Lula cada vez mais Lula
9 de Abril de 2014, 16:23 - sem comentários ainda"O Lula é uma figura emocional. É isso que quero resgatar. Nas outras campanhas vi o Lula muito duro, aprisionado. Não falava com emoção. Lula falando, comove. Sem apoio do marketing, da TV, ele fazia o ABC se arrepiar. Como? Sem nenhuma orientação. Todos os outros são, de alguma maneira, fabricados. O que não vi em outras campanhas é isso: Lula. (...) O que vai mudar é a forma. Câmera no olho dele. Quando eu digo que a forma é mais importante do que o conteúdo, refiro-me ao jeito de falar, ao clima, à cara dele no momento, no corte de imagem. Tudo isso dá dramaticidade. (...) A linguagem é essa, não é a de comícios. TV é cochicho. Você fala com um por um. (...) Lula está muito animado de ser cada vez mais Lula e eu estou muito animado de botar o Lula cada vez mais Lula".
(Duda Mendonça em entrevista a IstoÉ 12.12.02, "Lula Comunicação dendê")
A passagem acima faz parte do livro Lula Presidente -televisão e política na campanha eleitoral, de Antônio Fausto Neto, Antonio Albino Canelas Rubim, Eliseo Verón, Hacker-Unisinos, 2003. Os autores descrevem o "engessamento" das campanhas eleitorais, da despolitização promovida pelo formato, da submissão dos candidatos às "regras" dos debates televisivos, do "protagonismo" dos jornalistas/mediadores/apresentadores sobre os candidatos, entre outras questões.
Então, o que levou o "Sapo Barbudo" a ser, finalmente, eleito em 2002? Lula entendeu as "regras do jogo" e cumpriu o que o eleitor esperava dele: Tinha que cuidar da aparência, da barba, vestir ternos mais elegantes? Ok. Tinha que ser o "Lulinha Paz e Amor"? Ok.
Ou, como disse o Duda Mendonça: "mudou a forma para ser cada vez mais Lula". Eleito, governou, foi reeleito e fez um segundo mandato muito melhor que o primeiro. Talvez, por ter "arrumado a casa e compreendido o que é não ser mais estilingue e se tornar vidraça", no primeiro mandato. No segundo, bancou a "marolinha" diante da Crise de 2008, recusou as receitas ortodoxas na economia, investiu no desenvolvimento do mercado interno e o resto, vocês sabem. O Brasil e Lula sairam da crise muito maiores.
Fez Dilma sua sucessora e, antes de sair da presidência, um fato inédito: a primeira entrevista exclusiva para os blogueiros. Um momento histórico, em que eu, junto com outros 6 mil brasileiros, tive a honra de acompanhar ao vivo. Depois, por coincidência, fui almoçar no mesmo restaurante para onde foram os blogueiros que o entrevistaram (alguns meus amigos) e pude trocar algumas impressões com eles.
Passados 3 anos e 3 meses, eis que Lula "rompe seu silêncio" e volta a falar com os blogueiros em outra entrevista exclusiva. Ele informa que não será candidato e que está pronto para correr o país pedindo votos para a reeleição de Dilma.
Como escreveu meu xará, Fernando Brito: "O mais impressionante na entrevista concedida ontem pelo ex-presidente Lula não foi o que ele disse. Foi como o que disse doeu na grande imprensa. E dor maior ainda porque, embora continuasse a poder selecionar o que lhe interessava, a mídia tinha um freio: o fato de toda a entrevista ter sido transmitida ao vivo pela internet. E que Lula tivesse podido falar o quanto quisesse, livre, sem a preocupação de fazer frases curtas, de olho na edição." http://tijolaco.com.br/blog/?p=16504
Claro que isso não impediu a Folha e o Globo de distorcerem suas palavras sobre a CPI da Petrobrás. Porém, sua assessoria, de imediato se posicionou. Ok, é da natureza do escorpião. Esta é a grande mídia que ele conhece tão bem. Nós também.
Por isso, Lula falava com "amigos", tanto os blogueiros quanto os brasileiros que o acompanhavam pela internet. De peito aberto, sem fugir de nenhum tema, com uma sinceridade cativante e muito bom humor.
Lembrei-me da eleição de 2002, de quando ele teve que "submeter-se às regras da grande mídia" para ser eleito. Ele venceu sendo "cada vez mais Lula", e, agora o foi de novo, porém, esnobando a grande mídia.
Lula sabe das coisas. Sabe, inclusive, que influencia o voto de 60 % dos brasileiros, segundo o Datafolha. Então, que ele seja cada vez mais Lula. O Brasil e o mundo ainda precisam muito dele.
Link para assistir a entrevista de Lula: http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/04/08/video-lula-fala-a-blogueiros/ …
Avisa ao tal "mercado" que tá ridículo isso, ok?
7 de Abril de 2014, 7:52 - sem comentários aindaAh, o mercado. Onipotente, onipresente e ao mesmo tempo, invisível, sem "rosto" definido.
Supostos analistas econômicos na TV invocam o seu nome (em vão) o tempo todo. "O mercado reagiu às pesquisas eleitorais"; "O mercado não gosta da candidata"... e por ai vai...
Se a "informação" é também uma mercadoria, sua cotação deveria estar em baixa no tal "mercado", pois as tiragens dos impressos só caem e as audiências das tvs atingem seus piores índices históricos.
Mas, o "grande Deus" parece não se importar com estes detalhes. Da mesma forma, o "candidato preferido pelo mercado" promete medidas impopulares, se eleito. Também parece não se importar com o fato do tal mercado não ter título de eleitor.
O importante é manter o discurso. Fazer de conta que a "crise" é real e que o povo está insatisfeito. Sobre isso, meu filho fez um comentário interessante ontem: "Pai, tá ridículo isso. Esta manipulação da TV contra o governo está descarada demais".
Fala-se mal da Petrobrás, como se ela fosse a Sabesp administrada pelos tucanos. Sobre os reservatórios secos da Cantareira, faz-se cara de paisagem (árida, óbvio).
Neste final de semana conseguiram uma proeza. Uma pesquisa eleitoral que, matreiramente, incluia 10 perguntas nada "isentas" para favorecer os candidatos da oposicinha, ainda assim concluia que Dilma seria reeleita em primeiro turno. Dai resolvem "criar o problema" destacando na mídia : "Dilma teria alta rejeição entre os eleitores da oposicinha". Algo inédito, realmente. Seria a mesma coisa de avaliar a rejeição do Flamengo entre os torcedores do Vasco.
O desespero do PIG e da Oposicinha é inversamente proporcional às intenções de voto de seus candidatos. A menos de 6 meses das eleições, tentam fazer de toda bala juquinha uma "bala de prata".
Pensam que nos enganam. Anhãm...
Petrobras. A reeleição de Dilma é tudo que os especuladores não querem
23 de Março de 2014, 7:45 - sem comentários aindaNaquela rádio que toca terror (disfarçado de "notícia"), o pequenino comentarista defende os interesses do grande capital e confessa candidamente: "os especuladores ansiosos pelo anúncio de uma queda de Dilma nas pesquisas fizeram subir as ações da Petrobras. Eles preferem Áecio ou Eduardo Campos. Mas, infelizmente, a pesquisa divulgada mostra Dilma firme e forte nas intenções de voto".
"Foi sintomático perceber que investidores e também especuladores torcem por sua queda", diz o artigo "Petróleo e eleições", de Leonardo Attuch, publicado no 247. http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/134052/Petr%C3%B3leo-e-elei%C3%A7%C3%B5es.htm Em resumo, a empresa, hoje o carro-chefe da economia brasileira, é sim um dos pontos centrais das discussões (pelo menos, das sérias) sobre a próxima eleição presidencial.
Afinal, o que queremos? A Petrobraxx dos tucanos, da privatização, das importações de plataformas, da Chevron e multinacionais, do entreguismo... (tudo que o tal "mercado" tanto deseja) ou a Petrobras do Pré-Sal, da tecnologia nacional de ponta, do fortalecimento da indústria naval brasileira, dos investimentos pesados em Educação e do desenvolvimento do país?
Só para comparar, em 2002 a Petrobras tinha 46,6 mil trabalhadores, faturou R$ 69,2 bilhões e valia 15,5 bilhões de dólares. Em 2012, contava com 84,7 mil trabalhadores, faturou R$ 281,3 bilhões e seu valor de mercado subiu para 126 bilhões de dólares. (Confira aqui http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/um-comparativo-entre-a-petrobras-em-2001-e-em-2012 )
Traduzindo em 10 anos, desde a Eleição de Lula: a Petrobras aumentou 81,75% os empregos diretos; o faturamento anual cresceu 306% e o valor de mercado subiu 712%. É muita cara de pau afirmar que a empresa está no "rumo errado". Errado, para quem, cara pálida? Só se for para "os gringos".
A escolha é sua, eleitor. Os especuladores e as multinacionais tem a grande mídia para defender seus interesses. Nós temos o que eles mais temem: os votos para derrotá-los nas urnas.
Burro é quem menospreza inteligência do eleitor
11 de Março de 2014, 8:30 - sem comentários ainda
Atuo(há tempos) em comunicação e marketing, gosto de análises políticas e procuro "tentar entender" as pesquisas de opinião. Assim, gostei muito de um artigo publicado por Lisa França na Revista Comunicação e Espaço Público (Ano VI, nº1 e 2, 2003): "Focus Group como Antecipador de Tendências Eleitorais" -Uma pesquisa de recepção HGPE nas Eleições de 2002.
