A história é complexa: o que terá feito o ex-agente da CIA ("ex"?) e ex-presidente da França?
Seriam cinquenta milhões os Euros desembolsados por Muammar Khadafi para apoiar o simpático Nicolas na campanha eleitoral: o acordo é apenas um dos cadáveres no armário do ex-presidente.
Os fantasmas líbios, sempre negados com indignação pelo interessado, reapareceram com a captura de ontem. Nos telefonemas interceptados e nas pressões sobre um juiz, o ex-chefe de Estado estava preocupado com as investigações sobre os supostos fundos de Khadafi. Por enquanto nada acerca da Venezuela (Sarkozy tentou assassinar Hugo Chavez também), mas o caso-Líbia chega e sobra.
Nicolas e o Coronel
O primeiro a acusar Sarkozy de aceitar os milhões de Tripoli tinha sido Saif al-Islam, filho do Coronel, três dias antes do ataque da NATO contra a Líbia. Em 25 de Outubro de 2011, o ex-primeiro-ministro do País, Baghdadi Ali al-Mahmoudi, que tinha fugido para a Tunísia e sucessivamente foi preso, admitiu durante um interrogatório:
Eu pessoalmente supervisionei o dossier do financiamento da campanha de Sarkozy.Um ano após o ataque da NATO, é descoberto que Brice Hortefeux, que se tornou ministro no governo do presidente Sarkozy, tinha fechado o acordo no dia 06 de Outubro de 2006 numa reunião com Abdullah Senussi, irmão do Coronel, e com o traficante de armas Ziad Takieddine.
O acordo encontrava-se entre os documentos assinados por Mussa Kussa, então chefe da inteligência líbia e hoje refugiado no Qatar. O dinheiro foi secretamente pago por Bashir Saleh, chefe de gabinete do Coronel. A história foi confirmada por Moftah Missouri, o intérprete pessoal do Coronel líbio.
Sarkozy costumava acolher Khadafi em Paris como o "líder irmão". Uma posição incómoda na altura em que a NATO atacava a Líbia: alem do envolvimento num financiamento ilícito ao longo duma campanha eleitoral francesa, o relacionamento com o "irmão líder" tinha-se tornado algo que era preciso limpar.
No dia 20 de Outubro de 2011, quando Khadafi foi identificado e capturado, de imediato foi "justiçado" com um golpe de misericórdia. História muito estranha: um Khadafi vivo e julgado pelo Tribunal Internacional teria representado um golpe publicitário não indiferente, um verdadeiro triunfo da NATO. Mas nos dias anteriores houve várias missões tácticas de pelo menos 9 helicópteros na região da Sirte (onde estava escondido o Coronel), 8 dos quais franceses, com objectivos bem definidos.
O fim de Khadafi começou com um telefonema para Damasco, feita a partir do seu dispositivo satelitar interceptado pela NATO. Os pilotos dos caças franceses e um Predator dos EUA forneceram informações contínuas sobre a coluna do Coronel que encontrava-se em fuga.
Afirma uma fonte do diário italiano Il Giornale:
A impressão é que, após o primeiro grupo de revoltosos que capturaram Khadafi vivo, chegou um segundo grupo que sabia exactamente o que fazer e tinha ordens precisas para eliminar os prisioneiros.
Meses mais tarde, Mahmoud Jibril, que foi primeiro-ministro interino após a queda do regime, confirmou à TV egípcia:
Um agente estrangeiro misturado aos revolucionários matou KhadafiMuammar Gaddafi, no entanto, não teria sido o único chefe de Estado "incómodo" aos olhos de Sarkozy.
Nicolas e monsieur Bouquet
Em 29 de Dezembro de 2012, o ministro venezuelano dos Serviços Penitenciários, Iris Varela, anunciou via Twitter a expulsão do francês Frederic Laurent Bouquet.
Bouquet tinha sido preso no dia 8 de Junho de 2009, em Caracas, juntamente com três cidadãos dominicanos, enquanto se encontrava na posse de um verdadeiro arsenal:
- 500 gramas de explosivo C4
- 14 espingardas de assalto (incluindo 5 com mira telescópica, com ponteiro laser e uma com silenciador)
- cabos especiais
- 11 detonadores electrónicos
- 19.721 cartuchos de diferentes calibres
- três pistolas
- quatro espingardas de diferentes calibres
- 11 rádios
- 3 walkietalkie
- cinco espingardas calibre 12
- dois coletes de protecção
- 7 uniformes militares
- 8 granadas
- uma máscara anti-gás
- uma faca de combate
- 9 granadas de artilharia.
Como era difícil afirmar ser apenas um amante da caça, Bouquet confessou ter sido treinado em israel, de fazer parte da DGSE (a inteligência militar francesa), e de ter participado no projecto para assassinar o presidente Chávez.
A expulsão ocorreu no fim da pena de prisão de quatro anos. Segundo o site de informação francês Rede Voltaire, é provável que a ordem para matar Hugo Chávez tivesse sido dada pelo próprio Nicolas Sarkozy que, após o fracasso, teria fornecido uma compensação substancial ao governo venezuelano.
Isso explicaria o silêncio mantido pelas autoridades até agora sobre a questão de Caracas.
Ipse dixit.
Fontes: Il Giornale, Nexus, Rede Voltaire
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