Edital de Convocação
21 de Setembro de 2019, 17:15Os fundadores do instituto Candeeiro, na pessoa de Carla Carusi Dozzi, RG 25.941.941-2 / CPF 278.766.208-09 com o objetivo de criar entidade para, individualmente ou em associação com organizações comunitárias, fóruns, redes, movimentos sociais ou com outras entidades, promover a criação e/ou o desenvolvimento de projetos de natureza cultural, social, sociocultural, ambiental e educacional, bem como a atuação em projetos de defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana, em compromisso com o fortalecimento da autonomia e do protagonismo dos sujeitos e dos territórios, convoca a todos os interessados a comparecerem à sua assembleia de fundação, a ser realizada em 28/09/2019, às 16hs, à Sqn 403, Bloco B, salão de eventos.
Segue anexo ao presente, projeto de estatuto social.
Brasília, 21 de Setembro de 2019.
Le #boutique des #brésiliens #enfants
22 de Maio de 2019, 15:39¡Para adoção!!!
Reproduzo do ConversaAfiada nota que comenta e reproduz a mais nova inovação brasileira.
Brasil cria "passarela" para adotar crianças
!!!Vão acabar na São Paulo Fashion Week!!!!
Quando se pensa que o Brasil é capaz de tudo, aparece uma inovação alucinada: uma passarela para que crianças de 4 a 17 "desfilem" diante de futuros pais como se fossem modelos!
Seguramente, a "ideia" deriva da SP Fashion Week, com a coreografia e o know-how da cultura do espetáculo com que a Globo contaminou o Brasil:
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Crianças de 4 a 17 anos participam do evento 'Adoção na Passarela' no Pantanal Shopping
Pela segunda vez acontece, nesta terça-feira (21) no Pantanal Shopping o evento ‘Adoção na Passarela’. Realizado pela Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (AMPARA) em parceria com a Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-МT), o encontro tem por objetivo dar visibilidade a crianças e adolescentes de 4 a 17 anos, que estão aptas para adoção.
"Será uma noite para os pretendentes - pessoas que estão aptas a adotar - poderem conhecer as crianças, a população em geral poderá ter mais informações sobre adoção e as crianças em si terão um dia diferenciado em que elas irão se produzir, cabelo, roupa e maquiagem para o desfile. Na última edição, dois adolescentes, um de 14 e o outro de 15, foram adotados. E esperamos novamente dar visibilidade as essa crianças e adolescentes que estão aptas a adoção. E como sempre dizemos: o que os olhos veem o coração sente", afirma a presidente da Comissão de Infância e Juventude da OAB-MT e da Comissão Nacional da Infância, Tatiane de Barros Ramalho.
O evento finaliza a ‘Semana da Adoção’, que contou com palestras, seminários e recreação para as crianças. Para a gerente de marketing do Pantanal Shopping, Ticiana Pessoa, o empreendimento se sente honrado em receber esse projeto que procura incentivar e sensibilizar sobre a adoção.
"Procuramos sempre utilizar a relevância do nosso shopping para a comunidade cuiabana e desejamos, principalmente, que esse desfile abra portas para uma vida de mais afeto para muitas crianças e adolescentes", afirma. (...)
CAf: https://www.conversaafiada.com.br/brasil/brasil-cria-passarela-adotar-criancas
Viva 64 com Perferição
27 de Março de 2019, 14:03Viva 64 com Perfeição from Fred Vazquez on Vimeo.
Vídeoclip sobre o que aconteceu na Ditadura implementada em 1964 com a música Perfeição do Legião Urbana.
ReViva!!!!
Viva 64 com Perfeição from Fred Vazquez on Vimeo.
O saneamento básico à beira do abismo da privatização
3 de Novembro de 2018, 13:31
"Entidades se posicionam contra a MP 844/2018 que, além de violar Direitos fundamentais para a saúde e a cidadania do povo brasieiro, presente nos artigos 6°, 196° e 225° da Constituição Federal, torna Direito em Mercadoria.
Não à MP 844/2018! Saneamento é direito, não mercadoria!"
O saneamento básico é um dos fatores determinantes da saúde. A ausência de serviços públicos e de soluções individuais, ou a precariedade no acesso ao saneamento básico podem ser responsáveis por epidemias e danos à saúde pública, inclusive por alarmantes índices de mortalidade infantil. Enfermidades como diarreia, dengue, zika, chikungunya, cólera, hepatite A, febre tifoide, leptospirose, dentre inúmeras outras, podem ser prevenidas com a disponibilidade de serviços e soluções adequadas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, do manejo dos resíduos sólidos, e/ou das águas das chuvas, aos domicílios urbanos e rurais.
Dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), e de seus relatórios anuais de avalição, demonstram que os investimentos no setor oriundos do orçamento geral da União (OGU), que na década de 90 foram limitados chegando no máximo a R$ 2 bilhões em 1997, ano de maiores investimentos no período. Nos anos 2000, alcançaram o ápice de R$ 4,5 bilhões em 2009. Na atual década, o ano com mais investimentos foi 2014, com 6,9 bilhões de reais, certamente um volume de investimentos como nunca houve antes na história do Brasil.
Apesar dos volumes vultuosos de investimentos, o Plansab apontou a necessidade de se investir R$ 508 bilhões para se alcançar as metas definidas de 2014 a 2033. Infelizmente, nos últimos anos os investimentos estão decrescendo e afastando o país da possibilidade de reduzir a imensa desigualdade social observada no acesso ao saneamento básico.
Ampliar o acesso ao saneamento básico significa levar mais dignidade e qualidade de vida a crianças, mulheres, negras, negros e pobres que vivem no sertão e em favelas. Crianças e mulheres normalmente são as responsáveis por levar água para consumo e higiene até suas casas, nos lugares onde não tem abastecimento público ou solução individual, seja em áreas rurais ou nos morros, quebradas e favelas das cidades grandes. Os negros e pobres são os que concentram a maior parte do déficit de atendimento. São direitos humanos e essenciais que são violados e negligenciados diariamente na vida de milhões de brasileiros.
