Gostar de viver com os demais seres humanos e em harmonia com a natureza. Esta é a interpretação mais completa que se pode fazer do que seja bem-viver. E é este o sentido da mensagem fundamental da 37ª Romaria da Terra, que acontece no próximo dia 4 de março, em Tapes, litoral sul do Estado.
Sim, a Romaria da Terra é um ato cidadão (político, portanto) que busca a valorização dos homens e mulheres que vivem da terra. Mas não esqueçamos: trata-se de uma romaria, um evento de cunho reflexivo, que nos convida a agradecer, pedir novas graças e renovar a fé e a confiança. Estamos falando de uma peregrinação que, mesmo simbólica, leva-nos (ou seria melhor dizer, devolve-nos) à terra, lugar de onde viemos, nossa casa. Que a 37ª Romaria nos convida a preservar.
Este ano, o tema nos incita à reflexão sobre “Reforma Agrária, Cooperação e Agroecologia”. Ou seja, a ideia é que os romeiros pensem, tomem ações e sigam lutando pelo direito de todo homem e toda mulher à sua porção de terra – que só será plenamente exercido quando efetivarmos a Reforma Agrária. Nos pede, ainda, que nossa peregrinação reforce o espírito de cooperação - aqui entendido como “o trabalho de todos para o bem de todos”. E, por fim, nos sugere que estejamos dispostos a aprender, difundir, praticar e valorizar as culturas da terra em absoluta harmonia com a natureza – a agroecologia. Assim, sabiamente, a Romaria nos conduz ao seu lema “Cultivar Vida Saudável”.
Ora, o mundo atual vive, já há algum tempo, três gravíssimas crises: a climática, a energética e a de alimentos. Pois estão aí, no tema e no lema da Romaria da Terra, os caminhos, as alternativas e as saídas para estes dramas mundiais que têm ceifado vidas mundo afora. Se nossos dias oscilam entre secas, tempestades e nevascas que destroem culturas, casas e toda a vida dos locais atingidos, é porque nossa prática em relação aos plantios, às construções e aos hábitos, têm desequilibrado de tal forma os ciclos climáticos que as consequências se tornam tão inevitáveis quanto, por mais irônico que pareça, naturais. Vale o mesmo para a crise energética, já que o homem extrai sem renovar; e para a crise de alimentos, que nada mais é do que o esgotamento das potencialidades antes tão ricas da terra.
Pensemos sobre tudo isso e nos coloquemos na caminhada para “cultivar vida saudável. O convite está feito.
- Deputado Federal (RS) e Secretário Nacional Agrário do PT/Brasil
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