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Resultados Eleições Europeias 2014

26 de Maio de 2014, 10:48 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Independentemente do que podemos pensar das eleições, estas representam sempre um bom teste
para tentar perceber quais os pensamentos que agitam as cabezinhas dos eleitores.

Então vamos ver o que aconteceu na Europa, onde ontem votou-se para renovar o inofensivo Parlamento Europeu.

Pergunta o leitor do Brasil: "Cadê?", que significa "Mas como são organizadas as eleições europeias?". Boa pergunta. Então é assim: cada cidadão vota para eleger os representantes que o seu País enviará para Bruxelas, sede do Parlamento continental. Uma vez aí chegados, os representantes terão duas simples tarefas:
  • falar durante as sessões do Parlamento e, de vez em quando, fomentar alguns choques entre os deputados, para que os Eleitores tenham a impressão de que algo está a funcionar (os deputados custam).
  • aprovar todos os projectos de lei apresentados pela Comissão Europeia, instituição democraticamente formada por pessoas que ninguém alguma vez elegeu e que, de facto, decide tudo em matéria de Europa.
Esclarecido este ponto, observará o Leitor Brasileiro: "Cadê?", que significa "Sim, mas agora cala-te e diz quais os resultados". Mau feitio este Leitor...e sim que com a grande festa da Copa a aproximar-se, deveria estar cada vez mais feliz.
Seja como for, eis uma rápida panorâmica.
Europa

Na Europa a vitória pertence ao Partido Popular (212 deputados eleitos), seguidos pelos socialistas (187). Muito afastados os democrata-liberais (72 deputados), os Verdes (55) Observar os dados totais europeus é enganador.

Por exemplo: o partido mais votado na Europa é o Partido Popular Europeu (Centro), enquanto o segundo é a Aliança Progressista de Socialistas e Democratas (Esquerda). Dito assim, parece que o continente escolheu um rumo de Centro, em detrimento da Esquerda.

Mas assim não é: o Partido Popular é o mesmo do qual faz parte o Partido Social-Democrata, actualmente no poder em Portugal, o qual aplicou e ainda aplica políticas tipicamente de Direita. Da "Social-Democracia" nem a sombra.

Da mesma forma, o Partido Democrata italiano, que faz parte da Aliança Progressista, nada tem de Esquerda, tendo recolhido a herança que já foi da antiga Democracia Cristã (partido tipicamente de Centro).

Se a ideia for tentar perceber qual a orientação dos Europeus, a solução passa por observar os resultados nos vários Países, enquadrando tudo na realidade local.

França

A verdadeira surpresa foi na França, onde ganhou a Frente Nacional de Marie Le Pen. Não há voltas a dar: a Frente é um partido de extrema Direita e ganhou (quase 25% das preferências), enquanto todos os outros perderam.

Explicação? Bastante simples: uma campanha eleitoral baseada na recuperação do que for francês,  emprego e alojamento para os Franceses, guerra à imigração, defesa da soberania e da identidade nacional contra a "Europa supranacional".

Acham isso "populista"? Podem chama-lo como quiserem, mas o resultado não muda: é isso que querem os Franceses.

O partido popular do ex-presidente Sarkozy ficou em segundo lugar, bem distanciado, enquanto o movimento socialista do actual presidente Hollande ficou perdido bem atrás, com 14% das preferências.

Alemanha

Em Berlim vitória da União Cristã Democrata, o partido de Angela Merkel, que pode até lançar foguetes: não apenas aumentou a sua percentagem de votos (agora fica na casa de 36%, nas eleições de 2009 nem chegava ao 30%) como também vê o seu aliado (o Partido Liberal-Democrata) quase desaparecer (3,4%: tinha obtido quase 15% em 2009).

Estável o partido Social-Democrata (27%), derrota humilhante da Esquerda (De Linke: em 2009 tinha conseguido 16%, ontem não foi além de 6,5%).

Voto perfeitamente em linha com a mentalidade alemã: as nossas condições não são as melhores mas a máquina Alemanha manda na Europa e é isso que conta.

Italia

Outra surpresa em Italia, onde ganhou folgadamente o Partido Democrata de Matteo Renzi.

Não era este o resultado esperado: apesar duma massiva campanha mediática em que todos os media foram empenhados numa competição para favorecer Renzi e denegrir o Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo, o resultado parecia incerto. Mas assim não foi: o Movimento 5 Estrelas basicamente paga uma certa ambiguidade sobre qual a atitude acerca da Europa e do Euro.

Se Grillo é anti-europeista (e é, de facto), faltou a coragem para levar o discurso até as extremas consequências (como fez Le Pen em França), na tentativa de captar o voto dos indecisos. Erro crasso que favoreceu a nova Democracia Cristã (hoje Partido Democrata: 40% das preferências) de Renzi.

Muito atrás (16%) Forza Italia de Silvio Berlusconi, em evidente fase de dissolução: dado que merece ser explicado. Desde o aparecimento de Renzi, Forza Italia perdeu a sua razão de ser: luta contra a Esquerda e captação dos votos de Centro. O Partido Democrata de Renzi conseguiu destruir a Esquerda a partir do interior dela (Renzi é um ex-Comunista) e, ao mesmo tempo, recolheu os votos do Centro. Não por acaso, para além da "fachada", há uma certa sintonia entre Renzi e Berlusconi.

Grécia

A outra surpresa tem o nome de Grécia: o vencedor é a coligação da Esquerda radical, a Syriza, mas logo atrás aparece a Nova Democracia, de Direita, e a seguir Alba Dourada, de extrema Direita.

Por isso: vitória dos extremismos.
O que, a bem ver, nem é uma surpresa: a situação económica do País justifica a vontade duma mudança radical.

Mas se estes resultados não implicam uma mudança imediata na Grécia (as eleições europeias têm efeito apenas no Parlamento europeu, não naqueles dos vários Estados-membros), o cenário é diferente em Bruxelas: teremos mais representantes das forças radicais (é preciso também ter em contra a vitória da Le Pen na França).

Portugal!

Nenhuma surpresa Lisboa.

Ganha o Partido Socialista (mas não triunfa), perdem os partidos do governo, aumenta (mas pouco) o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda continua o seu próprio cortejo fúnebre rumo ao cemitério.

Crescem o Partido da Terra e o Partido Livre, formações acerca das quais os cidadãos sabem pouco pelo simples facto que os media sempre favorecem de forma esmagadora os partidos "tradicionais".

Sobretudo seria interessante observar os resultados do Partido da Terra após uma campanha eleitoral na qual todos os intervenientes tivessem a mesma visibilidade mediática: aí sim que os resultados poderiam ser realmente surpreendentes.
Se o Partido da Terra não for um meteoro, a visibilidade de Marinho Pinto (o líder) poderia abalar o dualismo PS-PSD que desde 1974 condiciona este País (com os resultados que é possível observar).

Finalmente, não é possível não realçar o dado do abstencionismo: 66% dos Portugueses escolheram não votar. Seja qual for a opinião acerca do abstencionismo, é preciso salientar como a maioria dos cidadãos achou o voto uma perda de tempo ou algo parecido.

O resto

Nota positiva na Bélgica onde a vitória foi para Os Verdes/Aliança Livre Europa, grupo interessante que defende, além dum óbvio ambientalismo, uma Europa baseada no regionalismo.

Na Dinamarca vitória do grupo de Nigel Farage, a Europa da Liberdade e da Democracia.

Na Holanda, República Checa e Estónia vitoria da assustadora Aliança dos Liberais e Democratas da Europa, um grupo pró-Europa e neoliberal. Em todos os três casos, foram vitórias decididas por algumas milhares de votos; mas não deixam de ser vitórias.

Finalmente, na Polónia sucesso do partido vitoria do movimento Prawo i Sprawiedliwość (literalmente: Lei e Justiça), ultra-conservador e euro-céptico.

Eis o quadro geral:
Ipse dixit.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/7vNgZe-puOI/resultados-eleicoes-europeias-2014.html

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