O SEGUNDO MENOR CONTO DO MUNDO
сентября 18, 2015 21:24(à moda de Augusto Monterroso)
Ele despertou num azul morno de primavera. Mas o inimigo ainda estava lá.
Por Pedro Carrano
Crônicas de Sexta
Terra Sem Males
HACKERS INVADEM SITE DE CONFEDERAÇÃO DE TRABALHADORES BANCÁRIOS
сентября 18, 2015 15:38Nesta sexta-feira, 18 de setembro, o site da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) está instável devido à invasão de hackers. De acordo com o presidente da entidade, Roberto Von Der Osten, desde cedo já foi informado da invasão.

Site passou parte do dia em branco. Reprodução.
A Contraf é uma entidade que representa trabalhadores bancários de todo o país, e preside o Comando Nacional dos Bancários. O Comando dos trabalhadores está em negociação com a Fenaban (entidade sindical patronal que representa os donos dos bancos). A data-base da categoria é 01 de setembro e as rodadas temáticas foram encerradas na última quarta-feira, dia 16.
Os trabalhadores apresentaram a minuta de reivindicações no dia 11 de agosto, mas os bancos ainda não apresentaram uma contra-proposta. A Fenaban pediu mais prazo e uma nova reunião de negociação, com expectativa de apresentação de proposta, está agendada para dia 25 de setembro.
O site da Contraf voltou a funcionar às 15h10.
Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL 215 PODE PARALISAR 228 PROCESSOS DE DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS
сентября 18, 2015 14:44Na última quarta (16/9), o Instituto Sócioambiental (ISA) lançou o estudo Impactos da PEC 215/2000 sobre os povos indígenas, populações tradicionais e o meio ambiente, disponível para download aqui.
O documento apresenta um relatório-diagnóstico e uma nota técnico-jurídica sobre a Proposta de Emenda Constitucional 215 (PEC) e apoia-se na análise de dados oficiais, monitorados pelo ISA há décadas em seu Sistema de Áreas Protegidas (SisArp), além de informações fornecidas por órgãos oficiais – como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Fundação Nacional do Índio (Funai), e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Segundo o estudo, a transferência da competência de demarcar Terras Indígenas do Executivo para o Legislativo, principal objetivo da PEC, impactaria diretamente os processos de demarcação de 228 Terras Indígenas (TIs) que ainda não foram homologados, os quais devem ser paralisados. Essas terras representam uma área de 7.807.539 hectares, com uma população de 107.203 indígenas. Devem ser afetadas ainda 144 TIs cujos processos de demarcação estão sendo questionados judicialmente e 35 em processo de revisão de limites. Outro aspecto relevante é a abertura das TIs para empreendimentos de alto impacto socioambiental, como estradas e hidrelétricas – o que é proibido na atualidade e pode afetar todas as 698 TIs do país.
O texto também analisa as inovações incluídas pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR) no relatório da PEC 215 apresentado no início deste mês. Entre elas, estão a possibilidade de aplicação retroativa dos efeitos da PEC sobre TIs já demarcadas, homologadas e registradas e a inclusão da tese do “marco temporal” no texto constitucional – tanto para Terras Indígenas, quanto para Territórios Remanescentes de Quilombo. De acordo com essa tese, só teriam direito às terras as populações que detivessem sua posse em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição.
Caso a PEC 215 e as propostas agregadas a ela sejam aprovadas, os pesquisadores do ISA também preveem uma diminuição drástica na criação de Unidades de Conservação (UCs) – como parques e reservas –, uma vez que a atuação dos parlamentares nesse sentido é inexpressiva: das 310 UCs federais criadas nos últimos 65 anos, apenas cinco foram iniciativa do Congresso – ou 0,03% da área total das UCs federais. A proposta pode paralisar ainda os processos de reconhecimento de 1611 Territórios Remanescentes de Quilombo em andamento em diferentes regiões do país.
