Um santo, disso não há dúvida.
É tão fofinho. Até quem não é religioso não pode permanecer indiferente perante tamanha fofinhez.
Cada vez que abre boca, é música para os ouvidos. Cada vez que faz algo, espalha-se um cheirinho à humildade e santidade.
Portanto, é com o coração cheio de felicidade que vamos falar duma das últimas decisões deste grande Papa.
Francisco olhou para as finanças do Vaticano e o que viu? A mão do Maligno que avançava. E o Maligno é mau (por isso chama-se Maligno). Sobretudo, o Maligno estava aninhado aí onde corre o dinheiro: a Autoridade de Informação Financeira do Vaticano.
A Autoridade estava nas mãos de cinco italianos, que já por si são malignos de natureza.
Papa Francisco olhou para a os cinco italianos e disse "Vade retro!", que em latim significa "Epá, pessoal, temos que refrescar isso, caras novas, pessoas longe de qualquer suspeita: é ou não é esta a Finança do Senhor?". E Papa Francisco tinha razão: é a Finança do Senhor.
Portanto, fora as itálicas vergonhas e dentro novas caras: pessoas com provas dadas, longe de qualquer suspeitas. Praticamente quatro santos (uma redução de 20% no orgânico, assinalável!). Vamos conhece-los, se Deus assim quiser.
Maria
Em primeiro lugar: uma mulher.
Uma mulher na Finança do Senhor? Sim, com certeza: Francisco é um papa moderno. E paciência se a mulher for italiana, ninguém é perfeito: Maria Bianca Farina (este o nome) tem outras dotes.
Por exemplo: é Directora Geral dos Correios.
Ená, os correios! O que há de mais inócuo dos correios? As Poste Italiane (este o nome) colabora com IBM, Microsoft, HP, Cisco, Vodafone, Banco da China. E a simpática Maria é (ou era em alguns casos) Conselheiro da Administração do Grupo Generali Generali Asset Management e de Generali Multimanager Sicav. Tanto para ter uma ideia, falamos de Wall Street, falamos do Blackstone Group, a maior sociedade de investimentos do mundo.
Vamos ver o que diz Maria na entrevista a "Uomini & Donne della Comunicazione Magazine":
O welfare, entendido como um conjunto de intervenções relacionadas com a Segurança Social, Assistência Sanitária e Assistência Social, é um dos fatores críticos em torno dos quais desenvolver o sistema italiano. Um exemplo disso: até à data, os italianos ainda estão relutantes em investir em seguros de saúde [será porque os mesmos italianos já pagam o sistema de saúde estatal? Fica a levíssima dúvida, ndt]. Mas neste cenário não podem ser apenas as empresas de seguros a ter de sentar-se à mesa para fazer as alterações apropriadas. Estou convencida de que as mudanças na Itália devem ser do "sistema" e todas as partes devem estar envolvidas: os ministérios e as instituições públicas, organizações privadas, famílias e indivíduos. Se o Estado falhar, são as soluções de integração das companhias de seguros que tem que assumir o comando.
Não é disso que falava Cristo? "Deixem que as corporações venham a mim".
Ah, obviamente Maria é membro da ONG Save The Children, porque, apesar de ter alcançado o sucesso, não esquece os mais desfavorecidos, desde que peçam um sistema de saúde público.
Aprovada!
Marc
Do nome percebe-se que italiano não deve ser: e não é! É suíço. E filantropo.
Marc Odendall é membro do MIP Management Institute of Paris, uma instituição privada francesa que acolhe os pobres filhos dos ricos para torna-los homens de sucesso. E tem um curriculum...como dizer? "Sagrado", isso mesmo, sagrado:
1984-1989: JPMorgan
1990-1993: Credit Suisse
1994-1996: Merryll Linch
1996-1998: Deutsche Morgan Grenfell (Deutsche Bank)
1998-hoje: Credit Suisse (outra vez)
Meus senhores, perante uma lista assim não podem existir dúvidas.
Ah, obviamente Marc é membro de várias fundações, como a African Medical and Research Foundation de Paris (Barclays, Google, Banco Mundial, Johnson&Johnson, GlaxoSmithKline, Rockefeller Foundation, Comissão Europeia, UBS Investment Bank, etc.) e até tem a sua própria fundação a Odendall Foundation.
Já percebemos: Marc é dos nossos. Aprovado!
Juan
Juan Zarate...Juan Zarate...este nome diz-me algo...ah, pois! Juan Zarate era o Assistente do Presidente George Bush na luta ao terrorismo! Mas que faz agora este anti-terrorista no Vaticano? Simples: Juan é também membro do Center for Strategic and International Studies, o think tank no qual podemos encontrar também Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski.
Juan nada pode perceber de finança, mas tem umas amizades que, wow!, vão direitinhas até os andares mais elevados de Washington.
Depois no Center for Strategic and International Studies também há um Cardinal, Theodore E. McCarrick, por isso fica tudo em família.
Juan? Aprovado!
Joseph
Joseph Yuvaraj Pillay? E este quem é agora? É um indiano. Tá bom, não faz mal, eu também tenho uns amigos indianos.
Joseph faz parte do Council for Minority Rights, que escrutina as leis que passam pelo parlamento de Singapura; foi um dos pais da Autoridade Monetária de Singapura; é Presidente da companhia de aviação Tigerair; pouco mais do que isso.
Até parece uma pessoa séria, que está a fazer no meio dos outros?
Deve ser um erro de casting.
Aprovado com algumas reservas.
...e nada para a Opus Dei?
Pois é: para a Opus Dei, nem um rebuçado, nada?
Calma, o coração de Papa é grande, nele há espaço para todos. É só ter fé.
Pelo que, Francisco nomeou como director-adjunto Tommaso Ruzza, genro duma pessoa (Fabio Fazio) cujo nome pode não dizer nada ao Leitor, mas que em Italia é bem conhecido e provoca fortes dores nas articulações, fígado e laringe. Fabio Fazio? Politica e Opus Deis.
O Papa também agradeceu os membros cessantes (Claudio Bianchi, Marcello Condemi, Giuseppe Dalla Torre del Tempio di Sanguinetto, Francesco De Pasquale e Cesare Testa). São estes os membros de que, nos últimos meses, tinham entregue uma carta de protesto ao Papa, publicada também em alguns órgãos de comunicação social, na qual acusavam a gestão do Director Geral Bruelharte de "opacidade".
E são estas as coisas que me deixam perplexo. Tantos anos passados no Vaticano e nada aprenderam. Publicar uma carta que acusa o Director da Autoridade de Informação Financeira de ser "opaco"? Faz algum sentido?
Deveriam mas era agradece-lo, louva-lo, realçar dotes quais a seriedade e a integridade dele. Uma frase como "nunca tínhamos trabalhado com um homem tão honesto", isso sim que teria feito estremecer o Vaticano.
Ipse dixit.
ANIA, Uomini & Donne della Comunicazione Magazine, AMREF: Annual Report (ficheirp Pdf, inglês), Pistorio Foundation, Il Giornale
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo