Acha que o relacionamento com este objecto de culto deveria ser ainda mais íntimo?
Boas notícias: agora é possível levar essa relação a um nível superior. E temos que agradecer a americana Fleshlight que tornou possível este resultado. A empresa lançou esta semana Fleshlight Launchpad, que permite que os usuários possam conectar-se com o iPad na modalidade full immersion, "imersão total", para viver tudo o que se passa no ecrã.
Tudo? Tudo.
Também o sexo?
Sobretudo o sexo!
O gadget, como afirma o produtor, permite que o utilizador desfrute as melhores experiências com o iPad. Mas como? Simples: Fleshlight é um acessório que deve ser instalado debaixo do nosso iPad e que simula os órgãos genitais femininos. Portanto, é só assistir a um vídeo "adapto" e desfrutar as maravilhas da tecnologia. Custo? Uma miséria: 24.95 Euros.
Basta de doenças sexuais, basta de métodos anticoncepcionais, basta de "hoje não querido, dói-me a cabeça": Fleshlight torna o nosso fiel iPad no melhor cúmplice da nossa actividade sexual. A partir de hoje podemos dispensar a nossa partner, até pedir o divórcio se for o caso: o iPad faz tudo e nunca se queixa (no máximo acaba a bateria).
O Leitor é uma pessoa "à moda antiga"? Não gosta dum relacionamento tão próximo com um aparelho electrónico? Não há crise: Phone Strap é um cinto que segura o nosso smartphone na perna enquanto, sentados comodamente na nossa poltrona, as mãos...tá bom, o Leitor pode imaginar o resto.
Só 22.99 Euros, praticamente uma prenda.
"Mas não será que tudo isso pode representar um impacto negativo sobre a nossa actividade sexual?".
Nãooooo! Nenhum risco, o impacto já existe. Há dois anos foi efectuado um levantamento pela empresa Broadband Choices e verificou-se que tablets e smartphones têm já agora um impacto negativo sobre o relacionamento do casal e a sexualidade, além dos clássicos fadiga ocular, transtornos de humor e de sono.
Os entrevistados admitiram que o uso de gadgets tecnológicos mudaram os seus hábitos: 15% das pessoas confessou ter menos sexo uma vez que há um novo "companheiro" da cama, o nosso smartphone! Quase metade dos entrevistados afirmou gastar até 90 minutos com um netbook ou notebook, tablet e smartphone enquanto estiver entre os lençóis.
Isso também faz aumentar a média do tempo que gastamos acordados, até meia-noite em média. Só 10 anos atrás, a mesma média apontava para às 22:30.
Mas interessa? Não: nada pode substituir o prazer proporcionado pelo nosso porno-iPad (ou porno-tablet ou porno-smartphone...o Leitor é que sabe).
O único problema é que ainda não há nada para as Leitoras, o que é esquisito considerado que nem deveria ser muito complicado como projecto. Paciência: terão que encontrar um homem que não tenha estas pancadas dos relacionamentos digitais enquanto o Leitor se diverte com o seu sexy-iPad.
E o futuro?
Dúvida pessoal: mas o que há de mal no antigo relacionamento sexual analógico? Aquele à moda antiga, para ser claros. É que não consigo encontrar grandes defeitos, pelo contrário...
Então, como encarar esta novidade?
Como uma lógica consequência. Pode fazer impressão a ideia de ter um relacionamento sexual com o próprio telemóvel (afinal é disso que estamos a falar) mas, pensando bem, era previsível. Aliás, já a "realidade virtual" contempla o sexo como consequência natural dum mundo digital cada vez mais presente.
Nada de conspirações aqui, nada de "manobra para reduzir a natalidade e limitar o número de seres humanos". O âmbito é totalmente diferente e muito mais complexo: melhor procurar as razões numa sociedade cada vez mais hedonista-egoísta e orientada para a máxima satisfação individual. O "eu" em primeiro lugar, o relacionamento com os outros filtrado pelos circuitos integrados.
Quem, como quem escreve, teve ocasião de conhecer os dois mundos (o analógico antes, o digital agora) fica assustado: quem nasceu analógico terá sempre enormes dificuldades em permitir que o digital se insinue cada vez mais na sua vida e naturalmente implementará alguns limites.
Mas as novas gerações? O meu sobrinho até pouco tempo atrás ignorava a existência dos telefones fixos, esta é a realidade. Para as novas gerações, o sexo digital pode ser curiosidade agora, mas pode tornar-se uma prática normal no futuro.
Isso é triste? Claro que sim: nada pode substituir um relacionamento humano e o sexo não é excepção. Mas este é um ponto de vista analógico, o longo prazo pode ter outros desenvolvimentos. Haverá uma cada vez maior integração homem-máquina, isso é claro, mas até a que ponto isso não retira algo à nossa natureza humana que, lembramos, continua a nascer como analógica e precisa de contactos entres similares?
Ipse dixit.
Fonte: Il Fattaccio
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