Mudanças climáticas
Em articulação com o estudo elaborado pelo ISA, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) também produziram uma análise que destaca o papel das Terras Indígenas da Amazônia brasileira para conter o desmatamento e as mudanças climáticas. A conclusão é que, caso a PEC seja aprovada, cerca de 110 milhões de toneladas de CO2 serão emitidos até 2030, como resultado das derrubadas em TIs não homologadas. Acesse aqui.
Fonte: Instituto Socioambiental
STF PROÍBE FINANCIAMENTO EMPRESARIAL PARA CAMPANHAS POLÍTICAS
сентября 17, 2015 18:11O Supremo Tribunal Federal encerrou na tarde desta quinta-feira, 17 de setembro, o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650. O STF declarou a inconstitucionalidade da doação de pessoas jurídicas a partidos políticos e campanhas eleitorais. A decisão em plenário foi por 8 votos a 3. A sessão foi encerrada após ser anunciado que a decisão vale já para as eleições de 2016.
A ação foi ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra dispositivos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e da Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/1995).
De acordo com o STF, votaram pela procedência da ADI quanto à inconstitucionalidade da doação por pessoas jurídicas os ministros Luiz Fux, Joaquim Barbosa (aposentado), Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski. Já os ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes e Celso de Mello votaram pela improcedência da ação, considerando constitucionais as doações de pessoas jurídicas. O ministro Edson Fachin não votou por suceder o ministro Joaquim Barbosa.
Reforma política – Semana passada, a Câmara Federal aprovou projeto de lei regulamentando as doações de empresas para campanhas eleitorais. A presidenta Dilma Rousseff pode sancionar ou vetar. Se a lei for sancionada, somente uma nova ação de inconstitucionalidade poderá questionar as doações de campanha por empresas privadas.
Acesse aqui as informações específicas sobre o posicionamento dos ministros.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
PARTICIPE DO CINEDEBATE SOBRE GÊNERO E DEFESA AMBIENTAL
сентября 17, 2015 15:15Estão abertas as inscrições para o quinto encontro do Cinedebate Gênero em Foco, que será realizado no próximo dia 24 de setembro, às 19 horas, na sede do Senge em Curitiba. O filme a ser exibido no debate será o drama biográfico Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento, de 2000.
Após a exibição do filme será realizado um debate com a temática gênero e defesa ambiental. Para se inscrever basta acessar a página de eventos do Senge e preencher a ficha. As vagas são limitadas e as inscrições são gratuitas. A sede do Senge em Curitiba, na Rua Marechal Deodoro, 630, 22.º andar, sala 2201.
Ao todo, o Cinedebate consiste na exibição de seis filmes ao longo do ano. Os temas e personagens protagonizam a luta pelo empoderamento das mulheres, pela liberdade sexual, por direitos trabalhistas, contra o assédio sexual e moral entre outras questões. A inscrição é gratuita e aberta a todos os públicos.
PARA SINDICATO DOS ENGENHEIROS O “PACOTAÇO ANTICRISE” DE BETO RICHA É INCONSTITUCIONAL
сентября 16, 2015 16:46Senge-PR condena projeto que prevê a dispensa de autorização legislativa para venda de bens imóveis e bens móveis de empresas públicas como a Copel e Sanepar
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR) encaminhou ofícios aos 54 deputados estaduais e aos presidentes de empresas públicas paranaenses nos quais condena o Projeto de Lei 662/2015, de autoria do Executivo, que prevê a liberação da venda de ações e de imóveis de empresas públicas, entre elas a Copel e Sanepar, sem a autorização da Assembleia Legislativa do Paraná.
O Senge-PR aponta que o PL 662/2015, enviado na terça-feira, 15, à Alep, é inconstitucional, porque revoga um inciso da Lei Estadual 15.608/2007, desobrigando o Executivo de ter a autorização do parlamento para negociar ações de empresas públicas e de economia mista. “Mais uma vez o governo manobra para vender o patrimônio de todos os paranaenses. Além de ser inconstitucional, o projeto de lei é uma afronta ao parlamento. É um projeto ‘cavalo de tróia’. Por trás da instituição do Fundo de Combate à Pobreza, o governo inclui artigos que lhe dá poderes infinitos para fazer do Poder Legislativo um mero agrupamento de observadores dos seus atos”, afirma o presidente do Sindicato dos Engenheiros, Carlos Roberto Bittencourt.
De acordo com o presidente do Senge-PR, o projeto apresentado pelo governo contradiz ainda a garantia formal da Copel de que os ativos da empresa não seriam vendidos. A resposta de que não havia qualquer estudo de alienação parcial ou total da posição acionária da empresa consta em ofício assinado pelo então presidente em exercício da Companhia Paranaense de Energia (Luiz Eduardo Sebastiani) enviado ao sindicato, em maio deste ano, em resposta a consulta realizada à época em que o secretário de Estado da Fazenda havia anunciado, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que seriam negociadas fatias da Copel e Sanepar.
Fonte: Senge-PR
AJUSTE FISCAL PREVÊ REDUÇÃO DE DESPESAS E AUMENTO DE ARRECADAÇÃO
сентября 15, 2015 17:09O governo federal anunciou na última segunda-feira, 14 de setembro, através dos ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, que reduzirá em R$ 26 bilhões as despesas previstas para 2016 e aumentará a arrecadação em R$ 40 bilhões, para cumprir o superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016.
A Central Única dos Trabalhadores se posicionou contra as medidas em nota oficial, argumentando que vai “na contramão das necessidades do país e dos trabalhadores, pois onera a atividade econômica e reduz gastos sociais”. A CUT criticou que as medidas não preveem a retomada do crescimento econômico e da geração de empregos.
A crítica sobre as medidas que prejudicam os trabalhadores é direcionada aos servidores públicos. Os reajustes salariais e concursos públicos serão congelados e o abono pago a aposentados que continuam trabalhando será suspenso.
A redução de gastos sociais será especificamente nas áreas de saúde (R$ 3,8 bilhões), habitação (impacto de R$ 4,8 bilhões no programa Minha Casa Minha Vida, que terá recursos do FGTS e não do orçamento da União) e no Programa de Aceleração do Crescimento (corte de R$ 3,8 bilhões) .
Governo manteve investimentos até 2014
A área com maior aumento orçamentário no ano de 2014 foi a de saúde, com valor de R$ 106 bilhões. Para a educação, a lei destinou R$ 82,3 bilhões no desenvolvimento do ensino, R$ 25,4 bilhões a mais que o valor previsto na Constituição, que é de 18% da arrecadação.
Na área de habitação, de acordo com dados do Ministério das Cidades, em seis anos, o programa Minha Casa Minha Vida foi viabilizado com a contratação de mais de 4 milhões de unidades habitacionais em 5.329 cidades (95% dos municípios brasileiros). Nesse período foram mais de 2,3 milhões de unidades entregues. O investimento total no programa ultrapassa R$270 bilhões. Nesses 6 anos, o MCMV deteve 6% da participação dos empregos na construção civil do país. A fase 3 do programa foi lançada no dia 10 de setembro.
O Ministério do Desenvolvimento Social emitiu nota esclarecendo que o Programa Bolsa Família não sofreu nenhum corte de orçamento no ajuste fiscal e que está integralmente preservado. “O governo reafirma seu compromisso com o Bolsa Família e com as rotinas de controle, para que só recebam o benefício (em média R$ 167 mensais por família) os mais pobres, com renda de até R$ 154 por pessoa da família”.
