Como não esquecer o caso da menina Márcia
10 de Setembro de 2013, 15:41 - sem comentários aindaComo não esquecer o caso da menina Márcia
Acabei de ler mais notícias sobre o caso da menina Márcia Andréia Prado Constantino, de dez anos, que foi violentada e morta em Maringá. Digitei no Google seu nome e obtive 17 páginas que falavam do ocorrido. A maioria era do Centro-Sul brasileiro (Imprensa de Maringá, Folha Online, Último Segundo...), e tinha também uma de Pernambuco.
Quando soube da notícia no domingo, ao ver sua foto, o primeiro pensamento que me veio foi o de minha sobrinha Sabrina (8 anos). Tive pensamentos aterradores à medida que fui sabendo de detalhes nos sites visitados agora há pouco: depois do sumiço de Márcia no sábado, em frente à igreja evangélica que freqüentava, seu corpo foi encontrado seminu nas redondezas da cidade; tinha fraturas no pescoço, coluna, traquéia e ombro esquerdo, além de lesões nos pulsos e com partes do corpo queimadas; os solados dos seus chinelos estavam limpos; um par de luvas e uma folha de papel-toalha estavam ao lado do corpo.
Não há crime perfeito. O caso do “Zodíaco”, nos EUA, cujo segundo filme baseado em fato real acabou de sair nas locadoras, talvez seja um ótimo exemplo que me conforta neste momento. Fascino-me por coisas tidas como “impossíveis”, “insolúveis”. No filme, os crimes do serial killer que desafiava a polícia mandando uns criptogramas sobre pistas de sua identidade, ou dos próximos crimes, ocorridos nas décadas de 1960/70, os detetives não resolveram o caso até hoje. Todavia, o interesse de um cartunista – se não me engano – que trabalhava num Jornal famoso, que passou a investigar os crimes sozinho, depois que os detetives iam abandonando o caso, mostrou que não há crime perfeito, pois os esforços do rapaz dão a entender que seu principal suspeito apontado pelas investigações que fez (e ele escreveu um livro sobre isso, no qual o filme foi baseado) era de fato o homem que se intitulava o “Zodíaco”.
Não quero dizer, com isso, que a polícia de Maringá não vai solucionar o caso (acredito nela), mas que nós, cidadãos comuns, ajudaríamos mais se nos tornássemos um investigador, um assíduo leitor das discussões nos blogues, nos jornais, um discutidor do assunto em qualquer lugar que estejamos (em casa, na rua, no trabalho, na aula, na academia...). Talvez não resolvêssemos o caso, mas pelo menos estaríamos exercendo nossa cidadania ao discutir algo que nos indigna a todos.
O momento é de reflexão sobre que tipo de sociedade nós estamos construindo, quais Leis devem ser mudadas, quais Instituições devem ser revisadas no que se refere às suas metas. Vê-se a banalidade de casos semelhantes todo dia quando se liga a televisão e o rádio. Hoje está acontecendo bem pertinho da gente. Talvez por isso estejamos um pouco mais indignados, e nossos instintos mais primitivos vêem à tona quando a velha discussão sobre a Pena de Morte volta a ser tema. Eu, particularmente, sou contra por diversos motivos, entre os quais porque acredito nas palavras de Gandhi (“A velha política do olho por olho, dente por dente, nos cega a todos”).
É possível que a insensibilidade de alguns se dê porque a sensação de impunidade paira no ar a partir dos exemplos vindos dos escalões mais altos, mais poderosos da sociedade. Muitos não querem saber, ou fazem de conta que o problema não é com eles (aconteceu com o outro), e dão suspiros de alívios dizendo pra si mesmos “Ah! Eu quero saber é de mim, vou ser feliz agora, vou pra festa, desfrutar do que está ao meu alcance porque depois que eu morrer já era...”. Esse epicurismo estaria em voga principalmente porque os perigos da vida, a morte, o sentimento de ausência de justiça, o medo de que as práticas das torturas da Ditadura Militar estariam ameaçando-nos constantemente.
Isso são apenas conjecturas. Vou parar por aqui, antes que os especialistas me trucidem – talvez eu aprofunde mais tarde as hipóteses do meu Achismo, que já dei pincelada em escritos anteriores aqui, a respeito da origem para o comportamento de sujeitos que praticam tamanha brutalidade como a sofrida por Márcia (a genética e a influência do meio social cada vez mais excludente e desigual faz parte de minha explicação).
Por ora, vou tentar fazer alguma coisa prática para que esses casos não fiquem nas manchetes dos jornais apenas nesses momentos de consternação.
Gostaria de dirigir-me ao blogueiro Ângelo Rigon. Caro Rigon, jornalista cujo blog é o mais acessado de Maringá e que tem relevante papel na revelação das notícias de primeira mão: peço que pense com carinho na idéia de você criar um post no seu blog, com periodicidade de um mês, por exemplo, cujo título poderia ser algo parecido com “Andamento das investigações/processos dos crimes praticados em Maringá e Região”, a fim de que nos informássemos um pouco mais sobre o pós-crime, que infelizmente a grande mídia, na maioria dos casos, “esquecesse-se”, ou pouco relata. Por exemplo, no que deu o caso da prostituta encontrada morta nas redondezas de Maringá, cujo corpo estava com marcas de balas e o crânio teve o pneu do carro do assassino passado por cima? E os casos dos travestis assassinados este ano? Ou o do “flanelinha”(?) atropelado em frente ao portão do Parque de Exposição? Se o criminoso já foi preso, como está na prisão? Que tarefas ele faz lá? Por acaso está trabalhando? Plantando seu próprio alimento na horta da prisão? Etc, etc. Talvez aliviaríamos o sentimento no nosso inconsciente coletivo de que a injustiça impera.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 25 de outubro de 2007, às 10:19h
Datas
10 de Setembro de 2013, 15:37 - sem comentários aindaDatas
Andei conversando com Filipe, o “Pernambuco”. Comunicamos-nos de vez em quando. No mês de outubro, todo ano, desde a infância, nunca deixamos de conversar, e a intensidade e durabilidade desses diálogos aumentaram a partir de 1987. Os motivos? Ei-los:
“Nobre ‘Maranhão’... Que prazer!”, disse-me Filipe, quando abri a porta de casa pensando se tratar de vendedores, em visita recente feita a mim. “O prazer é todo meu, caríssimo”, respondi, convidando-o para entrar e sentar-se. Indagou-me, apontando para a porta de madeira que eu estava fechando: “Que belo trabalho! Pelo visto, foste tu quem esculpiu Jano segurando a chave?” “Deu-me certo trabalho, mas realizei um sonho. Mas, a que veio ‘Pernambuco?’”, perguntei. “Então estamos aqui em mais um outubro... Isso é motivo de comemoração, hein?”, retrucou-me, abrindo um sorriso que lhe é peculiar quando quer induzir-me a reconhecer que está certo em alguma coisa. “Não me venhas com teus sermões”, avisei-o, completando: “Bem o sabes que o que vem à minha memória nos dias 3, 14 e 30 não é lá razão de comemoração, salvo o 14, caso eu fosse acostumado a festejar meu aniversário natalício”. “Ora, ora!”, começou a ladainha, “Ficas a ti remoer quando deverias dar uma boa olhada para esta tatuagem que tanto falas, e levantar a cabeça. Sempre vens com tuas velhas superstições. Esses números, da forma como colocas, dão a entender, quando não, o induz, a ter em mente que a única alegria deste mês é a data de teu nascimento no meio dos fatídicos dias de aniversário das mortes de teus pais”. “E não é?”, perguntei. “É óbvio que sim, mas o que quero dizer é que tu não deves ver as coisas como se fossem obras do destino”. “Eu não acredito em destino”, interrompi-o, concordando consigo. “Sim, mas do jeito que colocas as datas – ‘Dia 3 morreu minha mãe, dia 14 eu nasci e dia 30 meu pai faleceu’ – dá a impressão que a ordem dos acontecimentos, embora em anos distintos, representaria um aviso dos deuses para tu não esqueceres que o sofrimento anda junto a ti. São apenas coincidências, meu caro. Antes, pelo contrário, tu deverias tomar isso como desafio”, sustentou. “Nisto estou em comum acordo contigo”, frisei, fitando-o nos olhos. “Coloco a situação assim só pra tentar ver o meu Deus de outras formas nunca antes experimentadas, pois, se minha tristeza passa a impressão de que me autopuno, na verdade, estou refletindo sobre as causas e conseqüências das ausências de meus genitores em determinada época de minha vida, como a de Dona Maria José, que me deixou dez dias antes de minha data-mor, em 1970, ou do Seu Isidro Lima que também o fez após quinze dias decorridos dali, em 1987. O exercício de imaginação que faço, colocando-me nos lugares de ambos, hipotetizando as emoções vividas por eles nas suas horas derradeiras é um momento de encontro nosso, cujo objetivo visa unicamente à busca incessante da compreensão do Incompreendido que cada um de nós o faz de alguma forma, em várias etapas da vida”, taxei. “Bom, nesse caso, sou obrigado a concordar também contigo. Então, por que (perguntou Filipe ao mesmo tempo em que remexeu numa sacola de papel de cor prata que trouxera) não tomemos esse Bordô enquanto jogamos uma partida de xadrez?” “Tu sempre me aprontando, hein? Será um prazer!”, respondi, enquanto me dirigia à mesa para desempoar as peças do jogo que já estavam a postos.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 24 de outubro de 2007, às 07:47h
Provérbio francês
10 de Setembro de 2013, 15:35 - sem comentários aindaProvérbio francês
"Aos quarenta começa a velhice dos jovens, aos cinqüenta a juventude dos velhos".
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Postado por Marcos "Maranhão" em 14 de outubro de 2007, às 23:08h
Fundação da ONG "Movimento dos Sem-Mídia"
10 de Setembro de 2013, 15:32 - sem comentários aindaFundação da ONG "Movimento dos Sem-Mídia"
Eduardo Guimarães, o blogueiro que organizou o ato de protesto a favor de uma mídia honesta, em frente à Folha, avisa que a assembléia para fundação da ONG "Movimento dos Sem-Mídia" ocorrerá dia 13, sábado próximo. Leia:
À mídia alternativa
"Apelo a você que tem um veículo de mídia alternativo para que, se entender válido meu pleito, repita o que fez na véspera do dia 15 de setembro deste ano e naquele mesmo dia, data em que organizei a primeira manifestação do Movimento dos Sem-Mídia diante da Folha, ou seja, peço que repercuta de novo um passo do MSM.
Depois daquele ato, eu e outros que convoquei, pessoas de todo o Brasil que se dispuseram a se unir a nós e que fazem com que os filiados ao MSM já somem cerca de 350 pessoas, achamos por bem constituir uma ONG visando lutar por uma mídia honesta, de qualidade, que não roube do cidadão o direito à informação com os mesmos adjetivos.
Convoquei, então, uma Assembléia em São Paulo na qual será votada a proposta de criação jurídica da ONG, a eleição de uma diretoria e a votação de um estatuto, como manda a lei. Além disso, deliberaremos sobre a próxima manifestação que faremos. O evento ocorrerá no próximo sábado, dia 13 de outubro, a partir das dez horas da manhã, no auditório da Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de São Paulo (Sucesu-SP), situado na Rua Tabapuã, nº 627, bairro do Itaim Bibi, em São Paulo (SP), telefone (11) 3556-6666.
O MSM pretende, além de se manifestar diante dos grandes meios de comunicação, propor a universidades, escolas, sindicatos, associações de moradores de bairros que lhe abram espaço para dar palestras, sobretudo a jovens, ensinando as pessoas a consumirem o produto mídia, ou seja, informá-las de que os grandes conglomerados midiáticos não são instituições benemerentes e, sim, empresas com objetivos bem definidos, entre os quais objetivos políticos e econômicos. Isso sem falar que cogitamos apelar ao Ministério Público, denunciando a apropriação ilegal e inconstitucional que grandes meios de comunicação eletrônicos fazem das concessões que lhes foram outorgadas ao usá-las para fazerem valer suas opiniões políticas, ideológicas e econômicas, chegando, inclusive, a censurar a parte da sociedade que deles discorda".
Um abraço do
Eduardo Guimarães
Mais detalhe no blog CIDADANIA.COM (http://edu.guim.blog.uol.com.br/index.html) - link está nas leituras que indico.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 9 de outubro de 2007, às 11:35h
Como vejo Deus
10 de Setembro de 2013, 15:28 - sem comentários aindaComo vejo Deus
Far-se-á necessária nova explicação sobre o que penso acerca de Deus, não obstante essa temática já esteja exposta aqui em “Um pernambucano em ‘terras alheias’”, sobretudo para que meus leitores mais jovens – e que, portanto, ainda não tenham tido contato com estudos mais profundos – não tenham dúvida de como vejo a idéia de deus.
Pus-me a pensar em estudar História depois que eliminei a possibilidade de fazer Filosofia (não era oferecido na UEM) e Psicologia (era integral – eu tinha que trabalhar). A primeira impressão que tive sobre as pessoas que se formavam nessa área recaia na idéia de que historiadores eram ateus. Decidi encarar.
De fato, nos primeiros anos essa idéia esteve presente na minha cabeça, principalmente quando passei a ter acesso a textos que mostravam as contradições históricas das principais religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). Cheguei até a afirmar para poucos colegas (nunca publicamente) que compartilhava de tal idéia. Foi aquela fase de rebeldia em que eu precisa me afirmar em algo pra conseguir amizades. À medida que os anos passavam, pude rever isso. No segundo ano de História, fazendo estudos de Teorias da História, bem como no terceiro ano quando estudei História das Mentalidades, tive notícia que, certa vez, quando Albert Einstein fora perguntado por um repórter se acreditava em Deus, o cientista deu a seguinte resposta: “Diga-me de que deus tu estás falando e eu te direi se creio nele”. Doravante, sempre uso esta frase quando me deparo com alguém que me dirige tal questão.
Foi então que passei a estudar um pouco mais sobre Deus. E aquietei meu espírito quando resolvi a equação.
O Deus em que acredito é intocável, inimaginável e está presente em tudo que meus sentidos conseguem perceber - nesse contexto, aproximo-me do panteísmo.
Ao contrário da linearidade do tempo, minha idéia se resume em que o tempo é circular, uma eternidade, uma infinidade. Não há começo, nem fim.
Se eu pensar em quem me fez, na visão criacionista, por exemplo, vou organizar as idéias assim: eu nasci porque minha mãe e meu pai me fizeram, que foram feitos pelos pais deles... que foram feitos por Adão e Eva, que foram feitos por Deus. Pronto. Não se pergunta quem fez Deus porque se institui o dogma.
Se eu pensar em quem me fez, na visão evolucionista, por exemplo, vou organizar as idéias assim: eu nasci porque minha mãe e meu pai me fizeram, que são produtos de uma longa evolução da vida na Terra, permitida exclusivamente por causa da existência da água. Pergunta-se: quem fez a água? Resposta: tudo que há no Universo, o produto do “Big Bang”, a grande explosão. E o que havia antes do “Big Bang”? O “Caos Desordenado”. Como Ele ficou desordenado? E assim por diante... Não têm fim as perguntas.
É onde eu entro com meu achismo. Essa linha do infinito em que não vemos a ponta do começo e do fim eu chamo de círculo. Não vemos o começo do passado, nem o fim do futuro porque um estaria ligado ao outro. Portanto, as coisas iriam e voltariam ininterruptamente; as pontas da linha do tempo estariam ligadas. Não haveria um princípio, muito menos um finito. Quando eu chego nessa etapa da equação dou-a por encerrada. Porque me bastei com o que encontrei, pois minha mente só pôde ir até esse ponto.