Hoje, o que está dado com a MP 844, que será votada pelo Congresso Nacional entre os dias 06 e 08/11/18, é submeter o setor aos interesses de empresas privadas e do mercado financeiro, entregando a elas a prestação de serviços nas grandes e médias cidades, vistas como lucrativas e como as detentoras de um amplo mercado consumidor. O que não ocorre com os municípios pequenos e com as áreas rurais. Hoje, existem muitos municípios que têm acesso a serviços prestados por companhias estaduais que só conseguem atendê-los graças à arrecadação feita em municípios com melhores condições econômicas e financeiras. Dado que o saneamento básico é um direito imprescindível é fundamental que exista a possibilidade de uma gestão solidária entre municípios e estados brasileiros, e também que os próprios municípios possam optar pela prestação direta desse serviço, por meio de prestadores públicos municipais. Ambas as possibilidades estão ameaçadas pela MP 844.
No Brasil e nos cinco continentes do planeta, existem experiências de privatização que demonstram ser um caminho nefasto para a universalização. Diversos casos no Brasil, na América Latina e ao redor do mundo, demonstraram que as grandes corporações da privatização da água e do saneamento têm como prioridade os altos índices de lucro, o que gera aumento das tarifas, a piora da qualidade dos serviços ofertados e o não cumprimento de contratos.
De acordo com um mapeamento feito por onze organizações majoritariamente europeias, da virada do milênio para cá foram registrados 267 casos de "remunicipalização", ou reestatização, de sistemas de água e esgoto. No ano 2000, de acordo com o estudo, só se conheciam três casos. Cidades como Berlim/Alemanha, Paris/França, Budapeste/Hungria, Bamako/Mali, Buenos Aires/Argentina, Maputo/Moçambique e La Paz/Bolívia são algumas delas.
No Brasil, alguns casos emblemáticos como os municípios de Manaus e Cuiabá, e o estado de Tocantins são amostras do desastre da prestação dos serviços de água e esgotamento sanitário por empresas privadas. Os municípios continuam com altos déficits de atendimento da população e, em Tocantins, chegou-se ao absurdo da empresa devolver para o estado dezenas de municípios que eram deficitários economicamente, por terem poucos habitantes, em grande parte de baixa renda. O que fez com que o estado voltasse a criar outra empresa para esses municípios, enquanto os maiores continuaram com os serviços privatizados.
A MP 844 define ainda que as estações de tratamento de água e de esgotos sejam dispensadas de licenciamento ambiental, o que poderá se tornar um grande risco ao meio ambiente, aos mananciais de água e às próprias comunidades.
Nos dias 29 e 30/10/18 a MP passou por comissões e audiência pública no Congresso Nacional, sem cumprir os ritos e prazos legais, pois o governo Temer quer impor a sua aprovação. É preciso denunciar e mobilizar a população contra a votação que irá ocorrer entre os dias 06 e 08/11/18, pois o povo brasileiro será o principal prejudicado sócio, ambiental e economicamente, terá que amargar sem atendimento ou com atendimento de qualidade ruim e ainda pagar caro pelas tarifas.
Não à MP 844/2018! Saneamento é direito, não mercadoria!
Assinam:
FAMA em Movimento DF (Fórum Alternativo Mundial da Água)
ABES/DF (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental)
AGB (Comissão de Urbana da Associação dos Geógrafos do Brasileiros)
AME (Ação de Mulheres pela Equidade)
ANPG (Associação Nacional de Pós Graduandos)
APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)
ArtJovem LGBT (Articulação Brasileira de Jovens Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais)
ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos)
Banquinha pela Democracia
CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores)
CTB/DF (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil)
FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional)
FENAFAR (Federação Nacional dos Farmacêuticos)
FNRU (Fórum Nacional da Reforma Urbana)
Fórum de Mulheres do Mercosul
MCT (Movimento Comunitário Trabalhista)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
SERPAJUS (Serviço de Paz Justiça e Não violência)
STIU/DF (Sindicato dos Urbanitários)
UBM (União Brasileira de Mulheres)
UNALGBT (União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais)
UNE (União Nacional dos Estudantes)
UNMP (União Nacional por Moradia Popular)
Honrem Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Luiz Carlos Prestes
16 de Outubro de 2018, 10:13 - sem comentários aindaOutro dia, ainda no meio da campanha, me ligaram da sede nacional do PDT para confirmarem o endereço da minha vó no Rio. Segundo a voz ao telefone, o presidente nacional Carlos Lupi queria enviar para a viúva de Prestes uma caixa da publicação Memórias Trabalhistas que homenageia meu avô.
A publicação é muito bem feita, diga se de passagem.
Nos últimos dias, ao pensar com meus botões que diabo o PDT está fazendo ao ajudar a abrir os flancos para o exército de bolsonazis que ameaçam nossa democracia, me recordei da cartilha e fui buscá-la para reler.
Qual não foi minha surpresa, ao me deparar já no primeiro texto introdutório, de autoria do presidente Carlos Lupi, com o seguinte relato pessoal:
<"Eu me lembro que, ainda jornaleiro, uma única vez nessa fase inicial estive com ele (L.C.Prestes), em uma reunião no Rio de Janeiro, no começo dos anos 80. O PDT ainda nem tinha sido criado. (...)
(...) vi o Prestes expor seus pensamentos, suas ideias, e em um determinado momento fiz-lhe a seguinte pergunta:
"Comandante, como o senhor explica ter aceitado apoiar a ditadura Vargas que colocou no exílio Olga Benário, que acabou sendo entregue aos alemães, grávida de uma filha sua?"
Prestes olhou-me e disse: "Qual é seu nome mesmo, meu filho? respondi: "Carlos Lupi", e ele prosseguiu:
"Você tem que entender que a pátria brasileira é maior do que a minha família. Getúlio uniu a pátria brasileira, por isso eu fiquei com Getúlio para impedir um mal maior".>
...
Depois de ler e reler, pensei que talvez fosse bom dar uma passada lá na sede nacional do PDT e devolver algumas cartilhas para o Lupi. Distribuíram muitas e ficaram com poucas para lembrar que muitas vezes a pátria brasileira é maior do que uma família ou qualquer projeto, quando é para impedir um mal maior, um mal maior, um mal maior...
Honrem Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Luiz Carlos Prestes, por favor. Enquanto há tempo.
por Ana Prestes @feicibuqui
Tras el vivir y el soñar, está lo que más importa: despertar. por Evo Morales
15 de Janeiro de 2018, 14:52 - sem comentários aindaExposición del Presidente Evo Morales ante la reunión de Jefes de Estado de los países productores de petróleo. Con lenguaje simple, trasmitido en traducción simultánea a más de un centenar de Jefes de Estado y dignatarios de los países productores de petróleo, logró inquietar a su audiencia cuando dijo:
"Aquí pues yo, Evo Morales, he venido a encontrar a los que celebran el encuentro.
Aquí pues yo, descendiente de los que poblaron la América hace cuarenta mil años, he venido a encontrar a los que la encontraron hace solo quinientos años.
Aquí pues, nos encontramos todos. Sabemos lo que somos, y es bastante.
Yo, venido de la noble tierra americana declaro que el hermano aduanero europeo me pide papel escrito con visa para poder descubrir a los que me descubrieron.
Yo, venido de la noble tierra americana declaro que el hermano usurero europeo me pide pago de una deuda contraída por Judas, a quien nunca autoricé a venderme.
Yo, venido de la noble tierra americana declaro que el hermano leguleyo europeo me explica que toda deuda se paga con intereses aunque sea, vendiendo seres humanos y países enteros sin pedirles consentimiento.
Yo los voy descubriendo. También yo puedo reclamar pagos y también puedo reclamar intereses. Consta en el Archivo de Indias, papel sobre papel, recibo sobre recibo y firma sobre firma, que solamente entre el año 1503 y 1660 llegaron a San Lucas de Barrameda 185 mil kilos de oro y 16 millones de kilos de plata provenientes de América.
¿Saqueo? ¡No lo creyera yo! Porque sería pensar que los hermanos cristianos faltaron a su Séptimo Mandamiento.
¿Expoliación? ¡Guárdeme Tanatzin de figurarme que los europeos, como Caín, matan y niegan la sangre de su hermano!
¿Genocidio? ¡Eso sería dar crédito a los calumniadores, como Bartolomé de las Casas, que califican al encuentro como de destrucción de las Indias, o a ultrosos como Arturo Uslar Pietri, que afirma que el arranque del capitalismo y la actual civilización europea se deben a la inundación de metales preciosos!
¡No! Esos 185 mil kilos de oro y 16 millones de kilos de plata deben ser considerados como el primero de muchos otros préstamos amigables de América, destinados al desarrollo de Europa. Lo contrario sería presumir la existencia de crímenes de guerra, lo que daría derecho no sólo a exigir la devolución inmediata, sino la indemnización por daños y perjuicios.
Yo, Evo Morales, prefiero pensar en la menos ofensiva de estas hipótesis.
Tan fabulosa exportación de capitales no fueron más que el inicio de un plan 'MARSHALLTESUMA", para garantizar la reconstrucción de la bárbara Europa, arruinada por sus deplorables guerras contra los cultos musulmanes, creadores del álgebra, la medicina, el baño cotidiano y otros logros superiores de la civilización.
Por eso, al celebrar el Quinto Centenario del Empréstito, podremos preguntarnos: ¿Han hecho los hermanos europeos un uso racional, responsable o por lo menos productivo de los fondos tan generosamente adelantados por el Fondo Indoamericano Internacional? Deploramos decir que no.
En lo estratégico, lo dilapidaron en las batallas de Lepanto, en armadas invencibles, en terceros reichs y otras formas de exterminio mutuo, sin otro destino que terminar ocupados por las tropas gringas de la OTAN, como en Panamá, pero sin canal.
En lo financiero, han sido incapaces, después de una moratoria de 500 años, tanto de cancelar el capital y sus intereses, cuanto de independizarse de las rentas líquidas, las materias primas y la energía barata que les exporta y provee todo el Tercer Mundo.
Este deplorable cuadro corrobora la afirmación de Milton Friedman según la cual una economía subsidiada jamás puede funcionar y nos obliga a reclamarles, para su propio bien, el pago del capital y los intereses que, tan generosamente hemos demorado todos estos siglos en cobrar.
Al decir esto, aclaramos que no nos rebajaremos a cobrarles a nuestros hermanos europeos las viles y sanguinarias tasas del 20 y hasta el 30 por ciento de interés, que los hermanos europeos les cobran a los pueblos del Tercer Mundo. Nos limitaremos a exigir la devolución de los metales preciosos adelantados, más el módico interés fijo del 10 por ciento, acumulado sólo durante los últimos 300 años, con 200 años de gracia.
Sobre esta base, y aplicando la fórmula europea del interés compuesto, informamos a los descubridores que nos deben, como primer pago de su deuda, una masa de 185 mil kilos de oro y 16 millones de kilos de plata, ambas cifras elevadas a la potencia de 300.
Es decir, un número para cuya expresión total, serían necesarias más de 300 cifras, y que supera ampliamente el peso total del planeta Tierra.
Muy pesadas son esas moles de oro y plata. ¿Cuánto pesarían, calculadas en sangre?