O corte de despesas está previsto com nove ações:
– adiamento do reajuste dos servidores. Será mantido apenas o reajuste já negociado ou em negociação para servidores do Executivo (impacto: R$ 7 bilhões);
– suspensão de concursos públicos (impacto: R$ 1,5 bilhão);
– eliminação do Abono de Permanência de servidores públicos que já podem se aposentar e continuam na ativa (impacto de R$ 1,2 bilhão);
– implementação do teto remuneratório do serviço público. A extrapolação do teto de remuneração será fiscalizada com o cruzamento de dados entre União, estados e municípios (impacto de R$ 800 milhões);
– redução de gastos administrativos, com renegociação de contratos de aluguel, manutenção, segurança, veículos; limites para gastos com diárias, passagens, auxílio moradia e telefone e redução de ministérios e cargos de confiança (impacto de R$ 2 bilhões);
– utilização do FGTS para o Programa Minha Casa Minha Vida em substituição a gastos inicialmente previstos no orçamento da União (impacto de R$ 4,8 bilhões);
– redução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2016 (impacto de R$ 3,8 bilhões);
– cumprimento do gasto constitucional com Saúde (impacto de R$ 3,8 bi);
– redução do gasto na garantia de preços agrícolas do Programa de Garantia do Preço Mínimo (impacto de R$ 1,1 bilhão).
O aumento de arrecadação terá três ações:
– redução do incentivo tributário às empresas (impacto de R$ 2 bilhões com as exportadoras; de R$ 800 milhões na indústria química; de R$ 1,1 bilhão no pagamento de juros sobre capital; de R$ 2 bilhões nas empresas de automação);
– realocação de receitas do Sistema S (impacto de R$ 6 bilhões direcionados para a Previdência);
– aplicação de alíquota progressiva no Imposto de Renda Pessoa Física para alienação de bens (sobre o ganho de capital, impacto de R$ 28,4 bilhões no aumento da receita do governo). A recriação provisória da CPMF terá alíquota de 0,2% sobre operações financeiras, pelo período de quatro anos, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.
Saiba mais: PANORAMA DA CRISE: BRASIL ESTÁ “ENXUGANDO GELO”
PAGAMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA TRANSFERE DINHEIRO PÚBLICO PARA BANCOS PRIVADOS, AFIRMA AUDITORA
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
PANORAMA DA CRISE: BRASIL ESTÁ “ENXUGANDO GELO”
сентября 15, 2015 17:08Aumento do desemprego, queda do salário e da massa salarial são as faces evidentes da crise econômica.
Muito se fala e se escuta sobre a crise, quase que senso comum se ouvir dizer “o Brasil está em crise”. Mas fica difícil evidenciar o que é a crise, como ela se caracteriza, se quando você sai às ruas encontra shoppings, cinemas e restaurantes relativamente caros, porém lotados.
Para o economista Eduardo Fagnani, professor da Unicamp que esteve em Curitiba no início de agosto, até 2014 o Brasil não tinha crise em relação ao resto do mundo, que está em crise desde 2008.
“O que houve foi uma tentativa de desconstruir o governo nas eleições de 2014. O terrorismo econômico intensificou-se com a proximidade das eleições de 2014, com o objetivo de enfraquecer a candidatura oficial. Difundiu-se a opinião equivocada que a economia brasileira vivia uma profunda crise e que a austeridade fiscal e monetária (provocar recessão e aumento do desemprego para combater a inflação) seria a única saída. Essa visão equivocada, amplificada pelos meios de comunicação, passou a ser hegemônica junto à opinião pública. O próprio governo eleito abandonou o projeto vitorioso nas urnas (que buscava o crescimento como saída para a crise) e adotou o diagnósticos dos mercados”.
Nesse cenário, ele explica que apesar da crise financeira internacional, os indicadores econômicos e sociais do Brasil são satisfatórios na comparação internacional, considerando inflação, dívida externa e dívida pública bruta e líquida em porcentagem do PIB, reservas internacionais.
“No mercado de trabalho, entre 2011 e 2014, o salário mínimo nominal subiu de R$ 540 para R$ 724,00; a taxa de desemprego aberto caiu de 6,7% para 5,5%; e, foram criados mais de quatro milhões de empregos formais”, explica.
Contudo, em 2015 o cenário já é de crise. Especialmente com os ajustes fiscais, chamados de “ortodoxos” por Fagnani. “Economia é expectativa. O governo errou. A continuidade dos ajustes fiscais vai fortalecer composição de grupos conservadores”, declarou.
Em entrevista exclusiva ao Terra Sem Males, Eduardo Fagnani descreveu como a crise econômica se caracteriza neste momento em que se transforma numa grave crise política. “A opção pelo ajuste fiscal ortodoxo a partir de 2015 está aprofundando a recessão, o aumento do desemprego (subiu para 6,9%), a queda do salário (-5%) e da massa salarial (-10%). As perspectivas são negativas, porque recessão reduz a arrecadação do governo em volume maior que o corte dos gastos, levando a ajustes fiscais ainda mais profundos, o que agravará a recessão. O juros altos (a taxa Selic continua subindo) aumentam as despesas financeiras. Estamos enxugando gelo: cortamos gastos sociais, mas as despesas com juros sobem numa proporção muito maior”.
O economista explica que pessoas que compraram seus bens com muitas prestações começam a entregar o que foi comprado porque não têm condições de pagar. E essa queda de status e de padrão de consumo afeta o modo como encaram o governo.
Para ele foi “uma burrada” aumentar as desonerações em 2014. Somente em renúncia de arrecadação previdenciária, representou isenção patronal de cerca de R$ 50 bilhões no ano passado.
“A crise econômica vai alimentar a crise política. Temos que ir para as ruas em defesa da democracia e da legalidade”, convoca.
Políticas implementadas pelo governo podem ter efeito contrário ao esperado
Entrevista com Fabiano Camargo, diretor técnico do Dieese-PR
Terra Sem Males – O que é a crise? Como ela se caracteriza?
Fabiano Camargo: Inicialmente, acredito que seja importante fazer uma breve explicação do conceito de crise econômica, que deve ser utilizado para configurar um cenário econômico marcado por significativas quedas do PIB, que sejam de grande magnitude, e também que perdurem por um longo período. Como exemplo, podemos citar a crise de 1929 ou mesmo a crise de 2008. No caso brasileiro, verificamos que desde 2011 a economia vem sofrendo com a desaceleração do crescimento. Em 2015, em função da continua desaceleração, que teve impacto nas finanças do governo federal, aliado com a mudança da política econômica e outros fatores, a situação se alterou, passando para uma recessão econômica.
Quais são os fatores que explicam esta desaceleração?
Do ponto de vista externo, a crise de 2008 provocou a queda do PIB de diversas nações, reduzindo consequentemente o volume de comércio internacional, além de provocar o acirramento da concorrência internacional. A conjunção destes fatores, somado ao câmbio valorizado, contribuíram diretamente para redução da competitividade das exportações brasileiras, bem como para uma maior entrada de produtos estrangeiros no país, notadamente entre os produtos industriais, que resultaram na deterioração na balança comercial brasileira que em 2014 teve déficit de US$ 3,9 bilhões. Deste modo, observamos que importante parcela do consumo doméstico foi suprida por importações.
A política econômica utilizada de combate à inflação, exclusivamente por meio da elevação da taxa de juros, no caso a Selic, que passou de 7,25% em 2012 para 14,25% atualmente, também influi diretamente para a desaceleração da economia brasileira. Juros mais altos reduzem os investimentos produtivos e também o consumo das famílias, afetando consequentemente também a geração de empregos. Além disso, favorece a valorização do câmbio, atraindo capitais, principalmente especulativos/voláteis, bem como provoca o aumento do custo da rolagem da pública, aumentando as despesas financeiras, drenando recursos essenciais da sociedade brasileira para o mercado financeiro, no ano passado o país gastou cerca R$ 300 bilhões somente para o pagamento dos juros da dívida pública, destinados a uma parcela privilegiada da sociedade, recursos estes que não entram na atividade produtiva e que estimulam a manutenção das desigualdades sociais e econômicas existentes no Brasil.
Devemos considerar também que as diversas medidas de apoio e benefícios ao setor empresarial adotadas pelo governo federal, como a redução de alíquotas de impostos e desonerações, entre outras, representaram bilhões em renúncias fiscais para o governo, porém, não tiveram os impactos esperados, seja em termos de alavancagem da atividade econômica, ou mesmo em termos de mais empregos e preços mais baixos.
A conjunção da política de aumento de juros com a desaceleração do crescimento da economia e as renúncias fiscais, acabou gerando um problema nas finanças públicas do governo federal. Além disso, em função de pressões advindas do mercado financeiro e de setores da mídia, que sinalizavam pela necessidade da restauração da credibilidade econômica, devido a fatores como: a elevação do nível de incerteza no país (influenciada inclusive pelas eleições de 2014); a inflação em patamar elevado; as supostas manobras nas contas públicas; e o não cumprimento do superávit primário, que resultaram por parte do governo federal, na alteração da política econômica.
Qual foi a mudança da política econômica do governo federal?
Assistimos ao avanço das políticas de austeridade adotadas não somente pelo governo federal, mas também por diversos governos estaduais e até mesmo municipais. Do ponto de vista fiscal, a política econômica restritiva tem se caracterizado por: forte redução de gastos e despesas, inclusive através da limitação e restrição de acesso a direitos trabalhistas conquistados historicamente pela classe trabalhadora, como o caso do abono salarial e o do seguro desemprego; queda dos investimentos públicos, inclusive nas áreas sociais e de infraestrutura; e a elevação dos impostos. Todos estes fatores contribuiriam para o atingimento da meta do superávit primário. Já do ponto de vista da política monetária, o aumento dos juros tem sido utilizado para supostamente controlar a inflação.
Todavia, esta modalidade de política econômica, que pode ser considerada como sendo de caráter pró-cíclica, indo no mesmo sentido do ciclo vigente, ou seja, de aprofundar o ciclo de recessão, não contribuindo para o estimular crescimento econômico, sendo o que se verifica na prática é a forte redução da produção em diversos setores da economia, bem como a deterioração no mercado de trabalho, com a redução de postos de trabalho (-345 mil no ano, de janeiro a junho) e o aumento da taxa de desemprego.
Portanto, as políticas implementadas pelo governo podem ter inclusive efeito contrário ao esperado, pois, podem arrefecer a atividade econômica, reduzindo o potencial de arrecadação de impostos. Sendo que por outro lado o avanço da Selic resultará no aumento das despesas financeiras, ou seja, ao invés de economizar o governo estará gastando ainda mais, favorecendo setores privilegiados da sociedade, detentores de títulos da dívida pública em detrimento de milhões de brasileiros, que necessitam dos serviços públicos e que anseiam por melhores condições de vida. Sem falar ainda, dos efeitos deletérios sobre a economia da crise política.
Como explicar que shoppings, restaurantes, salas de cinema continuam lotados?
Acredito que como tivemos no Brasil nos últimos anos a retomada do crescimento da economia impulsionada pelo dinamismo do mercado interno, que promoveu o avanço expressivo na geração de empregos formais e também no aumento da renda. Este momento atual de recessão ocorre após muitos anos de crescimento, que ainda não foi capaz de eliminar todos os ganhos obtidos pelos trabalhadores, por isso as pessoas continuam consumindo e demandando bens e serviços.
Mas, certamente, que em função do aumento do desemprego que foi acompanhado pela redução do poder aquisitivo das famílias brasileiras, em consequência: do aumento da inflação, principalmente influenciado pela alta das tarifas públicas, em especial as tarifas de energia elétrica, água e esgoto, transporte coletivo, entre outros; da dificuldade de acesso ao crédito; e da elevação do nível de incerteza não somente econômica, mas também política; já estão ocasionando mudanças no consumo das famílias brasileiras, que para adequar o seu orçamento a nova realidade, estão reduzindo a demanda por alguns produtos e serviços. Todavia, se este cenário se manter por um longo período de tempo, colocará em risco todos os avanços ocorridos nos últimos anos.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
1ª COMISSÃO MUNICIPAL DE DIREITOS HUMANOS DE CURITIBA SERÁ EMPOSSADA NESTA TERÇA (15)
сентября 14, 2015 17:04Os 40 integrantes (titulares e suplentes) da 1ª. Comissão Municipal de Direitos Humanos tomam posse nesta terça-feira (15), às 10 horas, no Salão Brasil da Prefeitura de Curitiba. Esta é a primeira vez que o Município conta com uma estrutura de direitos humanos para atuar conjuntamente com as demais secretarias.
A Comissão Municipal tem a finalidade de normatizar, deliberar e fiscalizar a política municipal de direitos humanos, de acordo com as diretrizes nacionais e internacionais de promoção e defesa dos direitos humanos.
O prefeito Gustavo Fruet dará posse aos conselheiros, sendo dez titulares da sociedade civil e dez titulares da administração municipal, com igual número de suplentes. A assembleia que elegeu os membros da Comissão ocorreu no dia 10 de agosto.
O repórter fotográfico Joka Madruga, Diretor de Imagem do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor PR) e editor do Terra Sem Males, será empossado como um dos representantes titulares da sociedade civil pelo Sindijor. O jornalista Pedro Carrano, diretor executivo do Sindijor PR e colaborador do Terra Sem Males, será seu suplente.
Com informações da Prefeitura de Curitiba
Terra Sem Males
FOLHA ATACA O POVO
сентября 14, 2015 15:14O editorial “Última Chance”, do jornal tucano Folha de São Paulo, não deve ser visto apenas como uma ameaça a Dilma. Muito mais do que isto, a tese do jornal é punir os trabalhadores. A Folha de São Paulo rompeu com o desenvolvimento do país ao querer impor duras restrições para sair da crise econômica. Por isso, trabalhadores, servidores e pequenos empresários devem se opor à Folha.
Para os primeiros, a FSP defende a redução de direitos trabalhistas, benefícios, salários e ampliação das terceirizações. Isso aparece quando alega que “Deve mirar ainda subsídios a setores específicos da economia”. Por outro lado, o jornal não propõe que os ricos dividam a conta. Isso ocorre com a tributação das grandes fortunas, com a redução dos juros bancários e com a repatriação de dinheiro sonegado que foi encaminhado ao exterior. Se a agenda da Folha for seguida, novas demissões e o estrangulamento do poder de contra do trabalhador serão o caminho.
Para os servidores, o jornal propõe congelamento de salários e redução de investimentos em serviços públicos. O editorial é taxativo ao dizer que “As circunstâncias dramáticas também demandam uma desobrigação parcial e temporária de gastos compulsórios em saúde e educação e mecanismos legais que resultem em efetivo controle das despesas –incluindo salários para o funcionalismo”.
Mas a Folha não questiona os super salários e regalias do Poder Judiciário, como se vê nos auxílios moradias, os gastos com publicidade, entre outros. Tampouco questiona os contratos dos governos com empresas terceirizadas. O efeito dessa proposta é que qualquer mobilização ou greve daqui para frente será marginalizada e noticiada como fruto da ganância de servidores públicos.
A Folha também pouco se preocupa com o pequeno negócio e o setor de serviços quando propõe mais ajuste fiscal. A pequena loja, o camelô, a lanchonete não são anunciantes da Folha. Já a Bolsa de Valores e multinacionais com ações do mercado, sim. O que jornal propõe, portanto, é que para manter o lucro dos especuladores os pequenos devem ser sacrificados.
E ainda é preciso ir além. A Folha, surfando na Lava Jato, questiona a ética, mas rasga seu próprio manual ao não agir com imparcialidade na cobertura do combate a corrupção ou com os trabalhadores. Se fosse assim, dava destaque ao pedido de devolução de 1 bilhão de reais referente ao cartel do metrô paulista, berço do periódico, ou denunciaria a manobra que não pune fazendas e latifúndios que lançam mão de trabalho escravo.
Por fim, é preciso combater o editorial da Folha. Ele mira na Dilma, mas acerta em cheio no povo. O remédio que propõe para sair da crise é venenoso. É a mesma dose que foi aplicada na Espanha, em Portugal e na Grécia. E nesses países, ao invés de curar a crise econômica, trouxe seqüelas irreparáveis à população.
Por Manolo Ramires
Terra Sem Males