A necessidade de deus é inerente a qualquer pessoa, seja ela crente ou não em algum deus. Assim como o filho se pergunta quem é seu pai e sua mãe, estando eles presentes ou ausentes na sua vida, o ser humano em geral, desde o desenvolvimento da inteligência, sempre se questionou sobre quem o fez assim. Aí nasce a idéia de deus. “Deus” significa “origem”. O termo “ateu” vem do grego, onde “a” = “ausência” e “teu” = “theós” (deus). Portanto, ateu significa “sem deus”. Quando muitos sujeitos se dizem ateus eles estão rejeitando as explicações que se conhece para a idéia de deus, ou os nomes que se dão ao genitor-mor das coisas (Jah, Brahma, Olorun, Jeová, Alá, Guaraci, Osíris, etc), mas no fundo eles mesmos se bastam, dão-se uma resposta convincente, mesmo que essa resposta seja a negação da existência de deus. Muitas vezes isso ocorre porque alguns “ateus” pensam em deus como algo palpável, ou semelhante a algo que seus sentidos são capazes de perceber. Não pensam que deus pode ser exatamente o “Nada”, o “Invisível”, o “Inimaginável”, a “Instigação Original” da pergunta que se faz “de onde eu vim?”, nem pensam que a negação e aceitação da idéia pode ser exatamente o próprio deus se manifestando (deus seria aquilo que há quando se pensa na existência ou não dele, ou seja, a própria discussão acerca do tema).
Que quero dizer com isso? Simples. Deus se faz ou se desfaz nas mentes de quem o deseja ou o repele. Em outras palavras, Deus seria a Força do Pensamento Positivo ou Negativo de cada indivíduo.
Se eu pensar no Deus da teoria criacionista que criou Adão e Eva, que criaram a humanidade, então toda a humanidade descendente deles são filhos de Deus, portanto, partes de Deus (uma vez que toda criatura tem a cara do Criador – daí Deus sendo mostrado em algumas iconografias como semelhante aos homens).
Da mesma forma, se penso no “Caos Desordenado” que havia antes do “Big Bang” da teoria evolucionista, que criou o “Cosmo Ordenado” (o Universo tal qual conhecemos), que deu origem aos Planetas e, entre eles, a Terra, onde a vida foi possível a partir da junção de quatro elementos básico (água, terra, ar, fogo), donde se evoluíram os primatas que deram origem ao homem igual aos dias atuais, então tenho todo direito de imaginar que nós somos, portanto, uma extensão do “Caos Desordenado”, que EU CHAMO DE DEUS. Assim sendo, se eu denomino o “Caos”, ou seus “Descendentes Anteriores”, o “Desconhecido”, como sendo Deus, a “Origem” de tudo, e eu sou filho deles, então eu posso dizer também que sou semelhante ao “Desconhecido”, semelhante a Deus. Portanto, Deus SOU EU, e por isso eu busco o “Desconhecido”, meu Pai ou Mãe. Quando eu morrer, os átomos que constituem minha matéria irão voltar a ser igual quando do instante em que havia as coisas do “Desconhecido” antes do “Caos”, antes do “Big Bang”, portanto, tendo a possibilidade de começar tudo de novo. Tudo seria um Grande Circulo. Não tem começo, nem fim.
A figura de Jano que mandei tatuar no meu corpo é apenas um símbolo que escolhi para representar minha crença. Poderia ser qualquer outra marca que a humanidade escolheu para representar seus mitos, suas vontades de querer conhecer o “Desconhecido”.
O leitor não deve estranhar quando observar pessoas pintadas, com uma pena na cabeça, por exemplo, no alto de uma montanha com os braços pra cima; descalças numa mesquita; dentro de um templo budista; ajoelhadas numa igreja católica; meditando numa reunião espírita; cantando num terreiro de Candomblé; falando “Aleluia” numa igreja adventista; lendo a Torá; rezando num templo grego ou romano; adorando uma vaca; etc, etc. São manifestações às mais variadas adquiridas desde quando o homem perguntou “De onde vim? Pra onde vou?”. O respeito ao culto divino é por mim cultivado, seja quando sou convidado a ir a quaisquer desses lugares ou simplesmente quando medito durante minha caminhada matinal. O que eu não aceito, contudo, é o uso feito por muitos da condição de intermediadores entre Deus e os homens para tirarem proveito próprio, geralmente visando acúmulo de riquezas ou outras pretensões que não o auxílio a um equilíbrio espiritual. Sou combatente feroz do charlatanismo e dos fundamentalismos religiosos porque as pretensões das pessoas que militam nessas fronteiras visam objetivos que não são bons quando se vive em meio a culturas tão diversas como a do nosso planeta.
