Massacre de Beto Richa deixa mais de 200 feridos
30 de Abril de 2015, 13:43Polícia atirou bombas durante uma hora e meia contra funcionários públicos.
Foto: Joka Madruga.
Uma partida de futebol. Este foi o tempo que a Polícia Militar passou atirando bombas, de forma ininterrupta, contra os servidores públicos que protestavam pacificamente contra o Projeto de Lei 252/2015. A iniciativa, do Governo Beto Richa (PSDB), está sendo chamada de “Confisco da Previdência” dos servidores públicos. Os atos aconteceram durante a tarde desta quarta-feira (29) no Centro Cívico, o núcleo dos poderes paranaenses.
Professores, funcionários de escola, da saúde, agentes penitenciários e uma série de outros trabalhadores estavam no Centro Cívico quando a Polícia Militar iniciou os ataques. Dados preliminares apontam para mais de 200 pessoas feridas, sendo que aproximadamente 50 foram encaminhadas para hospitais. Algumas em estado grave. A vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, foi ferida no braço por uma bomba. “Na minha história de lutadora já fui obrigada a enfrentar a polícia por várias vezes. Ainda mais no meu Estado, o Pará, onde há uma grande violência contra os trabalhadores e trabalhadoras rurais. Mas o que eu vi hoje é muito grave. Todo o aparato do Estado em um combate direto com a população”, analisou.
Carmen também criticou a forma como a situação conduzida pelo governador Beto Richa e seu comando. ”Não comparo isto tudo nem com a ditadura militar, mas com uma guerra civil onde as armas não são iguais. Nunca vi um absurdo desse, uma intolerância e truculência como esta”, criticou. Mas apesar da violência, dos feridos e da votação do projeto, ela avalia: “O que vi fui muita coragem dos servidores públicos desse Estado. Deixa um legado fantástico de luta pelos direitos e cidadania. Os ferimentos passam, o que não passará é a humilhação e a retirada dos direitos”, comentou.
A secretária da mulher trabalhadora da CUT Nacional, Rosane Silva, também acompanhava a mobilização da APP-Sindicato e demais servidores e disse estar perplexa com o que aconteceu. “Nunca tinha visto nada parecido. Já participei de muita greve, muito piquete em porta de fábrica, manifestações contra retirada de direitos como 7 de abril em Brasília. Mas aqui nunca vi em minha vida, desde que milito no movimento sindical, algo como aconteceu aqui no Paraná”, afirmou.
“Foram mais de 90 minutos sob fogos de todos os lados. Não tínhamos noção de onde vinha, de cima, de lado, parecia que eram de todos os lugares. Parecia que estávamos na Faixa de Gaza. Essa foi a nossa experiência ontem”, completou. Para ela, o poder público do Paraná precisa ser responsabilizado. “Foi uma decisão do governo estadual, do governador, do presidente da Assembleia Legislativa, do secretário de segurança e de todo o poder público do Paraná. Eles devem ser responsabilizados pelo que aconteceu aqui ontem. Se o governador fosse um ser humano de verdade deveria pedir para sair do cargo, ele não tem condições de governar o Estado”, enfatizou.
“Nunca vi nada assim na minha vida. O governador Beto Richa e o secretário de segurança Fernando Franschini precisam ser responsabilizados pelo o que ocorreu hoje. Vidas foram colocadas em risco, pessoas estão feridas em estado grave por um único motivo: manifestarem-se de maneira pacífica para defender seus direitos, seu dinheiro acumulado ao longo de décadas. Esse é o choque de gestão prometido pelo governador? O sangue dos trabalhadores e trabalhadoras do serviço público?”, questionou a presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz.
Solidariedade
Funcionários públicos ajudaram a carregar os feridos, sejam em carros ou até as ambulâncias que chegaram até o local que parecia uma verdadeira praça de guerra. A APP-Sindicato está apresentando assistência, inclusive jurídica, para todos que sofreram com a violência no local. Postos de atendimento médico foram montados na Prefeitura e no Tribunal de Justiça que compõem o complexo do Centro Cívico, além do próprio SAMU que atendia as vítimas que chegavam.
Uma creche, próxima ao centro dos poderes, teve que ser fechada. Crianças passaram mal com o gás lacrimogênio que espalhou-se pela vizinhança enquanto outras choravam assustadas pedindo por suas mães. A direção da APP-Sindicao já anunciou que pretende entrar com um processo criminal contra o governador Beto Richa para que ele seja responsabilizado pelos atos de violência gratuita que aconteceram em Curitiba nesta quarta-feira.
Fonte: CUT-PR
Joka Madruga e Leandro Taques falam sobre seus projetos de fotografia
29 de Abril de 2015, 12:59A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos Paraná (Arfoc-PR) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR) convidam para o evento “Projetos de fotografia”, com Joka Madruga e Leandro Taques. O encontro será na próxima segunda-feira, 04 de maio, a partir das 19h30, no auditório do Sindijor.
Joka Madruga irá falar sobre seu projeto fotográfico Águas para a vida e Leandro Taques sobre San Lázaro – Babalú Ayê, ambos viabilizados com financiamento coletivo.
Associados ARFOC não terão custo e para não associados o investimento será de R$ 50,00, que podem ser pagos no local. Estudantes pagam R$ 25,00. Participe!
Projetos de Fotografia
Com Joka Madruga e Leandro Taques
Data: segunda-feira, 04 de maio
Horário: 19h30
Local: Auditório do Sindijor-PR
(Rua José Loureiro, 211)
Richa instala novamente repressão e falta de diálogo no Paraná
29 de Abril de 2015, 12:48Professores e servidores voltam às ruas contra tentativa de aprovação de alterações na previdência do funcionalismo.
Foto: Joka Madruga
Uma vez mais, o projeto de interesse de servidores e professores estaduais do Paraná, referente à ParanaPrevidência, está sendo aprovado a portas fechadas.
Professores estaduais, servidores do Judiciário, decretaram greve nesta semana e o Centro Cívico, em frente ao governo estadual, transformou-se em uma nova praça de guerra, com consequências sempre imprevisíveis.
Há dois dias, o governo do estado sitiou o entorno da Assembleia Legislativa, com o efetivo de milhares de policiais, que desde a madrugada do dia 28 de abril hostilizam e reprimem manifestantes.
Isso ocorre menos de dois meses depois de os projetos que fazem ajustes na Previdência dos servidores terem sido retirados do regime de urgência, com o compromisso do governo Richa de debater o tema com as entidades sindicais antes de enviá-lo à votação. Mas o projeto, aprovado aprovado em primeira instância, foi à Comissão de Constituição e Justiça, e volta para votação.
Na madrugada e na parte da manhã do dia 28, caminhões de água, sprays pimenta e gás lacrimogêneo foram atirados contra manifestantes.
Tentativa de retirar o caminhão de som dos sindicatos e balas de borracha também constou no procedimento do governo.
A oposição ao menos conseguiu liminar garantindo o acesso pelos servidores às galerias para votação nesta quarta (29). Além disso, uma comissão de cinco senadores acompanhará a votação para minimizar conflitos.
“O governador tem feito uma fala de que foram os servidores que desrespeitaram o compromisso. É uma inverdade. (…) Ilegal é o comportamento antidemocrático do governo do Paraná”, afirmou em vídeo o professor Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato.
Rombo
A avaliação de Marlei Fernandes, dirigente da APP-Sindicato, é de que o governo não pode fazer manobras fiscais a partir da aposentadoria pública.
“Fizemos todos os estudos. O governo hoje investe na previdência do servidor seis bilhões anuais. O fundo de Previdência, o fundo Militar e o fundo Financeiro. Ele vai resolver o seu problema de caixa. Vai aliviar o seu caixa em 142 bilhões. Mas o governo não está resolvendo o problema de previdência dos servidores. O governo tem que encontrar suas próprias saídas e não querer confiscar os recursos da previdência”, critica Marlei, em entrevista à Imprensa do Sismuc.
Madrugada tensa e manhã de embates
Na madrugada do dia 29, o clima narrado por quem está no acampamento é de tensão e expectativa de que o governo mobilize tropas para tentar retirar o caminhão de som do movimento, como ocorreu na noite anterior.
Caminhões com mais grades de isolamento e carros da polícia circulavam durante a madrugada.
Na manhã do dia 29, está convocada por professores e servidores manifestação, na tentativa de derrubar o projeto.
Por: Pedro Carrano
Sismuc
Jornalistas aprovam pauta de reivindicações e organizam manifestação
28 de Abril de 2015, 14:02Em assembleia realizada na noite da última segunda-feira, 27 de abril, na sede do Sindijor-PR, os jornalistas profissionais do Paraná aprovaram a pauta de reivindicações da campanha salarial 2015, com data-base em 01 de maio, e autorizaram a entidade a negociar com o sindicato patronal.
Confira os itens adicionais que serão propostos para a Convenção Coletiva de Trabalho:
- piso salarial estabelecido para jornada ATÉ cinco horas diárias, com uma listagem de diversas nomenclaturas que estabeleçam o exercício da profissão;
- reajuste de 16% no piso salarial, que deverá ser de R$ 3.173,00 (cerca de 8% de aumento real);
- gratificação de qualificação (5% para especialização; 5% para língua estrangeira; 10% para mestrado; 15% para outra graduação; 20% para doutorado);
- vale-refeição no valor de R$ 15 por dia;
- cláusula para estabelecer que o exercício profissional deve ser feito por jornalista graduado em qualquer veículo de comunicação ou instituição que requer o profissional de jornalismo;
- ampliação do auxílio-creche para crianças até 5 anos e 11 meses;
- estabilidade de 30 meses para pré-aposentadoria;
- estágio: o estágio está regulamentado desde janeiro de 2015, com jornada de 4 horas, com prazo mínimo de 6 meses, para estudantes a partir do 6º período, mas sem valor fixado para bolsa-auxílio. O Sindicato vai propor o valor da bolsa pelo teto do salário mínimo regional, que é de R$ 948;
- Uma cláusula de adicional de penosidade pretende garantir aos repórteres fotográficos e cinematográficos que carregam peso para o exercício da profissão sejam beneficiados com um valor adicional, folgas adicionais, entre outros tópicos;
- extensão da licença-paternidade para 180 dias;
- vale cultura.
Os representantes do Sindijor destacaram que a campanha salarial dos jornalistas é unificada com o Sindicato do Norte do Paraná e que a pauta de reivindicações será discutida com as entidades patronais e terá validade para jornalistas de empresas filiadas a sindicatos signatários da CCT.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Ato marca o “Dia Internacional da Liberdade de Imprensa”
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), ao lado de profissionais de vários veículos de comunicação, sindicatos, estudantes, e entidades da sociedade civil, prepara para domingo, 3 de maio, Dia da Liberdade de Imprensa, às 10 horas, na Feira do Largo da Ordem, o ato público “Manifestação contra jornalistas perseguidos no Paraná”.
A manifestação pública dos profissionais será marcada pelo lançamento da campanha “BASTA de perseguição a jornalistas”. O objetivo é fazer uma representação simbólica da mordaça que a categoria vem sofrendo em várias regiões do estado e cobrar, principalmente do governo do Paraná, resposta à sociedade sobre a ameaça de morte sofrida pelo jornalista da RPC TV, James Alberti.
A manifestação pública em defesa dos jornalistas perseguidos chama a atenção da sociedade para a questão da liberdade de imprensa, tão atacada nas últimas semanas no estado do Paraná.
Manifestação Contra jornalistas perseguidos no Paraná
Data: 3 de maio (Dia da Liberdade de Imprensa)
Local: Feira do Largo da Ordem
Hora: 10 horas
Fonte: Sindijor PR
Crônica: Richa agarra a Ditadura
28 de Abril de 2015, 12:25Polícia recebe ordens e Beto Richa e ataca professores. Foto: Leandro Taques.
A minha crônica teria o tom ainda ameno. Embora o sangue esteja pulsando, os dedos tremendo e a vontade impulsionando, não queria elevar o tom contra o governo por perceber que os governantes já não são tão capazes de manter o juízo. O título da crônica, nesta perspectiva, seria “Beto Richa flerta com a ditadura”.
Os elementos para enxergar isso, durante o primeiro dia de greve, 27 de abril de 2015, são muitos. Simulação de uma votação dentro da assembleia legislativa. Perímetro do Centro Cívico sitiado. Justiça agindo para oprimir. Indignação coletiva calada por uma pistola que a qualquer momento pudesse falar quando fosse acionado. Ao cidadão, a aquele que perde um direito, é dever protestar, é lícito até perder o controle. Ao Estado, senhor de si, dono do monopólio da força, não pode agir ou reagir a uma pedrada, a um olhar feio, a um breve xingamento.
E a desproporção de força era tão grande que não houve confronto ao longo do dia. Mas houve surra. Um verdadeiro lixamento moral em todos os manifestantes, impotentes que estavam ao ouvir (ver fora impedido) os deputados aprovando o assalto de seu futuro. Havia sim uma e outra manifestação, palavras de ordem, mas o clima geral era de velório. Era a morte da democracia. E toda vez que um companheiro, um camarada de luta nos deixa, é obrigatório dizer: presente.
De lamento em lamento seguiria a vigília, rolaria a madrugada. Mas Beto Richa desistiu do flerte com a repressão e tomou a força à Ditadura em seus braços. E agora não há mais como conter as palavras sem temer que elas sejam apagadas a base de borrachada. O governo atravessou a linha que ele mesmo montara. Insatisfeito que está em apenas vencer, Richa quer eliminar e humilhar essa resistência e qualquer outra que venha a ocorrer no futuro. Não há trégua. O padrão da força e medo está estabelecido. Sua prova foi agir na surdina, no meio da madrugada, longe da imprensa e quando a maioria dorme. A tropa foi para o ataque. Choque, gás de pimenta, tiros. Tudo isso em um cenário em que cadeias estão superlotadas, que a corrupção é abafada, que jornalistas são exilados.
O que fazer? Resistir. A mão treme indignada, a verdade foi sequestrada, o medo é o padrão, mas o coração ainda pulsa.
Por Manolo Ramires
Terra Sem Males
Retratos da luta pela moradia em Curitiba
26 de Abril de 2015, 20:40“A nossa luta é todo dia. Movimento Popular por Moradia”
Famílias erguem suas casas com as próprias mãos, da noite para o dia, fazem vigília, constroem um sonho. Mesmo convivendo com a insegurança de talvez perder seu pedaço de chão recém conquistado, ninguém demonstra ou fala em medo. Nas três mais recentes ocupações por moradia que surgiram no bairro CIC, em Curitiba, o que mais se ouve é a palavra “aluguel”.
Morando debaixo da lona
Eleno Jeronimo da Silva, 43 anos, está desempregado há seis meses. Mora numa casa com sala, cozinha e dois quartos na Vila Oficinas, bairro Cajuru, em Curitiba. Sua família tem cinco pessoas. Paga R$ 1.100 de aluguel. Trabalhou como mecânico de máquinas e caminhões numa indústria de Araucária durante 15 anos. Foi demitido após voltar de um afastamento do trabalho. Foi retirar o Fundo de Garantia (FGTS) para utilizar na compra da casa própria e descobriu que a empresa não fazia os depósitos. Soube por familiares que na semana passada teria início a Ocupação Tiradentes.
“Quando eu perguntei para a minha esposa o que ela achava, ela me disse: se for pra sair do aluguel, vou com você até para baixo de uma lona”, contou, com um sorriso no rosto. A Ocupação Tiradentes teve início na madrugada de sexta-feira, 17 de abril, véspera do feriado do dia 21. De acordo com o Movimento Popular por Moradia, no pico dos cadastramentos, mais de 50 famílias por hora pediram para fazer parte da ocupação. São ao todo 1.200 famílias cadastradas, 300 na Nova Primavera, ocupação formada no ano de 2012, 280 famílias na 29 de março, formada na data do aniversário de Curitiba, e outras 600 famílias depositando seus destinos na nova ocupação Tiradentes.
Eleno ergueu as paredes de sua nova casa com compensados e no último sábado pela manhã, 25 de abril, ainda dormia sob lonas, mas nesta semana que se inicia, já ia colocar as telhas. Ele ainda está sozinho no local, deixou mulher e filhos na casa em que paga aluguel até a situação se estabilizar. Faltam móveis, luz, água. Ele diz ter matado quatro pequenas cobras logo que chegou e tratou de erguer de forma improvisada sua nova cama. Nada de dormir no chão.
Seis meses de sofrimento
Eleno talvez não saiba, mas o começo difícil demora um pouco a passar. Ao menos é o que conta a dona de casa Isolvina Bueno da Silva, 65 anos, moradora da Nova Primavera. Ela passou por seis meses de sofrimento, morando numa casinha improvisada, também com paredes de madeira compensada. Mas acreditou tanto nesse sonho que trouxe dois de seus três filhos e parte de seus netos. Com a maioria da família próxima, se ajudando, dona Isolvina mora numa casa com todo o conforto possível para quem está ali de passagem. A casa tem quarto, sala, cozinha (com geladeira, fogão, pia e água encanada), tem janelas, uma área externa com muitas plantas em vasos. E banheiro. Na Nova Primavera, todas as casas têm banheiro.
“Eu pagava R$ 600 de aluguel. Mais despesas com água, luz. Eu faço muitas coisas para sobreviver como vender pães, bolos, cosméticos e costurar. Mas o dinheiro nunca dava. Hoje eu tenho uma vida melhor e sou muito feliz aqui”, diz a mulher, que trabalhou por muitos anos como cozinheira, criou sozinha os três filhos e melhorou sua vida a partir do momento que economizou o dinheiro do aluguel.
Organização da ocupação
Isolvina é uma das coordenadoras da ocupação Nova Primavera. Ela é responsável por cobrar dos moradores do setor F respeito com o local do lixo e é a ponte entre as famílias abrigadas ali e o MPM. Se vai ter alguma melhoria na casa, ela tem que ser informada. Se há algum desentendimento, ela leva a informação para a coordenação do movimento. Ela também é responsável pela chamada diária. Toda casa tem que ter um morador que durma lá todas as noites. Se a casa for abandonada, é disponibilizada para outra família.
O controle é necessário para manter a ordem e até mesmo evitar especulação imobiliária, já que a ocupação Nova Primavera está num estágio avançado de uma futura construção de moradia popular financiada pela Caixa Econômica Federal. Uma das sedes do banco foi ocupada pelo movimento em Curitiba no dia 09 de fevereiro de 2015. Um dos diretores do Sindicato dos Bancários, Genesio Cardoso, intermediou uma reunião com a superintendência do banco na ocasião, o que deu uma injeção de ânimo nas famílias de lá. E tornou Genesio um militante muito próximo do movimento.
Genesio recolhe doações, participa das atividades (todas as sextas-feiras à noite são realizadas assembleias com as famílias para dar informes do MPM), conversa com as pessoas e passa a informação da luta por moradia para o movimento sindical. Em 27 de fevereiro de 2015, o Sindicato dos Bancários organizou um abraço simbólico numa das sedes da Caixa, em defesa do banco 100% público. E lá estavam os representantes do Movimento Por Moradia, os maiores interessados que o banco continue investindo nas questões sociais.
O futuro é agora
A ocupação Nova Primavera deu tão certo que talvez essa seja uma motivação a mais para tantas pessoas estarem nas ocupações 29 de março e Tiradentes, ainda sob lonas, mas com o sorriso no rosto. Além da promessa de casa própria, os moradores do local têm acesso aos serviços públicos, no posto de saúde e na creche municipal. Essa conquista também demorou. O comprovante de endereço veio somente em 2014, quando o MPM realizou um ato em frente à unidade de saúde. A partir disso, a entidade ficou responsável por manter atualizado um cadastro de moradores, por setor e número de casa, e o atendimento é garantido.
André Chinaider tem 28 anos, esposa e dois filhos. Trabalha na construção civil mas desde dezembro está desempregado, sobrevivendo com bicos. Ele explica que a esposa não trabalha, porque estão com um bebê em casa. Ele também paga R$ 600 de aluguel. E também estava lá na assembleia no sábado pela manhã, que reuniu as famílias das três ocupações, com o maior sorriso no rosto e com um brilho no olhar. Explicou que durante o dia a mulher e os filhos vêm para ajudar na arrumação. Eles vieram recentemente para a Tiradentes. Mas à noite a família volta para a casa de aluguel e ele fica de plantão. Até a casa melhorar.
De acordo com Fernando Marcelino, um dos coordenadores do MPM (e que mora na Nova Primavera), o cadastro tem alguns critérios: as famílias têm que participar das assembleias, responder as chamadas, se envolver na luta. E quando o sonho da casa própria se concretizar, todos serão recompensados. “A ideia é que sejam construídos apartamentos no mesmo local da Nova Privamera, para beneficiar todas as famílias. O MPM irá intermediar a contratação entre a construtora e a Caixa e o empreendimento terá custos reduzidos”, diz o militante.
Moradores querem empresa fora da área
Na manhã do último sábado, 25 de abril, o Movimento Popular por Moradia organizou um ato com moradores das três ocupações em frente à empresa Essencis. A entidade acusa a empresa de despejar chorume em áreas de mananciais. O chorume do lixão da Essencis estaria sendo despejado sem tratamento adequado em rios que desembocam no Barigui, e que deixa à vista dezenas de urubus que sobrevoam o local, próximo à represa Passaúna.
Bastidores: Saindo da zona de conforto
Ao visitar três ocupações por moradia num sábado pela manhã, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Mas não adianta tentar adjetivar. Foi minha primeira vez numa ocupação e antes de chegar lá eu queria saber a motivação dessas pessoas. Num primeiro impacto pensei: aqui é surreal. Eu não cheguei a nenhuma conclusão definitiva sobre os motivos dessas famílias. Me parece ser muito mais do que economizar com as contas do aluguel, da água, da luz.
Eu só quero demonstrar que essas pessoas estão lá, muitas em barracos ainda precários, mas estão com o sorriso no rosto e a esperança estampada em seus olhares. Os que chegaram primeiro estão com suas casinhas modestas, feitas de compensado, mas cobertas com telhas, e dispondo de todo o conforto possível. A felicidade é um estado de espírito. E a motivação dessas famílias, na minha modesta opinião, é sair da zona de conforto, e com muita luta e sofrimento, conquistar um lar. Para mim, é um ato de coragem.
O Movimento Popular por Moradia tem uma comunidade no facebook. Acesse e ajude a divulgar.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Retratos da luta pela moradia
26 de Abril de 2015, 20:40“A nossa luta é todo dia. Movimento Popular por Moradia”
Famílias erguem suas casas com as próprias mãos, da noite para o dia, fazem vigília, constroem um sonho. Mesmo convivendo com a insegurança de talvez perder seu pedaço de chão recém conquistado, ninguém demonstra ou fala em medo. Nas três mais recentes ocupações por moradia que surgiram no bairro CIC, em Curitiba, o que mais se ouve é a palavra “aluguel”.
Morando debaixo da lona
Eleno Jeronimo da Silva, 43 anos, está desempregado há seis meses. Mora numa casa com sala, cozinha e dois quartos na Vila Oficinas, bairro Cajuru, em Curitiba. Sua família tem cinco pessoas. Paga R$ 1.100 de aluguel. Trabalhou como mecânico de máquinas e caminhões numa indústria de Araucária durante 15 anos. Foi demitido após voltar de um afastamento do trabalho. Foi retirar o Fundo de Garantia (FGTS) para utilizar na compra da casa própria e descobriu que a empresa não fazia os depósitos. Soube por familiares que na semana passada teria início a Ocupação Tiradentes.
“Quando eu perguntei para a minha esposa o que ela achava, ela me disse: se for pra sair do aluguel, vou com você até para baixo de uma lona”, contou, com um sorriso no rosto. A Ocupação Tiradentes teve início na madrugada de sexta-feira, 17 de abril, véspera do feriado do dia 21. De acordo com o Movimento Popular por Moradia, no pico dos cadastramentos, mais de 50 famílias por hora pediram para fazer parte da ocupação. São ao todo 1.200 famílias cadastradas, 300 na Nova Primavera, ocupação formada no ano de 2012, 280 famílias na 29 de março, formada na data do aniversário de Curitiba, e outras 600 famílias depositando seus destinos na nova ocupação Tiradentes.
Eleno ergueu as paredes de sua nova casa com compensados e no último sábado pela manhã, 25 de abril, ainda dormia sob lonas, mas nesta semana que se inicia, já ia colocar as telhas. Ele ainda está sozinho no local, deixou mulher e filhos na casa em que paga aluguel até a situação se estabilizar. Faltam móveis, luz, água. Ele diz ter matado quatro pequenas cobras logo que chegou e tratou de erguer de forma improvisada sua nova cama. Nada de dormir no chão.
Seis meses de sofrimento
Eleno talvez não saiba, mas o começo difícil demora um pouco a passar. Ao menos é o que conta a dona de casa Isolvina Bueno da Silva, 65 anos, moradora da Nova Primavera. Ela passou por seis meses de sofrimento, morando numa casinha improvisada, também com paredes de madeira compensada. Mas acreditou tanto nesse sonho que trouxe dois de seus três filhos e parte de seus netos. Com a maioria da família próxima, se ajudando, dona Isolvina mora numa casa com todo o conforto possível para quem está ali de passagem. A casa tem quarto, sala, cozinha (com geladeira, fogão, pia e água encanada), tem janelas, uma área externa com muitas plantas em vasos. E banheiro. Na Nova Primavera, todas as casas têm banheiro.
“Eu pagava R$ 600 de aluguel. Mais despesas com água, luz. Eu faço muitas coisas para sobreviver como vender pães, bolos, cosméticos e costurar. Mas o dinheiro nunca dava. Hoje eu tenho uma vida melhor e sou muito feliz aqui”, diz a mulher, que trabalhou por muitos anos como cozinheira, criou sozinha os três filhos e melhorou sua vida a partir do momento que economizou o dinheiro do aluguel.
Organização da ocupação
Isolvina é uma das coordenadoras da ocupação Nova Primavera. Ela é responsável por cobrar dos moradores do setor F respeito com o local do lixo e é a ponte entre as famílias abrigadas ali e o MPM. Se vai ter alguma melhoria na casa, ela tem que ser informada. Se há algum desentendimento, ela leva a informação para a coordenação do movimento. Ela também é responsável pela chamada diária. Toda casa tem que ter um morador que durma lá todas as noites. Se a casa for abandonada, é disponibilizada para outra família.
O controle é necessário para manter a ordem e até mesmo evitar especulação imobiliária, já que a ocupação Nova Primavera está num estágio avançado de uma futura construção de moradia popular financiada pela Caixa Econômica Federal. Uma das sedes do banco foi ocupada pelo movimento em Curitiba no dia 09 de fevereiro de 2015. Um dos diretores do Sindicato dos Bancários, Genesio Cardoso, intermediou uma reunião com a superintendência do banco na ocasião, o que deu uma injeção de ânimo nas famílias de lá. E tornou Genesio um militante muito próximo do movimento.
Genesio recolhe doações, participa das atividades (todas as sextas-feiras à noite são realizadas assembleias com as famílias para dar informes do MPM), conversa com as pessoas e passa a informação da luta por moradia para o movimento sindical. Em 27 de fevereiro de 2015, o Sindicato dos Bancários organizou um abraço simbólico numa das sedes da Caixa, em defesa do banco 100% público. E lá estavam os representantes do Movimento Por Moradia, os maiores interessados que o banco continue investindo nas questões sociais.
O futuro é agora
A ocupação Nova Primavera deu tão certo que talvez essa seja uma motivação a mais para tantas pessoas estarem nas ocupações 29 de março e Tiradentes, ainda sob lonas, mas com o sorriso no rosto. Além da promessa de casa própria, os moradores do local têm acesso aos serviços públicos, no posto de saúde e na creche municipal. Essa conquista também demorou. O comprovante de endereço veio somente em 2014, quando o MPM realizou um ato em frente à unidade de saúde. A partir disso, a entidade ficou responsável por manter atualizado um cadastro de moradores, por setor e número de casa, e o atendimento é garantido.
André Chinaider tem 28 anos, esposa e dois filhos. Trabalha na construção civil mas desde dezembro está desempregado, sobrevivendo com bicos. Ele explica que a esposa não trabalha, porque estão com um bebê em casa. Ele também paga R$ 600 de aluguel. E também estava lá na assembleia no sábado pela manhã, que reuniu as famílias das três ocupações, com o maior sorriso no rosto e com um brilho no olhar. Explicou que durante o dia a mulher e os filhos vêm para ajudar na arrumação. Eles vieram recentemente para a Tiradentes. Mas à noite a família volta para a casa de aluguel e ele fica de plantão. Até a casa melhorar.
De acordo com Fernando Marcelino, um dos coordenadores do MPM (e que mora na Nova Primavera), o cadastro tem alguns critérios: as famílias têm que participar das assembleias, responder as chamadas, se envolver na luta. E quando o sonho da casa própria se concretizar, todos serão recompensados. “A ideia é que sejam construídos apartamentos no mesmo local da Nova Privamera, para beneficiar todas as famílias. O MPM irá intermediar a contratação entre a construtora e a Caixa e o empreendimento terá custos reduzidos”, diz o militante.
Moradores querem empresa fora da área
Na manhã do último sábado, 25 de abril, o Movimento Popular por Moradia organizou um ato com moradores das três ocupações em frente à empresa Essencis. A entidade acusa a empresa de despejar chorume em áreas de mananciais. O chorume do lixão da Essencis estaria sendo despejado sem tratamento adequado em rios que desembocam no Barigui, e que deixa à vista dezenas de urubus que sobrevoam o local, próximo à represa Passaúna.
Bastidores: Saindo da zona de conforto
Ao visitar três ocupações por moradia num sábado pela manhã, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Mas não adianta tentar adjetivar. Foi minha primeira vez numa ocupação e antes de chegar lá eu queria saber a motivação dessas pessoas. Num primeiro impacto pensei: aqui é surreal. Eu não cheguei a nenhuma conclusão definitiva sobre os motivos dessas famílias. Me parece ser muito mais do que economizar com as contas do aluguel, da água, da luz.
Eu só quero demonstrar que essas pessoas estão lá, muitas em barracos ainda precários, mas estão com o sorriso no rosto e a esperança estampada em seus olhares. Os que chegaram primeiro estão com suas casinhas modestas, feitas de compensado, mas cobertas com telhas, e dispondo de todo o conforto possível. A felicidade é um estado de espírito. E a motivação dessas famílias, na minha modesta opinião, é sair da zona de conforto, e com muita luta e sofrimento, conquistar um lar. Para mim, é um ato de coragem.
O Movimento Popular por Moradia tem uma comunidade no facebook. Acesse e ajude a divulgar.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Professor da Unicamp fala sobre mercado de trabalho pós-crise de 2008
24 de Abril de 2015, 17:55Professor Paulo Baltar, da Unicamp, destaca avanço social na entrada tardia dos jovens ao mercado de trabalho. Foto: Paula Padilha.
Na tarde desta sexta-feira, 24 de abril, foi realizado mais um painel do Ciclo de Debates sobre Economia do Trabalho e Sindicalismo promovido pelo Instituto Democracia Popular na sede do Sindicato dos Engenheiros (Senge), em Curitiba.
O professor Paulo Baltar, da Unicamp, falou sobre a situação do mercado de trabalho brasileiro no pós-crise de 2008, traçando um comparativo com o crescimento da economia e com a evolução do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o professor, a principal característica do mercado de trabalho no Brasil no comparativo entre os anos de 2004 e 2013 é a expressiva redução no número de jovens entre 15 e 19 anos que estão ocupados (empregados, assalariados, não remunerados) ou procurando empregos. Esses jovens passaram a estudar mais e somente depois procurar ocupação. O índice caiu de 50,7% em 2004 para 40,9% em 2013, representando uma profunda transformação social no país.
Acesse o link com a matéria completa sobre o painel.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Sindijor convoca para assembleia na próxima segunda (27)
24 de Abril de 2015, 13:22O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná convoca seus associados para assembleia que será realizada na próxima segunda-feira, 27 de abril, às 19 horas (primeira convocação), na sede da entidade, em Curitiba.
Em pauta, a aprovação da minuta de reivindicações para a campanha salarial e a posse da nova direção da entidade, entre outros.
Acesse a íntegra da matéria, que contém a pauta e informes sobre assembleias nas regionais.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Assembleia da APP será neste sábado, dia 25, em Londrina
24 de Abril de 2015, 12:54Primeira assembleia pós-greve avaliará prestação de contas e o andamento da pauta
Há pouco mais de 30 dias da retomada do trabalho em sala de aula, educadores e educadoras do Paraná se reunirão neste sábado, dia 25 de abril, em assembleia geral da categoria. A meta é fazer uma avaliação detalhada do período pós-greve e definir as próximas mobilizações. A luta pelos direitos dos(as) trabalhadores(as) e pela garantia de escolas com condições de ensino e aprendizado não para!
A categoria continua em estado de greve, conforme definido na última assembleia, em março. Neste novo debate, do dia 25, os(as) educadores(as) também analisarão a conjuntura política, avaliarão prestação de contas e, por fim, definirão as respostas da educação diante das últimas ações do governo Beto Richa (PSDB).
Nesta sexta (24), o Conselho Estadual da APP também se reúne na cidade. O objetivo é sistematizar as diferentes realidades dos 29 Núcleos Sindicais da APP por todo Estado. A assembleia geral da APP acontece pela terceira vez, nesta gestão, fora da capital. Apucarana e Guarapuava receberam as assembleias nesta fase de aproximação com a base.
Todos(as) educadores(as) filiados a APP estão convocados a participar deste debate. Os(as) trabalhadores(as) devem procurar o Núcleo Sindical mais próximo para informações sobre as caravanas.
Assembleia Estadual Extraordinária
Data: 25 de abril de 2015
Horário: 08h
Local: Canadá Country Club
Endereço: Av. Juscelino Kubitschek, 1854 – Londrina/PR
Fonte: APP Sindicato