Angela Merkel ganhou as eleições: o partido dela, o CDU-CSU (os conservadores cristão-
democráticos) alcançaram 41% das preferências. Não é a maioria mas pouco falta.
Os social-democratas da SPD ficaram bem atrás, com 25.7%, a Esquerda Linke não vai além do 8.6% enquanto os Verdes perdem votos (8.4%).
A Europa esperava num empate entre o CDU e os sociais democratas, de forma a mitigar os efeitos da política de austeridade da Merkel. Mas nada disso: a CDu quase alcançou a maioria absoluta. Mas de Europa, de economia continental, na campanha eleitoral nem se falou: outras são as prioridades da Alemanha e da Merkel. Nomedamente, continuar o Wirtschaftswunder.
Podemos traduzir Wirtschaftswunder com "milagre económico".
Trata-se do termo que descreve a rápida reconstrução e desenvolvimento económico da Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial, bem como a vitalidade do aparelho de produção de Berlim, em contraste com o resto da Europa que continua em crise. O paralelo com os anos do "renascimento" pós-guerra parece justificado, sobretudo se pensarmos que até 10 anos atrás as Finanças do País não estavam nada saudáveis.
Em 2003, a Alemanha foi a primeira na Europa a respeitar os limites previstos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Além disso, no período 2002-05, a economia cresceu em média 0,37% e a relação Dívida Pública/PIB aumentou de 60% para 68%. Apesar deste último dado, a Alemanha voltou a ser a locomotiva da Europa e passou ao longo da crise quase ilesa.
Quase.
Vamos ver alguns dados positivos.
A recuperação ocorreu principalmente devido ao pacote de reformas da Agenda 2010 do chanceler socialista Gerhard Schröder: o núcleo desta Agenda é conhecido como Hartz IV, do sobrenome de Peter Hartz, na altura chefe do pessoal da Volkswagen, encarregado de avançar propostas para a redução do desemprego. A Agenda era destinada a modernizar o mercado do trabalho e o bem-estar social; tudo com um tratamento brutal do qual foi alvo o País. Isso custou a reeleição de Schröder, mas permitiu que o aparelho produtivo alemão recuperasse de forma espectacular em termos de competitividade.
O resultado é que hoje a taxa de desemprego na Alemanha é de 5,4%, em descida constante em comparação com 6,7% de 2011 e 7,5% de 2010 e uma média europeia de 12,2%. A este ritmo, Berlim irá alcançar o objectivo do pleno emprego até 2015.
Até aqui o lado positivo. Mas há outro lado também um pouco menos simpático.
É o lado escuro do "milagre" alemão, do qual pouco ou nada se fala: o que as estatísticas não dizem é que o emprego encontra-se numa fase de forte polarização, com a precariedade dum lado e os contratados do outro, com poucas possibilidades de mobilidade social para os jovens.
Primeiro, na Alemanha não existe salário mínimo, por isso é normal que um trabalhador receba uma compensação de 2 Euros por hora ou até 55 cêntimos, conforme relatado pela imprensa estrangeira já em 2012 . Berlim tem a maior taxa de trabalhadores com baixo rendimento da Europa toda: 20% dos trabalhadores a tempo inteiro, contra 13,5% na Grécia e 8% na Itália. No total, em 2010, mais de quatro milhões de pessoas têm trabalhado para menos de 7 Euros por hora.
Desaparecem das estatísticas do desemprego os empregados que aceitam trabalhar em troca de 165 Euros por mês. A reforma Hartz fez desaparecer milhões de pessoas das listas de desemprego para criar os trabalhadores pobres: mais de um milhão e meio de pessoas que passam pelas cantinas das instituições de caridade, apesar de ter um emprego formal.
Mas porque há pessoas que se comprometem a trabalhar por menos de um Euro por hora?
Porque caso contrário perderiam os subsídios do programa Hartz IV. Antes da reforma, os desempregados que durante o trabalho tivessem pago as contribuições tinham direito ao subsídio de desemprego (o Arbeitslosengeld I ou ALG I), que durava cerca de dois anos (e em alguns casos até três). Os desempregados de longa duração que tivessem esgotado o ALG I recebiam depois o ALG II, mais modesto, além duma assistência social (Sozialhilfe) para as pessoas com mais dificuldade para regressar ao mercado do trabalho.
