em ajuda militar que os EUA fornecem ao Egipto a cada ano. No entanto, os republicanos no Congresso, especialmente aqueles que apoiam israel, suportaram o golpe, proporcionando ao mesmo tempo o apoio a Obama para que o tal Emenda não seja aplicada. Seria lógico perguntar qual a razão, mas é melhor evitar, pois as respostas não são nada simpáticas.
Ou talvez, podemos contentar-nos com a resposta mais simples: a ajuda militar dos EUA ao Egipto terá de continuar para acalmar o exército egípcio, que não esquece o apoio americano ao ex-presidente que teve um desempenho miserável.
O que correu mal? A linha vermelha foi alcançada com os seus públicos apelos para que os egípcios apoiassem a jihad salafista e wahhabista contra o governo do presidente sírio Bashar al-Assad. No Egipto nem todos são estúpidos e foi claro o que Morsi ia rezando: apoiar as manobras dos EUA e de israel para derrubar um País árabe. A embaixadora Patterson, o verdadeiro cérebro atrás de Morsi, não entendeu a força e a importância da oposição secular no Egipto.
Não admira: a Patterson já tinha cometido o mesmo erro. Enquanto embaixadora no Paquistão, foi incapaz de apoiar o líder da oposição Benazir Bhutto, que acabou por ser assassinado em Islamabad. Agora a Patterson e os outros que apoiam o movimento salafista na administração Obama, tal como a CIA (também incapaz de prever os acontecimentos), lambem as suas feridas. Morsi era outro elemento central na política pró-Arábia Saudita e pró-Qatar (e, claro, pró-israel), aquela mesma política que viu os líderes árabes depostos com a força na Tunísia, no Egipto, na Líbia e no Iemen.
Os xiitas no Oriente Médio, como no Irão e Hezbollah do Líbano, a minoria alauíta representada pelo governo Assad, o Partido Popular Republicano (CHP) da Turquia, os herdeiros das tradições cristãs representados pelo presidente libanês Michel Suleiman e os cristãos pró-Assad no Conselho de Ministros do Líbano, a Arménia, a Rússia, a Grécia: todos tiveram tempo suficiente para entender quais os verdadeiros objectivos da guerra na Síria: um movimento feito de salafistas, membros de al-Qaeda, mujahideen apenas saídos do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Somália e do Iemen, com o apoio americano e israelita para derrubar um legítimo governo árabe. E decidiram agir. O exército egípcio foi o primeiro a agir.
É claro que a "doutrina Obama", que requer apoio político e financeiro dos Estados Unidos para a expulsão dos regimes seculares, seguido do apoio militar directo ou indirecto (Nato, monarquias árabes do Conselho de Cooperação Golfo) morreu ontem em Tahrir Square, no centro do Cairo, na revolução do "Verão Árabe" do Egipto. Muitos egípcios celebraram a expulsão de Morsi saindo para as ruas e agora esperam que Washington retire o seu embaixador: aquela Patterson que é chamada "A menina de Morsi".
Mas, como afirmado, é toda a doutrina americana que fracassa e não apenas no Egipto. Este é um claro aviso para a Turquia também, onde o governo de Edogan apoia os rebeldes da Síria e deve fazer as contas com um líder da oposição, Kililçdaroglu, que critica duramente esta atitude. E atenção: a Turquia tem uma longa tradição de golpes e intervenções políticas.
Quem também beneficia da queda de Morsi é a Síria, onde Assad afirma:
O que está a acontecer no Egipto é o fim daquele que é conhecido como o Islão político. Em todo o mundo, aqueles que usam a religião para fins políticos, ou para beneficiar alguns em detrimento de outros, irá cair. Não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo, e muito menos o povo do Egipto que tem uma civilização de milhares anos, e que casa um claro pensamento nacionalista árabe.O avanço do "Islão político" é um resultado directo do discurso de Obama no Cairo e do apoio aos activistas, engenheiros de redes sociais, consultores de democracia, jornalistas e outros sabotadores profissionais da "indústria da democracia americana".
Uma das primeiras estações de televisão a serem fechadas pelo novo governo egípcio foi al-Jazeera, a rede do Qatar, que sempre apoiou os rebeldes radicais sunitas em todo o mundo. E foram fechadas as estações de televisão da Irmandade Muçulmana e dos salafistas também.
Assim, enquanto os EUA celebravam o Dia da Independência, os egípcios comemoram a nova independência dele dum regime que era o produto dos centros de reflexão (os Think Thank), dos planos secretos, com envolvidos nomes como Brennan, Rice, Power, Rhodes, Hillary Clinton, Patterson. E seria possível acrescentar mais...
Ipse dixit.
Fontes: Startegic Culture Foundation, New Eastern Outlook
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