Este discurso, pronunciado há poucos dias em Cascais por Beatriz Talegón, tornou-se um vídeo que deu a volta ao mundo, com várias centenas de milhares de visualizações no Youtube e nos outros network.
Eis um trecho traduzido:
Quando as pessoas tomam as ruas de Madrid, de Bruxelas, do Cairo, de Beirute... não reclamam o que nós aqui, como socialistas convencidos queremos defender, reclamam o que o problema do capitalismo do livre mercado lhe causou com as suas consequências.
O que importa é que, infelizmente, não são os socialistas do mundo que têm incentivado a sair para as ruas ou a mexer-se, e o que temos de lamentar é que eles estão a pedir democracia, liberdade, fraternidade, estão a pedir educação pública, uma saúde pública e nós não estamos lá. [...]
E também aproveito para dizer que estou muito surpreendida por como pretendemos mover uma revolução a partir de um hotel cinco estrelas em Cascais, chegando em carros de luxo. Eu pergunto-me se realmente podemos dar aos cidadãos uma resposta quando vocês, líderes políticos, dizem que compreendê-los, que sofrem porque são socialistas. Realmente sentimos a dor aqui? Realmente entendemos o que pedimos ao mundo a partir de um hotel de cinco estrelas? Realmente estamos preparados para dar essa imagem ao mundo?
Os jovens, é claro, não concordam com vocês quando tomam essas decisões e não vamos apoiar esta linha. Estamos aqui para trabalhar. E aproveitar a oportunidade para dizer que é muito triste ter que pedir de joelhos para que seja permitido falar aqui neste fórum, é muito triste ter que pedir de joelhos para ser ouvidos. Porque não é vossa intenção ouvir-nos. Porque os jovens não estão aqui somente para trabalhar como parte do staff com os camaradas de Portugal.
Os jovens estão aqui para apoiar-vos, para trabalhar com vocês e para dar a cara por vossa conta na rua. Porque agora os jovens do mundo estão a pagar as consequências, os que não têm emprego, não podem emancipar-se, não podem ficar grávidas com 30 anos porque não têm um trabalho, apesar de ser a geração mais instruída, estamos comprometidos com vocês aqui. E vocês, os líderes, assim chamados porque são responsáveis, não apenas rostos bonitos, vocês são responsáveis pelo que está a acontecer, vocês deveriam sentar-se connosco e entender o que queremos e o que temos para oferecer.
Não só para aplaudir, não só para ocupar os lugares e os espaços com rostos bonitos e caras jovens, não apenas para pendurar cartazes.
A juventude das vossas organizações, os que têm de transmitir a mensagem, não são aqueles escolhidos por vocês porque mais confortáveis e muito cúmplices. Os jovens aos quais têm que conceder a palavra devem ser eleitos em processos democráticos nas vossas organizações.
E sim, infelizmente, dependemos demasiado do partido porque precisamos de financiamento para ser livre. E aqui, neste momento, gostaria de dizer que a juventude da Internacional Socialista não tem nenhum apoio da Internacional Socialista.
Temos muito para dizer, porque as pessoas estão interessadas em saber o que os jovens pensam, porque somos nós que estamos pagando as consequências das vossas acções ou da falta de acção.
Interessante Beatriz.
Pena que não tenha um grande futuro no Partido Socialista.
Ou num outro partido qualquer.
Ipse dixit.
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