Ela acompanhou a recepção da propaganda eleitoral gratuita, veiculada na TV, na disputa pelo governo do Estado (Goiás) nas eleições de 2002. O interesse era conhecer como o eleitor avaliava os programas, que impacto a campanha pela TV causava em grupos específicos, que mensagens funcionavam ou não...Decidiu-se ouvir preferencialmente eleitores com renda de até 3 salários mínimos, que representavam 85% dos eleitores do Estado.
Conclusões:
- A audiência aos programas era baixa. Atingia mais o público masculino e adulto.
- Mesmo tratando-se de eleitores de baixa renda e baixa escolaridade, eles demonstraram grande capacidade crítica.
- A sensação era de que os programas eram todos iguais, por tratarem dos mesmos temas: saúde, segurança e emprego, principalmente.
- "Entendiam que colocar candidato beijando criancinha não causa emoção", mas desaprovação e rejeição.
- "Os políticos acham que com estas musiquinhas enjoadas vão conquistar a gente. Ninguém quer saber de musiquinha mais não. Nem de promessa de campanha. Queria ver eles nas filas dos postos de saúde. Ralando que nem a gente. Não aparece um político para visitar o posto fora de eleição".
- Identificou-se que os grupos de mulheres foram mais críticos que os grupos de homens. Elas eram também melhor informadas quanto aos programas básicos de governo que lhes afeta diretamente (valor do Bolsa Escola, do Salário Escola -Estadual- e Cartão de Renda Cidadã.
- Os partidos mais criticados pelos grupos foram os que obtiveram menor votação nas urnas. Ex.: PSTU. A grande "bandeira" do partido na eleição (luta contra a ALCA) não era compreendida pelos grupos
- As imagens de miséria usadas pelo PSTU desagradavam. "A gente sabe que existe isso aí, mas é horrível"; "Horário político é para incentivo, para melhorar, não deveria passar isto, tem outras coisas".
- Os eleitores eram pouco críticos sobre temas que não dominam como taxa de juros, política externa, mercado comum e reformas legislativas.
- Tendiam a opinar e criticar quando tinham experiência direta com os temas: transporte público, investimentos em saúde, salário escola, bolsa universitária, etc.
Conduzindo a manada de eleitores. Ou não.
26 de Fevereiro de 2014, 7:33 - sem comentários aindaÉ bem comum nas cidades do interior do país vermos candidatos a vereador ou a prefeito com os nomes de "zé da farmácia" ou "júnior do açougue". Até ai, tudo bem. Neste caso a profissão ou o estabelecimento comercial definem sua interação com a comunidade, constituindo-se assim como "parte de sua imagem pública".
Uma situação bem distinta seria um rico empresário, dono da maior processadora de carnes bovinas e frangos do mundo, que resolve entrar na política já como candidato a Governador em seu Estado e, para isso, investe R$ 250 milhões em publicidade e marketing no nome de seu "estabelecimento comercial" (nos dois anos anteriores a eleição que disputará), onde, por acaso, usará tal marca como "sobrenome eleitoral".
A "receita" inclui a contratação de um dos mais conhecidos e queridos atores de novelas para ser o "garoto propaganda" de suas campanhas. No ano da eleição, ouse mais. Gaste mais 150 milhões em marketing, contrate o "Rei Carlos", para recomendar sua marca de carnes, mesmo que ele há décadas divulgasse ser "vegetariano". Na dúvida de suas chances eleitorais, conte com os serviços do marqueteiro Duda Mendonça, um dos mais experientes (e caros) do país.
Acredito, sinceramente, que o cidadão Wesley Batista tem todo o direito de querer ser candidato. Porém, lançar-se com o nome político de "Júnior Friboi", me parece, no mínimo, abuso de poder econômico ou propaganda eleitoral fora de época ("Tem que ser Friboi"). Até a Senadora e ruralista Kátia Abreu reclamou e solicitou que o Conar tome providências contra a "Campanha". Acho que é a primeira vez que concordo com ela. Com a palavra o TSE (e os eleitores de Goiás, claro)
Links (Ou como diria meu amigo Imprença "Não Acredite em Mim): http://www.aredacao.com.br/noticias/37216/pmdb-oficializa-junior-friboi-como-pre-candidato-ao-governo-de-goias ; http://www.brasileconomico.com.br/noticias/jbs-quer-que-friboi-seja-a-grife-das-carnes_112361.html ; http://www.suinoculturaindustrial.com.br/noticia/jbs-pode-investir-em-marketing-da-marca-internacionalmente-este-ano-diz-batista/20140107083507_R_417); http://www.uniec.com.br/noticias/310-retorno-com-friboi-faz-jbs-investir-mais-em-marketing ; http://www.canalgama.com.br/noticias/duda-mendonca-sacaneia-junior-friboi; http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/katia-abreu-preocupada-com-campanha-de-marketing-do-jbs-friboi/