Sim, é verdade: há a manipulação dos genes nas sementes, mas afinal tudo fica aí, nas sementes, nada passa para o organismo consumidor.
Será mesmo assim?
Não, não é assim.
Um recente estudo (é de 2013) publicado na revista científica Plos One descobriu que a farinha derivada de fragmentos de DNA de organismos geneticamente modificados são totalmente capazes de transferir os genes directamente para a corrente sanguínea do organismo consumidor. Portanto, cai definitivamente o mito de que os alimentos OGM actuam sobre o nosso corpo da mesma forma como os alimentos naturais.
É uma análise combinada de quatro estudos independentes, envolventes mais de 1.000 amostras de humanos e equipas de pesquisadores das universidades da Hungria, Dinamarca e Estados Unidos, que examinaram o processo de assimilação dos OGM actualmente à venda e consumidos em todo o mundo. Isto inclui derivados das culturas OGM, tal como o xarope de frutose de milho (HFCS), a proteína de soja ou a carne de animais alimentados com uma dieta da OGM.
Depois de analisar os dados sobre como o corpo humano processa estes e outros tipos de OGM, as equipas descobriram que o DNA dos OGM introduzidos no nosso organismo não fica completamente decomposto (ou quebrado) durante o processo de digestão. O que seria normalmente degradado em componentes cada vez mais pequenos, até tornar-e aminoácidos e ácidos nucléicos, tem sido encontrado ainda integro. Não apenas isso, mas estes fragmentos de DNA maiores passam directamente para o sistema circulatório, atingindo, por vezes, um nível superior ao DNA humano.
Explicam os pesquisadores na apresentação do trabalho:
Com base na análise de mais de 1.000 amostras humanas de quatro estudos independentes, relatamos evidências de que fragmentos de DNA de farinha derivada do trigo são suficientemente grandes para permitir que os genes completos evitem a degradação e, através de um mecanismo desconhecido, entrem no sistema circulatório humano.
O estudo mostra como os genes sejam transferidos com a alimentação, a partir do trato digestivo para a corrente sanguínea: o DNA dos OGM passa directamente no sangue. E a sua presença também é associada a condições inflamatórias significativas, como a doença inflamatória do intestino, o câncer colon-rectal e o adenoma.
A presença de genes transgénicos no intestino delgado influencia também a composição das bactérias "benéficas", aquelas que normalmente encontramos num indivíduo saudável e cuja função é a protecção do intestino contra os "invasores" externos, ajudando também o organismo a absorver os nutrientes dos alimentos.
Tudo isso surpreende? Na verdade não.
O novo estudo contradiz os resultados até agora disponíveis: em 2004, por exemplo, os pesquisadores Netherwood T, Martín-Orúe SM, O'Donnell AG, Gockling S, Graham J, Mathers JC e Gilbert HJ publicaram um estudo, cujo título é Assessing the survival of transgenic plant DNA in the human gastrointestinal tract ("Avaliação da sobrevivência de DNA transgénico planta no trato gastro-intestinal humano"), e nas quais conclusões podemos ler:
Como este baixos níveis de EPSPS [um enzima, ndt] na microflora intestinal não aumentaram após o consumo da refeição de soja transgénica, podemos concluir que a transferência de genes não ocorreu durante o experimento de alimentação.
Como afirma o Professor David Suzuki, geneticista, divulgador científico e ambientalista:
Uma pequena mutação num ser humano pode determinar muito, o ponto é que, quando mexermos um gene, um único gene, dum corpo para outro, muda completamente o contexto. Não há maneira de prever como este irá comportar-se e qual será o resultado.
Ipse dixit.
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