Far-se-á necessária nova explicação sobre o que penso acerca de Deus, não obstante essa temática já esteja exposta aqui em “Um pernambucano em ‘terras alheias’”, sobretudo para que meus leitores mais jovens – e que, portanto, ainda não tenham tido contato com estudos mais profundos – não tenham dúvida de como vejo a idéia de deus.
Pus-me a pensar em estudar História depois que eliminei a possibilidade de fazer Filosofia (não era oferecido na UEM) e Psicologia (era integral – eu tinha que trabalhar). A primeira impressão que tive sobre as pessoas que se formavam nessa área recaia na idéia de que historiadores eram ateus. Decidi encarar.
De fato, nos primeiros anos essa idéia esteve presente na minha cabeça, principalmente quando passei a ter acesso a textos que mostravam as contradições históricas das principais religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). Cheguei até a afirmar para poucos colegas (nunca publicamente) que compartilhava de tal idéia. Foi aquela fase de rebeldia em que eu precisa me afirmar em algo pra conseguir amizades. À medida que os anos passavam, pude rever isso. No segundo ano de História, fazendo estudos de Teorias da História, bem como no terceiro ano quando estudei História das Mentalidades, tive notícia que, certa vez, quando Albert Einstein fora perguntado por um repórter se acreditava em Deus, o cientista deu a seguinte resposta: “Diga-me de que deus tu estás falando e eu te direi se creio nele”. Doravante, sempre uso esta frase quando me deparo com alguém que me dirige tal questão.
Foi então que passei a estudar um pouco mais sobre Deus. E aquietei meu espírito quando resolvi a equação.
O Deus em que acredito é intocável, inimaginável e está presente em tudo que meus sentidos conseguem perceber - nesse contexto, aproximo-me do panteísmo.
Ao contrário da linearidade do tempo, minha idéia se resume em que o tempo é circular, uma eternidade, uma infinidade. Não há começo, nem fim.
Se eu pensar em quem me fez, na visão criacionista, por exemplo, vou organizar as idéias assim: eu nasci porque minha mãe e meu pai me fizeram, que foram feitos pelos pais deles... que foram feitos por Adão e Eva, que foram feitos por Deus. Pronto. Não se pergunta quem fez Deus porque se institui o dogma.
Se eu pensar em quem me fez, na visão evolucionista, por exemplo, vou organizar as idéias assim: eu nasci porque minha mãe e meu pai me fizeram, que são produtos de uma longa evolução da vida na Terra, permitida exclusivamente por causa da existência da água. Pergunta-se: quem fez a água? Resposta: tudo que há no Universo, o produto do “Big Bang”, a grande explosão. E o que havia antes do “Big Bang”? O “Caos Desordenado”. Como Ele ficou desordenado? E assim por diante... Não têm fim as perguntas.
É onde eu entro com meu achismo. Essa linha do infinito em que não vemos a ponta do começo e do fim eu chamo de círculo. Não vemos o começo do passado, nem o fim do futuro porque um estaria ligado ao outro. Portanto, as coisas iriam e voltariam ininterruptamente; as pontas da linha do tempo estariam ligadas. Não haveria um princípio, muito menos um finito. Quando eu chego nessa etapa da equação dou-a por encerrada. Porque me bastei com o que encontrei, pois minha mente só pôde ir até esse ponto.
