A decisão eclética (na falta de melhor definição) do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB) no cargo de presidente do Senado Federal, mas afastando-o da linha de sucessão presidencial, é uma daquelas vitórias de Pirro que as elites têm de tempos em tempos.
A vitória Pirrosa (misto de Pirro com horrorosa) foi ditada pela necessidade das elites de o terem na condução “the flash” das diversas medidas impopulares que o governo “de facto” produziu para alegrar os banqueiros globais. (Entre as quais a PEC 55 do congelamento de gastos da Educação, Seguridade Social e Saúde. Grifo do Luiz Müller Blog)). É que mesmo em fim de mandato, Calheiros é o único que poderá repetir com maestria aquilo que o hoje encarcerado Eduardo Cunha, também do PMDB, conseguiu fazer no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
O problema com essa decisão Pirrosa é que o STF se lançou ainda mais no lamaçal que foi criado a partir do golpe “light” de Michel Temer. Apesar de nunca ter tido a esperança e a reverência que muitas pessoas sinceras possuem (ou possuíam) em relação ao STF, tampouco esperava que os seus ministros recuassem tanto no papel designado de proteger a Constituição Federal.
Ao se juntarem de vez à implementação e consumação do golpe “light” de Michel Temer. p que os ministros do STF fizeram foi jogar combustível na fogueira daqueles que querem uma solução de força (ou em palavras mais claras a realização de um golpe militar clássico). Além disso, como as medidas mais duras vão atingir os mais pobres, o STF também está contribuindo para que haja a erupção de um vigoroso movimento de reação ao governo “de facto” de Michel Temer que poderá deixar os anos conturbados do final de década de 1990 como lembranças de dias no paraíso.
O mais interessante da nova situação criada pela imunidade dada pelo STF a Renan Calheiros é que todas as máscaras foram postas no chão e os brasileiros de todos os níveis sociais podem ver bem claramente a cara que as elites brasileiras possuem. O reino do “quem tem padrinho não morre pagão” foi tornado evidente de forma indisfarçável. E isso vai ter consequências, especialmente na hora em que os nobres parlamentares em Brasília tentarem impor um dos sistemas mais retrógrados e antipopulares de aposentadorias do mundo.
E depois se houver violência por parte dos mais pobres contra os luxos e benefícios autoconcedidos pelas elites que os ministros do STF não venham ditar regra. Pois foram eles que deixaram claríssimo que aos pobres a sua forma de justiça não serve.
Enquanto isso, Renan Calheiros reinará por uns meses até que perca a sua utilidade….