A dica de hoje é um sensível e delicioso filme de 1999, dirigido pelo argentino Juan José Campanella, que é diretor de TV nos EUA ("Dragnet", "Law & Order").
Lançado no Brasil apenas em vídeo e somente no ano de 2003 (portanto depois de O Filho da Noiva, também dirigido por Campanella - 2001), O Mesmo Amor, a Mesma Chuva é, na verdade, o primeiro filme da especialíssima parceria entre Campanella e Darín, composta pelos filmes O Mesmo Amor, a Mesma Chuva (1999), O Filho da Noiva (2001), Clube da Lua (2004) e O Segredo dos seus Olhos (2010) - que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2001.
É muito bom poder ver Ricardo Darín, ainda bem novinho, interpretando o escritor Jorge Pellegrini e sua história de amor e desamor, encanto e desencanto, medos e coragens, vivida ao longo de quase 20 anos com Laura Ramallo, a aspirante a artista plástica interpretada pela incrível atriz e cantora Soledad Villamil.
O pano de fundo da trajetória do casal, alternando momentos de individualidade e romance, é a história da Argentina entre 1980 e 1999, começando exatamente quando a Argentina está sob o governo do general e ditador Jorge Videla.
Enquanto acompanhamos o romance entre Jorge e Laura, a Argentina enfrenta o Reino Unido na guerra das Malvinas, passa pela redemocratização, elege Raul Alfonsín, frustra-se com ele e elege Carlos Menem.
Como a refletir dentro deles o cenário político no qual estão inseridos, e essa é a grande mágica do filme, o casal se apaixona e desapaixona, encanta e desencanta, duvida e acredita, une-se e se separa, nos dando certeza de que viver e amar, mais do que um ato de coragem individual, são ações intrinsecamente ligadas com o mundo coletivo no qual estamos inseridos.
Confira o filme completo, com áudio original: