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JANO, o Lanterneiro

8 de Setembro de 2013, 13:37 , por Marcos A. S. Lima - | No one following this article yet.
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5º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege

14 de Setembro de 2013, 1:43, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
5º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege
Silopólidnaras, outono de 2014.


Uma das causas das indisciplinas discentes dentro da sala de aula, segundo minhas observações – é claro, somada às outras aqui já discutidas -, parece ser o despreparo dessas crianças quanto à leitura e escrita.

Sim. Conforme tu já fizeste referência em algum texto do passado, nobre 'Maranhão”, estou convencido que esse negócio de aprovar alunos pelo Conselho de Classe pode surtir efeitos neste campo que ora abordo. Em todos os meus 6º anos, das nove escolas onde trabalho, cerca de 75% deles apresentam dificuldades para ler e escrever (destes, 10% são casos seríssimos). Assim, as briguinhas, as conversas, as dificuldades para concentração, as indisciplinas em geral podem ser um mecanismo de proteção, uma válvula de escape.

Não são culpados. A culpa é de quem os alfabetizou tão mal assim, ou seja, do sistema de ensino dos anos iniciais do fundamental. Em outras palavras, dos governos municipais e de quem obriga passar o aluno de ano. Ainda não era tempo dessas crianças seguirem adiante. A bomba vem estourar aqui.

Aventurando-me em tentar descobrir mais um “dedinho” (o “mindinho”) da “perninha” do nosso “x” da questão, por que o fazem assim? Querem estatísticas? Sabemos muito bem porque não investem - ou o fazem muito pouco- o dinheiro de nossos impostos na educação. 2014 é ano eleitoral...

Amanhã te escrevo mais.
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Postado por Raskólhnikov II, o herege, em 7 de maio de 2010, às 7:06h



4º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege

14 de Setembro de 2013, 1:41, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
4º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege

 

Silopólidnaras, outono de 2014.


Esse é sobre estratégias para combater indisciplina de alunos.

Sem saber o que fazer pra acabar com a bagunça, saí perguntando aos colegas mais experientes sobre o que eles faziam para tentar solucionar o problema, principalmente com os estudantes do 6º ano. Ouvi algumas ideias. Teve gente que, contra aqueles mais teimosos, os “chefes” da bagunça - que geralmente são os repetentes -, uma boa conversa mais dura, a sós, pegando firme nos dois antebraços de cada um, sacudindo-os um pouco, fitando-os nos olhos, dizendo, de cara fechada e brabo, sobre as possíveis conseqüências se se continuarem a fazê-lo, resolveria a parada.

Achei melhor não ir por aí, pois esses métodos seriam uma tentação em potencial para despertar meus instintos mais primitivos.

Adotei a tática do bilhete. Digitei vários bilhetes (um para bagunça, outro para quem não trouxe o material, outro para quem não fez a tarefa...) alertando os pais ou responsáveis sobre as possíveis conseqüências (reprovação, por exemplo) para o aprendizado da criança. Tais bilhetes tinham que ser devolvidos a mim na próxima aula com a devida assinatura dos pais.

Serviu para poucos, pois vi que os mais danados chegaram até a falsificar assinaturas dos pais, ou simplesmente falavam que perderam o referido bilhete.

Como passei a trabalhar agora? Tento passar o conteúdo. Uma vez interrompido pela indisciplina de alguns, passo a anotar a ocorrência num rascunho, colo o bilhete no caderno do menino e, no dia seguinte – porque não dá tempo no mesmo dia -, formalizo à equipe pedagógica o que se passou em sala de aula, para que sejam anotadas tais ocorrências num livro.

O duro é que, mesmo depois da equipe pedagógica entrar em contato – quando têm meios para tal - com os pais/responsáveis, não se muda nada no comportamento dos mais hiperativos, o que parece ser um sinal de que alguns pais não estão nem aí para a educação de seus filhos.

Outro dia um colega contou-me que, quando dava aulas numa turma do 7º ano, um grupo de alunos simplesmente resolveu não fazer tarefa alguma e teimavam em ficar conversando em sala. Quando o colega alertara-os que podiam reprovar, respondiam que o Conselho de Classe os passaria. Não deu outra: ficaram reprovados. No ano seguinte, quando este professor passava pelo corredor da escola, aquele grupo de alunos, já no 8º ano, tiravam sarro do meu colega dizendo “Eu não disse... Eu não disse...”. É lamentável.

Sei que ainda tenho que aprender muito, repito. Mas acho que tem que haver uma punição pedagógica para estes casos. No caso dos mais novinhos, estudantes do 6º ano, talvez mandá-los para uma sala especial na hora da bagunça e, longe dos amiguinhos, deixá-los a sós, escrevendo a frase “Eu não serei mais indisciplinado”, até encher três folhas de papel almaço, ao mesmo tempo em que perderá o recreio por dois ou três dias. O duro é que estas nossas escolas andam com falta de espaço e gente para trabalhar: tem escola com mais de 1.500 matriculados e só duas pedagogas para atender. E a fila de candidatos a professor substituto só que cresce.

Sei muito bem a quem interessa que se continue assim...

Até logo, camarada!


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Postado por Raskólhnikov II, o herege, em 7 de maio de 2010, às 6:08h



3º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege

14 de Setembro de 2013, 1:38, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
3º Relatório Educacional de Raskólhnikov II, o herege

 

Silopólidnaras, verão de 2014.


Agora deixe-me contar como os meus novos trajes ainda repercutem por aqui.

