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Palavras e Futuro

3 de Junho de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Com Palavras falámos das...palavras, óbvio.
Em particular dalgumas delas: "missões humanitárias", "operações de paz". Termos que escondem a guerra.

Porquê mesmo a guerra?

Porque o que as elites tentam fazer é transmitir com a falsificação da linguagem a ideia de que a guerra é afinal algo normal.

O facto é que as gerações passam e hoje, quase setenta anos após o último conflito mundial, a resistência dos cidadãos perante a guerra é menos forte.
Não que os cidadãos sejam indiferentes perante o problema: mas já são poucos os indivíduos dos Países ocidentais que viveram uma guerra, que viram com os próprios olhos o abismo. Ninguém com um mínimo de cérebro pode desejar uma guerra, mas uma coisa é ter vivido em primeira pessoa os horrores, outra coisa é lê-los nos livros de História.

Na verdade há muitas guerras em acto, só que acontecem em lugares longínquos e por motivações aparentemente diferentes. Há as guerras contra o "terrorismo" (Afeganistão), contra os Países supostamente detentores de armas de destruição maciça (Iraque antes, Irão hoje), para a defesa dos direitos humanos (Líbia e Síria), e intervenções humanitárias (Somália).

E não podemos esquecer as várias revoltas "espontâneas", como no caso do Egipto e dos Países da ex União Soviética.

Surpresa (???), esta globalização da guerra é promovida em primeiro lugar por aqueles Países que mais pretendem defender as leis internacionais e os direitos democráticos.

E na primeira fila encontramos os Estados Unidos, cuja ideia de guerra global dominou a política estrangeira desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas a Guerra Fria, extensão do conflito mundial em tempo de paz, encontra as próprias raízes na Society of the Elect e na Round Table de Cecil Rhodes e Lord Nathan Rothschild; ou no The Royal Institute of International Affairs e no Council on Foreing Relations, todas organizações nascidas entre o final de 1800 e o primeiro pós-guerra.

Todas organizações que tinham como objectivo a criação dum amplo poder exercido pelos anglo-americanos.

A parir dos anos '30 e ainda mas dos '40 do século passado, o Congresso dos Estados Unidos perdeu progressivamente poder, uma erosão perpetrada pelos Democratas e pelos Republicanos.
Como afirma o Dr. Paul Craig Roberts, economista, escritor e professor de economia política:
A Constituição dos Estados Unidos foi posta de lado com o pretexto do medo. Antes medo da Grande Depressão, sucessivamente dos terrorismo islâmico. Os Estados Unidos são a Constituição. Se a Constituição cessar de existir como documento legal respeitado pelas elites políticas, os Estados Unidos cessam de existir. Significa que outra entidade ocupou o lugar dela.
A história das últimas décadas demonstra que o sonho da dominação anglo-americana não foi abandonado. De facto, com a queda do Muro de Berlim, entrámos numa fase nova, a fase da guerra permanente, cujo começo pode ser individuado na primeira guerra contra o Iraque do Presidente Bush (o velho, aquele um pouco mais inteligente).

Em 1992 nasce o Defense Planning Guidance (Linhas Guia de Defesa Nacional), assim descrito pelo New York Times:
Num novo e amplo projecto político que está prestes a ser aprovado, o Departamento da Defesa estabelece que a missão política e militar da América na era pós-Guerra Fria será impedir o nascimento de potências rivais na Europa Ocidental, na Ásia ou nos territórios da ex- União Soviética. os documentos mostram o cenário dum mundo dominado por uma única super-potência cuja posição dominante pode ser garantida com escolhas específicas e idónea força militar, de modo a desencorajar qualquer Nação ou grupo de Nações em desafiar a supremacia americana.
Na génese do Defense Planning Guidance encontramos Paul Wolfowitz, obviamente de origem judaica, mais tarde presidente do Banco Mundial, já membro do think tank Project for the New American Century (Projecto para o Novo Século Americano) e mais recentemente co-autor do Joint Vision 2020, a actual base das forças armadas americanas.

