O ano de 2014 foi escolhido pela ONU como o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF), com objetivo de reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.
Uma oportunidade para pensar nas dificuldades, potencialidades e nas diferenças entre Agricultores Familiares, Empresários Rurais, Alimentos e commodities.
Plantar commodities requer: Máquinas, muita terra, força de trabalho assalariada, capital financeiro, conhecimento de mercados, empreendedorismo e ideologia capitalista. Tirar o máximo proveito de tudo e de todos. Explorar, para lucrar mais e fazer isso sem ficar vermelho!
Os melhores e bem avaliados Empresários Rurais, também são donos de empresas de armazenagem, revendas de máquinas, comércio de insumos, comercialização e logística e ainda, os mais poderosos, são os que financiam a produção, sua e de terceiros. Estes estão endinheirados, moram em casas boas na cidade e aproveitam do melhor que a sociedade de consumo produz.
Agora, para plantar Alimentos precisa de uma boa terra, conhecimento e força de trabalho, mas acima de tudo, precisa ser vocacionado para o rural. Ter na família sua parceria e na terra sua distração. E estes são a maioria dos Agricultores Familiares que plantam no silêncio, gostam da mesa farta e que até produzem um pouco para alguma indústria, por sobrevivência econômica, mas preferem os mercados locais. E estes são os maiores fornecedores de alimentos no mundo, suando entre a pobreza e a classe média.
Agora, ser Agricultor Familiar e plantar orgânico, ai sim, precisa de mais coisa. Precisa de consciência e acima de tudo precisa de compreensão do papel da agricultura na natureza. Um Agricultor Familiar, morador no rural, que tem sua casa cercada por árvores, que se admira com o canto dos passarinhos e que produz alimento sem usar produtos químicos, este é um agricultor diferenciado. Estão de bem com a vida e gostam de viver na terra.
Mas tem mais, têm aqueles agricultores familiares que produzem orgânicos e vendem direto sua produção aos consumidores em feiras ou em suas casas. Estes são os sábios, estes podem salvar o planeta. E estes são os que mais precisam de apoio, ainda são poucos, mas podem crescer se você consumidor fizer sua parte. São pessoas felizes e bem resolvidas que vivem de forma diferente.
Finalizando, todos são importantes para a alimentação e são fundamentais para a economia, mas suas diferenças, o modo de vida e o uso que fazem da terra são determinantes para o futuro dos alimentos e sustentabilidade do planeta. A estes que fazem a diferença, o ano Internacional da Agricultura Familiar poderá ser uma boa oportunidade de divulgação e fortalecimento.
Paulo Mendes Filho
Economista e Empregado da Emater-Rs
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