Depois da aula, quando já ia embora, fui abordado por dois colegas que dirigiram-me a seguinte pergunta: “Professor Raskólhnikov II, vós sois candidato?” Surpreso, respondi perguntando por que. “É que não eras acostumado a vir com estas roupas sociais: dá a entender que vais concorrer à eleição”, retrucaram-me. Respondi, então: “Faço minhas as palavras do meu amigo 'Maranhão', proferidas há exatos quatro anos quando de uma de nossas entrevistas: 'Só sou candidato a professor, nada mais'.

Nos vemos em breve!


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Postado por Raskólhnikov II, o herege, em 6 de maio de 2010, às 16:49h



2º Relatório educacional de Raskólhnikov II, o herege

14 de Setembro de 2013, 1:31, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
2º Relatório educacional de Raskólhnikov II, o herege
Silopólidnaras, verão de 2014.

Dentre tantas situações preocupantes com que venho me deparando desde que comecei a vida de professor nômade (sei a importância desta fase primeva na experiência que anseio acumular), uma das que mais se destaca, sem dúvida, é a questão da superlotação em sala de aula.

Todas as nove escolas em que trabalho apresentam este quadro aterrador. Os males decorrentes de um 6º ano com quarenta alunos, dentre os quais 25% de repetentes, é um verdadeiro teste de fogo para um professor. Não falo nem tanto dos trabalhos e provas pra se corrigir (imagine quem tem dez salas destas...), pois a gente sempre dá um jeito (trabalhando em casa, é claro, geralmente tendo que enforcar vários compromissos da vida familiar – em alguns Estados os docentes têm garantidos 1/3 de hora atividade na escola; por aqui ainda é um sonho), refiro-me mais ao ambiente de aula: de um lado, eu querendo dar a aula que preparei com todo carinho, de outro, crianças oriundas das mais diversas culturas, influídas por uma série de bobagens, modismos, palavrões, gestos, etc, aprendidos nos BBBs da vida, nas novelas e filmes com cenas impróprias para essa faixa etária (isso sem falar nos problemas que certamente muitos deles enfrentam em casa, quando têm uma para morar, ou pais para repetir consigo tratamentos nem um pouco à base de diálogos), vociferando, beliscando o colega, jogando papel um no outro, pedindo pra ir ao banheiro a toda hora, etc, etc.

Não digo que o limite de 30 alunos resolveria tudo isso, mas amenizaria bastante.

Agora, outra questão muito preocupante: percebi escolas que, para além do que relatei, formaram turmas mescladas com educandos vindos de vários outros centros educacionais geridos pelo Estado aqui em Silopólidnaras. Até aí, tudo normal, não fosse um detalhe: alguns, visivelmente, eram dependentes químicos e/ou, segundo relatos de meus superiores, tinham cometido pequenos delitos.

O resultado disso pode ser: evasão daqueles que não se sentem bem numa sala dessas, ou dos próprios alunos-problema porque não estaria no seu ambiente de praxe; perigo daqueles alunos não especiais serem influenciados pelos que necessitam de ajuda além do que simples aulas em escolas comuns, por exemplo.

Onde estaria o “x” da questão? No meu ponto de vista (e tudo que sei é que nada sei, como diria o pai da filosofia, Sócrates), discentes assim, menores de idade com tais características, precisam está em escolas especiais, em reformatórios, aprendendo o que é disciplina, praticando esportes, conhecendo as ciências e artes variadas, recebendo auxílio psicológico..., para que possam se ressocializarem.

O problema é que os administradores públicos não fazem tais centros educacionais. Aí o juiz não tem outra saída a não ser, quando julga um caso desses, sem ter o lugar especial pra enviar o educando, manda-o para escolas normais. Então só resta à direção escolar obedecer, sobretudo porque, se os pais já perderam o controle dos meninos, na rua é que eles não podem ficar.

É claro que eu falei só de um pedaço da perninha do “x” da questão: o restante do corpo reside no porquê da não construção de unidades educativas públicas dignas não só para estes casos, mas também pra substituir isso que temos e que chamamos de escolas.

A continuidade da análise do restante do “x” fica para um outro relatório: dá-me repugnância só de pensar em fazê-lo agora.

Até o próximo relato!
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Postado por Raskólhnikov II, o herege, em 6 de maio de 2010, às 8:40h



1º Relatório educacional de Raskólhnikov II, o herege

14 de Setembro de 2013, 1:29, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda

1º Relatório educacional de Raskólhnikov II, o herege

Silopólidnaras, verão de 2014.


Há dias planejo enviar-te, companheiro “Maranhão”, meus relatórios acerca do que, por que, quando, onde, quem e como vejo a educação nestes meus primeiros anos em que vou tentando aprender a lecionar – só não o fiz antes por falta de tempo mesmo (vida de professor iniciante é daquele jeito...).

Aos poucos, vou vendo como funcionam as coisas na educação. Pra começar, não é novidade para nenhum silopolidnarense que há a carência de, no mínimo, quatro escolas estaduais aqui. Como nos últimos anos deixaram de fazer os novos prédios, no início desse ano letivo foi um Deus-nos-acuda! que só vendo...: eram alunos do 6º ano matriculados numa escola, mas tendo que assistir aulas distante de casa em prédios alugados porque não tinha sala suficiente; filas de espera de mais de 300 educandos em escolas para jovens e adultos; sem falar em turmas do 6º ano – mesmo sendo de repetentes - funcionando à noite com mais de mês de atraso, após o juiz liberar...

Depois te mando outro relatório. Tenho que dar aulas em cinco escolas, só hoje. Fui!
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Postado por Raskólhnikov II, o herege, em 2 de maio de 2010 às 20:31h