Com o programa Hartz IV, a duração do ALG I foi reduzida para apenas um ano, enquanto o ALG II e a Sozialhilfe foram fundidas num único subsídio. O sistema assim criado tem incentivado a proliferação de postos de trabalho por menos de 15 horas por semana e pago menos de 400 Euros, o limite abaixo do qual o Estado não exige o pagamento das contribuições apara a reforma e o sistema de saúde. Isso explica os benefícios para os empregadores, como relatado pelo relatório do Comité d’études des relations franco-allemandes do ano passado.
E este é apenas o primeiro olhar acerca da realidade alemã, pois há outros números provam, por exemplo, que na Alemanha há também uma falta de mobilidade social. De acordo com os últimos dados da OCDE, apenas 20% dos jovens alemães chegam a um nível profissional mais elevado do que os pais deles, em comparação com uma média europeia que é quase o dobro. Entre as contradições do "milagre" do trabalho alemão, há depois o facto de que, apesar da diminuição do desemprego, o número de desempregados crónicos (aqueles que por mais de 24 meses não conseguem trabalhar nem uma semana) nos últimos anos praticamente manteve-se inalterado: cerca de três milhões de pessoas, quatro milhões do total dos desempregados.
Os trabalhadores temporários já ultrapassam um milhão, quase três vezes mais do que em 2007.
A verdade é que na Alemanha, os ricos aumentam a riqueza privada, enquanto os pobres deslizam na pobreza cada vez mais pesada, agravada pela falta de oportunidades.
Mas o governo alemão não quer este seja tema de discussão: em Setembro do ano passado, Business Insider revelou o conteúdo dum documento encomendado pelo governo alemão, o "Relatório sobre a Pobreza" (Lebenslagen in Deutschland – Armuts- und Reichtumsbericht der Bundesregierung, conhecido como Armutsbericht), elaborado pelo Ministério do Trabalho de Ursula von der Leyen (CDU) em colaboração com outros departamentos.
O documento oferece uma fotografia de um País rico e ao mesmo tempo em desintegração social. Ao ponto que o relatório foi "retocado" pelo governo Merkel antes da sua divulgação (enquanto a versão de Business Insider era o esboço original).
De acordo com o estudo, entre 1992 e 2012, o património líquido das famílias particulares da Alemanha aumentou de 4.600 para cerca de 10.000 milhões de Euros: € 250.000 por família. Isso em teoria, pois na prática as coisas estão de forma diferente: se em 1998 o 50% mais pobres da população alemã possuía 4 % da riqueza, dez anos depois possui apenas 1%, enquanto o 10% formado pelos mais ricos aumentou a fatia de riqueza de 45% para 53%.
No meio desta tabela está o 40% da população, a "classe média", que em 2008, detinha o restante 46% da riqueza nacional. Em 2003 a percentagem tinha sido de 48%, em 1998 de 52%.
Também aumentam as diferenças entre os salários: enquanto os salários mais altos têm crescido, os mais baixos baixaram ainda mais. A diferença torna-se abismal se considerarmos apenas sector empregador: enquanto os salários reais aumentaram ligeiramente, os lucros das empresas cresceram 50%.
Um problema de desigualdade social existe e é por isso que, no ano passado a Aliança Umfairteilen, um cartel composto por sindicatos, associações religiosas, políticas, económicas e comerciais, lançou um apelo para pedir a redução do crescente fosso entre ricos e pobres, através do aumento da tributação sobre a riqueza privada . O Parlamento, de acordo com a Aliança, deve terminar a obstrução contra o aumento das taxas para os ricos.
Difícil expressar uma opinião geral sobre as reformas iniciadas por Schröder, no ano que marca o décimo aniversário da Agenda 2010. A racionalização da despesa pública e o declínio gradual do desemprego parecem não levar em conta os elevados custos sociais que a reforma implicou principalmente nas camadas mais desfavorecidas da sociedade. É verdade que na Alemanha o custo da vida é menor do que na França e na Itália, no entanto a camada de população em risco de pobreza aumentou de 15,2% em 2008 para 15,8% em 2011. E a existência do "desemprego disfarçado", de quem ganha menos de um Euro por hora e engrossar as filas às portas da Caritas lança uma pesada sombra sobre os números mais lisonjeiros que o governo alemão tende orgulhosamente a exibir.
A verdadeira questão é: o que aconteceria se a Alemanha encerrasse o ciclo de crescimento, que está baseado principalmente na exportação (com a demanda doméstica que se mantém tradicionalmente baixa) do Made in Germany?
Pequim absorve apenas 15% das exportações da Alemanha, enquanto o resto da UE recebe mais de 40%.
O sucesso do modelo alemão depende muito da saúde dos mercados estrangeiros, em particular da Europa: a China nunca irá substituir o Velho Continente como principal destino do
Dado que a Europa está a lutar na armadilha de austeridade, os produtos alemães tendem cada vez mais a ficar nas prateleiras. Já no médio prazo, uma possível queda na balança comercial bem poderia colocar a nu as contradições do "milagre alemão", apresentando aquelas estatísticas até agora ocultadas.
Aquela que votou é uma Alemanha caracterizada por profundas divisões sociais: 9% dos eleitores ganham menos de 1.000 Euros por mês. E os que escolheram não votar foram 20%.
O futuro? A partir de 2030, quem trabalhou por 35 anos com um salário médio de 2500 Euros (brutos) terá reconhecida uma reforma de 688 Euros por mês, exatamente no limiar do mínimo da subsistência.
Os Landesbanken (os bancos regionais) têm 637 biliões de créditos duvidosos: cedo ou tarde, alguém terá de pagar a conta.
Por enquanto: viva Angela Merkel, que venha mais austeridade.
Ipse dixit.
Relacionados:
O milagre alemão: a história não contada
Alemanha: rigor, controle e seriedade
O banco "escondido" da Alemanha
Fontes: Reuters, IFRI (ficheiro Pdf, francês), Linkiesta, Business Insider, Lebeslagen in Deutschland (ficheiro Pdf, alermão), Destatis, Umfarteilen, The Fielder
democráticos) alcançaram 41% das preferências. Não é a maioria mas pouco falta.
Os social-democratas da SPD ficaram bem atrás, com 25.7%, a Esquerda Linke não vai além do 8.6% enquanto os Verdes perdem votos (8.4%).
A Europa esperava num empate entre o CDU e os sociais democratas, de forma a mitigar os efeitos da política de austeridade da Merkel. Mas nada disso: a CDu quase alcançou a maioria absoluta. Mas de Europa, de economia continental, na campanha eleitoral nem se falou: outras são as prioridades da Alemanha e da Merkel. Nomedamente, continuar o Wirtschaftswunder.
Wirtschaftswunder
Podemos traduzir Wirtschaftswunder com "milagre económico".
Trata-se do termo que descreve a rápida reconstrução e desenvolvimento económico da Alemanha Ocidental após a Segunda Guerra Mundial, bem como a vitalidade do aparelho de produção de Berlim, em contraste com o resto da Europa que continua em crise. O paralelo com os anos do "renascimento" pós-guerra parece justificado, sobretudo se pensarmos que até 10 anos atrás as Finanças do País não estavam nada saudáveis.
Em 2003, a Alemanha foi a primeira na Europa a respeitar os limites previstos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Além disso, no período 2002-05, a economia cresceu em média 0,37% e a relação Dívida Pública/PIB aumentou de 60% para 68%. Apesar deste último dado, a Alemanha voltou a ser a locomotiva da Europa e passou ao longo da crise quase ilesa.
Quase.
A luz: os dados oficias
Vamos ver alguns dados positivos.
A recuperação ocorreu principalmente devido ao pacote de reformas da Agenda 2010 do chanceler socialista Gerhard Schröder: o núcleo desta Agenda é conhecido como Hartz IV, do sobrenome de Peter Hartz, na altura chefe do pessoal da Volkswagen, encarregado de avançar propostas para a redução do desemprego. A Agenda era destinada a modernizar o mercado do trabalho e o bem-estar social; tudo com um tratamento brutal do qual foi alvo o País. Isso custou a reeleição de Schröder, mas permitiu que o aparelho produtivo alemão recuperasse de forma espectacular em termos de competitividade.