A propósito do Project for the New American Century, é interessante reportar uma frase do relatório do grupo de 2000, que tem o título de Rebuilding America's Defenses: Strategy, Forces and Resources (Reconstruir as Defesas da América: Estratégias, Forças e Recursos):
Além disso, este processo de transformação, apesar de poder trazer mudanças radicais, será algo lento a não ser que haja eventos catastróficos que o favoreçam, como uma nova Pearl Harbor.
Isso escrito em Setembro de 2000...

Sempre em 2000, nasce também Joint Vision 2020, onde é defendida uma dominação militar total dos campos de batalhas, também suportada por peacekeeping (mantenedores da paz) e ajudas humanitárias. Mas não só:
A criação duma rede de informação global servirá a garantir as condições duma maior capacidade de decisão.
Em Novembro de 2001, o presidente George Bush (o novo, aquele com sérios problemas) assina a Ordem Militar nº 1, na qual aparece a expressão "guerra global contra o terrorismo". A partir da então, as operações militares secretas do SOCOM (Special Operations Command, Comando Operações Especiais) multiplicaram-se: o mesmo SOCOM viu crescer o número dos efectivos (desde 30.000 para 60.000), enquanto o orçamento passou de 4.2 biliões para 10.5 biliões de Dólares.

O crescimento do JSOC (Joint Special Operations Command, Comando Operações Especiais Conjuntas, uma ramificação do SOCOM) foi ainda mais espectacular, passando das 1800 unidades até as 25.000 de hoje.

E as operações tiveram e têm lugar em mais de 75 Países no Mundo: República Dominicana, Peru, Filipinas, Yemen, Somália, Ásia Central, Líbano, Arábia Saudita, Irão... A maior parte delas nunca permaneceram desconhecidas aos olhos dos media.

E interessante também é verificar como o simpático Barack Obama, actual inquilino da Casa Branca, continue a respeitar os ditames do Project for the New American Century, o qual falava de:
combater e ganhar de forma firme conflitos múltiplos e simultâneos nos maiores teatros bélicos do mundo.

O mesmo Obama (não acaso Nobel da Paz) renovou também o Patriot Act, poucos minutos antes deste caducar. É esta a lei, contrastada por poucos parlamentares, que de facto permite atropelar qualquer direito dos cidadãos americanos.

E aqui encontramos outra vez as palavras, fundamentais para derrotar a já fraca resistência interna.
A guerra é uma "intervenção humanitária", o ataque é uma "defesa" (doutro lado já nem existem os Ministérios da Guerra; há os Ministério da Defesa...), o massacre de civis é um "dano colateral".

Agora, podemos ver nisso tudo o esforço para manter o actual status quo, as condições vigentes, ou uma fase preparatório em vista de futuros desenvolvimentos. Portanto: qual o futuro próximo?

Impossível responder com certeza e o que mais conta é a opinião do Leitor. Por minha parte, sigo a segunda hipóteses, aquela da fase preparatória. Mas também aqui podem existir dúvidas.
  • Um choque frontal entre Estados Unidos, China e Rússia? Talvez nascido dum episódio local, como um conflito entre israel e o Irão? Pode ser. Afinal a lenda da atómica iraniana está no ar, tal como há vinte anos havia as nunca encontradas armas de destruição maciças de Saddam Hussein.
  • Uma série de revoluções que poderiam amplificar-se até envolver numerosos Países? A crise económica é um terreno fértil nesta óptica.
  • Ou a exploração de novas tecnologias, como os chips subcutâneos tanto caros aos teóricos das conspirações mas que na realidade já se encontram em avançada fase de estudo?  
Aqui também é uma questão de...gosto pessoal. Talvez um mix entre a primeira e a segunda pode ser a opção com as maiores probabilidades. O que não é de todo uma perspectiva simpática.

Claro, as coisas poderiam mudar se a elite fosse substituída...


Ipse dixit.

Fontes: Paul Craig Roberts, Wikipedia (versão inglesa), The New York Times, U.S. Department of Defense, FAS, Huffington Post

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/HCaXqTW8oms/palavras-e-futuro.html

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