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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Mon, 29 Jul 2013 23:15:37 +0000

29 de Julho de 2013, 17:15, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Carta do pai de Edward Snowden e seu advogado ao presidente Obama

 
 

Instamos o senhor a ordenar que o Promotor Geral abandone a queixa criminal contra Edward, e apoie a legislação para remediar os abusos de vigilância da NSA que ele revelou

29/07/2013

 

Caro Ilmo. Sr. Presidente:

O senhor esta extremamente ciente de que a história da liberdade é a história da desobediência civil à leis ou práticas injustas. Como Edmund Burke pregou, “O triunfo do mal despende unicamente de que os homens bons não façam nada.”

A desobediência civil não é a primeira, mas a a última opção. Henry David Thoreau escreveu com profunda resistência sobre a Desobediência Civil: “Se a injustiça é parte da fricção necessária da máquina do governo, que seja, deixe que passe: possivelmente ela irá se desgastar suavemente e certamente a máquina irá se desgastar. Se a injustiça tem uma fonte, ou uma polia, ou uma corda, ou uma manivela exclusiva, talvez então você deva considerar se o remédio será pior do que o mal; mas se for de tal natureza que requeira que você seja o agente da injustiça contra um outro, então, eu digo, viole a lei. Deixe a sua vida ser a contra-fricção que detém a máquina.”

A filosofia moral de Thoreau encontrou expressão durante os tribunais de Nuremburgo nos quais “cumprir ordens” foi rejeitado como uma argumento de defesa. Na verdade, a lei militar exige desobediência a leis claramente ilegais.

Um capítulo negro da história da Segunda Guerra Mundial na América não teria sido escrito se o então Promotor Geral dos Estados Unidos tivesse se demitido ao invés de participar dos campos de concentração racistas que aprisionaram 120.000 cidadãos Americanos Japoneses e estrangeiros residentes.

A desobediência civil do Ato do Escravo Fugitivo e as leis de Jim Crow provocaram o fim da escravidão e a revolução moderna por direitos civis.

Nós submetemos que as revelações de Edward J. Snowden sobre o arrastão de vigilância dos Americanos sob o § 215 do Ato Patriota, do § 702 do Ato de Vigilância da Inteligência Externa, ou que tenham sido sancionados pela honrosa filosofia moral de Thoreau e justificações pela desobediência civil. Desde 2005, o Sr Snowden trabalhava para a comunidade de inteligência. Ele se encontrou numa situação de cumplicidade com um segredo, espionando indiscriminadamente milhões de cidadãos inocentes o que é contrário ao espírito, senão à carta da Primeira e Quarta Emendas e a transparencia indispensáveis ao auto-governo. Membros do Congresso incumbidos com o descuido se mantiveram silenciosos ou Delficos. O Sr Snowden foi confrontado com a escolha entre a o dever cívico e a passividade. Ele pode ter recordado a injunção de Martin Luther King, Jr.: “Ele que passivamente aceita o mal esta tão envolvido quanto aquele que ajuda a perpetrá-lo.” O Sr Snowden escolheu o seu dever. A sua administração vingativamente respondeu com uma queixa criminal alegando violações do Ato de Espionagem.

Desde o início de sua administração, o sigilo dos programas de vigilância Orwelianos da Agencia de Segurança Nacional haviam frustrado a discussão nacional sobre a sua legalidade, necessidade e moralidade. Esse sigilo (combinado com a impraticabilidade congressional) provocou as revelações de Edward, que causou um debate nacional que o senhor tardia e cinicamente aderiu. A legislação foi introduzida no Parlamento e no Senado para limitar ou encerrar os programas da NSA [sigla em inglês da Agencia de Segurança Nacional], e o povo Americano esta sendo educado sobre as escolhas de políticas públicas disponíveis. A grande maioria hoje verbaliza suas preocupações sobre a vigilância de arrastão dos Americanos que foi exposta por Edward e que o senhor ocultou. Nos parece confuso que o senhor esteja processando Edward por ter conseguido o que o senhor disse ser urgentemente necessário!

O direito a não ser perturbado pela bisbilhotagem do governo – o direito mais valioso entre as pessoas civilizadas – é o pilar da liberdade, Robert Jackson, da Corte Suprema de Justiça, serviu como Procurador Chefe em Nuremburgo. Ele aprendeu as dinâmicas do Terceiro Reich que destruíram uma sociedade livre, e que oferecem lições para os Estados Unidos hoje.

Escrevendo em Brinegar v. Estados Unidos, Jackson elaborou:

A Quarta Emenda afirma: ” O direito à segurança pessoal dos indivíduos, de suas casas, papéis, e efeitos, contra buscas não justificadas e embargos, não devem ser violados, e nenhum mandato pode ser emitido sem uma causa provável, apoiados por Juramento ou afirmação, e descrevendo particularmente o local a ser revistado, as pessoas e coisas a serem apreendidas.”

Esses, eu protesto, não são meros direitos secundários mas pertencem ao catálogo das liberdades indispensáveis. Entre as privações de direitos, nenhuma é tão eficiente em intimidar a população, esmagando o espirito do indivíduo e colocando o terror em cada coração. A busca e apreensão descontrolada é uma das primeiras e mais eficientes armas no arsenal de todo governo arbitrário. Tudo que um individuo necessita é ter convivido e trabalhado entre pessoas dotadas de muitas qualidades admiráveis mas privadas desses direitos para saber que a personalidade humana deteriora e a dignidade e auto-confiança desaparecem onde lares, pessoas e possessões são sujeitas a qualquer momento à buscas e apreenções não anunciadas pela polícia.

Nós, portanto, acreditamos que o zelo com que a sua administração esta punindo o Sr. Snowden, por cumprir com a sua responsabilidade cívica, para proteger os processos democráticos e garantir a liberdade, é injusto e indefensável.

Estamos também chocados com o desdenho da sua administração pelo direito, as leis, a justiça e presunção da Inocência com relação a Edward.

No dia 27 de junho de 2013, o Sr. Fein escreveu uma carta ao Promotor Geral afirmando que o pai de Edward estava substancialmente convencido de que ele iria retornar aos Estados Unidos para enfrentar as acusações que foram feitas contra ele, se houvessem três garantias legais fundamentais. A carta não era um ultimato, mas um convite a discussão dos imperativos de um julgamento justo. O Promotor Geral foi desdenhado na abertura com um silencio estudado.

Nós, portanto, suspeitamos que a sua administração deseja evitar um julgamento devido á dúvidas constitucionais sobre as aplicações do Ato de Espionagem nessas circunstancias, e às obrigações de revelar ao publico informações classificadas potencialmente embaraçosas sob o Ato dos Procedimentos de Informação Classificada.

A sua decisão de forçar uma companhia aérea civil, que transportava o presidente boliviano Evo Morales, a aterrizar na esperança de sequestrar Edward, também não inspira a confiança de que o senhor esta comprometido em oferecer a ele um julgamento justo. Nem tampouco a sua recusa em lembrar o povo Americano e os eminentes Democratas e Republicanos no Parlamento e no Senado como também o Porta Voz da Casa John Boehner, a Congressista Nancy Pelosi, a Congressista Michele Bachmann, e a Senadora Dianne Feinstein que Edward desfruta da presunção de inocência. Ele não deveria ser condenado antes do julgamento. E ainda assim o porta voz Boehner denunciou Edward como“traidor.”

A Sra Pelosi pontificou que Edward “violou a lei quando liberou aqueles documentos.” A Sra Bachmann pronunciou que, “Isso não foi um ato de um patriota; isso foi uma ato de um traidor.” E a Sra Feinstein decretou que Edward era culpado de “traição” que é definido no Artigo III da Constituição como uma “declaração de guerra” aos Estados Unidos, “ou a aderir aos seus inimigos, dando a eles auxílio e conforto.”

O senhor permitiu essas quatro afrontas ao devido curso do processo, passarem sem repreensão, enquanto o senhor menosprezou Edward como um “hacker”, espalhando difamações sobre as suas motivações e talentos. O senhor esqueceu o gospel da Corte Suprema em Berger v. Estados Unidos em que os interesses do governo ” em um processo criminal não são vencer o caso, mas que a justiça seja feita?”

Nós também achamos repreensível a sua administração processar Edward por Ato de Espionagem, pelas suas revelações, sem distinção daqueles que rotineiramente entram no domínio publico através dos seus indicados do alto escalão, com o objetivo de adquirir vantagens políticas partidárias. Detalhes classificados dos protocolos do seu predador drone, por exemplo, foram compartilhados com o New York Times impunimente, para reforçar as suas credenciais de segurança nacional. A justiça, observou Jackson na Railway Express Agency, Inc. v. New York: “Os autores da Constituição sabiam, e nós não deveríamos esquecer hoje, que não há maior garantia prática e efetiva contra governos arbitrários e insensatos do que exigir que os princípios da lei que oficiais fossem impor sobre a minoria, devam ser impostos em geral.”

Sob a luz das circunstâncias amplificadas acima, nós instamos o senhor a ordenar que o Promotor Geral abandone a queixa criminal contra Edward, e apoie a legislação para remediar os abusos de vigilância da NSA que ele revelou. Tais diretivas presidenciais iriam marcar o seu momento constitucional e moral mais importante.

 

Atenciosamente,

Bruce Fein, conselheiro de Lon Snowden

e Lon Snowden

 

Tradução: Ana Amorim


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Mon, 29 Jul 2013 22:59:31 +0000

29 de Julho de 2013, 16:59, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

ONG: “POLÍCIA DE SP EXECUTA VÍTIMAS E ACOBERTA CRIMES”

:

 

Quem chegou a esta conclusão foi a organização internacional Human Rights Watch, em carta enviada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao procurador-geral do Estado, Márcio Fernando Elias Rosa;  entidade examinou 22 casos de mortes pela polícia entre 2010 e 2012, nos quais a evidência disponível coloca em séria dúvida as alegações de que o uso da força letal foi justificada, sugerindo que as mortes foram execuções extrajudiciais; ONG pediu que o Estado conduza “imediata, completa e imparcial” investigação sobre as mortes realizadas por policiais e garanta que aqueles que usam força ilegal sejam responsabilizados

 

29 DE JULHO DE 2013 ÀS 19:13

 

SP 247 – A Polícia de São Paulo tem um “claro padrão de execução de vítimas” e de acobertas esses crimes. A afirmação é da organização não-governamental (ONG) internacional Human Rights Watch, em carta enviada nesta segunda-feira (29) para o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao procurador-geral do Estado, Márcio Fernando Elias Rosa. A entidade pediu que o Estado conduza “imediata, completa e imparcial” investigação sobre as mortes realizadas por policiais e garanta que aqueles que usam força ilegal sejam responsabilizados.

Segundo reportagem do site da Carta Capital, a entidade examinou 22 casos de mortes pela polícia entre 2010 e 2012, nos quais a evidência disponível coloca em séria dúvida as alegações de que o uso da força letal foi justificada, sugerindo que as mortes foram execuções extrajudiciais. A ONG entrevistou procuradores, defensores públicos e membros das famílias das vítimas, além de analisar as investigações policiais, relatórios oficiais de autópsias e registros de hospitais. Para a organização, há indícios de que as mortes não resultaram de tiroteios com a polícia.

A organização afirma que os agentes envolvidos nestes casos levam os corpos para os hospitais sob o falso pretexto de resgatar as vítimas, mas tinham a intenção de destruir evidências nas cenas do crime e até plantar provas nas vítimas antes que os investigadores forenses chegassem. Em 20 destes casos, os oficiais envolvidos removeram as vítimas da cena do crime para “ajudá-las”, mas nenhuma delas sobreviveu.

A Human Rights Watch também analisou os relatos de mortes em resistência à prisão do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP, da Polícia Civil) na cidade de São Paulo em 2012. Segundo os relatórios, a polícia transportou 379 pessoas a hospitais após os incidentes e 95% delas (360) morreram.

A ONG demonstra preocupação com as operações da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota, da Polícia Militar). De acordo com a carta, entre 2010 e 2012, a tropa matou 247 pessoas em incidentes de resistência no Estado, enquanto feriu apenas 12. “O número muito alto de pessoas mortas levanta dúvidas se a polícia exauriu todas as medidas não letais antes de usar força letal. É positivo lembrar que nenhum policial em serviço foi morto nestes episódios, o que levanta graves questionamentos se a força letal era sempre necessária”, ressalta a carta.

A Human Rights Watch destaca reconhecer os esforços da polícia e do governo paulista em tentar reduzir a violência. A entidade afirma que os policias do Estado enfrentam ameaças reais de violência, mas nem todas as mortes por agentes podem ser justificadas como legítima defesa. A ONG destaca positivamente a expansão do mandato Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) para investigar queixas de abusos cometidos por policiais militares e encontrar casos de mortes por policiais para identificar padrões de abuso. E também elogia a resolução SSP-05, de janeiro de 2013, que proíbe os policiais de removerem vítimas de tiros da cena do crime.


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Mon, 29 Jul 2013 22:57:51 +0000

29 de Julho de 2013, 16:57, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Sociedade

Violência

Polícia de SP tem claro padrão de execução de vítimas, diz ONG

Em carta aberta ao governador Geraldo Alckmin, a Human Rights Watch pede investigação “imediata, completa e imparcial” sobre mortes realizadas por policiais
por Redação — publicado 29/07/2013 17:31, última modificação 29/07/2013 17:45

 

 

 
André Gustavo Stumpf / Flickr / Creative Commons

A organização internacional Human Rights Watch denunciou em carta aberta nesta segunda-feira 29 que a polícia de São Paulo tem um “claro padrão de execução de vítimas” e de acobertar esses crimes. A ONG pediu que o Estado conduza “imediata, completa e imparcial” investigação sobre mortes realizadas por policiais e garanta que os oficiais que usam força ilegal sejam responsabilizados. O texto foi enviado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao Procurador-Geral do Estado, Márcio Fernando Elias Rosa (Leia a carta AQUI).

A entidade examinou 22 casos de mortes pela polícia entre 2010 e 2012, nos quais a evidência disponível coloca em séria dúvida as alegações de que o uso da força letal foi justificada, sugerindo que as mortes foram execuções extrajudiciais.

A ONG entrevistou procuradores, defensores públicos e membros das famílias das vítimas, além de analisar as investigações policiais, relatórios oficiais de autópsias e registros de hospitais. Para a organização, há indícios de que as mortes não resultaram de tiroteios com a polícia.

A organização afirma que os agentes envolvidos nestes casos levam os corpos para os hospitais sob o falso pretexto de resgatar as vítimas, mas tinham a intenção de destruir evidências nas cenas do crime e até plantar provas nas vítimas antes que os investigadores forenses chegassem.

Em 20 destes casos, os oficiais envolvidos removeram as vítimas da cena do crime para “ajudá-las”, mas nenhuma delas sobreviveu. A Human Rights Watch também analisou os relatos de mortes em resistência à prisão do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP, da Polícia Civil) na cidade de São Paulo em 2012. Segundo os relatórios, a polícia transportou 379 pessoas a hospitais após os incidentes e 95% delas (360) morreram.

Na carta, a ONG cita exemplos da brutalidade policial. Em março de 2010, a polícia atirou em Dileone Aquino em um cemitério de Ferraz de Vasconcelos, alegando que ele havia sido ferido em uma perseguição após o suspeito ter supostamente roubado um carro. Entretanto, uma testemunha relatou ter visto a polícia puxar o homem de um carro da polícia e atirar nele a queima roupa. Os dois policiais envolvidos foram absolvidos das acusações de homicídio em maio de 2013.

A ONG também demonstra preocupação com as operações da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota, da Polícia Militar). De acordo com a carta, entre 2010 e 2012, a tropa matou 247 pessoas em incidentes de resistência no Estado, enquanto feriu apenas 12. “O número muito alto de pessoas mortas levanta dúvidas se a polícia exauriu todas as medidas não letais antes de usar força letal. É positivo lembrar que nenhum policial em serviço foi morto nestes episódios, o que levanta graves questionamentos se a força letal era sempre necessária”, ressalta a carta.

Em um episódio, a Rota relatou seis mortes por resistência após “intenso tiroteio” em um supermercado em Taipas, em agosto de 2011. Um vídeo do momento do tiroteio, contudo, mostra os policiais no supermercado virando a câmera de vigilância para fora do armazém onde o suposto tiroteio ocorreu. Fotografias dos seis suspeitos mortos indicam que eles foram alvejados múltiplas vezes na cabeça, nas costas e na nuca.

A Human Rights Watch destaca reconhecer os esforços da polícia e do governo paulista em tentar reduzir a violência. A entidade afirma que os policias do Estado enfrentam ameaças reais de violência, mas nem todas as mortes por agentes podem ser justificadas como legítima defesa.

A ONG destaca positivamente a expansão do mandato Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GECEP) para investigar queixas de abusos cometidos por policiais militares e encontrar casos de mortes por policiais para identificar padrões de abuso. E também elogia a resolução SSP-05, de janeiro de 2013, que proíbe os policiais de removerem vítimas de tiros da cena do crime.

A entidade pede, no entanto, que outras reformas sejam adotadas para reduzir mortes extrajudiciais por policiais e encobrimentos destes casos, como a garantia de processos judiciais contra policiais envolvidos nestes casos.

Em 2009, a ONG fez o relatório Força Letal, que documentou 16 casos em São Paulo e 35 no Rio de Janeiro nos quais a polícia parecia ter executado pessoas e declarado que elas foram mortas enquanto resistiam à prisão.


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Mon, 29 Jul 2013 22:56:46 +0000

29 de Julho de 2013, 16:56, por Desconhecido - 0sem comentários ainda
 

PM finge que filmagens de protestos feitas por policiais não existem

 

Segundo Polícia Militar, imagens foram feitas somente de helicópteros, mas fotos e vídeos mostram PMs gravando os manifestantes
por Patricia Cornils e Piero Locatelli — publicado 29/07/2013 14:14, última modificação 29/07/2013 14:44

 

 

 
Policial filma manifestação

Policial filma manifestação no largo da Batata. Segundo PM, essas filmagens não existiram

 

Você já participou de manifestações em São Paulo e viu um policial militar, fardado, filmando os manifestantes? Nós já, muitas vezes. A Polícia Militar de São Paulo filma regularmente protestos e manifestações e, nos últimos anos, isso se tornou uma prática constante. Assim, é surpreendente que a instituição, em resposta a um pedido de acesso à informação, tenha afirmado que realiza filmagens pelo Olho de Águia, sistema instalado em helicópteros.

Além de responder a este pedido com uma informação falsa, a Polícia Militar não cumpriu a Lei de Acesso em outros três pedidos de informação, realizados no dia 27 de junho. O primeiro: “Qual a norma ou portaria que define como, com qual finalidade e como são feitas e guardadas as filmagens realizadas pela Polícia Militar durante manifestações?”. O segundo: “Gostaria de ter acesso à íntegra das imagens feitas pela Polícia Militar no protesto realizado pelo Movimento Passe Livre no dia 15 de junho de 2013”. O terceiro: “Como é realizado o processo de identificação das pessoas nas filmagens realizadas pela Polícia Militar em manifestações políticas?” No dia 28, o Serviço Estadual de Informações ao Cidadão (SIC.SP) nos informou, por e-mail, que os pedidos foram reecaminhados ao SIC da Polícia Militar – Comando de Policiamento da Capital.

A Lei de Acesso à Informação determina que os pedidos devem ser respondidos em prazo não superior a 20 dias, a contar da data do protocolo da solicitação. Este prazo pode ser prorrogado por mais dez dias, mediante justificativa expressa. Não houve resposta, nem justificativa.

