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Marcos A. S. Lima
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JANO, o Lanterneiro

8 de Setembro de 2013, 13:37 , por Marcos A. S. Lima - | No one following this article yet.
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HERANÇAS

10 de Setembro de 2013, 16:19, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
HERANÇAS

(apontamentos feitos em memória do Centenário do mestre Isidro Fernandes Lima, que se dará em 2011)


(IMAGEM)


Demarquei nessa foto aí em cima, em azul, o quarteirão que meu pai herdou, junto com o tio João da Providência, em 1961, quando seus pais faleceram. Não estou certo se o vovô vendeu alguma parte antes. Fui criado ouvindo que o pai teria sido enrolado pelo seu mano. Conta-se que, por ter mais estudos e influências (era farmacêutico e teria sido vereador da cidade), o filho mais novo do vovô Pinduca teria levado vantagem na repartição da herança. Eu não acredito nisso. Todavia, o fato é que, da metade disso tudo, só restou aquele quadradinho do quarteirão, na esquina das Ruas Bom Pastor e Teixeira Mendes, que é a casa onde me criei, que foi vendida em 1987, após a morte do papai. Eu e o Isidro Junior não recebemos nada do dinheiro da casa (foi divido somente entre os sete filhos da primeira mulher do pai).

Para um entendimento melhor do assunto que principio a abordar, faz-se necessário termos em mente o desenho que fiz, abaixo (trata-se de um esboço da árvore genealógica de minha família, assunto que há alguns dias venho abordando aqui):


Veja a Certidão de Óbito do pai (clique na imagem para poder ampliar):




Se não conseguiu ler direito o item Observações, no final do documento, clique nesta imagem abaixo mais ampliada:




Está escrito: “OBSERVAÇÕES: Não deixa bens. Deixa filhos: José, Joacy, Maria Antonieta, Aderson de Jesus, Francisco de Assis, Maria do Carmo, Maria do Rosário de Fátima”.
Diz claramente que papai NÃO DEIXA BENS. Isso me faz supor que a casa (aquela que fiz um quadradinho em azul no mapa do Google que mostra o quarteirão), na qual o finado morou, não lhe pertencia, ou seja, tudo me leva a crer que o mestre Isidro morava ali de favor. Se já não lhe pertencia o imóvel que um dia herdou dos seus pais, então eu posso imaginar que ele já o tinha vendido, ou o transferido para seus 7 primeiros filhos. A hipótese de venda da casa antes de 1987 parece ser descartável, visto que, após o falecimento de papai, ela foi vendida a terceiros, e o dinheiro foi repartido entre os sete.
Ainda nas Observações da Certidão de Óbito, consta que o morto DEIXA FILHOS. Como se vê, só está escrito ali os nomes dos 7 filhos do primeiro matrimônio. Eu e o Isidro Júnior não estamos relacionados.
.
Observem essas fotos que tirei de três páginas de duas agendas de bolso do pai:

 




Nessa foto de cima está escrito: “2º. Matrimônio. Casamento religioso de Isidro e Maria José – 15/06/68 – Capela Santo Antonio – Of. Cônego Aderson Guime [?] Vigário da Paróquia N. Sra. De Nazaré – Sede Trizidela – Caxias-MA. ...[marital]mente até 15/06/68”.

 

(IMAGEM)

Lê-se na foto aí em riba: “Nomes dos filhos 2º. Casamento – 1º. Marcos Antonio da Silva Lima – 2:30 de 14/out./67 – sábado -2º. Isidro F. Lima Junior – 0:30 de 15/fev.69 – sábado”.




Pode-se entender da fotografia acima quase o mesmo da anterior, acrescido apenas de outros horários de nossos nascimentos e a declaração de: “Mãe deles: ‘Maria José Pereira da Silva’ Lima – Pai: Isidro F. Lima – ambos não foram registrados”.

Perguntas:

1) O filho do finado que fez as declarações transcritas na Certidão de Óbito à oficial do Cartório do 4º. Ofício da Casa da Justiça de Caxias, Maranhão, não sabia (ou não aceitava) que éramos filho do mestre Isidro?

2) Será que todos os funcionários do Cartório do 4º. Ofício nunca ouviram falar de certo Isidro (nome incomum), mestre-alfaiate naquela cidade há mais de 50 anos, que adentrara ali 12 anos antes para registrar dois filhos (o carimbo desse Cartório está no meu Registro de Nascimento)?

3) Supondo que a casa fora transferida via documento (Testamento?), antes de meu nascimento e de Isidro Junior, para os 7 filhos que meu pai teve com Dona Rita, por que ausentaram-nos da Certidão de Óbito, se o finado NÃO DEIXARA BENS? Dois filhos a mais iriam fazer tanta diferença assim?

4) “Assinaturas”, minhas e de Isidro Junior, estariam no Inventário feito para a venda da casa em 1987?

Essas questões têm um valor inestimável pra mim, sobretudo quanto ao quesito moral. Hoje não tenho tanto interesses financeiros, até porque acredito que meu quinhão não passaria de dois ou três mil reais. Mas na época em que papai morreu, e eu e o mano Isidro Junior só tínhamos a roupa do corpo, poderia fazer alguma diferença, se não em deixar-nos tranqüilos financeiramente, pelo menos na influência para nossas vidas futuras. Lembro-me que cheguei a pensar, caso tivesse direito em alguma parte da casa, mesmo que não fosse o dinheiro, mas a um pedaço do imóvel, como foi dado à Fátima, em iniciar uma venda de secos e molhados.

Em 1999, durante duas semanas que estive em Caxias passando férias, tentei ver se havia uma forma de documentar esses questionamentos que hoje faço. Tentei constituir um advogado lá para me ajudar, mas o tempo e o dinheiro eram escassos. Saí à procura de pistas. Solicitei no Cartório do 1º. Ofício (na época eu não sabia que a Certidão de Óbito tinha sido feita no 4º. Ofício) uma busca integral de registros de imóveis em nome do pai. O documento está comigo – mostra três vendas que ele fez (uma, três dias antes de eu nascer e as outras duas no dia que vim ao mundo) de outras casas que faziam parte do que lhe cabia na herança do velho Pinduca. Descobri também que a dita casa de que falo já estava no terceiro dono depois da morte do pai. Conta-se que hoje estaria emperrada a papelada da casa porque teriam descoberto algum tipo de erro ocorrido em 1987. Oficialmente eu não sei de nada porque ainda não tenho condições de ir lá ver isso.

Se melhores condições financeiras baterem em nossas portas, hoje ou até nossa morte, e pudermos contratar bons advogados para verificar se de fato há algum problema nos documentos da casa cuja solução passe por nossas assinaturas, não há dúvidas de que o faremos, não somente pelos possíveis valores financeiros, mas principalmente pelas qualidades de estimas de que gozaríamos por ver a Justiça sendo exercida. É de nossa intenção (minha e de meu mano mais novo) investigar essas coisas, sobretudo porque nos interessa o bom convívio com todos.

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Postado por Marcos "Maranhão" em 13 de janeiro de 2008, às 19:36h

 



ISIDRO JUNIOR (meu único irmão germano)

10 de Setembro de 2013, 16:13, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda

ISIDRO JUNIOR (meu único irmão germano)



“Isidim”, assim nós chamávamos meu irmão menor quando éramos criança. Talvez porque nasceu prematuro (sete meses) e sofreu as conseqüências de várias carências comuns a muitos nordestinos pobres como nós, meu único irmão germano até hoje é mais magro, daí o diminutivo do nome. Isidro (esse da foto aí em cima) não parece gostar muito desse nome. Prefere ser chamado de Junior por alguns colegas. Mas na família é e sempre será Isidro ou “Isidim”. Acredito que esse desgosto se deva mais porque algumas pessoas não souberam pronunciar seu nome certo, ou às alcunhas que inventaram a partir do mal-entendido, como, por exemplo, “Isquisito”, com “i” mesmo, pra ficar mais parecido com o nome original. Pura brincadeira. Acredito que hoje ele não liga muito pra isso. Acho que se sente honrado por trazer o nome do nosso pai. Mexe muito com minha mente o porquê da escolha do nome de papai feito pelos meus avós em 1911. Variante ortográfica de Isidoro, que significa “dádiva de Isís”, deusa egípcia que quer dizer “Espírito Supremo”, o nome Isidro vem do grego.

Sem casa para morar, como eu, depois de ficar órfão de papai, aos 18 anos, “Isidim” também perambulou por casas de parentes. Vem, inclusive, tentar morar comigo em Maringá por volta de 1992. Naquela época não deu certo ficarmos juntos, sobretudo porque ainda tínhamos ninharias trazidas da infância e adolescência, competições normais entre irmãos, como gostos diferentes, por exemplo. Aí brigamos. Ele voltou pro Maranhão e depois foi pra Brasília. Essa é a explicação que minha consciência capita, mas o meu inconsciente tenta mostrar de outra forma o porquê de não termos morado juntos mais que nove meses debaixo do mesmo teto. Acredito que foi devido ao meu receio de não ter que presenciar (ou ser motivo de) possíveis infortúnios a que todos estamos sujeitos, principalmente aos ligados a falecimento, por exemplo. Este é um sentimento natural. Todos nós tememos a morte. Mas quem acabara de passar por tão horrendo sofrimento como o do fim do mestre-alfaiate Isidro, a pancada seria muito dura. Assim, é possível que os pequenos desentendimentos que provoquei, motivos de sua volta, tenham sido apenas para encobrir a verdadeira causa. Não me perdôo até hoje. Sempre me senti culpado pelos sofrimentos que Isidro Junior passou (e passa) em Brasília. É possível, até, (só indo ao psiquiatra pra ter certeza) que isso tenha se refletido no fato de que ainda não me casei.

Bom. O fato é que Isidro terminou indo pra Brasília e, segundo seu próprio relato, penou muito, chegando até a pedir comida nas casas alheias, mesmo tendo parentes próximos. Não que eu ache que os parentes lhe negariam um prato de comida, mas talvez isso tenha acontecido porque, como eu, também tenha se sentido abandonado por uma série de acontecimentos (o derradeiro deles, e talvez o determinante para aventurar-se mundo afora, como eu fiz, foi o fato de, depois da morte do nosso velho, não termos casa para morar).
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Mas o que vale é o que hoje está feito. Não teve condições de seguir os estudos (parou no 1º. Grau) – mês passado me ligou dizendo que vai volta a estudar em casa, acho que fará o supletivo. Por causa disso, não tem uma profissão específica. Já trabalhou em diversos serviços penosos. Hoje labuta como ajudante geral numa academia de ginástica de Taguatinga. Tenta conseguir ajuntar algumas economias a fim de levar à sua filha Sabrina, que mora com a mãe, que largou meu mano pra se juntar com outro. Devido a isso, o mano anda perdendo as esperanças de encontrar outra mulher (ele não confia mais na maioria delas). Quero falar-lhe, pessoalmente, para abandonar esta idéia, e volte a ter esperanças. E mais: que se espelhe no exemplo do pai, que, após ficar viúvo da primeira mulher, procurou nossa mãe, mesmo ela já trazendo dois filhos. Sou testemunha da fidelidade dele à mãe da menina, e de sua honestidade – esta última qualidade, diga-se de passagem, é a maior herança que nosso pai nos deixou; e é por isso que o Isidro Junior constitui, hoje, o maior depositário de confiança meu.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 7 de janaeiro de 2008, às 18:29h



ISIDRO FERNANDES LIMA, mestre-alfaiate (meu pai) – Nasceu em 1911.

10 de Setembro de 2013, 16:10, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
ISIDRO FERNANDES LIMA, mestre-alfaiate (meu pai) – Nasceu em 1911.


 

Esta fotografia (acima) de uma lápide que meu irmão paterno mais velho disse pertencer a meu bisavô por parte de pai, Frederico Duarte Ramos (ele disse DUARTE; talvez tenha se enganado), que na verdade aqui consta como Frederico Pereira Ramos, representaria a prova da existência do mais antigo parente meu. Está no Cemitério dos Remédios, em Caxias, ao fundo, à esquerda da capela. A luz do sol atrapalha a leitura, mas usei um editor de foto e consegui ler mais ou menos o seguinte: “Aqui descansa Frederico Pereira Ramos. Nasceu em... (jan)fevereiro de 1843 e faleceu em 10(?) de agosto de 1889 (?). Lembranças de sua filha e genro (?) ....tilde Ramos de Macedo e C. Raphael José de Macedo...”. Foi o que eu entendi. Tenho que voltar lá, ou pedir pra alguém de Caxias verificar os escritos.

Meu mano patrilinear primogênito, José Fernandes Lima Pinduca Neto, nascido em 1938, contou-me, na viagem que fiz ano passado, que este Frederico seria meu bisavô agnático. Tratar-se-ia de um imigrante português, branco. Veio para o Brasil trabalhar com o comércio, instalando-se em Caxias. Uma vez aqui, este senhor teria tido uma filha com a escrava Jacinta, de nome Cecília Duarte Lima, que casou com um tal de Pinduca, um carpinteiro, negro, cujos pais biológicos não conheceu, tendo sido criado por um senhor com o mesmo nome dele, que era mestre geral da mais importante – a que fica na Praça do Panteon - das três fábrica de tecidos de Caxias, na época em que o Maranhão exerceu seu apogeu econômico com a cultura do algodão (1760-1888).

Do casamento (em 1907) da mulata Cecília e do negro Pinduca saem três filhos: o Francisco (que morreu com oito anos – diz-se que devido a ter se estoporado ao tomar café e comido cajá em saguida), o Isidro e o João.


 

Esta foto (no alto) de meu pai, Isidro Fernandes Lima, nascido em 1911, é a que o retrata com idade mais jovem. Deveria ter uns 24 anos - ou menos-, já que eu a retirei do seu Certificado de Reservista de 2ª. Categoria, datado de 1935 (este documento que tenho em mãos é o mais antigo da minha família; está bem danificado, mas conserva quase tudo – em breve pretendo escaneá-lo e postar aqui; tem muitos detalhes curiosos: é escrito a bico de pena, tem um tamanho de um sulfite A4, descreve detalhes do rosto...). Se o pai tivesse servido ao Exército, fatalmente teria sido convocado para lutar junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados. Ele me contava que alguns de seus colegas de infância que foram lutar na Europa jamais voltaram, outros retornaram como heróis e passaram a ter alguns benefícios sociais pagos pelo governo.

Consegui convencer meu mano mais novo (Isidro Junior), no ano passado, quando passei o Natal em sua casa, em Brasília, que dois documento do nosso pai que ele guardara – são agendas de bolso com anotações à caneta e lápis grafite -, serviriam de fonte para minhas pesquisas acerca da história de nossa família, e ficariam bem guardadas para nossa consulta. Tem bastante anotações sobre a contabilidade e história de sua alfaiataria, suas finanças pessoais, nomes de pessoas, datas importantes da família, etc. Em breve detalharei aqui. Ainda estou em fase de interpretação, uma vez que são documentos incompletos: faltam algumas páginas, têm escritas ilegíveis, sobrepostas umas às outras. Também tenho que comparar o que está escrito lá com a historia oral que pretendo colher de meus irmãos e contemporâneos de Seu Isidro. Mas, aos poucos, vou colocando aqui algumas conclusões, afinal, não é todo dia que se pode realizar uma viagem de 3 mil quilômetros só para estudar história.

Pois bem – e esse “pois bem” me lembra muito ele. O Sr. Isidro estudou apenas o Primário, mas era um Primário que valia pelo Ginásio, o equivalente hoje ao Ensino Fundamental. Papai torna-se aprendiz de alfaiate em 1925. Em 1933, já trabalha por conta própria na casa dos pais. Em 1938 casa-se com a senhora Rita e, em 1941, monta sua primeira alfaiataria. Teve um período em que ele foi funcionário público municipal. No seu Certificado de Reservista consta como profissão essa ocupação. Tenho que descobrir por quanto tempo, o que ele fazia, etc.



 

 

Meu pai escreveu, a bico de pena, no verso desta foto acima: “Aos meus queridos pais, ofereço esta foto como lembrança dos meus 37º. aniversário de natalidade, ocorrido em 15/05/48. Foto tirada em XXIX-VIII-XLVIII”. Treze anos mais tarde ele perderia ambos os pais no mesmo ano, primeiro ela, por “súbita intoxicação do fígado”, segundo sua própria escrita; nove meses depois, o vovô falece - tenho que perguntar pra alguém sobre o mal que o levou, aos 89 anos, segundo ouvi dizer.

 

 

No alto, o retrato traz: no centro, em pé, ao fundo, o mestre Isidro e seus aprendizes da oficina de alfaiate, localizada na Praça da Matriz, centro de Caxias – 1961. Esta parece ter sido a 10ª. das 15 vezes em que teve que mudar o endereço do trabalho em meio século de profissão.

 

Estão posando na foto acima, da esquerda para a direita, papai, amigo José Tomaz e meu tio, único mano do pai, João da Providência; ao fundo, o Cristo da Praça da Matriz de Caxias. Lê-se, no verso da foto, escrito a caneta pelo papai: “1962. Reminiscências de perfeita união. Esta foto foi feita em 1º. de julho de 1962 como prova de sincera e cordial amizade entre os três componentes da referida fotografia. Amizade nascida da infância e conservada até os dias de hoje”. Note que, abaixo, Seu Isidro anotou os anos de nascimento de cada um deles.

 


Não sei a data desta foto aí em riba. Calculo que ele deveria ter uns 56 anos, bem na época em que nasci. Em 1965, Rita, a primeira esposa do mestre Isidro, falece (acredito que devido a complicações de um câncer). No ano seguinte, meu pai começa a viver com mamãe. Em 1970, fica viúvo novamente. Segundo relatos, ele até que tentou casar-se outra vez, principalmente para dar um melhor cuidado a seus dois órfãos de três anos (eu) e um ano e meio de vida (Isidro Junior). Mas quem ajudou a nos criar mesmo foi nossa irmã-mãe, Fátima, a mais nova do primeiro casamento – na época ela tinha 16 anos.

Os 17 anos que convivemos, depois da perda de mamãe, com este pai-mãe-avô (todos nossos avós também não eram mais vivos) foram inesquecíveis, essenciais na nossa formação. Embora eu não percebesse – só depois de sua perda é que fui juntar as “peças”-, as existências das vidas minha e de Isidrinho no seu derradeiro quarto de vida, mesmo com o aumento das dificuldades financeiras acarretadas pelo decréscimo da profissão de alfaiate, causada pela modernidade e facilidade de aquisições de roupas prontas, devem ter sido razão de sua vontade de viver. Acredito que nossas vidas, sem a mãe, aumentaram seus esforças para tentar dar-nos as necessidades básicas, e deve ter sido motivo de resistência de um organismo bastante debilitado pelo hábito do tabagismo desde – calculo -1945. Aposto na idéia de que as causas que levaram o mestre Isidro a procurar outra esposa (mamãe) um ano depois de viúvo tenham sido pra tentar não se abater com tão importante perda.

É admirável sua força de vontade. São muitas as lembranças dele trabalhando até tarde da noite na sua máquina de costura. Quantas vezes eu não me espreguiçava na rede, lá pelas 5 da matina, quando abria os olhos e o via de pé naquele balcão, cortando o tecido com seu tesourão?! Ah! Tenho muitas recordações. Lembro-me do manequim – como eu tinha medo de olhar pra ele quando ia deitar! -, do “bandido”, nome que eu e "Isidim" demos a um objeto elíptico feito de pano para apoio na hora de engomar a roupa. O velho balcão de madeira... Parece que estou abrindo-o agora - devia ter uma medida de 2 m x 1m x 1m. Posso ver, no seu interior, na parte de cima, as réguas de várias formas, os gizes coloridos, os alfinetes, as agulhas, a carretilha, algumas fazendas, o óleo Singer, os carretéis de linhas, a tesoura de dente, o dedal, tiras de panos. Havia dentro do balcão também uma caixinha de madeira velha (talvez medisse 20 cm x 10 cm x 5 cm). Chamávamos-na de caixa de jóias – na verdade, era guardado ali um terço antigo, com bolinhas pretas; a figura pintada de um santo, feito em um objeto de osso, do tamanho de um calendário de bolso (esses dois primeiros objetos pertenceriam à mamãe); outras coisas que não me lembro e, no fundo, meio que escondido, umas moedas antigas de Réis (por que não peguei uma?). Posso ver bem nítido, na parte de baixo do balcão, alguns livros velhos (uma vez folheei um, era de geografia, tinha as páginas bem amareladas e algumas comidas pelas traças - papai estudou-o no Primário); outros livros amontoados num pacote (deveria ter uns dez), novos, de capa amarela – o pai falou que eram poesias, escritos e enviados por sua irmã de criação, Maria Dalva, cadeirante, que veio morar em Foz do Iguaçu há muito tempo. E lá no canto, enroladas num pano velho, nossas "metralhadoras" feitas de madeira (não sei quem as fabricou, mas um dos responsáveis parecia ser o “Zé Osso”, acunha do José Wilson, colega nosso de infância, filho do seu Zé, o barbeiro; eu convenci meu pai de que ali era um bom lugar para se guardas nossos brinquedos – na verdade, estávamos influenciados pelo seriado de tevê SUAT, que assistíamos sempre nas quartas-feiras, se não me falha a memória, no único canal que pegava ali – Globo, é claro -, nas casas de poucos vizinhos que tinham televisão, geralmente numa turma, sentados no chão; os que ficavam com as “metralhadoras” eram os mocinhos, eu sempre queria ser o policial “DJ” – Caramba! Aquela musiquinha ainda tá na minha mente, parece que ouvi ontem).

Como às vezes eu era impaciente quando ele me pedia pra enfiar a agulha, ou passar a linha na bobina da máquina! Eu não entendia que seu astigmatismo, mesmo com aqueles óculos de armação preta, o dificultava a realização daquele trabalho. Sua imagem, sentado naquela cadeira desconjuntada de couro de boi, esburacada, mas com uma almofada de pano, a pedalar a máquina de costura (com marcas de queimadura de cigarro), os óculos caídos, careca, a barba por fazer, às vezes sem camisa, devido o calor escaldante que deixava aquele corpo franzino suado, talvez pudesse ilustrar a capa, se isto aqui fosse um livro. Em muitas oportunidades eu ia entregar roupas aos clientes. Às vezes tinha algum cliente rico, como o deputado Aluízio Lobo, que foi padrinho do “Isidim”. Eu sempre ouvia dizer que o mestre “Zizi” (apelido do pai) fazia um dos melhores ternos da cidade. Lembro de três aprendizes dele: o “Baratinha”, o Juvenal e o Raimundo. Esse primeiro, segundo o Isidro Junior me falou, trabalhou, ou ainda trabalha, na alfaiataria do Senado Federal.

A sala, que de dia era a oficina de alfaiataria e à noite nosso quarto, tinha quatro escapas fixadas nas paredes para armarmos as redes minha, do pai e “Isidim”; um espelho colonial de tamanho médio pendurado na parede, ladeado por duas folhinhas presas por pregos, uma de São José (antiguíssima) e outra de Santa Luzia; um colar bem grande do Cristo, feito de olho de boi, bem como um pôster do flamengo de 1978. No canto, de frente para o balcão, estava o manequim, ao lado de uma cadeira velha que não servia mais para sentar (tinha umas coisas nela que não me lembro) e o famoso tamborete grande do pai. Em baixo do manequim e da cadeira velha estavam sempre o litro de querosene, o ferro de passar roupa (a carvão) e a lamparina; teve ocasião que cheguei a ver uma garrafa de cachaça com raízes dentro, embora meu pai bebesse mais cervejas, quando o tio Joãozinho vinha pegá-lo no seu corcel verde pra sair pros cabarés em algumas datas especiais – confesso que minha impaciência, quando o via bêbado, deitado na rede, sempre chegava ao extremo: sua agonia, as câimbras nas pernas que eu e meu irmão menor tínhamos de curar com a escova, dava-me nos nervos, pois eu sempre temia que ele morresse daquilo).

Era comum, sempre que tinha frango cozido, eu e Isidrinho ficarmos esperando o osso da coxa do frango que ele sempre nos dava. Sentado na cabeceira da mesa, ladeado por nós dois, papai às vezes tirava do seu prato para nos dar de comer. Mas os dias foram ficando piores. É claro que nós, pequenos, não entendíamos, mas a fome e o estado de misérias aumentavam. Não tínhamos geladeira, nem fogão a gás. Sempre se cozinhava com carvão. Cansamos de fazer caieira de carvão na beira do Rio Itapecuru. Eu detestava ter que carregar os paus lá da serraria do “véi Nena”, bem como a palha de arroz da usina do Seu “Dico” Assunção, até a beira do rio pra fazer o carvão. Mas duro mesmo era colhê-lo. Teve até um tempo em que fizemos tanto carvão que chegamos a vender na porta de casa (acho que a lata do precioso combustível custava 5 cruzeiros). Ah! Era chato ter que abanar o fogareiro (nossa irmã sempre nos chamava para fazer isso). Eu achava melhor quando era no de barro – tinha a boca maior, e o vento entrava mais fácil que o de ferro. Como reclamávamos das faíscas no nosso rosto e das cinzas nos cabelos! E na hora de botar o cofo de lixo pra fora?! Ave Maria! Tinha formigas e era pesado. Ainda bem que o monturo ficava a menos de 200 metros de casa! O lado bom dessa última tarefa era que às vezes encontrávamos no lixão alguns materiais para fazermos nossos brinquedos, como sandálias japonesas velhas, arames e latas de sardinhas (dava um ótimo carrinho). Às vezes tínhamos que catar ferro velho, garrafas e alumínios para vender (na verdade, eu sempre tive vergonha desse serviço). “Isidim” sempre foi mais esforçado para todas essas tarefas.

Às vezes passávamos o dia todo sem comer nada, só com o café com farinha de puba no estômago. Nós chorávamos de fome. Não entendíamos, é claro. Era comum o pai fazer um pacotinho de papel, colocar farinha branca e açúcar, e nos dar: “era pra enganar a fome”, dizia-nos, certamente com seu estômago e pensamento revirados sem entender o porquê de não aparecer serviços. Eu notava a vergonha que tínhamos de dizer que passávamos fome: “os vizinhos vão falar”, era o que eu ouvia. Muitas vezes o almoço era só arroz misturado com abóbora, ou baião de dois (arroz misturado com feijão). Quantas vezes eu comia “sem gosto”?! Acho que foi por essa época (com uns dez anos), influído pelos amigos, que ajudei a furtar uma lata de sardinha na quitanda, e outra vez, sozinho, peguei um pacotinho de biscoito Triunfo, de chocolate, nos Supermercados Bezerra – fui pego, e a vergonha que passei foi decisiva pra eu ver que esse não seria meu caminho. Depois de crescidinhos, podíamos ir pescar e, quase sempre, trazíamos uns peixinhos pra fritar – aí a comida descia que era uma beleza. Quando aparecia um cliente na oficina do pai, nossos estômagos roncavam diferentes, pois sabíamos que a possibilidade de ter uma carninha naqueles dias era grande. Quando não dava, comprávamos tripa de boi pra fazer com feijão, ou panelada (mocotó, tripa e bucho de boi). Um sarapatel de porco ia bem. A fritura de miúdos do boi (úbere de vaca e passarinho) também era alternativa.

O mestre “Zizi” gostava de ir aos bailes na União Artística Operária Caxiense, onde era sócio benemérito desde 1970 (tenho o diploma dele aqui). Muitas vezes eu e o “Isidim” ficávamos acordados esperando ele vir da festa – estávamos acostumados a dormir consigo e também ficávamos com medo de que ele voltasse bêbado. Aqui e ali, sobretudo quando estava num cabaré, ou quando retornava deles, o mestre Isidro se mostrava mais alegre e até dançava um pouco. Lembro-me que ele gostava de ouvir Nelson Gonçalves.

Era homem religioso. Todo domingo levava-nos, os dois filhos menores, para assistir a missa na igreja da matriz. Quando adoecíamos, papai mandava-nos pegar remédio na farmácia do tio Joãozinho. Em 1983 mandam-me para casa do irmão mais velho, no Piauí. O Isidro Junior vai morar com nosso mano uterino em Santa Inês, local pra onde vou também um ano e meio mais tarde. Nesse ínterim, o papai é operado de hérnia inguinoescrotal. Depois desse período, até 1987, eu via meu pai só quando podia passar férias lá. Em 1986, no Natal, saio da casa do irmão e rumo à minha primeira viagem ao Sul do Brasil. Essa viagem dura dois meses. De fevereiro a julho eu fico em Santa Inês. Vou pra segunda viagem ao Sul e retorno em setembro indo pra Caxias.

