Suzanna Arundhati Roy é uma escritora e activista anti-globalização, a primeira pessoa indiana a vencer o Man Booker Prize pela sua obra The God of Small Things (O Deus da Pequenas Coisas), em 1997.
No último livro dela, Walking with the Comrades (Caminhando com os Camaradas) escreve:
Aqui na Índia, mesmo no meio de tanta violência e ganância, há ainda esperança. Se os outros podem fazê-lo, nós também podemos. A nossa população ainda não tem sido completamente colonizada pelo sonho consumista.
É isso que Arundhati Royfez: ela, que passou uma vida o lado dos maoistas indianos, espreitou e viu que há vida além das teorias, que o dualismo Capitalismo-Comunismo oculta algo bem mais importante.
Provavelmente este algo tem um nome simples também: podemos chamá-la "vida"?
(fogo, que pensamento profundo: deve ser má digestão, vou logo ligar a televisão)
Ipse dixit.
Fonte: AdBuster
No último livro dela, Walking with the Comrades (Caminhando com os Camaradas) escreve:
Aqui na Índia, mesmo no meio de tanta violência e ganância, há ainda esperança. Se os outros podem fazê-lo, nós também podemos. A nossa população ainda não tem sido completamente colonizada pelo sonho consumista.
Arundhati Roy |
Ainda está viva entre nós a tradição daqueles que lutaram em favor da visão de Ghandi, da sustentabilidade e da independência económica, das idéias socialistas de igualdade e justiça social. Temos a visão de Ambedkar, um desafio para os "ghandistas" e os socialistas. Temos uma espectacular coligação de movimentos de resistência, com a experiência deles, compreensão e visão.
Mas a coisa mais importante é que, na Índia, sobrevive uma população adivasi (indígena) de 100 milhões de pessoas. Eles são os únicos que conhecem os segredos da sustentabilidade. Se essas pessoas desaparecerem, esses segredos desaparecem com eles. Guerras como a Operation Green Hunt [Operação Caçada Verde: acção militar do governo indiano contra alguns rebeldes das regiões Andhra Pradesh, Bihar, Chattisgarh, Jharkhand, Madhya Pradesh, Orissa, Uttar Pradesh e West Bengal, ndt] iria fazê-los desaparecer.
Assim, a vitória de quem começar estas guerras contém dentro de si as sementes da destruição, e não apenas dos adivasis, mas eventualmente também do resto da raça humana. É por isso que precisamos urgentemente de um verdadeiro diálogo entre todos os partidos políticos que estão a resistir contra esta guerra.Não é fácil ir além do nosso passado, podemos ficar agarrados às nossas ideologias e pensar que sim, que de facto estamos do lado dos "bons". Ou podemos pôr tudo em discussão, ter a coragem de olhar em redor das nossas convicções, nem que seja para ver o que há de novo ou reavaliar o velho.
O dia em que o Capitalismo for obrigado a tolerar uma sociedade não-capitalista dentro dele e reconhecer os limites do seu desejo de dominação, o dia em que reconhecer que as reservas das matérias-primas não são inesgotáveis, aquele será o dia da mudança.
Se há uma esperança para o mundo, de certeza não é possível encontrá-la nos corredores das conferências sobre as Mudanças Climatéricas, e muito menos entre os arranha-céus das grandes cidades. A esperança fica em baixo, na terra, nos braços de todos aqueles que estão a lutar todos os dias para proteger as suas florestas, as suas montanhas e os seus rios, porque sabem que serão as florestas, as montanhas e os rios a protegê-los.
O primeiro passo para ré-imaginar um mundo que está a ser destruído deveria ser travar a aniquilação de quem tem imaginação diferente, uma imaginação que vai além do Capitalismo e do Comunismo. Uma imaginação que tem um entendimento diferente acerca daquilo que produz felicidade e satisfação.
Para ganhar este espaço filosófico, é necessário fornecer o espaço físico para a sobrevivência daqueles que podem parecem ser os guardiões do passado, mas que, na verdade, são as nossas guias para o futuro.
Para fazer isso, devemos perguntar aos nossos líderes: podem deixar a água nos rios? Podem deixar as árvores nas florestas? Podem deixar a bauxita na montanha?
Se a resposta for não, então talvez deveríamos parar de falar de moralidade e de justiça às vítimas das guerras deles.
É isso que Arundhati Royfez: ela, que passou uma vida o lado dos maoistas indianos, espreitou e viu que há vida além das teorias, que o dualismo Capitalismo-Comunismo oculta algo bem mais importante.
Provavelmente este algo tem um nome simples também: podemos chamá-la "vida"?
(fogo, que pensamento profundo: deve ser má digestão, vou logo ligar a televisão)
Ipse dixit.
Fonte: AdBuster
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