Durante todo o mês de junho, policiais fardados filmaram as manifestações. No primeiro protesto organizado pelo Movimento Passe Livre, no dia 6, a reportagem presenciou um manifestante sendo preso. Policiais militares isolaram a área onde ele foi colocado em um camburão. Enquanto ele era levado, e era impossível acessar o local, dois policiais filmavam de perto os diálogos entre o preso e os policiais.

Vários PMs filmaram os protestos nos dias seguintes. Não eram os chamados P2 (policiais infiltrados em meio aos manifestantes), mas PMs fardados e carregando grandes câmeras. A cena de policiais filmando áreas que eles mesmo haviam isolado eram constantes. Mas, segundo a Polícia Militar, não existem PMs cinegrafistas.

Pela lei de acesso à informação, pedimos uma série de detalhes sobre as filmagens. A Polícia Militar ignorou a existência delas:

Pergunta: Quais os modelos e marcas das câmeras utilizadas pela Polícia Militar para registrar manifestações no estado de São Paulo?

Resposta da PM: As imagens oficiais da Policia Militar são feitas pelo Olho de Águia – Copom da PMESP.

O Olho de Águia é o sistema instalado em helicópteros que custou 9,1 milhões de reais ao estado de São Paulo em 2008. Três aeronaves da corporação podem manejar o sistema, e repassam as informações a uma base “de gerenciamento de crise” da própria PM.

Como mostram as fotos e o vídeo desta matéria, as imagens não eram feitas somente pelo Olho de Águia, mas pelos próprios PMs, fardados, no chão.

A PM deu uma resposta semelhante quanto perguntada sobre os formatos das filmagens:

Pergunta: Qual formato de vídeo foi usado pela PM para salvar as imagens captadas nos protestos de junho de 2013 organizados pelo Movimento Passe Livre em São Paulo?

Resposta da PM: As imagens são feitas em AVI por meio do Olho de Águia.

Novamente, a PM ignora os policiais fardados filmando os manifestantes de perto. Perguntei também o porquê das filmagens:

Solicitação: Qual o objetivo das filmagens feitas pelos policiais militares nas sete manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre em São Paulo em junho de 2013?

Resposta: Na medida do possível as operações Políciais Militares são filmadas afim de preservar a imagem da instituição e resguardar a ação do policial e do cidadão.

A resposta não especifica qual o objetivo dela. “Preservar a imagem da instituição” e “resguardar a ação do policial” são respostas nada precisas.

A polícia não detalha como as filmagens são feitas e também não dá acesso a elas. A PM tem o mais rico acervo de imagens do que aconteceu em São Paulo no mês de junho, incluindo dos seus próprios abusos que foram amplamente divulgados pela mídia, mas finge que estas filmagens, de evidente interesse público, não existem.

Mas há outro componente alarmante nesta questão. Não existe, no Brasil, nenhuma lei de proteção aos dados pessoais dos cidadãos. A Constituição determina, em seu artigo 5º, inciso X, que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” e cria a figura do “habeas-data”, para acesso do cidadão aos dados que constem em registros ou bancos de dados de entidades públicas a seu respeito.

No anteprojeto da Lei de Proteção de Dados Pessoais, parado no Ministério da Justiça, é reconhecida a necessidade de uma legislação específica para os bancos de dados instituídos e mantidos para fins exclusivos de segurança pública, defesa, segurança do Estado e suas atividades de investigação. É urgente que os direitos e deveres do Estado em relação a informações sobre a vida de seus cidadãos também sejam estabelecidos. E, bom, que a Polícia Militar do Estado de São Paulo cumpra a Lei de Acesso, principalmente no Brasil, onde há pouco mais de um ano ela nem existia; onde se discute a tipificação do crime de terrorismo e onde há poucos dispositivos legais para nos proteger da vigilância do Estado.

