Go to the content

Motta

Full screen

Segundo Clichê

Febbraio 27, 2017 15:48 , by Blogoosfero - | 1 person following this article.

O chorinho, ou o que o Brasil tem de melhor

Ottobre 16, 2017 13:59, by segundo clichê
 

 

Carlos Motta



O Brasil que deu certo está por toda a parte, só não vê - ou ouve - quem não quer.

Está nas ruas das cidades, nas escolas, nas praças, nos teatros, nos palcos mambembes, nos salões da elite, nos botecos pés sujos, está em qualquer lugar onde caibam algumas pessoas - em mínimos metros quadrados os representantes desse Brasil que deu certo são capazes de mostrar o seu imenso talento.

O que seria do Brasil sem a força desse povo que canta, toca, compõe, sem pensar em grandes recompensas, a não ser o prazer de espalhar a sua arte, de receber em troca dela aplausos muitas vezes entusiasmados?

A música popular brasileira é o maior tesouro que este imenso país possui.


Os americanos são bons nesse campo, não há dúvida, são os campeões mundiais de audiência, espalham com orgulho seu rock, seu country, seu blues, seu jazz, suas baladas - e a gente os admira, os respeita, porque eles merecem toda a reverência.

Mas nós, os humildes brasileiros, estamos no jogo - e não só para competir.

A bossa nova invadiu o campo adversário com suas harmonias sofisticadas, melodias comoventes e intérpretes maravilhosos.

E depois veio o samba, o pai inconteste da bossa nova, símbolo maior da união nacional - em que lugar deste enorme país não se toca, não se dança e não se canta o samba?

E os músicos do mundo todo foram se encantando com a música brasileira, descobrindo joias que aqui são tão pouco reveladas.

Caso do choro, ou chorinho, como queiram, o mais antigo gênero musical brasileiro, que teve adeptos e criadores geniais, como Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Severino Araújo, Altamiro Carrilho - e dezenas de outros mais.

O choro é hoje estudado, tocado e reverenciado na Europa, nas Américas, na Ásia, em todo o planeta.

O instrumentista brasileiro é aplaudido pelas plateias mais exigentes.

E, incrível, aqui mesmo, o país que a cada dia se torna mais e mais uma colônia do grande irmão do Norte, que recebe diariamente toneladas e toneladas do mais tóxico lixo cultural, o choro - como o samba e outros ritmos mais regionais - cresce, amplia a sua audiência, mostra caras novas, talentos indiscutíveis.

É o caso do grupo Desenhando o Choro, muito atuante na região das cidades paulistas de Amparo e Bragança Paulista, que acaba de lançar o seu segundo CD, "Nosso Momento".

O Desenhando é composto pelo flautista Fefê Corradini, violonista Rafael Schimidt, cavaquinista Jairo Ribeiro e pandeirista Paulinho Marciano.

Como no seu primeiro CD, "Desenhando!", todas as composições são de autoria ou dos componentes do grupo, principalmente de Rafael Schimidt, ou de músicos amigos.

As músicas continuam a tradição das melodias sofisticadas dos choros de antigamente, a interpretação é de alto nível, e a produção do novo disco, feita com "muito sacrifício", como diz Fefê Corradini, é simples, porém profissional e eficiente - afinal, do que mais precisa a boa música além de bons intérpretes?

E os músicos do Desenhando são ótimos, tão bons que um deles, o violonista Rafael Schimidt, vai aos poucos consolidando uma carreira solo que já chamou a atenção de bambas do instrumento, como o hoje internacional Yamandu Costa, com quem ele já dividiu o palco.

Rafael tem um trunfo a mais na sua curta, mas profícua carreira: é um compositor de mão cheia, autor de mais de 80 músicas.

Neste último CD do grupo, ele assina 9 das 10 faixas, algumas em parceria com Rafael Beck, um jovem flautista já considerado um fenômeno da música brasileira, e com o consagrado violonista Douglas Lora.

Num país de economia arrasada, crise política sem precedentes e instituições em farrapos, é alentador saber que ao menos a sua música não só resiste, mas amplia sua influência na cultura, agregando cada vez mais talentos indiscutíveis de uma geração que não se acomoda em fórmulas antigas e bem-sucedidas, mas que busca sempre se aperfeiçoar tecnicamente e experimentar novos enfoques, novos caminhos.

O novo trabalho do Desenhando reflete essa alegria de se fazer bem algo de que se gosta. Seu título, "Nosso Momento", diz tudo. 



Economia em ponto morto

Ottobre 13, 2017 9:55, by segundo clichê


Marcelo P. F. Manzano

Mais uma vez as pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) captam uma reversão do nível de atividade econômica ocorrida no último mês de agosto. Assim como já tinha sido verificado no caso do indicador da produção industrial (que registrou uma queda de 0,8%), foram divulgados os números relativos às vendas no varejo, as quais caíram 0,5% na passagem de julho para agosto, depois de uma sequência de quatro altas mensais consecutivas.


Tomadas em conjunto, as quedas da produção industrial e do volume de vendas no comércio varejista sinalizam que os impulsos sobre a demanda agregada alcançados a partir da liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ao longo do primeiro semestre já perderam efeito e não são mais capazes de reanimar a atividade econômica.