A necessidade de deus é inerente a qualquer pessoa, seja ela crente ou não em algum deus. Assim como o filho se pergunta quem é seu pai e sua mãe, estando eles presentes ou ausentes na sua vida, o ser humano em geral, desde o desenvolvimento da inteligência, sempre se questionou sobre quem o fez assim. Aí nasce a idéia de deus. “Deus” significa “origem”. O termo “ateu” vem do grego, onde “a” = “ausência” e “teu” = “theós” (deus). Portanto, ateu significa “sem deus”. Quando muitos sujeitos se dizem ateus eles estão rejeitando as explicações que se conhece para a idéia de deus, ou os nomes que se dão ao genitor-mor das coisas (Jah, Brahma, Olorun, Jeová, Alá, Guaraci, Osíris, etc), mas no fundo eles mesmos se bastam, dão-se uma resposta convincente, mesmo que essa resposta seja a negação da existência de deus. Muitas vezes isso ocorre porque alguns “ateus” pensam em deus como algo palpável, ou semelhante a algo que seus sentidos são capazes de perceber. Não pensam que deus pode ser exatamente o “Nada”, o “Invisível”, o “Inimaginável”, a “Instigação Original” da pergunta que se faz “de onde eu vim?”, nem pensam que a negação e aceitação da idéia pode ser exatamente o próprio deus se manifestando (deus seria aquilo que há quando se pensa na existência ou não dele, ou seja, a própria discussão acerca do tema).
Que quero dizer com isso? Simples. Deus se faz ou se desfaz nas mentes de quem o deseja ou o repele. Em outras palavras, Deus seria a Força do Pensamento Positivo ou Negativo de cada indivíduo.
Se eu pensar no Deus da teoria criacionista que criou Adão e Eva, que criaram a humanidade, então toda a humanidade descendente deles são filhos de Deus, portanto, partes de Deus (uma vez que toda criatura tem a cara do Criador – daí Deus sendo mostrado em algumas iconografias como semelhante aos homens).
Da mesma forma, se penso no “Caos Desordenado” que havia antes do “Big Bang” da teoria evolucionista, que criou o “Cosmo Ordenado” (o Universo tal qual conhecemos), que deu origem aos Planetas e, entre eles, a Terra, onde a vida foi possível a partir da junção de quatro elementos básico (água, terra, ar, fogo), donde se evoluíram os primatas que deram origem ao homem igual aos dias atuais, então tenho todo direito de imaginar que nós somos, portanto, uma extensão do “Caos Desordenado”, que EU CHAMO DE DEUS. Assim sendo, se eu denomino o “Caos”, ou seus “Descendentes Anteriores”, o “Desconhecido”, como sendo Deus, a “Origem” de tudo, e eu sou filho deles, então eu posso dizer também que sou semelhante ao “Desconhecido”, semelhante a Deus. Portanto, Deus SOU EU, e por isso eu busco o “Desconhecido”, meu Pai ou Mãe. Quando eu morrer, os átomos que constituem minha matéria irão voltar a ser igual quando do instante em que havia as coisas do “Desconhecido” antes do “Caos”, antes do “Big Bang”, portanto, tendo a possibilidade de começar tudo de novo. Tudo seria um Grande Circulo. Não tem começo, nem fim.
A figura de Jano que mandei tatuar no meu corpo é apenas um símbolo que escolhi para representar minha crença. Poderia ser qualquer outra marca que a humanidade escolheu para representar seus mitos, suas vontades de querer conhecer o “Desconhecido”.
O leitor não deve estranhar quando observar pessoas pintadas, com uma pena na cabeça, por exemplo, no alto de uma montanha com os braços pra cima; descalças numa mesquita; dentro de um templo budista; ajoelhadas numa igreja católica; meditando numa reunião espírita; cantando num terreiro de Candomblé; falando “Aleluia” numa igreja adventista; lendo a Torá; rezando num templo grego ou romano; adorando uma vaca; etc, etc. São manifestações às mais variadas adquiridas desde quando o homem perguntou “De onde vim? Pra onde vou?”. O respeito ao culto divino é por mim cultivado, seja quando sou convidado a ir a quaisquer desses lugares ou simplesmente quando medito durante minha caminhada matinal. O que eu não aceito, contudo, é o uso feito por muitos da condição de intermediadores entre Deus e os homens para tirarem proveito próprio, geralmente visando acúmulo de riquezas ou outras pretensões que não o auxílio a um equilíbrio espiritual. Sou combatente feroz do charlatanismo e dos fundamentalismos religiosos porque as pretensões das pessoas que militam nessas fronteiras visam objetivos que não são bons quando se vive em meio a culturas tão diversas como a do nosso planeta.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 5 de outubro de 2007, às 07:41h