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Leandro

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Sonho e liberdade em Vidas secas

24 de Fevereiro de 2019, 21:24, por leandro alves dos santos

Na semana em que se completa um ano de minha colação de grau reli Vidas secas, de Graciliano Ramos.

A primeira leitura da obra ocorrerá a doze ano atrás, em 2007. Era o primeiro ano que iria prestar vestibular e a obra fazia parte da lista de livro do vestibulares da Unicamp e USP.

A lista era muito boa. Continha também, que eu consigo lembrar, Dom Casmurro, Iracema, Sagarana, a poesia de Carlos Drummond de Andrade em A Rosa do Povo.

Em tempos de olavetes, uma lista com esses títulos faz até imaginar que se trata de duas universidades comunistas a despeito do fato de serem as duas universidades mais elitizadas desta América latina, onde vestibular existe para filho de pobre não entrar.

Até então, já há quatro anos terminado o ensino médio, jamais havia lido por completo uma obra literária brasileira. Cada leitura foi uma revolução em minha na minha existência, em minha consciência e capacidade de reflexão, em minha natureza humana, a época marcada pelo pensamento religioso.

Mas nenhuma leitura comoveu tanto ou foi tão marcante e tão impactante quanto a leitura de Vidas Secas.

A narrativa da vida humana em condições degradantes, no limite ou além do que é suportável.

O sonho de liberdades nas coisa mais simples...uma cama.

Os meninos sem nome. “Inferno”, como era possível uma palavra tão bonita significar uma coisa tão ruim? queria o menino mais velho saber.

A identificação com a cachorra baleia, “...era um bicho diferente dos outros”, que tinha a capacidade de julgar, que se aceitava  calmamente os exagerados carinhos dos meninos, que adorava Fabiano e “consumira a existência em submissão”, e mesmo na agonia desejava cumprir seu trabalho e conduzir os animais ao bebedouro. Na tentativa de manter-se viva e não sucumbir à morte busca conforto na imaginação, “...queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás.”

Como os personagens na história que buscavam a liberdade e sonhavam livra-se da opressão provocada tanto pela natureza implacável do sertão quanto pela sistema de produção capitalista em que estavam inseridos, eu buscava a minha liberdade, cursar engenharia em uma universidade pública. Acreditava na possibilidade de trabalhos melhores, salários melhores, vida melhor que a de meus antepassados.

Hoje, com diplomas em mãos, a releitura dessa obra continua a emocionar e encantar. A escrita revolucionária de 81 anos continua fundamental para um despertar do pensamento crítico. Certamente irei reler esse livro muitas outras vezes.

Se é certo que terei oportunidades melhores de conduzir os rumos de minha vida, com mais altivez e autonomia, também é certo que uma sociedade sem emprego, sem garantias e muito provavelmente sem aposentadoria, além do fato de que ainda há tantos outros que não conseguirão sequer concluir o ensino médio, então a releitura de vidas secas faz concretizar a certeza que a busca por liberdade não termina jamais. Não é apenas uma busca pessoa mas é também uma busca coletiva.

Fuga é o título do último capitulo, pois termina com a família novamente em fuga tentando preservar a vida.

Oportunidade é o título que eu escolho para a minha existência, nessa jornada de caminhos insertos tanto quanto as fugas da familia de retirantes como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos!

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Por que dizemos não a PEC 241?

27 de Outubro de 2016, 13:31, por leandro alves dos santos

As mobilizações não param. 1.022 escolas e 96 universidades estão ocupadas em 19 Estados e no DF contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 também chamada de Novo Regime Fiscal, mas entre nos conhecida como PEC do Fim do Mundo e contra o contra a Medida Provisória 746, que estabelece mudanças no ensino médio.

Paralizações e mobilizações já foram organizados nos Campus de Dois Vizinhos, Apucarana, Francisco Beltrão, Cornélio Procópio, Londrina. Dia 31 de Outubro de 2016 a UTFPR Campus Curitiba vai parar, debater e defender sem medo um pais mais justo e com igualdade.

Para o dia 31 de Outubro de 2016 está sendo convocado uma paralização dos estudantes da UTFPR. O objetivo é promover um dia de mobilização com intensas atividades e debates na universidade e refletir sobre os rumos da educação publica no pais frente a propostas de Emenda constitucional conhecida com PEC 241.

 A PEC 241 proposta pelo governo Temer e seu ministro da Fazenda Henrique Meireles estabelece um novo regime fiscal que prevê congelamento de investimento públicos nas áreas da educação, saúde e seguridade social, e o investimento nessas áreas passa a ser, a partir de 2018, o valor do ano anterior corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pelos próximos 20 anos. Desta forma, o estado brasileiro fica desobrigado de investir pelo menos 18% dos impostos em educação como é o regime atual estabelecido na Constituição Cidadã de 1988.

Entre outros efeitos, a PEC 241 inviabiliza a realização do PNE - Lei 13.0005/2014 conhecida com Plano Nacional de Educação, que estabelece metas e objetivo para serem atingidas até 2024 que visam promover a inclusão social através da educação, possibilitar a superação da miséria e pobreza e estabelecer as base de uma sociedade justa e com mais igualdade.

 Ao longo deste período o PNE, a partir de um investimento inicial de R$37 Bilhões na educação estabelece aumento gradual de investimento até que se atinja valor de 10% PIB destinado para a educação. O PNE prevê a construção de 3,4 milhões de matriculas em creches, 700 mil matriculas em pré-escolas, 500 mil matriculas no ensino fundamental, 1,6 milhões de matricula no ensino médio e outras 2 milhões de matricula no ensino superior.

A PEC 241 impossibilita a destinação dos recursos necessário para efetivação do PNE, ou seja, nenhum centavo a mais chegara para construir as creches, melhorar a educação básica, as universidades públicas, o salário dos professores e professoras e a inclusão no ensino superior e demais garantias sociais. R$ 24 bilhões deixarão de ser investidos por ano na educação. O cálculo é da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conif) da Câmara dos Deputados.

Tal como a educação, as áreas da saúde e assistência social estarão terrivelmente comprometidas. Na Assistência Social, pesquisadores do IPEA apontam que os recursos contariam com menos da metade do que seria necessário para o Estado manter a oferta dos serviços nos padrões atuais. Em números a perda nesta área seria de R$ 868 bilhões agravado ainda mais pelo fato de que a área da assistência e previdência social não teriam um mínimo de repasse garantido.

O argumento para defender a necessidade da PEC 241 é de que o pais vive uma crise fiscal, onde se gasta muito mais do que arrecada e portanto é preciso retirar investimento da saúde, moradia, educação e outras áreas sociais e desta forma sobraria recurso para pagar os juros da dívida pública que consome mais de 45% da arrecadação e ajustar assim as contas do Estado.

O que está em jogo na verdade é o modelo de sociedade. A PEC 241 vem acompanhada de outras proposta que pretendem reformular o ensino médio tirando a obrigatoriedade de matérias como sociologia e educação física do currículo escolar, e da portaria normativa N° 20 de 13 de Outubro de 2016 que dispõe a redução de vagas nas universidades públicas, e de projetos de lei como Escola sem Partido. Vale lembrar ainda a tentativa de reorganização escolar de 2015 no estado de SP e PR que pretendia fechar centenas de escolas nos dois estados.

Todas essas medidas precarizam a educação pública, atacam e retiram direitos e criam uma situação de ampliação das desigualdade e piora nas condições de vida das pessoas no pais sendo que as principais vítimas desta política serão inevitavelmente as pessoas mais vulneráveis e mais pobre, as crianças, os jovens e as mulheres.

Em várias Instituições de Ensino professores e servidores estão deflagrando greve. Para o dia 11 de Novembro haverá paralização dos professores em toda UTFPR no estado do PR com indicativo favorável pela construção da greve geral no pais. Os estudantes da UTFPR irão travar juntos as lutas que serão necessárias para defender a educação pública de qualidade, a garantias sociais consagrados na Constituição de 1988 e ampliar as conquistas democratizantes de inclusão e soberania para que de fato se torne uma constituição cidadã.

Manifestação



O preconceito contra a inclusao e permanência

31 de Maio de 2016, 0:00, por leandro alves dos santos - 0sem comentários ainda

Historicamente prevaleceu o ideário de que os jovens pobres não poderia ter acesso à educação superior, se tivesse não poderia permanecer e se permanecer não poderia estudar. Desta forma a universidade mantém pratica excludentes, perceptíveis nas precariedades das políticas de permanência e no preconceito contra a presença destes estudantes na universidade.

A realidade do perfil socioeconômico dos estudantes das universidades públicas federais frente às políticas de expansão e acesso ao ensino superiores realizadas na última década já são conhecidas. Em 2010 mais de 40% dos estudantes eram das classes C, D e E, 40% se declaravam pretos e pardos, 50% eram oriundos da escola pública e mais de 20% eram filhos de pais que possuíam apenas o ensino médio conforme análise mais detalhada no artigo Qual Politica de Permanencia Queremos.

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, esta inserida nesta realidade socioeconômica que apresenta condições de vulnerabilidade e dependência das políticas públicas de permanência para se manterem nos bancos da universidade.

No entanto, a partir de hoje, no campus Curitiba 63,5% dos estudantes estão com seus benefícios de auxílio-moradia, auxilio básico e restaurante universitário negado, pois tiveram seus pedidos indeferidos. No Campus de Vizinhos são 68% de indeferimento, Francisco Beltrão são 59% e a situação se repete no outros dez campus espalhados pelo interior do estado.

O edital ASSAE 001/2016 que indeferiu todas essas bolsas sofreu nada menos que 13 irregularidades que incluem 27 retificações após o seu lançamento, ocorrendo retificação ate mesmo após a data final para a entrega dos documentos. Pela segunda vez foi protocolado denuncia no Ministério Publico pelos discentes dependentes da aplicação eficaz da política de permanência, onde são apontadas todas as irregularidades do processo de seleção 001/2016. Informações mais detalhadas sobre esse processo no artigo A Assessoria de Assuntos Estudantis da UTFPR é autuada pelo Ministério Público Federal

Desde que foi criada em julho de 2013, a Assessoria de Assuntos estudantis – ASSAE, órgão que seria provisório e teria por objetivo estruturar e pensar a Pró-reitoria de assuntos estudantis e acadêmico, mas que se tornou permanente e a pró-reitoria uma promessa não cumprida, tem sido prática recorrente da UTFPR suspende a cada novo edital no início do semestre todos os benefícios por período de ate 2 meses ate a conclusão da análise dos novos pedidos. Neste intervalo de tempo os estudantes ficavam sem condições mínimas de permanência. Neste semestre, no entanto, houve organização e resistência dos estudantes e atos foram realizados em frente a porta da reitoria, que cancelou, ainda que houve atrasos, a suspensão dos benefícios.

De forma unilateral por parte da ASSAE sem qualquer dialogo com os estudantes foi imposta lista unificado em substituição a distribuição proporcional de bolsas de acordo com o número de alunos de cada campus e a aplicação de um índice vulnerabilidade que sofre modificações a cada novo semestre desde que foi criado, com retiradas e/ou acréscimos de novas questões e variação nos valores das questões, provocando uma enorme confusão e potencializando as dificuldades em analisar os pedidos bem como as precariedades das condições de trabalho dos funcionários que já se deterioravam de forma natural pela criação de novas vagas, cursos e campus e aumento zero de funcionários assistentes sociais e técnicos administrativos. Novamente o artigo A falácia do Auxílio Estudantil da UTFPR… Programa para quem? descreve e denuncia a situação da assistência estudantil na UTFPR.

Fica evidente que as políticas de permanência que são direitos preconizados na constituição/1988 e também pelo PNAES/2010 são negligenciadas e tratadas com descaso pela universidade. A análise de vulnerabilidade e identificação das fragilidades sociais foi substituída por uma análise meramente documental que penaliza qualquer erro ocorrido pela impossibilidade de se interpretar um edital que sofreu 27 retificações e tantos outros problemas e inconsistências. As consequências são inevitavelmente a retenção e evasão dos estudantes, interrompendo sonhos e possibilidade de romper ciclos viciosos de pobreza. Muitos estudantes dependentes destas políticas são os primeiros na família a ter um curso superior em uma universidade pública.

Na busca de melhor condição de estudar e permanecer na universidade, estudantes das classes sociais desprivilegiadas procuram se inserir entre as várias modalidades de bolsas de pesquisas e esbarra muitas vezes no preconceito, situação corriqueira enfrentada no dia a dia do estudante pobre.

Sobre o argumento de não manterem rendimento acadêmico satisfatório, analisando tão somente o desempenho individualizado e abrindo mão de uma análise mais qualificada e justa considerando o desempenho da turma, os estudantes são vítimas de injustiça e impedidos de participarem ou são excluídas de programas de pesquisa como educação tutoria (PET), iniciação a docência (PIBID) e iniciação científica (PIBIC). O argumento do cumprimento da lei que rege da necessidade de bom rendimento acadêmico para ter direito a bolsas de pesquisa esconde o motivo perverso do preconceito e o incomodo que provoca a presença de estudantes com origem pobre na universidade, que passa a agir de forma a manter o status quo do elitismo e negar ao estudante acesso a melhores condições de igualdade e possibilidade de estudar e participar da vida acadêmica de forma mais intensa, interativa e humana.

O preconceito é visível e tão naturalizado ao ponto de não causar qualquer enfrentamento ou contestação da comunidade acadêmica. Desde o primeiro dia na universidade o estudante dependente das políticas de permanência é confrontado com situação em que a ele é atribuída a culpa pela ruína e precarização da universidade, sendo tachado de peso negativo dentro da instituição e desprovido de base adequada para avançar e ter bom desempenho no curso. São argumentos mentirosos, sem fundamento teórico e já derrubado, pois o desempenho dos estudantes em fragilidade socioeconômica é o igual aos dos estudantes com todas as condições socioeconômicas favoráveis e justificam-se somente em face da descriminação e do preconceito.

Atrasos recorrentes dos pagamentos provocados por esquecimento dos gestores, suspensão dos auxílios, programas ineficazes e deficitários e preconceitos de classe, gênero e raça são situações que mostram que se por um lado as barreiras do acesso estão sendo rompidas, as muralhas que impedem a permanência continuam firmes na intenção proposital de mantêm as características de uma universidade primitiva de quando apenas uma parcela minoritária e privilegiada tinha acesso e direito a este espaço e procuram convencer as classes empobrecidas de que este é um espaço inadequado não pensado para ela. Não existe base adequada que seja capaz de superar as adversidades provocadas por toda esta situação de desrespeito, descaso, má gestão publica e preconceitos causadores de transtornos emocionais, depressão, desanimo, tristeza e muitas vezes geram a incerteza na pessoa de ser realmente capaz de frequentar e pertencer aquele espaço.

Produção científica, semanas acadêmica, mesas de debates que discuta a construção de uma universidade mais democratizante, justa e participativa terão pouco ou nenhum valor e reconhecimento, pois sendo muitas vezes conduzidas por estudantes em situação socioeconômica desfavorável não serão aceitas pela universidade e não produzira efeito pratico para a promoção de políticas públicas de efetivação dos direitos constitucionais.



A cultura do estupro na mídia e no golpe de estado mostram a necessidade do feminismo

26 de Maio de 2016, 0:00, por leandro alves dos santos

Não é apenas um caso isolado, é mais uma vitima na cultura do estupro e violência contra as mulheres.

Estupro coletivo não é exclusividade da Índia, esta tão perto e faz parte da rotina desse pais.

Não eram homens doentes, eram homens normais e saudáveis na mais perfeita condições físicas e mentais a cometerem crime.

A mídia não esta abafando o caso por acaso ou para garantir lisura de investigação e evitar expor os envolvidos. Não é notícia por que a mídia hegemônica é parte importante que legitima e sustenta essa cultura de violência que todos os dia vítima milhares de mulheres pelo feminicidio e estupro.