Assim, embora seja razoável estimar uma pequena recuperação cíclica da economia a partir dos próximos meses, o aspecto fundamental a se considerar até aqui é que, com exceção das exportações, os demais motores da demanda continuam em ponto morto, com o país ainda estacionado no sopé da ribanceira. (Fundação Perseu Abramo)



Basta um telefonema

Ottobre 11, 2017 11:46, by segundo clichê


Carlos Motta

A polícia brasileira, como é notório, não se destaca pelos métodos científicos que usa para investigar os crimes.

Depende, muitas vezes, de informações colhidas de informantes, dedos-duros e alcaguetas para chegar aos criminosos.

Delatores são, portanto, peças importantes, até mesmo essenciais, para o trabalho policial. 

Num Estado ditatorial, como a Alemanha nazista, por exemplo, o delator tinha um papel fundamental para a manutenção do status quo.

Por meio deles, além dos criminosos comuns, também os inimigos do Estado eram perseguidos, presos - e eliminados.

Bastava um telefonema, anônimo, para que a polícia política fosse atrás do pobre coitado denunciado, que, ao contrário do usual no direito desde séculos, tinha de provar a sua inocência.

Claro que mutos desses "anônimos" aproveitavam a ocasião para destruir inimigos, concorrentes, desafetos.

Bastava apontar o dedo para eles, apontá-los como subversivos, terroristas, comunistas, homossexuais, ateus, gordos, magros, altos, baixos, corintianos, palmeirenses, loiros ou morenos, qualquer coisa, enfim, que não se adequasse à ideologia dominante.

Num Estado policial desse tipo ninguém, absolutamente ninguém, nem os amigos do rei, está a salvo da arbitrariedade, da violência, da tortura, do assassinato - e das vilanias de um alcagueta.

Felizmente, neste Brasil Novo, as instituições estão funcionando, a Justiça é para todos, e ninguém está acima das leis. 



Um Dia da Criança com a cara do Brasil Novo: triste

Ottobre 10, 2017 13:45, by segundo clichê


Uma pesquisa da Aondeconvem, plataforma de varejo com mais de 9 milhões de consumidores, revela que apenas 57% dos entrevistados comprarão presentes para o Dia das Crianças deste ano. Em 2016, a mesma pesquisa apurou que  86% dos pesquisados fariam compras para a data.


Quando questionados sobre o tipo de presente a ser comprado, 56,5% mencionam que comprarão brinquedos e 22,5% vestuário, indicando uma mudança muito grande em relação ao tipo de presente escolhido comparando com os resultados de 2016. Naquele ano, 94,5% planejaram comprar brinquedos e 2,5% vestuário.

Em relação ao montante a ser gasto com presentes nessa data, 31% dos participantes devem gastar até R$50; 36% planejam gastar entre R$ 50 e R$ 100; e 20% gostariam de desembolsar de R$ 100 a R$200.  Comparando com os resultados de 2016, houve uma baixa em relação à faixa entre R$ 100 a R$ 200, já que no ano passado, 30% dos entrevistados se preparavam para gastar esse montante.

A decisão de compra do melhor presente está baseada nos quesitos: preços (44%), seguido da qualidade do produto (28%), possibilidades de descontos (17%), facilidade na hora de fazer o pagamento (8%) e localização do ponto de venda (3%).

Entre os 7.626 participantes do levantamento, 69,74% são do sexo feminino, e 30,26% masculino.



O prefeito, a empatia, e a ração dos pobres

Ottobre 10, 2017 10:36, by segundo clichê


Carlos Motta

O prefeito paulistano é movido a marketing.

Cuida com extremo zelo de sua imagem física - beirando os 60 anos, tenta parecer um meninão de 30.

Utiliza as novas tecnologias, principalmente as redes sociais, com desenvoltura.

É veterano no manejo televisivo.

Com tudo isso a seu favor, deveria estar, como dizem, "voando" no comando da prefeitura da metrópole.

Mas o que ocorre é justamente o contrário: a cada dia, apontam as pesquisas, a decepção com o seu governo cresce.

Da mesma forma, aumenta a percepção de que o cargo que ocupa é apenas um trampolim para que salte nas águas incertas da disputa presidencial de 2018 - se ela ocorrer.

E, em meio a isso tudo, fica cada vez mais visível que falta a ele não só a experiência necessária para sobreviver no ambiente da política real, mas um componente essencial para qualquer pessoa que pretenda ter sucesso na carreira de homem público: ele não tem nenhuma preocupação social, nenhuma empatia com os desprotegidos, os mas fracos, essa enorme parcela da população que vive no limite da sobrevivência.

É muito estranho que um homem com a sua formação educacional fale, publicamente, tanta bobagem, e proponha e adote medidas absolutamente imbecis, como essa última de transformar restos de comida em ração para os pobres.

Pessoas normais não dizem ou fazem o que diz e faz o prefeito paulistano. 

Há certos mecanismos no cérebro que impedem, por exemplo, uma autoridade, em vez de responder a uma crítica, afirmar que quem a fez é "velho", como se a velhice fosse algo que depreciasse o ser humano.

O seu caso parece ser sério, denota, ao menos ao leigo, alguma patologia.

Se nada de extraordinário acontecer, o prefeito paulistano deverá concorrer ao cargo de presidente da república tendo como um dos adversários o deputado neofascista admirador da tortura e que acha que os problemas do país serão resolvidos a partir do momento em que os "homens de bem" estiverem armados.

É de se estranhar que eles não se juntem numa chapa que refletiria à perfeição um segmento da sociedade que não acompanhou o processo civilizatório e os tempos sombrios e esquizofrênicos que vive o Brasil pós-golpe.



Motta

0 communities

None