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Textos sobre Skinner: Texto 3 O reforço para Skinner

22 de Março de 2014, 15:59 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

Muito se fala sobre a complexidade das ideias de Skinner e a verídica dificuldade de seu estudo. Por isso houve a produção de 4 textos sobre o tema na tentativa de cooperar com sua compreensão. O primeiro tema foi os-determinantes-do-comportamento , na qual as esferas gerais dos comportamentos, seus determinantes e o modelo de seleção pelas consequências foram demonstrados. Já no segundo texto as 3 contingências foram exploradas, assim como a unidade do comportamento.  O terceiro texto vai ser sobre o reforço, sem no entanto dar muitos detalhes sobre os efeitos.

Como falei no texto as-3-contingencias tanto reforço quanto punição são conseqüência e tem diferentes efeitos. Tanto o reforço quanto a punição se dividem em positivo e negativo. Portanto, reforço positivo e negativo, punição negativa e positiva. O termo “positivo” significa a adição de algo, o termo “negativo” significa a retirada de algo, quase uma noção matemática.  Nos exemplos abaixo temos um contexto simples com reforço facilmente decifrável, e outro mais complexo e de complexa definição do reforço.

 

Reforço positivo:

 

contexto: observando garrafa de refrigerante→resposta: abrir a garrafa→ consequência: garrafa aberta.

contexto: criança vendo pai jogando bola→resposta: pedir para jogar bola→ consequência: criança jogando bola  com o pai.

  No primeiro, o contexto é simples e o reforço para a resposta só pode ser a garrafa aberta. Já no segundo, dois grandes estímulos se encontram ali, e várias respostas poderiam ocorrer.  Tanto a resposta quanto a consequência poderiam ser diferentes. A criança poderia pegar ou chutar a bola, pedir para o pai bater embaixadinhas, e várias outras opções, cada uma com seu reforço. Mesmo para a resposta de pedir para jogar bola a consequência poderia ser a atenção do pai, jogar bola, ou ainda jogar bola com o pai.

Ainda sobre o reforço positivo existem duas subclassificações, o reforço natural e o reforço arbitrário. O primeiro é definido como um reforço que vem diretamente do indivíduo, o segundo do contexto. Um exemplo do primeiro pode ser tocar um violão e se sentir bem[1], escrever e se sentir motivado, assim como ficar feliz depois de conversar com aquele parente sumido há tantos anos. Não é verdadeiro dizer que no reforço natural o contexto não muda, somente o reforço vem do individuo, mas ainda assim não deixa de existir uma consequência no contexto, isto é, a probabilidade de tocar violão aumenta a cada reforço natural. Já no arbitrário vem direto do contexto, e dessa forma o comportamento de trabalhar em um lugar ruim com salário alto pode ser mantido pelo recebimento do salário, ou uma criança fazer as coisas corretamente para ouvir um elogio do pai, uma namorada se vestir bem para ouvir elogios do namorado.

 

 

Reforço negativo:

 

Contexto: homem em frente à namorada e um cigarro→resposta: parar de fumar o cigarro→ consequência: não receber um xingo da namorada.

 

Contexto: andando na rua e em sua frente um caco de vidro→resposta: desviar do caco de vidro→ conseqüência: pé não foi cortado

  Em ambos os casos a resposta foi para que algo ruim não viesse a acontecer, isto é, uma bronca por parte de outra pessoa ou um caco de vidro. O reforço negativo constitui o contracontrole e a esquiva[2], isto é, o sujeito aprende a desviar da punição para obter seu reforço, essa é a grande característica do reforço negativo- a fuga de uma punição e/ou estimulo aversivo, um SD (stimule discriminative ou estímulo discriminativo) para comportamento de esquiva.[3]Dessa forma, o indivíduo pode aprender a diminuir a velocidade de seu carro frente a um radar para depois acelerar, uma criança obedecer seu pai frente a ele para depois contrariar a ordem, ou ainda chamar algum amigo para ir a sua casa porque assim seu pai ou mãe evitam de dar bronca. Ou seja, fumante não parou de fumar, o infrator de passar a velocidade permitida, e o filho não vai se comportar “corretamente” todo o tempo, a não ser frente ao pai. Também no reforço negativo deve-se descobrir qual é reforço do comportamento, mesmo sendo do tipo negativo. Aqui também se encontra o reforço arbitrário, visto pelos próprios exemplos.

Por fim, vale salientar a característica definidora de um reforçador, uma outra divisão e os efeitos do reforçamento. Algo que reforça um comportamento faz com que sua freqüência aumente, caso contrário se classifica como uma punição ou um processo de extinção. Uma outra diferenciação a ser feita é o reforço a curto, e a longo prazo. Alguns reforços são mais imediatos (a própria imediaticidade é uma característica importante do reforço) que outros, assim um aluno pode escolher ir às festas da faculdade ao invés de estudar e uma criança decidir não tomar uma vacina, mesmo que no histórico comportamental desses indivíduos isso tenha resultado em punições positivas. No primeiro uma nota ruim, no segundo uma doença. Após definir os tipos de reforçamento, sua divisão quanto ao prazo e reforçamento natural ou arbitrário, antes é preciso explicar o comportamento operante, isto é, um comportamento que opera no contexto, criando assim um outro contexto para que outro comportamento ocorra.[4] Agora já é possível explicar os efeitos do reforçamento:

 

“1-aumentar a taxa desta resposta em relação ao seu nível operante;

2-aumentar a taxa dessa resposta em relação à taxa de outro comportamento que está ocorrendo na situação;

3-transformar num elo, que é sempre repetido, o padrão ou sequência das respostas envolvidas

4-aumentar a estereotipia “selecionada.;” (Millenson, 1975)

Ou seja, se um rato em nível operante pressiona 2 vezes uma barra, pode passar a tocar 96 caso haja reforçamento. Outros comportamentos como levantar, tocar a barra, cheirar e limpar-se tendem a diminuir, pois o comportamento de pressionar a barra está sendo reforçado e quanto mais for reforçado, mais o elo de comportamentos será fortalecido, ficando cada vez mais estereotipada a resposta, isto é, feito de forma semelhante. Trazendo isso para o comportamento humano podemos usar como exemplo um garoto de 6 anos aprendendo a ler.

Suponhamos que seja um garoto bagunceiro e a frequência do comportamento de fazer bagunça é muito maior do que o de prestar atenção na aula. Esse seria seu comportamento operante. De uma hora para outra, sua professora pensa em reforçar o comportamento de prestar atenção à aula com um “parabéns” a cada vez que ele fizer isso. Caso dê certo, o aluno irá passar a prestar atenção por uma maior quantidade de tempo e diminuir a freqüência do comportamento de fazer bagunça. Além de repetir sempre o padrão de comportamento reforçado tendo uma resposta cada vez mais estereotipada, isto é, deve prestar atenção à aula sentado com as mãos na mesa e sem conversar desnecessariamente, caso essa seja a regra ou costume da escola.

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

Referencias bibliográficas

Millenson. J. R. (1975). Princípios Básicos de análise do comportamento. Brasília: Editora de Brasília

Moreira. M. B; Medeiros C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento Moreira. Porto Alegre : Artmed, 2007.



[1] Sobre o reforço natural e arbitrário até esse exemplo a fonte foi: “Princípios Básicos de Análise do comportamento” de Moreira e Medeiros

[2] Fonte: “Princípios Básicos de Análise do comportamento” de Moreira e Medeiros

[3] Fonte: “Princípios Básicos de Análise do comportamento” de Moreira e Medeiros

 

[4] Fonte do comportamento operante: “Princípios Básicos de Análise do comportamento” de Moreira e Medeiros

 

 


Tags deste artigo: behaviorismo

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