Quando chego a Caxias, noto que a situação de meu velho não era nada animadora. Papai já contava 76 anos (foto acima). Estava deitado numa rede. A operação que fizera parece que não resolvera muito. Decido, então, levá-lo pra Teresina, onde morava outro filho dele, a fim de que o internássemos num hospital para realizar exames. O trajeto que fizemos, a pé, de casa até o local onde entraríamos no ônibus (uns 400 m) foi lastimoso. Ele mal podia caminhar, dava um passo, depois outro. Eu o conduzi segurando no seu braço. Quando chegamos à esquina da Rua Teixeira Mendes (local um pouco alto), donde se tinha uma visão panorâmica de nossa casa, do rio ao fundo, ele parou, olhou pra trás e me disse que estava com um pressentimento de que achava que estaria vendo aquele lugar pela última vez. Pude notar lágrimas nos seus olhos, ao mesmo tempo em que o animava dizendo – e segurando-me pra não chorar também - que ele estava enganado e que no dia seguinte mesmo estaríamos de volta depois de o médico passar alguns remédios pra ele, afinal, eu não aceitava qualquer pensamento ao contrário, aliás, lembro-me bem agora, quando minha mente principiava-se a imaginar um cenário sem meu pai na minha vida, eu sempre cortava tal idéia antes de seu final. Suas palavras foram mais ou menos assim: “Meu filho, deixa-me olhar pela última vez nossa casa, nosso lugar, pois acho que não voltarei vivo aqui”. Ele estava certo. Quinze dias depois faleceu num hospital em Teresina. O diagnóstico de enfisema pulmonar atestou que o cigarro o matou.

 

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Postado por Marcos "Maranhão" em 30 de dezembro de 2007, às 17:29h

 

 

 

 

 



MARIA JOSÉ PEREIRA DA SILVA (minha mãe): uma história a ser investigada

10 de Setembro de 2013, 16:06, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda

MARIA JOSÉ PEREIRA DA SILVA (minha mãe): uma história a ser investigada
























Estas são as duas fotos que tenho de minha mãe - nessa da direita ela aparece de perfil junto com meu pai e eu, seis meses antes de sua morte. Um irmão matrilinear meu prometeu-me, quando passou um dia aqui em minha casa no ano passado, enviar-me uma cópia de outra foto onde ela aparece de corpo inteiro. Presumo que o fato de eu ainda não ter sido atendido na promessa que me foi feita seja pelo fato de que a rara imagem tenha se extraviado na casa do mano. Resta-me procurar nas casas de outros parentes maternos que sei devem ainda existir lá pelas bandas de Buriti Bravo, Maranhão, lugar que ainda não tive oportunidade de visitar. Planejo ir lá em breve.

A parte branca que ajudou a constituir-me vem dela. Os sobrenomes de seus pais e avós indicam origem européia - português (Pereira, Silva), celta e teutônico - indo-germânica (Coimbra, Rodrigues).

Nasceu em 1934 no lugar “Morrinhos”, cidade de Buriti Bravo, Maranhão. Colhi estas informações no seu Registro de Nascimento, 2ª via expedida em 1967, que guardo desde quando meu pai morreu (1987).

Depois de ficar viúva do seu primeiro marido (pai de meu mano supracitado), trazendo o casal de filhos cujo mais velho não passava de seis anos, minha mãe emigra (por volta de 1966) pra Caxias, no mesmo Estado, onde se junta com meu pai (também viúvo), com quem tem dois filhos: eu, primogênito, e Isidro Junior. Através das anotações de uma agenda de bolsa que pertencia a meu pai - documento importantíssimo que está sob a minha guarda -, fiquei sabendo que meus pais casaram-se em 15/06/1968 na Igraja (Capela Santo Antonio). No dia 03 de outubro de 1970 ela falece.

Dez dias antes de eu completar três anos, mamãe morreu. Durante boa parte de minha infância e adolescência eu cria na idéia de que lembrava dela em pelo menos duas ocasiões. Uma dessas “lembranças” seria dela me entregando um calção branco, para provar, que acabara de costurar (ela ajudava meu pai em sua profissão de alfaiate, deve ter aprendido com ele – meu pai me contava que ela fazia bordados pra vender). Mas a que me vinha mais à mente era ela no seu leito de morte: uma mulher de cabelos pretos, lisos e longos, deitada numa porta, (sim, uma porta, era comum naquela região se velar o defunto no meio da sala, estirado numa porta de madeira apoiada por quatro tamboretes, até ficar pronto o caixão). Mas acredito que foram fantasias que eu criei a partir de relatos ouvidos.

Toda vez que eu perguntava a meu pai sobre a causa da morte dela, eu ouvia: “Morreu do coração”. Detalhara-me ele que, numa noite em que ambos estavam sentados na porta de casa, para “pegar" o ventinho das nove, ela o deixou só, lá pelas 10 horas, dizendo que já ia deitar. Meia hora depois, meu pai entra no quarto e a encontra dando os últimos suspiros dentro de uma rede. Não dera tempo nem de o Dr. Marcelo, que morava há alguns quarteirões dali, chegar. Isso é tudo.

Na viagem que fiz ano passado ao Maranhão, descobri, ao conversar com o seu Antonino, um vizinho, que minha mãe era fumante cronicamente viciada. Dizia que ela fumava muitos cigarros durante o dia; que sempre estava na quitando do Seu “Riba” (pai do vizinho) comprando cigarros. Foi a primeira vez que fiquei sabendo disso. É possível que ela tenha adotado o vício durante os quatro anos em que viveu com meu pai, que era fumante. Não sei. É provável que o fumo tenha contribuído para a fraqueza de seu organismo (era magérrima, segundo relatos), mas não creio que tenha sido a causa única de seu falecimento, afinal, tinha 36 anos.

Na minha adolescência, a Dona “Lili”, uma senhora que hoje beira os cem anos, com quem estive nessa viagem recente, mas que aparentou não ter me reconhecido (vive na cama, muito debilitada), contou-me que Dona Maria José, quando, a muitas penas, conseguiu entrar na casa do meu pai pra viver com ele (meus manos paternos – eram sete – sempre foram contra a junção dos dois, quer quando eram amigados, quer quando casaram na Igreja), passou a conviver num clima de constantes brigas com os que ficaram na casa do pai – o primogênito era mais novo do que minha mãe apenas quatro anos. Isso é compreensível, até certo ponto, sobretudo pelo fato de que estavam órfãos de mãe havia dois a três anos, no máximo. Uma de minhas irmãs, mais ou menos com a mesma idade da mamãe, em suas constantes discussões com ela, chegou a ameaçá-la com uma tesoura – Dona “Lili” jurou-me ter visto esta cena da janela de sua casa, que dava de frente pra nossa.

O início do convívio dos meus pais não foi naquele casarão da esquina das Ruas Teixeira Mendes e Bom Pastor, no Centro de Caxias, mas em outras casas que ambos alugaram ali próximo, até que o bi-viúvo decidiu encarar os filhos e trazer a mulher pra dentro da casa que ainda lhe era de direito. Conta-se que no dia em que isso aconteceu os mais velhos que já eram casados, ou estavam separados, mas que ali residiam, saíram de casa.

Não posso fazer julgamentos apressados, mas acredito que a rejeição da madrasta de meus manos paternos (é bom lembrar que ela trazia mais duas bocas, além da sua) naquele lar, possa ter contribuído para seu fim. É possível que ela tenha se amargurado mais com tamanha rejeição. Queria apenas ter uma segunda chance depois que o seu primeiro marido sucumbiu, e viu isso quando o meu pai engraçou-se dela, certamente querendo salvá-la da prostituição, já que aquela rua era famosa.

Bom. O fato é que não tenho atestado de óbito dela. Em 1999 fui ao fórum de Caxias na expectativa de conseguir uma cópia deste documento. Não encontraram. Resta agora, nesta ânsia louca de querer investigar a História de Dona Maria José, procurar documentos e fazer entrevistas com contemporâneos seus quando eu puder viajar pra lá.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 27 de dezembro de 2007, às 11:50h

 



A mídia golpista está escondendo a “Operação Rapina”

10 de Setembro de 2013, 16:01, por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda
A mídia golpista está escondendo a “Operação Rapina”

Enquanto ontem todo mundo falava da derrota da prorrogação da arrecadação dos R$ 40 bi da CPMF no Senado, quase não se repercutiu a “Operação Rapina” desencadeada pela Polícia Federal em duas cidades do Piauí e 14 do Maranhão, cujo rombo nos cofres do Governo Federal chega a quase R$ 1 bilhão em 10 anos de roubalheira.

Na lista dos acusados de participar da quadrilha para fraudar licitações na área de educação, incluindo construção de escolas e fornecimento de merenda escolar, além de apropriação de recursos federais, estão prefeitos, secretários municipais, tesoureiros, membros de comissão de licitação, empresários e parentes desses profissionais que foram presos. Só no Maranhão foram expedidos 111 mandados de prisão e 122 de busca e apreensão.


Veja lista de onde são os 7 prefeitos membros da quadrilha presos ontem e mais 2 que estão foragidos:
Prefeito______________ Cidade_______________Partido

Sônia Campos.........................Axixá............................................DEM
Cleomar T. Cunha.................Tumtum........................................DEM
João Noronha.......................Paulo Ramos................................PMDB
Francimar M. da Silva.............Gov. Newton Belo...................PMDB
José C. do Nascimento..................Araioses..................................PSC
Luiz Gonzaga Fortes............São Luiz Gonzaga.....................PT do B
Iara Quaresma.....................Nina Rogriguez................................PDT
Marinalva M. Neponucena (foragida)..........Tufilândia..............PTB
Aldir S. Nevez (foragido)............Urbano Santos...........................PV
O Jornal Nacional de ontem, preocupadíssimo em mostrar a festa da oposição comemorando o fim da CPMF, deu apenas 10 segundos de atenção ao caso, sem citar um nome sequer. A Folha Online, não menos interessada em repercutir a derrota do governo, parece que colocou vaga referência à quadrilha presa no Maranhão e Piauí, mas à noite eu já não consegui encontrar a notícia.

A operação ainda está em andamento.
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Mais informações nos sites CidadeVerde.com, Cosmo Online (http://www.cosmo.com.br/brasilemundo/integra.asp?id=214707)
e Zill, o portal do Maranhão.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 14 de dezembro de 2007, às 17:55h