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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

Governo interino, plano de longo prazo

June 16, 2016 14:28, by Terra Sem Males

Por Paulo Bearzoti Filho
Da coordenação do MTST do Paraná
Terra Sem Males

Recessivo, privatista, insensível aos parcos direitos sociais duramente conquistados nos últimos 25 anos, o pacote de medidas econômicas e fiscais anunciado em 24 de maio pelo sorridente ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chama a atenção, entre outras razões, pela presunção de longo prazo.

“Tem que ficar claro que não pode ser mera declaração de intenção, de vontade, ou medida de curto prazo”, sentenciou, ainda um dia antes do anúncio das medidas, o ministro da Fazenda em sua participação (ao lado do juiz federal Sérgio Moro) no evento “O Brasil que temos para o Brasil que queremos”, organizado pela revista Veja. Meirelles frisou que desejava “sinalizar que a ações a serem tomadas pelo governo não são um fim em si mesmas”, mas “um meio, a rigor o único” de combater o desemprego, devolver confiança aos empresários e “garantir que em cinco, dez ou quinze anos os nossos aposentados receberão seus benefícios”.

Além da desenvoltura típica daqueles que se veem como senhores ancestrais de um Estado para cuja administração não precisam ser eleitos, a fala do ministro exala uma intrigante confiança. Afinal, o que lhe confere tanta segurança de que suas medidas irão vigorar por mais de uma década?

De 1964 para 1968

Os fatos políticos relacionados ao impeachment de Dilma Rousseff por vezes nos induzem a comparações com o processo que instaurou a ditadura de 1964.

A gravidade histórica daquele evento não foi imediatamente percebida por todos. Era corrente, por exemplo, a impressão de que se tratava de uma intervenção passageira. Apesar das dezenas de cassações, das prisões arbitrárias, dos primeiros exilados, do fechamento de sindicatos, da perseguição de lideranças populares e mesmo da tortura, o fato é que, durante certo período, o ambiente político refletiu essa ilusão. Castelo Branco ainda declarava, em seu discurso de posse, que passaria a faixa presidencial em 31 de janeiro de 1966, os partidos não foram imediatamente dissolvidos, houve eleições para governador em 1965, e não faltava mesmo quem se apresentasse como candidato à sucessão de Castelo.

Não se depõe, entretanto, um presidente da República para permanecer apenas um ano e pouco no poder. Os golpistas de 1964 dispunham de programa político determinado, bem como de disposição e apoio necessário para implantá-lo. Permaneceram no poder e, com o tempo, eliminaram os inimigos políticos externos e internos que pudessem obstaculizar esse programa. Entre esses, contavam-se não apenas ativistas populares, governantes populistas ou militantes socialistas, mas também políticos centristas e moderados, e mesmo aqueles que, com maior ou menor ingenuidade, sustentaram o golpe, julgando tratar-se de um procedimento “cirúrgico” e efêmero, como era o caso de grandes parcelas da classe média, além de antigos presidentes ou governadores, como Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Adhemar de Barros e Juscelino Kubitschek.

Fisiológicos e ideológicos: disputa interna no governo interino

Os golpistas de 2016 têm também um programa político? Ou são simples usurpadores que, dando-se conta de suas evidentes limitações eleitorais, aproveitaram-se da fragilidade de um governo impopular para, sem maiores pretensões que o exercício do mando e o usufruto de suas mordomias, obter o poder que, de outra forma, não lhe seria franqueado?

Sem dúvida, todos concordam que se deveria depor Dilma Rousseff. O sentido, porém, do que aconteceu e os rumos futuros possivelmente constituem aspectos de menor clareza e muito menor consenso.

Apesar das convergências, o período de interinidade do presidente Temer dá mostras de que este é um “governo em disputa”, dentro do qual se opõem setores puramente “fisiológicos” a outros mais propriamente “ideológicos”. Para os primeiros, o impeachment foi apenas a forma de atingir os almejados cargos do Executivo federal. Os segundos, contudo, têm motivações mais complexas.

Podemos identificar os fisiológicos, por exemplo, entre aqueles que também se beneficiaram dos governos petistas. Entre muitos outros, figuram nessa lista: os ministros Gilberto Kassab, Luís Eduardo Alves e Leonardo Piccianni; o presidente da Caixa Econômica Federal, ex-ministro (em duas pastas distintas), Gilberto Occhi; o ex-ministro e senador Romero Jucá, sucessivamente líder dos governos FHC, Lula e Dilma.

No âmbito parlamentar, estão organizados principalmente no novo “centrão”, bloco com 218 deputados federais, correspondentes a 42% das cadeiras da Câmara. Segundo matéria da Folha de S. Paulo de 12 de junho, o grupo, “formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB, SD, PTN e outras seis siglas menores”, constitui “a força política mais importante da Casa e trabalha para comandá-la nos próximos anos”. Consolidado nos últimos dois anos, o centrão ainda reflete a expressiva influência do presidente afastado, Eduardo Cunha. Neste início de governo interino, demonstrou poder de articulação, por exemplo, na aprovação do megapacote de reajuste do funcionalismo público e, sobretudo, ao impor André Moura (PSC-SE) como líder do governo na Câmara, a despeito da resistência do Planalto, que desejava um nome menos ligado a Cunha.

Ao lado desses setores, entretanto, há outros movidos por interesses mais programáticos. Pode-se incluir nesse grupo: o ministro das Relações Exteriores e Comércio Exterior, José Serra; o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes; o ministro chefe da ressuscitada Secretaria de Segurança Institucional, general Sérgio Echegoyen; o líder do governo no Senado, senador pelo PSDB de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira; o presidente da Petrobras, Pedro Parente; o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Não são muitos, é verdade; não deixam, porém, de ser influentes e poderosos.

A eles podemos agregar representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público. É o caso, principalmente, do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e do grupo da República de Curitiba, ou seja, o juiz federal Sérgio Moro e os procuradores da Força-Tarefa encarregada da Operação Lava Jato. Não compõem, obviamente, o governo interino, mas, até certo ponto, parecem atuar em sintonia com o programa ideológico. Os inexplicados “vazamentos” de processos sob sigilo de justiça, por exemplo, inserem-se sempre no jogo político. A condução coercitiva do ex-presidente Lula, em 4 de março, animou a manifestação em favor do impeachment programada para 15 de março, que até então parecia esvaziada. A revelação, pelo juiz Moro, dos telefonemas grampeados de Lula, Dilma e outras autoridades do governo anterior coincidiu com a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, obstaculizando-a. Ainda agora, também tiveram impacto político as gravações de Sérgio Machado e o vazamento dos pedidos de prisão, pela PGR, de Jucá, Cunha, Renan e Sarney

Entre os fisiológicos e os ideológicos, há casos intermediários: o próprio Michel Temer, duas vezes eleito vice-presidente na chapa encabeçadas por Dilma; o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos dois mandatos do presidente Lula; o ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, atual secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Não deixam de apresentar marcas fisiológicas, mas não podem ser simplesmente reduzidos a elas. Com rigor, estão entre aqueles que concentram em si o próprio caráter de ambíguo do governo interino.

Bastante evidente nas organizações de esquerda, a disputa interna é igualmente relevante para os liberais e os conversadores. Também para estes, contradições internas, e não apenas as influências exteriores, podem efetivamente determinar aspectos essenciais de suas escolhas políticas.

Programa liberal-elitista

Em linhas gerais, sem prejuízo para outros aspectos aqui não contemplados, a plataforma dos setores ideológicos do governo Temer prevê:

• ajuste fiscal estrutural, com diminuição dos gastos sociais;

• privatização integral ou parcial de dezenas de empresas estatais, acompanhada da abertura da exploração do pré-sal para transnacionais estrangeiras;

• reforma da Previdência Social e reforma trabalhista, que diminua direitos e enfraqueça os sindicatos;

• monitoramento, repressão e criminalização crescente dos movimentos sociais;

• alinhamento maior com a política externa dos Estados Unidos, com consequente distanciamento em relação a governos latino-americanos progressistas (Venezuela, Equador, Bolívia, Cuba) e aos países dos Brics.

Trata-se, em suma, de um programa liberal-elitista, cujo modelo ideal são os Estados Unidos, mas cujo modelo realmente possível é a República Velha.

Golpe dentro do golpe?

Impopular e entreguista, esse programa encontraria evidentes obstáculos para sua concretização em governos democraticamente eleitos.

Por sua própria natureza, os fisiológicos nem o apoiam nem o condenam. Agrada-lhes, naturalmente, o caráter conservador e “elitista” do modelo, mas não se enquadram bem com a rigidez que ele impõe. Movem-se, além disso, pela busca incessante de poder, e o programa liberal-elitista não é o que mais seduz o eleitorado.

Comenta-se, inclusive, que os oportunistas se aliaram aos ideológicos na convicção de que, removido o governo petista, poderiam aplacar a ira punitiva dos fundamentalistas de Curitiba. “Gostamos de você, Lula” – imagina-se o diálogo – “mas hoje, infelizmente, você não pode nos entregar aquilo de que realmente necessitamos: enquanto o PT estiver no poder, a Lava Jato não acaba e é por isso que, um pouco a contragosto (não é a verdade que a traição seja excitante), votaremos pelo afastamento da Dilma (que, com aquela mania de planilhas e aquelas broncas todas contra a incompetência, nunca foi uma das nossas, afinal de contas)”.

Essa postura não deixa de produzir constrangimentos.

Já naquele notável domingo, 17 de abril, a opinião pública levou um choque de realidade com os tragicômicos discursos com que a maioria dos deputados federais ornamentou seus votos favoráveis ao impeachment.

Um mês depois, em seus primeiros dias, o governo interino se viu às voltas com demissões frequentes de ministros, recorrentes desmentidos e mudanças de opinião. Assistiu à reação francamente refratária de artistas, cientistas e intelectuais. Teve de explicar a completa ausência de mulheres em seu primeiro escalão, a audiência concedida pelo ministro da Educação a um notório ator de filmes de sexo explícito, os generosos aumentos salariais com que o Congresso temperou o discurso de austeridade fiscal.

O próprio juiz Sérgio Moro, em seu já citado artigo sobre a Operação Mãos Limpas, comenta, desapontado, que todo o esforço do Judiciário italiano resultou inútil quando, após milhares de prisões e processos, os setores fisiológicos, por meio de um grande “acordão” político, retomaram o controle da situação e fizeram voltar a antiga situação de predomínio da corrupção sistemática. Os procuradores da Força Tarefa de Curitiba também voltam frequentemente a esse tema.

Eis, em suma, o dilema dos ideológicos: para chegar ao poder, precisaram compor com amplos setores fisiológicos; rompendo com eles, condenam-se ao isolamento no Congresso e arriscam-se mesmo à volta de Dilma; mantendo a aliança, porém, perdem credibilidade junto à opinião pública mais esclarecida, bem como aos olhos de seus apoiadores e investidores corporativos, no Brasil e no exterior, comprometendo a própria execução do programa liberal-elitista.

Qual a opção? Desistir do programa? Aderir aos oportunistas? Pode ser. A derrota dos ideológicos, afinal, não é um desfecho impossível. O mais provável, porém, é que as dificuldades tencionem o processo do golpe, de tal maneira que ele tenda a uma nova etapa.