Uma revista de ampla circulação nacional estampa na capa o título "bela, recatada e do lar" com a imagem estereotipada da mulher ideal, casada com um homem 40 anos mais velho, as novelas e BBB's que prendem a atenção de milhares de espectadores, comprova e evidência esse papel da mídia e se faz perceptível nos comentários do vídeo que expõe a mulher adolescente vitima de estupro, que não tive o desprazer de ver. São comentários que culpa a vítima, a mulher.

Armou-se uma guerra contra a educação de gênero nas escolas, conduzida pelos bispos e pastores das igrejas, que na maior das hipocrisias os mesmo bispos e pastores se calam quando um ator de filme pornô vai ao MEC levar propostas para a educação. O mesmo ator que já confessou em rede nacional sobre o aplauso da plateia em programa de publico predominantemente jovem ter cometido crime de estupro e continuou livre e impune.

Pois é, esse estupro coletivo e um golpe de estado que levou ao poder homens velhos, religiosos, machistas, corruptos e ricos não são coisas distintas mas estão interligados e fazem parte de uma escalada do fascismo no Brasil que tem por objetivo muito além de abafar os crimes dos corruptos, criminalizar as lutas populares dos oprimidos, mulheres, negros periféricos, indígenas, gays, sem tetos e tantos outros.

O primeiro ato do governo golpista foi por fim no Ministério das Mulheres, igualdade racial e direitos humanos. Esse ministério não eram qualquer coisa, foi criado a partir de amplos debates com os movimentos sociais e sociedade civil organizada e tinha por objetivo colocar a questão da violência contra a mulher uma política publica do estado e era fundamental para combater ao genocídio, feminicidio e toda violência de gênero. A extinção do ministério não tem nenhum efeito para a econômica do país mas representa uma grande perda para a efetivação de politicas publicas democratizantes e praticas modernas da presença do estado brasileiro a combater as opressões históricas.

Mais do que nunca a bandeira vermelha do feminismo, contra todo genocídio, contra a homofobia, das lutas populares se faz necessária e urgente e em todos os lugares.

 

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Qual política de permanência queremos?

10 de Janeiro de 2016, 19:20, por leandro alves dos santos - 0sem comentários ainda

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A universidade no Brasil teve seu início tardio. As primeiras iniciativas ocorreram no início do século XIX com a criação das escolas Medicas e Politécnicas na Bahia e Rio de  Janeiro em 1910. Era um ensino superior profissionalizante e voltado a atender aos interesses da aristocracia, marcando desta forma o início excludente do ensino superior no pais, uma característica que, não obstante posicionamentos divergentes, permanece até os dias atuais. A universidade no Brasil desde então cresceu e se desenvolveu, assumiu sua função como instituições de pesquisa e desenvolvimento do conhecimento, ampliou sua presença em todo o território e expandiu sua capacidade com laboratórios e bibliotecas.

As duas últimas décadas marcam o maior período de crescimento da educaçãosuperior com a participação de instituições públicas e privadas. As IFES (Instituições Federais de Ensino Superior), possuíam, em 2002, 148 campus no pais, saltando para 274 em 2010, distribuídos em 230 municípios. Nesse sentido expansionista, o número de matriculas atingiu o patamar de 1.015.868 em 2013. Este período de expansão marca uma universidade mais conectada com a inclusão social, o acesso a direitos universais e a democratização dos campus brasileiros fazendo com que a universidade assuma cada vez mais o rosto multicultural da sociedade e espelhe as contradições sociais e econômicas do e para o pais. O REUNI (Programa de Restruturação das Universidades Brasileiras) foi o motor desse período de intenso desenvolvimento, permitindo a inclusão social das camadas mais vulneráveis socioeconomicamente e historicamente excluídas do ensino superior. Mas inclusão sem as condições concertas de permanência, de fato é uma falsa inclusão, pois os estudantes pobres necessitam de políticas públicas de permanência, que vão além do apoio financeiro para tornar possível a conclusão do curso superior. O PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil) veio então para atender a esta necessidade de políticas públicas de AE (assistência estudantil), tendo como objetivo promover a permanência do estudante, suprindo as necessidades por moradia, alimentação, transporte, atenção à saúde, apoio psicopedagógico, inclusão cultural, esportiva e digital, creches e acesso mobilidade.

As alterações e impacto que as politicas expansionistas promoveram no perfil socioeconômico e cultural dos estudantes da IFES em todo o pais pode ser observado a partir da análise dos relatório das pesquisas do Perfil Socioeconômico e Cultural dos estudantes das IFES realizado pelo FONAPRACE (Fórum Nacional dos Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantil) que reúne os Pró-Reitores das IFES. Três pesquisas foram realizadas iniciando em 1997 e refeitas em 2004 e 2010. Neste artigo quatro áreas mais relevantes foram selecionadas para identificar o perfil socioeconômico dos estudantes sendo elas: Classe econômica; Cor/Raça; Tipo de escola de ensino médio; e escolaridade dos pais.

Estudantes oriundos da classe A passou de 12,6% em 1997 para 15,6% em 2004 e para 15,25% em 2010; enquanto na classe B eram 43,11%, 41,5% e 41% nos mesmo anos. Somando-se as classes C, D e E eram de 44,3% em 1994, passando para 42.8% e 43,67% em 2004 e 2010, respectivamente. Em 1997 não foi analisada a categoria cor/raça. Entre 2004 e 2010 os estudantes autodeclarados Branco representavam 59,4% dos respondentes, reduzindo-se para 53,9% em 2010, já Pretos e Pardos que eram 34,2% em 2004 cresceu a representatividade, passando para 40,8% em 2010. Estudantes que fizeram ensino médio em escolas privadas representaram 54,6%, 52,9% e 49,6% nas três pesquisas, enquanto que a participação dos oriundos de escolas públicas, apresentou crescimento continuo de 45% para 46,2% e 50,4%, respectivamente nas três pesquisas. Considerando os anos de 1997 e 2010 os filhos de pais analfabetos elevou-se de 2,1% para 2,65%, os filhos de pais com ensino médio elevou-se de 20,3% para 24,5%, enquanto que os estudantes filhos de pais com ensino superior reduziram de 32,2% para 28,4%. A pesquisa de 2004 não analisou a escolaridade dos pais.

A representatividade dos Estudantes oriundos das classes C, D e E permanece próxima nas três pesquisas, e mostram que mais de 40% dos estudantes possuem alto potencial de demanda por políticas públicas de AE. Considerando que a classe B também pode ser demandante dessas políticas, a porcentagem sobe a 67%. Quanto a cor/raça dos alunos, as IFES ainda se mostram majoritariamente brancas, não obstante a redução de 5,5% de brancos e o aumento de 4,5% de pardos observados nesse período. A população de pretos e pardos nas IFES em 2010 foi de 40,8%, número que mostra a importância das políticas de combate à desigualdade racial tal como a Lei n°12.711/2012, comparando-se tal percentual registrado pelo IBGE no pais no último senso, de 50,7%. A quantidade de estudantes nas IFES que cursaram o Ensino Médio em escola pública superou por pequena margem os estudantes de escola privada em 2010, o que não era fato em 2004. Ainda que abaixo dos 87% de estudantes que concluem o Ensino Médio público no país, este número mostra bem os efeitos das políticas de expansão e interiorização das IFES. Na mesma linha inclusiva, a redução de filhos de pais com ensino superior é seguida por aumento de filhos de pais que só concluíram o ensino médio e pais analfabetos.

Isso mostra que grupos até então excluídos da universidade estão tendo oportunidades de acesso. As pesquisas realizadas foram a base para criação do PNAES, que se tornou uma política pública de governo com a edição do Decreto n° 7.234/2010 e recebeu R$ 603 milhões em investimentos em 2013, ainda insuficientes face a demanda, que considerando as 63 IFES, o recurso estimado para atender ao PNAES em 2014 deveria ser de R$ 1.484.167.509,65 segundo apontamentos do próprio FONAPRACE. Tendo em vista as metas previstas no PNE (Plano Nacional de Educação) para a inclusão de 33% da população de 18 a 24 anos no ensino superior, o PNAES é uma política indispensável para o sucesso do PNE.

No artigo O direito à moradia adequada dos estudantes universitários e o Plano Diretor fala sobre a responsabilidade do município com as politicas de permanência estudantil no que tange o direito de moradia.