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Síria: a guerra química

9 de Dezembro de 2012, 22:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Então, a Síria tem armas químicas?
A dúvida é legítima.

No artigo Síria: o cerco aperta é citada uma fonte, Wired, segundo o qual o governo de Damasco já preparou os ingredientes necessários para a preparação do Sarin, uma substância tóxica que actua essencialmente sobre o sistema nervoso.
É o mesmo gás que tinha sido utilizado no ataque no Metrô de Tóquio, em 1995, provocando 12 mortos e 6.000 intoxicados.

Mas a Síria tem de facto o sarin?
Não sabemos. Wired não partilhou a fonte da própria notícia, por isso não é possível confirmar. Podemos apenas especular e esperar que a resposta seja "não".
Então esperemos e especulamos.

É interessante realçar o facto de que os inimigos do Ocidente têm sempre armas químicas. Sempre.
Saddam Hussein tinha armas químicas. O Coronel Khadafi tinha armas químicas. Também Osama Bin Laden tinha armas químicas. Parece que possuir armas químicas seja um requisito essencial para tornar-se um inimigo do Ocidente.

Obviamente a China também é suspeita de ter armas químicas.

O único caso em que temos a absoluta certeza da posse de armas químicas é o Iraque, que utilizou iperita (o gás mostarda) e tabun contra as tropas iranianas no conflito entre 1980 e 1988 e contra a aldeia de Halabja, sempre em 1988. Temos a certeza pela simples razão que os gases foram fornecidos pelos Estados Unidos, a França e a virtuosa Alemanha.

Mas onde estavam as armas químicas (e biológicas) de Saddam Hussein durante as duas guerras que o Iraque enfrentou contra os Estados Unidos, em 1990-1991 e 2003-2011?
Nunca forma encontradas, simplesmente porque o Iraque já não tinha armas químicas, apesar de quanto afirmado pelos media ocidentais e pela CIA antes do conflitos (em particular antes do segundo).

Nem armas químicas no caso de Khadafi também. Ou no caso de Osama Bin Laden.
Mentiras, apenas mentiras para justificar acções ocidentais, normalmente lideradas por Washington.

Agora é a vez da Síria.
No caso de Hafaz al-Assad, pai do actual presidente do País Bashar al-Assad, até temos provas do facto de já ter feito uso de tais armas contra a própria população. Quando? Em 1982, para reprimir uma revolta na cidade de Hama.
Fontes? Anónimas, da intelligence militar.

Por isso não há dúvida. Talvez. Ou se calhar há.
Porque nas páginas do diário britânico Independent escreve o jornalista, Robert Fisk que, casualmente, encontrava-se em Hama na altura dos factos:
Mas acontece que eu estava em Hama, em Fevereiro de 1982, enquanto o exército sírio de Hafez estava a fazer um massacre entre o seu próprio povo [...] mas ninguém utilizou armas químicas.

Não um único soldado que vi em Hama estava equipado com máscaras de gás. Nem os civis. O ar perigosamente perfumado, que os meus colegas e eu respirámos após dos produtos químicos terem sido usados ​elo (então) nosso aliado Saddam contra os soldados iranianos na década de oitenta, não estava presente. E nenhum dos dezenas de sobreviventes que entrevistei em 30 anos a partir de 1982 alguma vez mencionou o uso de gás.

Mas agora temos que acreditar no facto deste ter sido usado. E assim este conto de crianças começou: Hafez al-Assad tem usado gás contra o seu próprio povo em Hama há 30 anos. Da mesma forma, o filho Bashar pode fazer a mesma coisa. E não foi esta uma das razões pelas quais o Iraque foi invadidos em 2003, porque Saddam já havia utilizado o gás contra o seu próprio povo e poderia fazê-lo novamente?
A Síria tem armas químicas? Não podemos afirma-lo nem nega-lo. Simplesmente não temos fontes dignas de confiança.

Wired é uma fonte digna? O facto de ser propriedade duma empresa (Advance Publications, Inc) cuja dona é uma família hebraica (a família Newhouse) pode significar alguma coisa? O facto da mesma empresa publicar diários marcadamente republicanos ou próximos do ambiente militar (The Huntsville Times) pode significar alguma coisa?

A informação mainstream é uma fonte fidedigna? A mesma informação que espalhou para os quatro cantos do planeta a notícia das armas de destruição maciça do Iraque?

Os políticos, os militares, as agências de intelligence que tantas vezes mentiram, podem ser consideradas fontes de confiança? 

A única coisa que podemos afirmar com certeza, como faz o mesmo Fisk, é que perguntar quem foi a utilizar as armas químicas pela primeira vez no Médio Oriente. E não foram os iraquianos às ordens de Saddam. Foram os Ingleses, liderados pelo general Allenby em 1917, contra as tropas da Turquia.


Ipse dixit.

Fonte: The Independent
Imagens: Time 

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/x5C4K9CbF0I/siria-guerra-quimica.html

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