O resultado é que hoje a taxa de desemprego na Alemanha é de 5,4%, em descida constante em comparação com 6,7% de 2011 e 7,5% de 2010 e uma média europeia de 12,2%. A este ritmo, Berlim irá alcançar o objectivo do pleno emprego até 2015.
A escuridão: 55 cêntimos/hora
Até aqui o lado positivo. Mas há outro lado também um pouco menos simpático.
É o lado escuro do "milagre" alemão, do qual pouco ou nada se fala: o que as estatísticas não dizem é que o emprego encontra-se numa fase de forte polarização, com a precariedade dum lado e os contratados do outro, com poucas possibilidades de mobilidade social para os jovens.
Primeiro, na Alemanha não existe salário mínimo, por isso é normal que um trabalhador receba uma compensação de 2 Euros por hora ou até 55 cêntimos, conforme relatado pela imprensa estrangeira já em 2012 . Berlim tem a maior taxa de trabalhadores com baixo rendimento da Europa toda: 20% dos trabalhadores a tempo inteiro, contra 13,5% na Grécia e 8% na Itália. No total, em 2010, mais de quatro milhões de pessoas têm trabalhado para menos de 7 Euros por hora.
Desaparecem das estatísticas do desemprego os empregados que aceitam trabalhar em troca de 165 Euros por mês. A reforma Hartz fez desaparecer milhões de pessoas das listas de desemprego para criar os trabalhadores pobres: mais de um milhão e meio de pessoas que passam pelas cantinas das instituições de caridade, apesar de ter um emprego formal.
Mas porque há pessoas que se comprometem a trabalhar por menos de um Euro por hora?
Porque caso contrário perderiam os subsídios do programa Hartz IV. Antes da reforma, os desempregados que durante o trabalho tivessem pago as contribuições tinham direito ao subsídio de desemprego (o Arbeitslosengeld I ou ALG I), que durava cerca de dois anos (e em alguns casos até três). Os desempregados de longa duração que tivessem esgotado o ALG I recebiam depois o ALG II, mais modesto, além duma assistência social (Sozialhilfe) para as pessoas com mais dificuldade para regressar ao mercado do trabalho.
Com o programa Hartz IV, a duração do ALG I foi reduzida para apenas um ano, enquanto o ALG II e a Sozialhilfe foram fundidas num único subsídio. O sistema assim criado tem incentivado a proliferação de postos de trabalho por menos de 15 horas por semana e pago menos de 400 Euros, o limite abaixo do qual o Estado não exige o pagamento das contribuições apara a reforma e o sistema de saúde. Isso explica os benefícios para os empregadores, como relatado pelo relatório do Comité d’études des relations franco-allemandes do ano passado.
E este é apenas o primeiro olhar acerca da realidade alemã, pois há outros números provam, por exemplo, que na Alemanha há também uma falta de mobilidade social. De acordo com os últimos dados da OCDE, apenas 20% dos jovens alemães chegam a um nível profissional mais elevado do que os pais deles, em comparação com uma média europeia que é quase o dobro. Entre as contradições do "milagre" do trabalho alemão, há depois o facto de que, apesar da diminuição do desemprego, o número de desempregados crónicos (aqueles que por mais de 24 meses não conseguem trabalhar nem uma semana) nos últimos anos praticamente manteve-se inalterado: cerca de três milhões de pessoas, quatro milhões do total dos desempregados.
Os trabalhadores temporários já ultrapassam um milhão, quase três vezes mais do que em 2007.
O relatório "retocado"
A verdade é que na Alemanha, os ricos aumentam a riqueza privada, enquanto os pobres deslizam na pobreza cada vez mais pesada, agravada pela falta de oportunidades.
Mas o governo alemão não quer este seja tema de discussão: em Setembro do ano passado, Business Insider revelou o conteúdo dum documento encomendado pelo governo alemão, o "Relatório sobre a Pobreza" (Lebenslagen in Deutschland – Armuts- und Reichtumsbericht der Bundesregierung, conhecido como Armutsbericht), elaborado pelo Ministério do Trabalho de Ursula von der Leyen (CDU) em colaboração com outros departamentos.
O documento oferece uma fotografia de um País rico e ao mesmo tempo em desintegração social. Ao ponto que o relatório foi "retocado" pelo governo Merkel antes da sua divulgação (enquanto a versão de Business Insider era o esboço original).
De acordo com o estudo, entre 1992 e 2012, o património líquido das famílias particulares da Alemanha aumentou de 4.600 para cerca de 10.000 milhões de Euros: € 250.000 por família. Isso em teoria, pois na prática as coisas estão de forma diferente: se em 1998 o 50% mais pobres da população alemã possuía 4 % da riqueza, dez anos depois possui apenas 1%, enquanto o 10% formado pelos mais ricos aumentou a fatia de riqueza de 45% para 53%.
No meio desta tabela está o 40% da população, a "classe média", que em 2008, detinha o restante 46% da riqueza nacional. Em 2003 a percentagem tinha sido de 48%, em 1998 de 52%.
Também aumentam as diferenças entre os salários: enquanto os salários mais altos têm crescido, os mais baixos baixaram ainda mais. A diferença torna-se abismal se considerarmos apenas sector empregador: enquanto os salários reais aumentaram ligeiramente, os lucros das empresas cresceram 50%.
Um problema de desigualdade social existe e é por isso que, no ano passado a Aliança Umfairteilen, um cartel composto por sindicatos, associações religiosas, políticas, económicas e comerciais, lançou um apelo para pedir a redução do crescente fosso entre ricos e pobres, através do aumento da tributação sobre a riqueza privada . O Parlamento, de acordo com a Aliança, deve terminar a obstrução contra o aumento das taxas para os ricos.
Difícil expressar uma opinião geral sobre as reformas iniciadas por Schröder, no ano que marca o décimo aniversário da Agenda 2010. A racionalização da despesa pública e o declínio gradual do desemprego parecem não levar em conta os elevados custos sociais que a reforma implicou principalmente nas camadas mais desfavorecidas da sociedade. É verdade que na Alemanha o custo da vida é menor do que na França e na Itália, no entanto a camada de população em risco de pobreza aumentou de 15,2% em 2008 para 15,8% em 2011. E a existência do "desemprego disfarçado", de quem ganha menos de um Euro por hora e engrossar as filas às portas da Caritas lança uma pesada sombra sobre os números mais lisonjeiros que o governo alemão tende orgulhosamente a exibir.
O futuro
A verdadeira questão é: o que aconteceria se a Alemanha encerrasse o ciclo de crescimento, que está baseado principalmente na exportação (com a demanda doméstica que se mantém tradicionalmente baixa) do Made in Germany?
Pequim absorve apenas 15% das exportações da Alemanha, enquanto o resto da UE recebe mais de 40%.
O sucesso do modelo alemão depende muito da saúde dos mercados estrangeiros, em particular da Europa: a China nunca irá substituir o Velho Continente como principal destino do
Dado que a Europa está a lutar na armadilha de austeridade, os produtos alemães tendem cada vez mais a ficar nas prateleiras. Já no médio prazo, uma possível queda na balança comercial bem poderia colocar a nu as contradições do "milagre alemão", apresentando aquelas estatísticas até agora ocultadas.
Aquela que votou é uma Alemanha caracterizada por profundas divisões sociais: 9% dos eleitores ganham menos de 1.000 Euros por mês. E os que escolheram não votar foram 20%.
O futuro? A partir de 2030, quem trabalhou por 35 anos com um salário médio de 2500 Euros (brutos) terá reconhecida uma reforma de 688 Euros por mês, exatamente no limiar do mínimo da subsistência.
Os Landesbanken (os bancos regionais) têm 637 biliões de créditos duvidosos: cedo ou tarde, alguém terá de pagar a conta.
Por enquanto: viva Angela Merkel, que venha mais austeridade.
Ipse dixit.
Relacionados:
O milagre alemão: a história não contada
Alemanha: rigor, controle e seriedade
O banco "escondido" da Alemanha
Fontes: Reuters, IFRI (ficheiro Pdf, francês), Linkiesta, Business Insider, Lebeslagen in Deutschland (ficheiro Pdf, alermão), Destatis, Umfarteilen, The Fielder
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