Consideração: o mundo está a mudar, o que pode ser bom.
Já vimos como o Yuan tente tornar-se a primeira moeda mundial, destronando o Dólar. No passado dia 3 de Dezembro, e de forma oficial (sem que ninguém tenha dado por isso), o Yuan ultrapassou o Euro como moeda utilizada para o comércio internacional.
Isso tem dois significados. Para a Europa é mais uma demonstração de como uma óptima ideia (o Euro) possa ser aplicada e gerida de forma demencial, até a auto-destruição. Quanto ao resto do Mundo, o discurso é ainda mais complicado.
Já há alguns dias atrás tínhamos falado da vontade da China de alienar boa parte das reservas em Dólares e em Títulos de Estado americanos. O que pode ser traduzido assim: o Yuan (a moeda de Pequim) lança-se directamente para a conquista económica do mundo. Verdade, o Yuan ainda está em segundo lugar como moeda do comércio internacional, pois o Dólar continua a ser (por enquanto) em primeiro lugar. Mas a velocidade com a qual a moeda chinesa avança é impressionante.
Em 2012 a participação do Yuan no comércio e na finança internacionais era de 1, 89%, isso enquanto o Euro ficava na casa de 7,87%. Agora, em Outubro deste ano, o Yuan atingiu 8, 66%, enquanto o Euro caiu para 6,64%.
As contas são muito simples: não apenas o Yuan ganhou muito e ultrapassou o Euro, mas a sua ascensão foi feita em grande parte sobre os ombros do Dólar.
Estados Unidos e Europa
Entretanto, os Estados Unidos continuam a passear na corda-bamba do Quantitative Easing, do Fiscal Cliff, duma riqueza cada vez mais mal distribuída, duma retoma económica que não aparece.
A Europa é o que é: apesar da calma que os meios de comunicação insistem em querer transmitir, a situação deteriora-se e os riscos aumentam. O simpático Mario Draghi (Banco Central Europeu) define como "não suficientes" as medidas anti-crise e aponta como solução métodos "não convencionais". Que, dito de outra forma, significa compartilhar a falência dos bancos, ideia da qual Chipre (taxa sobre os depósitos) representou o ensaio oficial.
Como afirmado: um sistema em queda, que muito dificilmente poderá ser (temporariamente) sanado.
Mas qual a alternativa?
O sistema-China é visto como a principal alternativa. E muitos pensam "melhor isso do que continuar assim como estamos".
Então proponho o seguinte: falem com um Chinês, perguntem o que significa ser Chinês, como vivem, quais as ideias deles. Não é difícil, é só entrar numa das muitas lojas orientais e meter conversa com o dono.
A China?
Eu já fiz isso. E não gostei muito do que ouvi.
Mas isso sou eu: o Leitor pode ter ideias diferentes.
Por exemplo: o leitor pode gostar duma semana de trabalho que acaba no Domingo e começa na Segunda. Ou de ter um ou dois feriados por ano. E pode também gostar de ter um filho, não dois porque neste caso há a prisão.
Internet censurada? É outra especialidade.
Trabalho dos menores (uma criança custa 300 Yuan, mais ou menos 30 Euros)? Também há.
Poluição atmosférica, das águas, desertificação, destruição dos ecossistemas? É só escolher.
E as coisas não são melhores na distribuição da riqueza: um preocupante 55% das famílias chinesas consegue poupar pouco ou até nada ao longo do ano.
Mais: 10% das famílias chinesas controlam 86% da riqueza produzida no País (alguém consegue notar uma certa similitude com quanto acontece nos Estados Unidos?). No ano 2002, o mesmo 10% controlava apenas 41% do total, em 1995 era 30%.
E é interessante realçar como, apesar do constante crescimento da economia chinesa, os rendimentos médios dos cidadãos estejam praticamente parados.
É este o sistema que desejamos para o nosso futuro? Acho que não.
Mas então qual é?
O Leitor!
Esta é a pergunta para os Leitores.
Com um sistema pseudo-capitalista em queda provavelmente irreversível, um sistema em crescimento (o chinês) bem pouco atractivo, qual será na opinião do Leitor o nosso futuro?
Desde já, obviamente: obrigado pela participação.
Ipse dixit.
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo