Por Leonardo Carvalho no CINEPLOT
É difícil traçar um texto acerca do cinema chileno. Depois de um sonho vivido na era do cinema mudo (com grande parte deles perdidos), os anos 1950, por exemplo, foram marcados por barreiras na produção, sendo que em dez anos, pouco mais de dez filmes foram produzidos nesse período. Nessa época, encontrava-se o documento do período nas obras, muito políticas, como no “Largo Viaje”, que carregou bastante do neorrealismo italiano em seu estilo. Hoje, diferente do anterior cinema social, encontramos um Chile de cinema sensível, do interior dos seus realizadores, um tipo de cinema premiadíssimo pelos principais festivais, como Sundance, Berlim e Cannes. O novo panorama da cinematografia chileno conseguiu decolar pela razão de o governo ajudar financeiramente algumas produções, ainda que essa ajuda seja pequena, além do surgimento de novas escolas de cinema ao redor do país. Essa nova geração é liderada por Pablo Larraín, Andrés Wood e Matías Bize, cineastas fundamentais na criação de filmes importantes ao país atualmente.
No
Direção: Pablo Larraín
Ano: 2012
Nome Original: No
Chile, 1988. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito nacional para definir sua continuidade ou não no poder. Acreditando que esta seja uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes do governo resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental.
Tony Manero
Direção: Pablo Larraín
Ano: 2008
Nome Original: Tony Manero
Santiago, Chile, 1978. Raúl Peralta (Alfredo Castro) é fascinado pelo personagem Tony Manero, interpretado por John Travolta no filme “Os Embalos de Sábado à Noite”. Decidido a vencer um concurso televisivo de imitadores, ele passa o dia treinando. Só que sua obsessão o leva também a revelar seu lado psicopata.
O Clube
Direção: Pablo Larraín
Ano: 2015
Nome Original: El Club
Um grupo eclético de sacerdotes convive com Mónica, uma freira, em uma casa na costa chilena. Quando não estão orando e expiando seus pecados, eles treinam seu cachorro para a próxima corrida. O que será que os levou até ali, praticamente no meio do nada, onde o vento sopra forte frequentemente? Quando um novo sacerdote muda-se para lá, um homem começa a lhe fazer fortes acusações. Sua voz aumenta mais e mais até que um tiro soa. O padre evita as acusações dizendo ser suicídio. A igreja envia um investigador, mas será que ele realmente tem a intenção de descobrir a verdade ou apenas garantir que a aparência santa seja mantida?
Violeta foi para o Céu
Direção: Andrés Wood
Ano: 2011
Nome Original: Violeta se fue a los cielos
O filme conta a trajetória da compositora, artista e cantora chilena Violeta Parra. Esta biografia não segue uma linha cronológica, focando-se em diversos momentos da vida de Violeta, como sua infância na província de Ñuble, sua viagem pelo interior do Chile, as visitas à França e à Polônia, além do romance que ela teve com o suíço Gilbert Favre. O filme é inteiramente intercalado com trechos de uma entrevista que Violeta Parra deu à televisão em 1962.
La Buena Vida
Direção: Andrés Wood
Ano: 2008
Nome Original: La Buena Vida
Teresa (Aline Küppenheim), Edmundo (Roberto Farías), Mario (Eduardo Paxeco) e Patricia (Paula Sotelo) vivem na cidade de Santiago, capital do Chile. Eles não se conhecem, mas suas vidas costumam se cruzar em momentos banais do dia-a-dia. Cada um dos quatro está correndo atrás de seus sonhos e ideais que, muitas vezes, parecem inalcançáveis.
Largo Viaje
Direção: Patricio Kaulen
Ano: 1967
Nome Original: Largo Viaje
Relata a aventura de um menino cujo irmão morre pouco depois do parto. Após o típico e peculiar velório dado aos recém-nascidos falecidos (chamados “angelitos”, ou seja, “anjinhos”) na classe pobre chilena, o pai leva o caixão para o cemitério, mas não leva as asas que, no entender do garoto, permitiriam ao bebê voar para o céu. Decidido a entregá-las, o menino se perde em Santiago, onde abundam a miséria, a solidão, a prostituição e outros meninos tão perdidos como ele.
Na Cama
Direção: Matías Bize
Ano: 2005
Nome Original: En la Cama
Bruno (Gonzalo Valenzuela) e Daniela (Blanca Lewin) se conheceram poucas horas antes, em uma festa, e agora estão numa cama de motel. Eles fazem amor, contam suas vidas e dividem sonhos, verdades, mentiras, anseios e medos. Ao fim da noite a intimidade entre eles é tão forte quanto passageira, já que terminará ao amanhecer.
Post Mortem
Direção: Pablo Larraín
Ano: 2010
Nome Original: Post Mortem
Chile, 1973. Mario (Alfredo Castro), um solitário funcionário do necrotério, é apaixonado por sua vizinha Nancy (Antonia Zegers), uma dançarina de cabaré. Quando ela desaparece misteriosamente em 11 de setembro, ele passa a procurá-la em meios aos corpos das vítimas do golpe de Augusto Pinochet.
De Quinta a Domingo
Direção: Dominga Sotomayor Castillo
Ano: 2012
Nome Original: De Jueves a Domingo
Duas crianças viajam com seus pais de Santiago até o norte do Chile para um feriado de uma típica família de classe média. A solidão da paisagem de estrada e o confinamento do carro ajudam a trazer à tona os problemas do casal. O relacionamento é todo visto do banco de trás de um Mazda 929. Assim, as crianças percebem que essa pode ser a despedida do pai, e também a última viagem em família.
Bonsai
Direção: Cristián Jimenez
Ano: 2011
Nome Original: Bonsái
Julio (Diego Noguera) estuda literatura em Valdivia, no Chile, e se apaixona por Emilia (Nathalia Galgani). Anos depois, ele conhece um famoso escritor que necessita de alguém para transcrever um romance, só que uma mulher que cobra menos que ele acaba ficando com o trabalho. No entanto, Julio não se rende e decide ele próprio trabalhar no seu livro autoral. A falta de um tema o leva a recorrer, e retornar, ao romance que teve com Emilia nos seus tempos de estudante.