 

 

 
 
 
 

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Mon, 29 Jul 2013 22:53:37 +0000

29 de Julho de 2013, 16:53, por Desconhecido - 0sem comentários aindaHoje às 19h10

Justiça reapresenta vídeos com três depoimentos do massacre do Carandiru

Portal TerraVagner Magalhães+A-AImprimir
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Com o desmembramento do julgamento do “massacre do Carandiru” em pelo menos cinco etapas, a Justiça de São Paulo decidiu utilizar vídeos com a gravação do depoimento de testemunhas, colhidos em abril, nesta segunda fase do julgamento, em que 26 policiais militares, acusados por 73 das 111 mortes ocorridas naquela data, são julgados. Com isso, os sete jurados que compõem o conselho de sentença vão acompanhar os depoimentos dos ex-detentos Antonio Carlos Dias e Marco Antonio de Moura e do ex-diretor de segurança, Moacir dos Santos, em sessões consecutivas de vídeo.

Esta é a segunda etapa do julgamento, que começou em abril com a condenação de 23 policiais militares – todos integrantes do 1º Batalhão de Choque (a Rota – Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Eles receberam uma pena de 156 anos de prisão, em regime fechado, por conta de 13 das 15 mortes ocorridas no primeiro andar do prédio. Todos recorrem da sentença em liberdade.

Nessa primeira etapa, os policiais receberam a pena mínima para cada homicídio, que é de seis anos, somada a mais seis anos por impossibilitarem a defesa das vítimas. Os 12 anos foram multiplicados pelas 13 mortes para se chegar ao resultado final da sentença. Na ocasião, o júri ainda absolveu três PMs denunciados: Roberto Alberto da Silva, Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues, seguindo recomendação do próprio Ministério Público. A justificativa é que eles não atuaram no 1º andar do pavilhão com a tropa.

Dias afirmou que os presos mortos na Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992, não estavam armados e foram assassinados de forma aleatória pela Polícia Militar. Segundo ele, a briga entre dois detentos que originou o tumulto teria sido controlada pela administração da prisão, mas a polícia “surpreendeu todo mundo” ao decidir invadir o local, atirando contra os presos. “Só não voltou ao normal porque a polícia entrou na cadeia”, disse.

“Eu vi uma montanha de corpos, todos caídos, alguns agonizando. (…) Fizeram um corredor (entre duas filas de PMs) e nos mandaram descer. Fomos brutalmente espancados. Qualquer descuido, eles matavam. Muitos morreram assim: só de olhar (para os policiais)”, afirmou o sobrevivente, que relatou ainda ter visto policiais com facas e pedaços de pau. Muitos teriam sido esfaqueados ao passar por esse corredor.

Dias cumpria pena por roubo na ocasião – a vítima foi ferida a tiro – e teve o nariz quebrado durante o tumulto, segundo ele, após levar uma paulada de um policial, quando ia até o pátio do presídio, ordenado pela PM.

O ex-detento relatou ainda que deveria ter cumprido cerca de um ano e oito meses de prisão, mas foi “esquecido” pela Justiça no Carandiru e acabou ficando cinco anos na Casa de Detenção. Para o sobrevivente, o número de vítimas foi bem maior que o divulgado pelo governo do Estado, na época, comandado por Luiz Antônio Fleury Filho.

“Tem um detalhe que poucas pessoas viram. Eu vi, porque depois fui para o 5º andar, vários corpos em cima de uma caçamba. (…) Só os corpos que eu vi entre o segundo andar e o pátio já dava 100 pessoas. Muita gente não tinha visita, não tinha família. Tinha muitos nessa condição. Eu acredito que, no mínimo, morreu o dobro do que eles falaram. Eu estive lá, eu presenciei”, afirmou. “Eu acredito que quem não tinha visita, era ‘indigente’, foi descartado como lixo”, disse.

‘Deus cria, a Rota mata’

Outro ex-sobrevivente, Marco Antonio de Moura, afirmou à Justiça que tem fresco na memória o que ocorreu no dia 2 de outubro de 1992. “Passaram 21 anos. Para mim foi como se fosse ontem”, disse ele, que levou um tiro no pé na ocasião. De acordo com o sobrevivente, os policiais já entraram no presídio atirando contra os presos. “Quando deixamos o pavilhão, para ir para o pátio, eles gritavam: ‘Deus cria, a Rota mata. Viva o Choque’”.