Aducir que Europa, en medio milenio, no ha podido generar riquezas suficientes para cancelar ese módico interés, sería tanto como admitir su absoluto fracaso financiero y/o la demencial irracionalidad de los supuestos del capitalismo.
Tales cuestiones metafísicas, desde luego, no nos inquietan a los indoamericanos.
Pero sí exigimos la firma de una Carta de Intención que discipline a los pueblos deudores del Viejo Continente, y que los obligue a cumplir su compromiso mediante una pronta privatización o reconversión de Europa, que les permita entregárnosla entera, como primer pago de la deuda histórica...
Tras el vivir y el soñar, está lo que más importa: despertar.
fonte: https://www.conversaafiada.com.br/mundo/o-mercado-nao-apaga-lula-e-evo
Carlos Hetzel: Brasil caminha para ter a comunicação 100% controlada por multinacionais; fim da privacidade num Estado vigiado por grandes corporações
28 de Agosto de 2017, 18:35 - sem comentários aindapor Carlos des Essarts Hetzel, especial para o Viomundo
Hoje, esse bando disforme assiste pacificamente à retirada dos seus direitos básicos e fundamentais.
Tudo promovido e executado pela afinada orquestra do golpe antidemocrático — mídia-executivo-Legislativo-Judiciário –, tendo como arranjador e maestro os EUA, o representante do capital transnacional.
Anestesiados, os brasileiros veem a destruição do seu Estado-País e a passagem do controle absoluto de suas vidas para as mãos de empresas, especialmente as transnacionais.
Leia-se: o sistema financeiro e o narcotráfico (sem separação e escala de valores).
De tão atual e verdadeira, a célebre frase do jornalista húngaro Joseph Pulitzer (1847-1911) parece escrita hoje, 27 de agosto de 2017, sobre o Brasil: Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.
Estamos assistindo pacificamente, incluem-se aí as Forças Armadas, o desmonte completo da infraestrutura nacional e dos centros de pesquisa, vitais para o desenvolvimento de qualquer país, independentemente da cor político-partidária de quem está no poder.
Só para ficar nos casos mais conhecidos, cito estes:
*A venda/entrega de toda a cadeia de pesquisa, desenvolvimento e inovação da produção do petróleo/gás.
*Paralisação das atividades dos centros nacionais de pesquisas e das universidades públicas (para privatização), marcos de excelência na pesquisa e desenvolvimento.
*E principalmente o desmonte e a internacionalização completa do sistema de telecomunicações.
Por que classifico como principal as telecomunicações?
Pelo fato de que o setor tem o poder da transversalidade com TODOS os setores ativos da sociedade. E, através da TRANSVERSALIDADE, consegue-se controlar a informação.
E informação — até os ácaros do meu guarda-roupa sabem — é igual a poder.
Não é discurso, é fato.
É lógico, portanto, que quem controla a informação, controla o conhecimento. E o conhecimento é essência do poder.
E quem tem o poder nas mãos pode manter o restante a seus pés.
Logo, controlando a produção e o meio de transporte das comunicações, controlamos tudo que diz respeito ao ato de informar: o que, para quem, como e quando.
E como se pode ter esse controle?
Controlando as ferramentas de transporte da informação e dominando o estado da arte tecnológica.
Afinal, tecnologia se domina e se controla com mais tecnologia, conhecimento e expertise. Que sirvam de exemplo os hackers e centros de guerra cibernéticos israelenses, americanos, russos, franceses!
Existem diversas outras formas de atuar. Vou citar o modus operandi de apenas um deles: o controle operacional das hubs e as centrais telefônicas.
Hubs, também conhecidas como backbones, são os centros de conexões de internet, fibras. É por onde trafegam TODAS as informações da rede.
São locais-chave. Neles, passam todas as conversas entre nós, mortais, assim como o conteúdo produzido pelos meios de produção da informação, pública ou privada, inclusive o que você faz.
A informação produzida –transportada obrigatoriamente pela infraestrutura de telecomunicações– passa pelos locais-chave. Aí, com um simples terminal de computador, podemos acessar as conexões e monitorar o que trafega, o que é transportado.
Podemos, assim, interromper o transporte da informação, impedir, alterar, inserir, criar interferências, gravar, entre outras alternativas.
E o que isso tem a ver com o dia a dia?
Tudo. Com o meu, com o seu dia a dia.
Atualmente todo sistema de comunicação necessita de propagação.
Logo, vale para o sistema privado, comunitário, governamental, estatal ou público, radiodifusão (rádio e TV em rede), imprensa escrita, mídia digital, blogs, e-mails, whatsApp, telegran, facebook.
Ou seja, o conteúdo que esses meios produzem precisa de transporte, que pode ser feito de várias maneiras: ondas eletromagnéticas, pulsos elétricos ou de luz, através de radiotransmissores, satélites, fibras ópticas, cabos submarinos e de cobre (em pleno uso e muito lucrativo, embora as operadoras de telefonia, estrategicamente, insistam em negar).
E, aí, algo que a imensa maioria das pessoas não se dá conta: o conteúdo feito pelas empresas de comunicação ou por processo individual e/ou pessoal não existe como um fim em si mesmo.
Esses conteúdos só passam a ter existência real devido à telecomunicações.
Sem elas, não há propagação do conteúdo, não se consegue a tão sonhada universalização, a necessária massificação.
Sem essa propagação, a mídia e as redes sociais perdem o objeto da sua existência, que é o de informar o coletivo, ou seja, universalizar a informação.
Essa realidade nunca foi compreendida pelos profissionais da imprensa. E, se entendida, nunca valorizada, salvo raríssimas exceções.
Da mesma forma, a comunicação bidirecional feita entre pessoas, através das redes sociais, telefonia celular e fixa, necessita de conectividade, de transporte do conteúdo.
É importante aqui salientar que, com raras exceções, a infraestrutura de telecomunicações existente no Brasil foi implantada durante o período do monopólio estatal, quando existia a holding Telebrás.
Na privatização de todo o setor, elaborado e executado a preço de banana pelo governo FHC, essa infraestrutura passou para as empresas operadoras privadas, como empréstimo, para que pudessem dar continuidade aos serviços de telecomunicações.
Esse empréstimo deverá ser devolvido à União no final do contrato de concessão, daí o nome de bens reversíveis.
Só que esses bens reversíveis e o espectro de frequência compõem as ferramentas necessárias para transportar todo o conteúdo produzido.
Por isso, as grandes corporações estão atuando fortemente junto aos poderes da União, principalmente no Congresso Nacional, para ficar com todos os bens reversíveis de preferência, graciosamente. Exemplo disso é o projeto de lei da Câmara n°79, hoje no “no forno” do Senado, esperando o momento certo para sanção presidencial.
Tudo o que é falado, escrito, registrado por imagens e vídeos, armazenado, é produção de conteúdo.
Quando transportados, formam as comunicações. As comunicações, por sua vez, estão sob o controle das operadoras de telecomunicações, todas multinacionais.
Até o recém-lançado satélite brasileiro de comunicação e defesa – o SGDC –, a partir de setembro, segundo proposta da Telebrás, terá grande parte dos seus canais de comunicação entregues para essas mesmas operadoras.
Resultado: o controle completo das comunicações brasileiras estará integralmente nas mãos de empresas transnacionais.
É a EXTINÇÃO da privacidade das comunicações!
É a nossa Constituição mais uma vez violentada por esse (des)governo. No seu artigo 5°, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, ela dispõe:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
É mais um dispositivo da Constituição desrespeitado. Mais um do rol dos artigos que a Constituição prevê mas não garante, obra e arte da agressão e falta de compromisso com os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro.
É o domínio de corações e mentes pelos operadores do mercado financeiro internacional, que — atenção! — são donos também dessas empresas de telecomunicações.
Em parceria e total colaboração dos entreguistas e apátridas brasileiros, principalmente a grande mídia nativa, eles dominarão a totalidade do setor mais estratégico e vital para a segurança do cidadão e das suas instituições.
Esse controle lhes dará conhecimento de tudo que falamos, escrevemos, conversamos, registramos, armazenamos. Ou seja, tudo que produzimos no universo da comunicação.
É um caso de Segurança Nacional, pois afeta a nossa soberania.
Esse é mais um exemplo de um Estado que trabalha de costas para a sociedade, estuprando continuamente a Constituição. O artigo 1º dos Direitos Fundamentais é taxativo:
Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humanaA estratégia de manter a grande maioria da população na ignorância, desinformados ou informados com mediocridades, com meias verdades ou através de conteúdo distorcido e/ou irreal, através do controle de tudo o que se produz e se transmite, tem o poder de dividir, emburrecer e infantilizar, para assim, escravizar física e mentalmente a sociedade brasileira.
Essa é a base do negócio dos representantes do mercado transnacional em parceria com a dita oligarquia nacional.
Este foi o método utilizado pelos nazistas para aniquilarem 6 milhões de seres humanos.
É o Estado vigiado pelas grandes corporações.
É o grande irmão do livro 1984, de George Orwell, saindo da ficção e se tornando realidade no Brasil de 2017.
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AUTOFAGIA MIDIÁTICA ¿é isso ou o quê?
27 de Maio de 2017, 0:12 - sem comentários ainda
Este vídeo é fruto de 5 anos de entrevistas (iniciadas no FSM 2003) e de participação nos debates, encontros e plenárias pela democratização da comunicação.
Todo produzido em Software Livre na Fábrica de Música da Casa de Cultura Tainã, ele é resultado do questionamento se para os movimentos sociais e populares a Comunicação é estratégia ou alegoria.
Tem por objetivo provocar nas organizações o debate de como olhamos e fazemos comunicação no processo de construção de nossos projetos e de nossas lutas, e como este tema tão sensível e caros às organizações se insere no debate da construção de um projeto popular para o Brasil.
Para tanto foram realizadas mais de 40 horas de entrevistas com: Alípio Freire, equipe do ABCD Jornal, grupo de Teatro Treta, Renato Tapajós, Olga Futema, Sérgio Amadeu, Ricardo Gebrim, Pablo Ortellado, João Brant, Bia Barbosa, Jussara Zottis, Antonio Carlos TC, entre muitos outros.
Uma Produção:
LingugemDigital.Net e Casa de Cultura Tainã
Para receber um cópia entre em contato: autofagiamidiatica@linguagemdigital.net
Software livre não nasce em árvores - Do colonialismo ao extrativismo digital
9 de Maio de 2017, 14:58 - sem comentários aindaArtigo escrito coletivamente por Jomar Silva e colegas que reflete sobre a realidade da apropriação tecnológica no Brasil, com ênfase no papel do Software Livre, suas comunidades e usuários.
Colaboração: Jomar Silva
Data de Publicação em www.dicas-l.com.br - 06 de junho de 2011
Sei que muita gente que conheço e admiro vai ficar irritada com este artigo, mas acredito que já atingimos um nível de maturidade suficiente na comunidade de software livre brasileira para que possamos encarar de frente nossos próprios fantasmas. Sei também que o artigo é longo, mas acho que vale a pena a leitura. Cedo ou tarde vamos precisar fazer a reflexão aqui proposta.
Optei por escrever este artigo junto com um grupo de amigos experientes dentro da comunidade para evitar que ele seja classificado como sendo a opinião de uma única pessoa. Todos os amigos convidados já estão há bastante tempo na comunidade de software livre e todos eles já sentiram na pele os efeitos dos problemas aqui relatados. Optei por não listar seus nomes neste artigo, para que eles mesmo possam fazê-lo nos comentários.
Depois de tantos anos militando e trabalhando com software livre, fico impressionado em ver como as pessoas comumente usam o termo "a comunidade" como se ela fosse uma empresa ou coisa parecida. Muitas vezes vejo as pessoas falando da comunidade como se não fossem parte dela, como se não tivessem nenhuma obrigação em relação à manutenção dos projetos desenvolvidos de forma comunitária. Muita gente entende que ser usuário de redes sociais organizadas em torno de projetos de software livre seja o mesmo que ser membro de fato da comunidade do projeto em questão, além de acreditar piamente que todos naquela comunidade estão mesmo interessados em trollagens e críticas despropositadas.
Fazendo uma breve revisão do que aconteceu nos últimos anos na área de tecnologia no Brasil, vemos que nossa indústria de informática foi praticamente destruída no início dos anos 90, e passamos quase duas décadas sendo meros consumidores de tecnologia da informação, do hardware ao software. É a isso que chamo de colonialismo digital, pois tal como na época do Brasil colônia, acabamos consumindo tudo aquilo que os colonizadores nos empurravam. Vale lembrar aqui, que durante o início do século XIX, o Brasil chegou a "importar" um navio de patins para patinação no gelo da Inglaterra, uma vez que estes produtos estavam entupindo os estoques ingleses e precisavam ser desovados em algum lugar. Os historiadores contam que nesta época, as lâminas dos patins acabaram sendo utilizadas como facas e facões e assim fomos levando a vida: dando o jeitinho brasileiro para cumprir com nosso papel de colônia.
Durante quase vinte anos, fizemos a mesma coisa com produtos de tecnologia da informação e me lembro de ter presenciado algumas aberrações nesta época. De computadores que não suportavam o calor tropical brasileiro a softwares que invertiam completamente nossa lógica organizacional, vivemos décadas "dando um jeitinho" para as coisas funcionarem e não foram raros os casos em que tivemos que nos re-organizar para que pudéssemos utilizar as tecnologias "ofertadas". Quem aí nunca encontrou um banco de dados armazenado dentro de uma planilha com milhares de linhas ou não viu uma reengenharia quase irracional acontecer na marra por conta do ERP da moda que atire a primeira pedra.
Tamanha foi nossa aceitação do papel de colonizados, que no final da década de 90 não era raro encontrar universidades que ao invés de lecionar "Sistemas Operacionais", lecionavam "Windows NT", ou trocavam "Banco de Dados Relacionais" por "Oracle" ou "DB2" e por aí seguia a carruagem. Fui aluno em uma dessas (que aliás é uma universidade de renome e destaque em São Paulo). Me lembro que fui voto vencido quando fui debater este assunto com a coordenação do curso, pois para eles importava ensinar "o que o mercado cobrava". Pior do que ser voto vencido entre os coordenadores e mestres do curso, foi ter sido voto vencido entre meus colegas de turma, pois a imensa maioria deles estava tão acostumada com o fato de ter tudo mastigado nas mãos, que não se importava em não dominar de fato a tecnologia ou entender o que acontecia debaixo do capô. Estavam mais preocupados em "colocar no curriculum" o que aprenderam na faculdade. Amém !
Foi assim que formamos no Brasil centenas de milhares de profissionais de TI que não passavam de usuários avançados de ferramentas de software desenvolvidas fora do Brasil. Hoje, uma parte considerável destes profissionais são gestores de TI em diversas empresas públicas e privadas, e isso explica o principal motivo da resistência que encontramos no nosso dia a dia ao Software Livre dentro das organizações: a zona de conforto é grande e a inércia gerada por ela é muito difícil de ser quebrada.
É evidente que este modelo interessa às grandes empresas multinacionais de software, e confesso que hoje chego a achar graça das explicações dadas a eles sobre "o modelo". Sempre que questionadas publicamente sobre este tema, vemos as empresas se defendendo com o argumento de que geram milhares de empregos diretos e indiretos no Brasil, e que fazem "transferência de tecnologia" à indústria local, principalmente através de seus parceiros e de projetos junto à universidades.
O que vemos na prática é que a imensa maioria dos empregos diretos criados por estas empresas estão focados na área comercial e nas metas de curto prazo, e que os empregos "técnicos" costumam se concentrar em seus parceiros e solution providers, que evidentemente não têm acesso às informações detalhadas, e muito menos ao código fonte, dos produtos que "suportam" no mercado. A segurança e confiança por obscuridade é o que impera nesta seara.
Quando olhamos o trabalho feito por elas junto às universidades, vemos novamente que o foco é sim formar cada vez mais usuários avançados de seus produtos, e conseguir com isso firmar a dependência tecnológica desde na base da cadeia alimentar na indústria de TI. É muito fácil comprovar isso quando vemos "versões educacionais" dos softwares comercializados por estas empresas serem distribuídos com água dentro das universidades. Encerrou o curso e tem um software completo desenvolvido: ótimo" vamos lhe enviar a fatura em 3, 2, 1"
É importante lembrar que este modus operandi não é exclusividade de uma única empresa, mas é de fato a prática de mercado de todas as multinacionais de TI (das mais fechadas e perseguidas por todos até a "mais aberta" e idolatrada pela maioria).
Foi num cenário de total colonização tecnológica como o ilustrado acima que o Software Livre cresceu no Brasil, principalmente durante os últimos 10 anos. Eu atribuo este crescimento à vontade gigantesca de conhecer tecnologia de verdade que alguns profissionais de TI no Brasil tinham, mas conforme o movimento foi crescendo, tenho a impressão de que estes profissionais cada vez mais são raros de se encontrar e o que vemos de fato hoje, é a busca pela substituição pura e simples de um software proprietário por um equivalente livre (e não quero entrar aqui na discussão filosófica por trás disso).
Considero que seja fundamental termos no Brasil uma comunidade tão militante e ativa na publicidade e no suporte às soluções de software livre, mas infelizmente isso não é suficiente, pois deixamos de ser colonizados digitais e somos hoje extrativistas digitais.