Como em 1965 e 1969, a alternativa dos ideológicos, poderá ser a fuga para frente, ou seja, o aprofundamento da estratégia golpista, voltada, agora, contra o inimigo interno. Vencidos os subversivos, chegou a vez dos canalhas. Primeiro com Goulart e Luís Carlos Prestes; depois com Jânio Quadros e Adhemar de Barros. O golpe dentro do golpe.

Quem está vencendo a disputa interna no governo interino

O governo interino, não resta dúvida, tem sido pródigo em concessões aos fisiológicos. O notável déficit de R$ 170 bilhões em 2016, por exemplo, viabilizou a aprovação, na madrugada de 2 de junho, de aumentos salariais para funcionários dos três poderes, em geral os de renda mais alta, com destaque para a elevação do teto de remuneração no serviço público, que beira agora os R$ 40 mil, com provável repercussão para os proventos de deputados e senadores.

Apesar dessa fachada, todavia, os oportunistas têm colhido algumas derrotas amargas. A primeira é a instabilidade da equipe ministerial. Em três semanas, escutas realizadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado levaram o governo a demitir Fábio Silveira, do emblemático Ministério da Transparência, e, sobretudo, a promover a desmoralizante queda do ministro Romero Jucá, personagem de vários escândalos e investigado pela Lava Jato. Ainda agora encontram-se ameaçados o advogado-geral da União, Fábio Osório, a secretária nacional de Mulheres, Fátima Pelaes, e o já mencionado ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves.

Mais recentemente, tem-se dado a perseguição jurídica e policial das principais lideranças do PMDB, tirante o presidente interino. O clímax desse processo iniciou-se em 8 de junho, quando um estranho “vazamento” tornou pública a intenção do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em pedir, com base nas gravações de Sérgio Machado e talvez em outras provas, a prisão não apenas de Eduardo Cunha e Romero Jucá, mas também do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do ex-presidente da República, José Sarney.

Não foram, naturalmente, os atuais oposicionistas que enredaram Romero Jucá, incentivaram Sérgio Machado a ligar o gravador, insuflaram o STF a suspender o mandato de Eduardo Cunha, muito menos convenceram Janot a pedir a prisão dos “quatro do PMDB” ou vazaram essa informação à imprensa.

Em todos esses casos, tratou-se sempre de fogo amigo.

Oportunistas empresariais

Observe-se, de passagem, que o combate aos oportunistas, embora recaia essencialmente sobre o mundo político, iniciou-se, na realidade, na área empresarial, com a perseguição jurídica e financeira aos grupos que compuseram com o petismo e financiaram suas campanhas eleitorais, destacadamente as corporações transnacionais que atuaram em sintonia com o subimperialismo esboçado nos mandatos do presidente Lula.

Enquadram-se nesse caso empresas como OAS, Queirós Galvão, UTC, Camargo Correia, Andrade Gutierres e – símbolo maior do lulo-empresariado bem-sucedido – o Grupo Odebrecht, com suas muitas ramificações nacionais e internacionais, não apenas na construção de obras públicas, mas também em setores estratégicos, como a petroquímica e os combustíveis.

Todos acabaram nas garras da Operação Lava Jato, do juiz Sérgio Moro e da Força Tarefa de procuradores da República de Curitiba. Motivada também pelos ciúmes do empresariado paulista (a Odebrecht é baiana), o fato é que a criminalização das construtoras transnacionais brasileiras constitui um caso ímpar de disposição de cortar na própria carne, de extirpar as maçãs podres da burguesia.

A volta dos subversivos

O eventual fechamento do processo democrático atual teria, entretanto, de apresentar outro objetivo, além da neutralização dos setores fisiológicos que compõem o próprio governo interino. Para ser efetivo, o pretexto para sua consumação poderia combinar duas táticas.

De um lado, alerta-se para a necessidade de concluir o combate à corrupção sistêmica, ante o risco de um “acordão” político espúrio liderado pelos oportunistas. Na outra ponta, denuncia-se a crescente subversão interna promovida por agrupamentos políticos radicais, que, inconformados com a perda da influência de que gozavam no governo deposto, demagogicamente negam a legitimidade do impeachment, ameaçando, desse modo, a estabilidade das instituições democráticas e mesmo a atuação autônoma do Poder Judiciário.

Aqui, novamente, o paralelo se dá com a ditadura de 1964.

No final dos anos 1960, ante a persistência da crise econômica, enquanto ainda não se consolidava o milagre brasileiro, o governo Costa e Silva se viu pressionado em duas frentes. Na oposição moderada, esboçava-se a chamada Frente Ampla, fruto do inusitado compromisso político entre João Goulart, Juscelino e Carlos Lacerda, que unificava democratas, socialistas moderados, populistas e golpistas arrependidos: representava, na visão dos generais, o complô dos fisiológicos. Mais à esquerda, crescia a atuação clandestina e revolucionária de pequenas organizações desmembradas do PCB e da Polop, bem como algumas mobilizações de massa de jovens e de operários, ao sabor do Maio de 68 francês: eram os inimigos internos.

Somados, os dois campos serviram de mote para que a ditadura, no dizer do ex-ministro Jarbas Passarinho, mandasse “às favas todos os escrúpulos de consciência” e, em 13 de dezembro de 1968, promulgasse o Ato Institucional número 5, completando, assim, a instauração do sistema autoritário que lhe permitiria a plena realização do programa em nome do qual os ideológicos de então empreenderam o golpe de 1964.

Embora bastante distinto, o cenário atual também apresenta a possibilidade desse duplo desgaste.

No campo político, esboça-se, ainda de forma embrionária, a possibilidade de negação, pelo Senado, da consumação do impeachment, abrindo a perspectiva de volta da presidente Dilma, com o compromisso de, tão rapidamente quanto possível, convocar novas eleições presidenciais antes de 2018. Alertados pela continuidade da crise e do desemprego, atentos à impopularidade do pacote fiscal de Meirelles e, sobretudo, alarmados pelo prosseguimento da Lava Jato, muitos dos fisiológicos poderiam aderir a essa proposta, fortalecendo a possibilidade concreta de término da janela de oportunidade representada pelo governo Temer. Mesmo que não o façam, podem cobrar cada vez mais caro pelo seu apoio, exigindo um rol crescente de concessões e relutando em votar a favor de medidas impopulares como a reforma trabalhista e a previdenciária, o que acabaria por comprometer os fundamentos do programa liberal-elitista.

Além disso, dado o fraco desempenho dos candidatos tucanos nas sondagens mais recentes, não está claro como os fisiológicos pretendem se comportar nas eleições presidenciais de 2018. Com todo o desgaste provocado pelo impeachment de Dilma, Lula ainda lidera para o primeiro turno, e o senador Aécio Neves chegou mesmo a experimentar queda de 10 pontos percentuais em poucos meses. Contra Lula, a opção hoje mais viável seria a pouco confiável ex-senadora Marina Silva. E existe ainda a possibilidade de crescimento de Ciro Gomes, à esquerda, e de Jair Bolsonaro, à direta. Não se trata, em todos os cenários, de uma perspectiva exatamente animadora.

No campo popular, a crescente insatisfação, ainda um tanto difusa, contra as trapalhadas e contradições do governo Temer e sua incapacidade de debelar rapidamente a crise econômica, poderia favorecer certo avanço das manifestações de massa e a consequente radicalização da intervenção política de movimentos sociais como o MST, o MTST, a CUT, a UNE e, em menor grau, de grupos políticos à esquerda da direção petista, como o PSOL e, de certo modo, o PCdoB e algumas tendências internas do próprio PT.

Como nos anos 1960, essa convergência de dificuldades político-eleitorais com o acirramento das manifestações populares poderá aguçar os setores ideológicos, para que, em nome da consolidação de seu programa, mantenham o poder político, mesmo que às custas de alguns eventuais escrúpulos de consciência.

Efeitos de longo prazo

Se os ideológicos lograrem cassar o registro partidário do PT, inviabilizarem a candidatura de Marina Silva, desmobilizarem, por bem ou por mal, as organizações populares, enquadrarem os oportunistas e lançarem efetivamente as bases para o programa que, segundo eles próprios admitem, demanda no mínimo dez ou quinze anos para sua implementação – então, evidentemente, teremos assistido, a partir de 2016, ao início de um processo análogo ao que, deflagrado em abril de 1964, realizou-se plenamente apenas em dezembro de 1968.

Mas, mesmo se o golpe não puder prosseguir, se Dilma voltar ou houver eleições antecipadas, e Temer e os membros do governo interino tiverem de se recolher ao ostracismo político, mesmo assim isto que estamos vivendo em 2016 passará para a história não como uma derrota completa, mas com as características que hoje atribuímos, por exemplo, à tentativa de impedir a posse de Juscelino e interromper o processo democrático, em novembro de 1955. Um gesto fracassado, é verdade, mas preparatório para uma ação futura.

Num caso ou no outro, não será algo passageiro. Marcará o Brasil pelas próximas décadas. Qual a marca, dependerá, naturalmente, da organização e da determinação deles, mas, sobretudo, da nossa organização, nossa disciplina, nossa firmeza e coerência programática, nossa disposição de tecer conexões externas e preservar a unidade interna.

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Organizada do Palmeiras cede empate ao Coxa

June 16, 2016 11:42, by Terra Sem Males

Manolo Ramires
Terra Sem Males, Coluna Avanti Palestrinos

O Coritiba já tinha largado os bets. Passava dos quarenta minutos do segundo tempo e a torcida deixava as arquibancadas decepcionada com o time que não retornara ao campo no segundo tempo. A equipe do Alto da Glória fora encurralada pelo Palmeiras que vencia o jogo após um gol de lateral na falha da defesa. Bandeiras recolhidas, desânimo e vozes roucas nos cânticos, era quase certo os três pontos perdidos.

Eis que o Imponderável de Almeida desceu sobre a torcida organizada do Palmeiras. A mesma facção que arranjara confusão em Brasília, levando o Palestra a ser multado em 80 mil reais e ter que jogar com portões fechados. Ela, a (des)organizada, que quase nunca paga por suas faltas, achou- se no direito de acender sinalizadores verdes e cantar mais forte. Seria linda a festa se desconhecessem que o recurso pirotécnico é vetado pela CBF, aquela dos casos de corrupção. A iniciativa, mais do que abrilhantar o espetáculo, é um protesto contra o “futebol moderno” promovido pelas novas arenas, que retira a espontaneidade das arquibancadas.

A reivindicação é justa. Mas como todo protesto, deve ser inteligente. Tivesse sido feito no começo do jogo enquanto a partida não tinha embalado. Ou no intervalo, enquanto a torcida caseira estava sentada. Ou ainda após o apito final e como forma de celebrar a vitória. Mas não, a organizada queimou seus sinalizadores bem no fim do jogo, ciente que o árbitro interromperia a peleja. O que de fato aconteceu.
Os cinco minutos de interrupção serviram para o Coritiba se reorganizar e inflamar a esperança de empate.

Os fogos chisparam naturalmente enquanto outra parte da torcida palmeirense gritava: “apaga, apaga”. Pois bem, a faísca findou, o árbitro deu seis minutos de acréscimo e o coxa dos chutões e bolas paradas arrancou o empate em um golaço de fora da área. De novo à arquibancada, a torcida desorganizada aplaudia ironicamente a forcinha dada pelo ego daqueles que acham poder tudo nas arquibancadas. As luzes do estádio se apagaram e o Palmeiras retornou para casa deixando em Curitiba dois pontos por causa da falta de clareza de sua torcida.

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Inauguração da Casa da Mulher Brasileira tem ato de apoio a Dilma Rousseff

June 15, 2016 14:41, by Terra Sem Males

Local reúne diversos serviços públicos para prestar atendimento a mulheres em risco.

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

O prefeito Gustavo Fruet e outras autoridades participaram da inauguração da Casa da Mulher Brasileira em Curitiba. O evento não contou com a participação de nenhum representante do governo interino de Michel Temer. Idealizado e financiado no governo Dilma Rousseff, a inauguração teve ato de mulheres que pediram seu retorno.

A Casa da Mulher Brasileira abriga diversos públicos. A estrutura de 4 mil metros quadrados tem Delegacia da Mulher, Ministério Público, Defensoria Pública, Patrulha Maria da Penha e o serviço de atendimento psicossocial da Prefeitura de Curitiba, formado por assistentes sociais e psicólogos. Também funciona no espaço uma brinquedoteca, alojamento de passagem e uma central de transportes que facilitará o encaminhamento das mulheres em situação de violência na busca por serviços externos.

A vereadora professora Josete destacou um grande passo para as mulheres curitibanas com o funcionamento da casa. “É uma estrutura muito importante, porque unifica os espaços de atendimento de mulheres em situação de violência. Atualmente, esses espaços estão dispersos em diversas regiões de Curitiba. Isso faz com que a mulher acabe desistindo no meio do caminho. Muitas vezes, isso faz com que ela retorne ao ciclo da violência”, relata.

Josete ainda destacou que a sociedade e o poder público não têm agido de forma adequada no combate à violência e na garantia de direitos. “Nós tivemos políticas que avançaram nos governos Lula e Dilma como a criação da Secretaria Especial da Mulher. Mas essa política não cresceu nos estados e municípios. Ainda temos cultura machista e patriarcal. A violência contra a mulher é vista como questão pessoal que a sociedade não deve se envolver”, lamenta.

Foto: Manoel Ramires

Foto: Manoel Ramires

Protesto

Houve protesto durante a inauguração da Casa da Mulher Brasileira. Idealizada e executada no governo da presidente Dilma Rousseff, ela não pode participar do evento por ter sido afastada no processo de impeachment. Isso motivou um grupo de mulheres a levar cartazes e pedir a saída do presidente interino Michel Temer.

Para a militante Anaterra Viana, o governo de Temer retrocedeu nas politicas públicas para as mulheres. “Nós estamos em um espaço adequado para acolher uma mulher vítima de violência. Esse local faz parte do programa nacional ‘Mulher, Viver Sem Violência’. Com o golpe, ela (Dilma Rousseff) nem pode vir inaugurar um projeto que é dela. Por isso, os movimentos feministas representaram a presidente”, destaca.

Anaterra também criticou a redução de importância das mulheres no governo interino de Michel Temer, como a nomeação de Fátima Pelaes para a Secretaria de Mulheres, subordinada ao Ministério da Justiça. “Ela é uma mulher fundamentalista. Ela é contra o aborto até em casos de estupro. Os movimentos feministas estão tristes pela ida ao Ministério da Justiça, pois as questões das mulheres serão tratadas apenas no campo jurídico”, protesta.

A contragosto

O protesto também teve a participação do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba – Sismuc. A entidade representa psicólogos e assistentes sociais que foram deslocados para prestar atendimento na Casa da Mulher Brasileira de forma abrupta e sem diálogo. “A remoção ocorreu a contragosto. As servidoras não são contra a Casa, no entanto, ao invés de contratar novas servidoras por meio de concurso público, a gestão apenas deslocou trabalhadoras de um lado para o outro”, explica Antônia Ferreira, coordenadora do Sismuc.

A Casa da Mulher Brasileira fica na Avenida Paraná, 870, no bairro Cabral, em Curitiba.

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Recurso suspende reintegração de posse na Ocupação Tiradentes

June 14, 2016 17:53, by Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

O Juiz Substituto Helder Taguchi, que atua na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, suspendeu determinação judicial da 17ª Vara Cível de Curitiba que autorizava o despejo de 800 famílias que moram na Ocupação Tiradentes.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Paraná (MTST-PR) comemorou a decisão em sua página no facebook e convocou as famílias para a mobilização: “Mais ânimo para seguirmos na LUTA por moradia, por dignidade ao povo trabalhador sem teto; mais força para seguirmos na busca por uma solução definitiva para as famílias da Ocupação Tiradentes!”, diz o comunicado.

Decisão

O magistrado aceitou recurso chamado “agravo de instrumento” considerando o “risco de dano grave” com o cumprimento da medida; que uma solução estaria sendo negociada; e que por a ocupação ter sido formada em 17 de abril de 2015 demonstra que “os fatos não são recentes” e que deve se aguardar o julgamento final do processo.

A decisão foi diferente do encaminhamento até então dado pela juíza da primeira instância, que considerava primeiro o risco ao bem da empresa que quer a reintegração de posse; o risco de danos ambientais “por corte de árvores para construção de barracos”; e somente depois disso, o risco à saúde das pessoas por residirem ao lado de um lixão. Ela também apontou que a definição de moradia para essas famílias deve ser de responsabilidade dos órgãos públicos e que os proprietários não poderiam ser penalizados com o “prejuízo”.

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Seja solidário: Dez famílias perderam tudo em incêndio na Ocupação Tiradentes, em Curitiba

June 13, 2016 14:26, by Terra Sem Males

Dez famílias que moram na Ocupação Tiradentes, no bairro CIC, em Curitiba, perderam tudo que tinham em um incêndio ocorrido na noite de domingo 12 de junho. De acordo com informações de moradores, não ficou definida a causa do incêndio, que teria iniciado em um dos barracos atingidos enquanto o morador tomava banho, possivelmente por curto circuito.

As famílias precisam, com urgência, da solidariedade de quem tem um pouco mais.

Você pode ajudar doando alimentos, roupas e calçados (principalmente para crianças), cobertores, utensílios de uso geral, como móveis ou eletrodomésticos, além de madeira e outros materiais para reconstrução dos barracos. Uma outra forma de ajuda é colocar veículo à disposição para fretes.

O Levante Popular da Juventude é o responsável pelas arrecadações e solicita para, quem puder, levar as doações direto na Ocupação Tiradentes. O Espaço Cultural e Esportivo do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região (Rua Piquiri, 380, Rebouças) será um ponto de coleta de doações para quem não puder ir até a ocupação. Seja solidário e ajude a reconstruir a vida dessas famílias!

Doações: roupas, alimentos, móveis, eletrodomésticos
Local: Espaço Cultural dos Bancários (Rua Piquiri, 380) ou na própria Ocupação Tiradentes

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Foto: Vanda Moraes / Levante Popular da Juventude

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Abertura da exposição Fotojornalismo Sangue Bom será nesta segunda, 13

June 13, 2016 14:11, by Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Começa nesta segunda-feira, 13 de junho, às 19 horas, a exposição Fotojornalismo Sangue Bom: Os melhores de 2015 no Paraná. O evento é uma parceria do SindijorPR, da Arfoc-PR e do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e será realizado no saguão de entrada da UFPR, na Praça Santos Andrade, em Curitiba.

A exposição será composta de 30 fotos de 15 repórteres fotográficos profissionais que atuam no Paraná, sobre acontecimentos de 2015. As fotos ficarão expostas até 23 de junho.

“É importante mostrar que o fotojornalismo está presente na vida dos paranaenses. A fotografia pode ser um instrumento de denúncia, como aconteceu no dia 29 de abril de 2015. O mundo todo acompanhou o que houve no Paraná através dos olhares dos profissionais de imagem que temos por aqui. Se não fossem as imagens, muitas historias não seriam completas”, afirma o repórter fotográfico Joka Madruga, diretor de imagem do Sindijor, um dos organizadores da exposição. “Espero que este evento se torne uma tradição no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, e que seja ampliado a cada ano”, finaliza o dirigente.

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Estamos mais violentos

June 13, 2016 13:38, by Terra Sem Males

Por Manolo Ramires
Pinga Fogo
Terra Sem Males

1 – O brasileiro cordial, onde o encontro? O acirramento dos ânimos políticos tem escanteado pautas importantes para a nação. Uma delas é a violência. Mais do que isso, o sê violento. Não se trata de abordar números aqui e acolá (o que faremos abaixo), mas parar e refletir: onde queremos chegar armados nas palavras, nas ações e nos meios digitais? A cada dia e de forma mais intensa, agredimos reputações, matamos fatos, atiramos para todos os lados sobre todos os assuntos.  O brasileiro dessa década será identificado pelos sociólogos como seres de mentes armadas?

2 – Um fragmento dessa consciência bélica se demonstrou no fim de semana após atentado que matou mais de 50 pessoas (repito, pessoas), em uma boate homossexual nos EUA. Nós entramos nessa guerra também. O primeiro general a disparar contra a razão foi o deputado Marco Feliciano. Ele foi ao Twitter e atirou: “Triste a tentativa de grupos LGBTT de usar esta tragédia para se promover. Como se a razão deste ataque fosse apenas homofobia”. Feliciano, nem colete a prova de asnice (viu como estamos violentos) é capaz de nos proteger de lideranças como você. Em outro contexto, é como se um alemão dissesse: “Triste a tentativa de judeus de usar esta tragédia para se promover. Como se a razão deste ataque fosse apenas o nazismo”.

3 – Invariavelmente, tentamos depositar nossa violência em terceiros. Arranjar-nos álibis. Na semana passada, após confronto entre torcedores palmeirenses e flamenguistas em Brasília, tentou-se criminalizar o futebol: réu perfeito. Contudo, a defesa do goleiro Fernando Prass foi fantástica. Disse ele que um país em que a polícia mata uma criança de dez anos, esteja ela armada ou não, tem problemas maiores (ou no mesmo tamanho) do que briga de torcidas. Após dizer isso, a versão da polícia de que o disparo partiu do menino foi contestada.

4 – Agora, vamos aos números dessa metralhadora da vida. No Paraná, a Polícia Militar “mata em confronto” uma pessoa a cada 35 horas. São 214 assassinatos entre janeiro e maio de 2016. Isso faz parte de uma cultura do “atire antes e pergunte depois” que teve ápice no ano passado quando o Estado escolheu atirar por duas horas contra professores em greve. Aliás, esse é mais um sintoma de que estamos violentos. Os governantes, na incapacidade de tratar politicamente demandas políticas, sejam de sindicatos, estudantes, sem tetos, só tem os “mata leões”, gás de pimenta e balas de borracha para dialogar. Um exemplo clássico é o estado de São Paulo que trata chacina como apenas um caso em suas estatísticas.

