Por *Adão Villaverde
O pacote de Sartori, alinhado às políticas de Temer, revelou seus objetivos: não resolver a crise das finanças do RS e buscar somente restabelecer a austeridade como um fim em si mesmo, diminuindo o Estado, sem apresentar projeto para crescermos. Quem conhece economia sabe, esta receita não resolve crise, só faz aumentá-la.
As extinções das fundações de pesquisa, ciência, tecnologia, criatividade, memória e comunicação pública foram um duro golpe na sociedade, só servem para expatriar nossa inteligência e viabilizar consultorias a peso de ouro.
A mobilização social e um bloco de resistência na Assembleia conseguiram impedir que se rasgasse a Constituição e se completasse o retrocesso. Evitaram o ataque aos direitos e conquistas, como o confisco e a “pedalada” nas datas de pagamento dos salários e do 13°, e o fim da exigência de plebiscito para vender patrimônio gaúcho.
A derrota de Sartori na tentativa de levar o caos aos outros poderes é também emblemática. Por isso, de um lado, toda a manipulação no tema do duodécimo, que não atacava as injustiças e privilégios no interior dos poderes, que existem e devem ser enfrentados. E de outro, provocações cínicas no fechamento das fundações e nas perversas 1200 demissões que, às vésperas do natal, revelaram um caráter insensível e de desprezo aos servidores e seus familiares.
Sem diálogo e sem negociação com ninguém, a soberba e o autoritarismo deste governo trouxeram de volta métodos repressivos da ditadura. Sartori tenta materializar seus objetivos desde o primeiro dia de seu governo, vendendo a ideia do caos sistemático.
Cuidado com a versão única sartoriana, que tem todo o espaço na mídia para se auto elogiar, enquanto busca adjetivos escolhidos a dedo para desqualificar opositores.
Não poderíamos esperar outra atitude dos defensores do neoliberalismo conservador: não aceitar que as mobilizações de rua, mesmo sob forte repressão e, a aliança democrática, trabalhista e de esquerda na Assembleia, impedissem que a agenda obscurantista e de “desgauchização” expatriadora se completasse por inteiro em solo riograndense.
*Professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS