Agora vai.
Tudo indica que, defenestrado Felipão, a CBF ponha em seu lugar o professor Tite, aquele treinador adorado pelos corintianos, inventor de uma nova língua, o "titês", baseada em palavras com o sufixo "dade", com as quais ele responde a qualquer pegunta que lhe façam.
Tipo assim:
Repórter: Tite, como você avalia a atuação de seus laterais no jogo de hoje?
Tite: É preciso ver que a empregabilidade da nossa ofensividade teve por objetivo vencer a defensividade do nosso adversário.
E por aí vai.
Basicamente, é essa a diferença entre Tite e todos os outros treinadores de futebol do país.
Além disso - e sei que os amigos corintianos não vão concordar comigo -, Tite vagueia entre a mediocridade e a esperteza, ou seja, ele é substancialmente igual a tantos outros "professores" que pulam de clube em clube pelo país afora - e que são igualmente responsáveis, ao lado de cartolas, empresários e imprensa, por este paupérrimo futebol brasileiro contemporâneo.
A melhor piada entre todas feitas depois da surra que a seleção levou no Mineirão dos alemães é essa que diz que a CBF fará mudanças no comando da equipe.
Mudar o quê?
A comissão técnica?
Para formar outra com Tite no comando?
Mudança seria a CBF trocar sua diretoria - patética diretoria - por pessoas que vivam no Brasil do século 21.
Marin e seu sucessor, del Nero, basta vê-los ou ouví-los, não saíram dos anos 70, devem ainda, nos momentos de empolgação, cantarolar a marchinha ufanista dos "90 milhões em ação..."
A CBF quer mudar o futebol brasileiro, trazê-lo para a modernidade?
Ótimo.
Retire, então, da Rede Globo, o monopólio da transmissão do Brasileirão, o nosso campeonato mais importante.
Faça, ao menos, os jogos começarem antes da novela das 9 - e não depois.
Permita que os clubes determinem o calendário da competição e os horários dos jogos.
Vamos mudar o futebol brasileiro?
Perfeito, ótima ideia - está mesmo na hora.
Que tal então deixarmos o nosso querido Tite gozar mais um bom tempo da semiaposentadoria, ou do "período sabático" a que ele se submeteu depois de sair do Corinthians?
Que tal, em vez de apresentá-lo à torcida, com a sua camisa azul e o seu linguajar pseudointelectual, como o salvador da pátria, trazer para o Brasil uma comissão técnica estrangeira, de primeira linha, com métodos verdadeiramente modernos de treinamento, capaz de tratar o jogador como profissional e não como membro de sua família?
Que tal esquecermos de vez os "professores" brasileiros e seus sistemas táticos de dez, 15 anos atrás?
Que tal termos a humildade de reconhecermos que o nosso futebol involuiu para a era dos chutões e o dos europeus evoluiu para a era dos passes, dos dribles e dos chutes a gol precisos?
A maioria dos times brasileiros, incluindo a seleção, joga hoje como a Inglaterra ou a Alemanha jogavam há mais de uma década.
Tite vai resolver o problema?
Estou certo que não.
Como ainda se diz por aí, o buraco é mais embaixo...
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