Moura estava no segundo pavimento do pavilhão 9, onde o processo relata que 15 detentos morreram. O ex-detento afirma que não se tratava de uma rebelião e que a intervenção da polícia era desnecessária. “Não era rebelião. Era um acerto de contas entre bandidos”, afirmou.

Moura, que foi preso por roubo (simulando estar armado) e respondeu por uma tentativa de homicídio (que foi arquivada por falta de provas), contou como levou o tiro no pé. “Havia umas 30 pessoas dentro da minha cela. Na correria, começou a entrar um monte de gente. Em um determinado momento, o policial pôs a cara no guichê (espécie de janelinha na porta da cela) e foi muito disparo”, disse ele. Entre as rajadas de metralhadoras em seu andar, ele disse que o que mais ouvia eram gritos de “pelo amor de Deus”.

Perguntado pelo juiz se reconheceria algum policial que participou da operação, ele foi direto. “Não tenho vontade de olhar para a cara de nenhum deles. Só lembro que tinha um de olho azul”. O detento disse ainda se recordar que tiros foram disparados por policiais que estavam sobre um helicóptero, que sobrevoava o pavilhão. “Eu dei sorte. Eu ia subir no telhado. Mas se tivesse subido, teria morrido”.

‘Não respeitaram nem o Ubiratan’

Moacir dos Santos era diretor da divisão de disciplina do Carandiru no dia do “massacre”. Em seu depoimento à Justiça ele afirma que a tropa não cumpriu o que havia sido combinado com os funcionários e autoridades e que ela não respeitou nem mesmo o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação.

“O Choque trouxe a Rota e colocou para dentro, junto com o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), os Bombeiros. Avisamos que quem estava no pátio não estava na briga. Quando abriu o portão, o que foi combinado foi por terra. Entraram e metralharam. Não deixaram nem a gente socorrer (as vítimas). Não respeitaram nem o Ubiratan. Puxei o (Ismael) Pedrosa – diretor da Detenção – para ele não ir para dentro junto”, disse ele. “Quando viu que não tinha jeito, ele entrou também”, afirmou o diretor sobre a postura de Ubiratan na ação. Santos era considerado o número 2 na hierarquia do presídio, apenas abaixo de Pedrosa, que foi assassinado a tiros em 2005, em Taubaté, no interior de São Paulo.

Santos lembrou que, no momento da briga que resultou em uma agitação entre os presos, estava almoçando. Foi chamado até o local para fazer o encaminhamento dos feridos. “Eles (os presos) nos avisaram que era uma briga entre eles e que não queriam funcionários lá. Disseram que acertariam entre eles. Estávamos em uns 10 funcionários dialogando com os presos para acalmar a situação e não havia reféns. Conosco não fizeram nenhuma maldade”, lembrou.

Santos conta que os presos montaram barricadas no térreo, para impedir a invasão da polícia. Foi colocado fogo na entrada da galeria. “Logo na entrada, um tubo de TV acertou o Ubiratan. Ele não ficou lá nem dois minutos. Um preso foi queimado, ficou sem pele, próximo a ele. Só foi retirado às 23h. O Ubiratan foi retirado prontamente”.

O diretor de segurança do Carandiru disse ainda que era favorável à invasão da PM, e que os policiais da tropa de Choque estavam habituados a entrar no Carandiru quando ocorriam tumultos sem reféns, mas atribui ao acionamento da Rota a atitude de iniciar o massacre – termo que ele considera adequado para descrever o episódio.

“A invasão era inevitável. Todo mundo (autoridades e diretores) entendia que era preciso invadir. (…) Mas qualquer um sabia que se colocasse a Rota lá não daria certo”, afirmou. Segundo Santos, os policiais que ficaram do lado de fora do pavilhão 9 impediram a entrada de civis para tentar amenizar a situação e “comemoravam como se fosse um gol” os disparos ouvidos.

 

Tags: carandiru, invasão, justiça, mortes, presídio

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