Não exagero em dizer que hoje o Brasil tem em números absolutos a maior comunidade de usuários de Software Livre do mundo, e olha que a TI ainda não chegou a tantos lares assim no Brasil, portanto temos ainda muito a crescer. O que me deixa muito chateado é constatar que ao mesmo tempo, temos uma comunidade de desenvolvedores de software livre quase inexistente (eu mesmo conto nos dedos das mãos os desenvolvedores de "código fonte" em projetos de software livre que conheço). A dita "comunidade" é a primeira a se manifestar e apontar defeitos nos muitos projetos que "participam", mas na hora de enviar contribuições realmente significativas quase ninguém aparece.
É por isso que afirmo que vivemos hoje o extrativismo digital: encontramos uma fonte aparentemente inesgotável de recursos e estamos usando e abusando dela, sem nos preocupar com a sua manutenção. Isso pode até nos dar uma sensação de liberdade e controle do próprio nariz bem confortável, mas não nos levará a lugar algum e pior do que isso, quando a fonte se esgotar (e sim, ela pode se esgotar um dia), voltaremos à nossa vidinha de colonizados, e seremos novamente saudosistas de uma "era de ouro", tal como nossos amigos mais velhos hoje se lembram da reserva de mercado.
O que quero com este artigo é forçar uma reflexão dentro da nossa comunidade, pois é evidente que software livre não nasce em árvores, e existem pessoas trabalhando muito escrevendo código fonte por trás dos softwares livres que utilizamos no dia a dia.
Devo reconhecer porém, que somos muito ágeis e experientes em traduzir estes softwares para nosso idioma, mas todos devem concordar comigo que isso é o mínimo do mínimo que podemos fazer. Lembre-se de que teremos alcançado o sucesso pleno quando a tradução for problema dos outros !
Não consigo me contentar com isso e por isso peço a todos que façam uma séria reflexão: Quando foi a última vez que você contribuiu de verdade com um projeto de Software Livre ?
Rodando o mundo palestrando em eventos de software livre, esta é a diferença primordial que vejo entre outros países e o Brasil. Na maioria dos países, a meritocracia funciona de verdade e o reconhecimento vem na base de muito, mas muito código fonte contribuído para os projetos. Como já contei a diversos amigos, em muitos países fora do Brasil, para que você possa "tomar uma cerveja" com os líderes dos projetos de software livre, você provavelmente já trabalhou bastante construindo e depurando código com eles.
Acho que é parte da cultura latina ser expansivo, mas não podemos deixar que nossa ânsia por fazer amigos acabe os deixando desviar tanto assim do nosso objetivo comum: Desenvolver de fato softwares livres que supram as necessidades de nosso mercado, que nos permitam dominar a tecnologia e que paguem nossas contas no final do mês.
Quando analisamos a cadeia de valor na indústria de software livre no Brasil hoje, vemos que diversos nós da cadeia são remunerados, mas que ainda não encontramos uma forma concreta de remunerar de verdade o principal nó: O desenvolvedor.
É muito fácil cair no discurso de que "quem implementa, treina e suporta também desenvolve", mas na prática vemos o oposto disso.
O que me consola é que este problema não é exclusividade nossa, e nos últimos meses tenho visto diversos projetos de software livre desenvolvidos internacionalmente passar por sérias dificuldades por conta do mesmo problema.
Voltando ao Brasil, conheço ao menos um software livre desenvolvido aqui no Brasil e que é utilizado no país todo, além de ser suportado por centenas de empresas, mas que tem como desenvolvedores ativos apenas duas pessoas, sendo que uma delas (e talvez o desenvolvedor chave), não seja de forma alguma remunerado. Não vou dizer o nome do software aqui para não ser deselegante com as pessoas envolvidas em seu ecossistema, mas garanto que pela descrição acima você já deve ter identificado alguns softwares como potenciais candidatos.
Em uma recente discussão que tive com um dos pioneiros do Open Source mundial, ele me dizia que o modelo de subscrição nunca foi de fato compreendido pelo mercado, e concordo com ele que este modelo é o mínimo que podemos ter para garantir a manutenção dos projetos e de seus desenvolvedores. É mesmo uma pena ver que muita gente afirmar sem vergonha alguma que "subscrição é licença disfarçada", e aqui incluo inúmeros colegas do movimento do software livre. Sinto lhes informar que não, não é, mas concordo que é muito fácil pensar assim quando seu contracheque chega no final de todo mês.
Indo mais a fundo no problema, fico extremamente chateado em ver a falta de consciência de inúmeros gestores de empresas públicas e privadas que economizam centenas de milhões de reais por ano em licenças de software, mas que não investem sequer um centavo no desenvolvimento e manutenção de projetos de software livre que utilizam no seu dia a dia.
Um exemplo gritante do que afirmo acima é o Libre Office (antigo OpenOffice ou BrOffice no Brasil), que possui atualmente centenas de milhares de cópias sendo utilizadas no país todo, economizando rios de dinheiro, e que têm no Brasil uma comunidade de "desenvolvedores de verdade" quase irrisória. O que me deixa muito mais chateado com isso, é que estes poucos heróis nacionais quase sempre levam uma vida de privações em prol da coletividade e tudo o que recebem de volta são tapinhas nas costas e nos últimos tempos ainda tem que aceitar calados, críticas injustas vindas de todas as partes. Não vou nem comentar aqui sobre a vida que levam os que decidem trabalhar com o desenvolvimento de padrões, mas posso afirmar que invejamos a vida dos desenvolvedores de software livre no Brasil.
Não quero que este seja um artigo de lamentações, e por isso eu gostaria de deixar algumas sugestões para que possamos de fato aproveitar esta oportunidade que temos nas mãos e mudar de uma vez por toda a história da TI no nosso Brasil. Muitas das sugestões vão parecer óbvias e genéricas, mas acredite, nunca foram de fato implementadas:
Empresas que utilizam softwares livres deveriam ter desenvolvedores trabalhando no desenvolvimento destas soluções ou se não puderem ter estes desenvolvedores, que exijam que as empresas que lhes prestam serviços de suporte e treinamento em software livre tenham desenvolvedores ativos nos projetos, e que comprovem suas contribuições periodicamente. Esta prestação de contas aliás deveria ser pública.
Universidades poderiam deixar de usar exemplos genéricos e trabalhos "inventados pelos professores" nas disciplinas de desenvolvimento de software e ter como meta a cada semestre otimizar um trecho de código fonte existente ou implementar uma melhoria ou nova funcionalidade em um software livre existente. O mesmo vale para outras disciplinas como marketing e design. Uma simples mudança da atitude como esta daria aos envolvidos uma experiência prática no mundo real com projetos concretos, ao mesmo tempo que lhes permitiria alcançar os mesmos objetivos didáticos (já imaginou onde chegaríamos com isso?).
Já temos diversas leis, decretos e instruções normativas no Brasil recomendando ou determinando a utilização de Software Livre e de Padrões Abertos em diversas esferas governamentais, mas infelizmente os órgãos de controle e fiscalização parecem desconhecê-las. Não consigo avaliar quem é o culpado por isso, mas sei que nós como sociedade temos o dever de cobrá-los, e talvez esteja aí a grande missão de todos os membros da comunidade que não podem contribuir de forma técnica com os projetos de software livre.
Muita gente não tem conhecimento técnico para escrever código fonte e contribuir com os projetos, mas lembre-se que um software livre de sucesso não vive só de código fonte e por isso mesmo sempre existe algo não relacionado a código fonte que precisa ser feito. Se envolva de verdade com a comunidade de desenvolvedores dos softwares que você usa e por favor, contribua de forma concreta com seu desenvolvimento. Ajudar de verdade é atender a necessidade do outro e não a sua própria necessidade. A diferença entre o voluntariado e o voluntarismo é gigantesca, mas muito difícil de ser compreendida.
Não acredito em contos de fadas e também não acredito que um dia uma empresa estrangeira vai decidir do dia para a noite que o Brasil é a bola da vez para concentrar aqui o seu desenvolvimento de software. Temos que conquistar isso, temos que fazê-lo do nosso jeito e temos sim potencial para reconstruir de verdade nossa indústria nacional de software e Tecnologia da Informação. O que não podemos fazer é ficar aqui sentados esperando o milagre acontecer, imaginando que estamos no caminho certo. Pequenas correções de rota podem sim nos levar a algum lugar completamente diferente e melhor do que o nosso destino atual.
Caso você ou sua empresa queira contribuir com um projeto de software livre e não saiba como, me coloco à disposição para ajudar e orientar.
Peço que reflitam sobre o seu papel na solução do problema aqui apresentado. Temos um elefante na sala e só não ver quem não quer.
Aguardo ansiosamente os comentários e espero que possamos abrir este debate tão necessário nos dias de hoje.
Publicado originalmente no Blog Trezentos
Reproduzido com permissão do autor em 6 dejunho de 2011: http://www.dicas-l.com.br/arquivo/software_livre_nao_nasce_em_arvores_do_colonialismo_ao_extrativismo_digital.php#.WRHjSTe1u03
[Fred] E neste BLog-Rede, tomei a liberdade de reproduzí-lo por reconhecimento ao autor e, como integrante da coordenação do Blogoosfero.cc, entender a importância deste debate.
Assalto aos direitos trabalhistas é lenha na fogueira da Greve Geral
26 de Abril de 2017, 23:13O PL 6787/16, que assalta os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, do ilegítimo governo Temer e sob o comando do soldado tucano, deputado relator Rogério Marinho, acaba de ser aprovado, por 296 votos favoráveis e 177 contrários, numa noite tumultuada por disputas regimentais e atropelada pelo rebanho entreguista de Temer. A matéria segue agora para o Senado Federal.
A Reforma Trabalhista, aprovada na Câmara, retira qualquer segurança jurídica da classe trabalhadora, com a instituição da prevalência do negociado sobre o legislado, que representa a supressão dos direitos fundamentais consagrados na CLT.
O substitutivo aprovado dificulta o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras à Justiça do trabalho, além de propor a cobrança de “pedágio” para que os empregados se utilizem de reclamatórias trabalhistas, através do pagamento de custas judiciais.
Com o trabalho intermitente, os trabalhadores e trabalhadoras deixam de ter uma jornada de trabalho preestabelecida e passam a ficar à disposição das empresas, para trabalhar e receber por algumas horas, ou dias e receber salários correspondentes apenas ao período em que for convocado pela empresa.
O que acaba de ser aprovado, representa a retirada de direitos e a precarização das relações de trabalho. O fim da Contribuição Sindical, visa desidratar a representação dos trabalhadores e trabalhadoras, inviabilizando as lutas das entidades sindicais, em defesa dos seus representados.
Trata-se de um gigantesco ataque ao povo brasileiro, mas também será uma injeção de ânimo e muito mais lenha na fogueira da greve geral da próxima sexta-feira (28 de abril), quando milhões de brasileiros e brasileiras cruzarão os braços.
É dever de todo o povo brasileiro conhecer e denunciar o nome de todos os parlamentares que roubaram os direitos trabalhistas, votando a favor do PL 6787 e contra a classe trabalhadora. O povo brasileiro dará resposta nas ruas. Greve Geral!
De Brasília, Sônia Corrêa - Portal CTB
Ilustração: Latuff para o Sul 21
FONTE: http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/32352-assalto-aos-direitos-trabalhistas-e-lenha-na-fogueira-da-greve-geral