5 – E se a política é tratada com violência, qualquer discussão atualmente é mais bem resolvida no chumbo. No Brasil, existem 15,2 milhões de armas privadas. Destas, mais da metade (8,5 milhões) não estão registradas.  Segundo o Mapa da Violência, “entre 1980 e 2012, morreram mais de 880 mil pessoas vítimas de disparo de algum tipo de arma de fogo. Nesse período, as vítimas passam de 8.710 no ano de 1980 para 42.416 em 2012, um crescimento de 387%”.

6 – Ou seja, em um país em crise, a indústria da arma e seus defensores têm crescido nas ruas e no parlamento. Segundo relatório fresquinho da ONU, o “Brasil é o quarto maior exportador de armas de pequeno porte”.  Os EUA, da tragédia na boate, lideram um mercado que movimentou R$ 5,8 bilhões de dólares (R$ 20 bilhões de reais). Ainda de acordo com a ONU, o Brasil não ratificou tratado sobre comércio de armas, que representou um marco na restrição de violações de direitos humanos que ocorrem por causa da falta de uma regulamentação eficaz na venda internacional de armas. Pelo contrário, neste momento os parlamentares querem fazer passar o “Estatuto do Armamento” para, em breve, termos nossos próprios matadores em série (além daqueles que já matam nas favelas em nome da ordem).

7 – Estamos mais violentos.  E a tendência é piorar, uma vez que estamos chacinando o debate em sala de aula com a pauta “Escola sem partido”. Estamos a proibir o debate politico e o acúmulo de conhecimento para aqueles que serão capazes de construir um “Brasil sem violência”.

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Municipais de Curitiba protestam contra dívida de Fruet com o ICS

June 10, 2016 12:54, by Terra Sem Males

Ato se soma a mobilização nacional dos trabalhadores contra retirada de direitos.

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

Os servidores municipais de Curitiba realizaram ato hoje (10) em frente ao Instituto Curitiba de Saúde (ICS). Eles protestaram contra dívida acumulada acima de R$ 30 milhões, desde que o prefeito Gustavo Fruet deixou de fazer repasses que cabem à prefeitura, no que o Sismuc chama de contabilidade criativa. No protesto, os municipais se posicionam contra o aumento da tarifa de contribuição (3,14% de cada salário é descontado para financiar o Instituto) e ainda exigem a possibilidade de escolha da presidência do ICS. À tarde, os municipais fazem novo movimento. Desta vez em defesa da previdência social e do IPMC (Instituto de Previdência Municipal de Curitiba).

No protesto, os servidores alertam que a Prefeitura de Curitiba tem dívida com o ICS. O déficit chega a R$ 30 milhões. O montante é somado de um rol de procedimentos que a Prefeitura deveria ressarcir o ICS, mas não fez o repasse. A dívida também se acumula pelo fato de a Prefeitura não ter pago os programas da saúde ocupacional com seus convênios.

Para “pagar a dívida”, a gestão realizou uma ‘contabilidade criativa’ afirmando que os funcionários cedidos ao ICS devem ressarcir a Prefeitura de Curitiba. Com isso, Fruet alega que o ICS deve R$ 32 milhões aos cofres municipais. “Esse é um cálculo criativo, uma vez que os funcionários cedidos jamais foram contabilizados na despesa. Se Fruet que é mudar a regra, que encaminhe lei sem desconto retroativo”, esclarece Irene Rodrigues.

Presente ao ato, a vereadora professora Josete também questionou outras dívidas da gestão municipal com os trabalhadores. Ela informou que Gustavo Fruet não realiza repasses ao IPMC desde agosto de 2015, gerando passivo de R$ 210 milhões. Segundo Josete, o pedido de urgência para parcelar essa dívida em 60 vezes é preocupante.

“Os recursos destinados ao ICS estão em atraso. Por isso, é fundamental que os servidores acompanhem o debate e se mobilizem. É a nossa saúde e nossa previdência, nossos direitos, que estão em risco”, expõe a vereadora.

Mobilização nacional

Além do protesto no ICS, os municipais entregaram o Jornal Mobilização à população. O periódico alerta para as mudanças e projetos propostos pelo governo interino Michel Temer. É o caso do PLC 257, também conhecido como PLC do Sacrifício.

O PL, enviado no dia 22 de março pelo governo, adota uma política de ajuste fiscal e controle de gasto, arrocho salarial, chegando à redução do papel do Estado e estímulo à privatização e, principalmente, de corte de direitos dos servidores públicos, como define o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

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“O governo Temer é a síntese de Eduardo Cunha”, afirma a presidente Dilma Rousseff

June 10, 2016 10:41, by Terra Sem Males

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males

Se voltar, ela vai governar com o povo e propõe a realização de plebiscitos.
A presidente Dilma Rousseff foi entrevistada pelo jornalista Luis Nassif na TV Brasil. A conversa foi gravada na segunda-feira (6) e veiculada na noite de quinta-feira (9). Ela só foi possível após o retorno do presidente da EBC, Ricardo Melo, que tinha sido exonerado por Michel Temer. Na conversa, a presidente afastada afirmou que o governo interino e golpista de Temer é reflexo das artimanhas do deputado federal Eduardo Cunha. A presidente ainda criticou o PSDB, que apostou no “quanto pior, melhor”. Por outro lado, Dilma Rousseff se mostrou confiante em seu retorno após o processo do impeachment e que deve governar com base em um novo pacto nacional, ampliando a democracia por meio de consultas e plebiscitos populares.
Na avaliação de Dilma, o uso político da operação Lava Jato, a postura nociva do PSDB, o oportunismo do PMDB e a capacidade de Eduardo Cunha de concentrar liderança com relação ao “centro” político foram fundamentais para a tentativa do golpe político. A presidente avalia que o chamado “centrão” sempre atuou conforme o governante de plantão, sem qualquer identificação ideológica. No entanto, desde o fim de seu primeiro mandato e a partir do segundo, se percebeu que Eduardo Cunha conseguiu conquistar essa fatia do congresso, ainda mais por seu caráter conservador. Com essa força, ele impôs sua agenda: “Não tem como negociar com Eduardo Cunha. Ele é chantagista. Isso ficou claro no pedido de abertura do impeachment quando quis trocar três votos (do PT) pela não abertura do processo”, recorda.
A presidente afastada ainda avalia que o governo Temer deve fracassar porque ele não consegue sobreviver sem o deputado estadual afastado pelo Supremo Tribunal Federal: “O governo Temer é a síntese da pauta de Cunha. O governo Temer governa com essa pauta”, reforça.
PARTICIPAÇÃO POPULAR
A democracia também foi alvo da conversa. Segundo Dilma, o golpe coloca em risco a credibilidade do país no mundo e a confiança dos brasileiros nas instituições públicas. “Não é só o meu mandato que estão caçando. São as instituições. A democracia está indo ‘para o vinagre’. Não são apenas meus votos, mas de todos. São os votos do futuro. Tem uma pauta estranha no congresso como eleição indireta e parlamentarismo que o povo não votou”, alerta.
A saída, de acordo com Dilma, é ampliar a democracia após o seu retorno. A presidente defende um novo pacto nacional e a realização de consultas populares. “Não se remonta o pacto com a população e a classe política em um dia. Mas acho fundamental o fim do golpismo se eu retornar. E isso não acaba com Temer. Continuando como está, com Cunha dando as cartas. Somente a pauta conservadora terá vez. Para mim, só tem um jeito para avançar que é um plebiscito. Não vou dizer como fazer isso agora, mas é o que eu acredito. Com Temer, não temos confiança. Quem vai confiar em algum contrato se o maior deles (a eleição) foi rompido?”, questiona.
PETROBRAS
A saúde financeira da Petrobras e a operação Lava Jato também foram discutidas na entrevista. Dilma Rousseff argumentou que a investigação não pode acabar com a empresa. Ela citou as investigações nos EUA sobre os bancos em 2008 como modelo de investigação, punição e multa. “No Brasil se criou a escandalização da Lava Jato. A investigação foi feita e divulgada de forma seletiva, como se fosse política. O que é grave na corrupção? É o controle privado que se faz do Estado. Para mim, se investiga, doa a quem doer. Investiga, pune e multa. Mas não se trabalha para destruir uma empresa”, pondera.
TUCANOS: PIOR É MELHOR
O PSDB não foi poupado pela presidente. O partido, segundo a presidente, apostou na piora do cenário econômico e não aceitou o resultado das urnas, questionando tanto no Tribunal Superior Eleitoral em novembro, como buscando argumento a favor do golpe. “O PSDB apostou no quanto pior melhor. Principalmente na economia. Fez isso para fortalecer o impeachment. E, no final, o governo caiu no colo do PMDB. No fim, ambos vão sair feridos”, previu.  Neste sentido, Dilma destacou que o Brasil precisa acabar com a cultura de impor-se política sem legitimidade: “No futuro, todo aquele que não tiver aprovação de projeto nas urnas tentará impor sua política pelo golpe. Isso é desastroso”, completa.
A entrevista termina com Dilma criticando a atual política externa brasileira. Para ela, José Serra (PSDB-SP), tem miopia diplomática: “A política externa de Serra tem visão minúscula como fechamento de embaixadas na África. Como não percebe o crescimento do continente? Não ver a importância dos BRICS no mundo, no plano comercial e político, é de uma cegueira gravíssima. Como não perceber o papel do Brasil na FAO/ONU, de ter saído do mapa da fome? Nós temos que dialogar com outros países, mesmo não tendo alinhamento ideológico. A América do Sul tinha isso. Nós conversávamos com Russia, China e EUA. Isso é diplomacia. Ninguém respeita quem não respeita seus vizinhos”, conclui.
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Edição número 07 da revista Ágora já circula em Curitiba

June 9, 2016 12:59, by Terra Sem Males

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males

Já chegou ao Sismuc e aos melhores sindicatos a 7a edição da Ágora – A revista dos trabalhadores. A matéria de capa é assinada por Phil Batiuk, com imagens de Brunno Covello. A reportagem aborda o atendimento aos novos brasileiros, refugiados de guerras e tragédias naturais. Embora Curitiba seja acolhedora, ainda tem muito a se avançar.

Outra reportagem destaca a beleza dos parques de Curitiba em contraste com a falta de apoio aos trabalhadores, em especial fiscais e guardas municipais. O texto é de Pedro Carrano. E a crise? Bom, para os bancos não é bem assim. Reportagem de Paula Zarth Padilha revela que o lucro tem subido enquanto as demissões têm crescido. Paula e Joaquim Eduardo mostram como o Sindicato dos Bancários de Curitiba enfrentam essa situação.

Em suas colunas fixas, Pedro Eloi Rech discute os “Modelos políticos e econômicos em disputa” e André Castelo Branco Machado aborda o problema da moradia em Curitiba. Já em Arte e Cultura em Movimento, nosso articulista Ulisses Galetto cedeu espaço para que Daniel Zanella falasse sobre a “quantidade de escritores paranaenses e a falta de leitores”.

Ágora ainda aborda a ocupação do IPHAN, alerta para o desmonte do serviço público com o PLC 257 e trata das “lacunas jurídicas e o descaso de gestores” com a saúde dos trabalhadores. Ágora 7 é diagramada pela equipe da CTRL S, no belo trabalho de Kelly Sumeck, com ilustrações de Simon Taylor, Antonio Dias e Fabiano Vianna