Este Blog e outras mídias publicaram a época das enchentes, várias denuncias respaldadas por técnicos, que davam conta da negligência da Gestão Melo com o Sistema de Diques e Proteção as Cheias.
A CPI do Desmonte do DMAE ouviu, nesta segunda-feira (22), o engenheiro Maurício Loss, ex-diretor-geral da autarquia. O depoimento abordou pontos sensíveis da gestão durante as enchentes de 2024 e foi marcado pela polêmica contratação de Loss pela Aegea/Corsan logo após sua saída do DMAE.
Logo início da sessão, Loss confirmou que o DMAE tinha recursos em caixa antes das enchentes. Segundo ele, “de 2023 para 2024 já estava beirando os R$ 400 milhões em caixa”, o que contrapõe a declaração de seu sucessor, o ex-diretor Bruno Vanuzzi, de que “o DMAE nunca teve dinheiro em caixa”.
Quanto à operação do sistema anticheias, Loss declarou que “todas as 23 casas de bomba estavam operando quase a pleno funcionamento”, mas reconhecido a existência de mais de 40 pontos de falha na estrutura de proteção e a falta de instrumentos adequados para prever o volume das chuvas que atingiram a cidade.
Polêmica: saída do DMAE e contratação pela Aegea/Corsan
A parte mais tensa da oitiva envolveu a contratação de Loss pela Aegea/Corsan, empresa que já manifestou interesse em disputar eventual concessão do DMAE. A nomeação ocorreu menos de dois meses após a saída de Loss da direção do DMAE.
Questionado pela presidenta da CPI, vereadora Natasha Ferreira (PT), que apontou o descumprimento de quarentena prevista em decreto municipal e conflito ético, Loss confirmou interesse da Aegea em eventual concessão do DMAE, mas negou ter repassado informações privilegiadas:
“ Estou aqui sob juramento. Não participei de nenhuma reunião na sede da Aegea para tratar de assuntos relacionados à concessão do DMAE e tenho certeza de que não serei convidado para reuniões desse tipo. Eu estou lá pela minha formação técnica, não para levar informação.”, afirmou
Natasha, por outro lado, avaliou que a contratação do ex-diretor fere o “princípio da moralidade pública”. A parlamentar lembrou que há uma ação popular questionando a nomeação, uma vez que o decreto municipal 21.071/2021 prevê quarentena de seis meses para ex-servidores antes de assumirem funções em empresas com relação institucional ao órgão.
“ É muito grave que um ex-diretor da autarquia assuma um cargo em empresa interessada na sua concessão. Isso precisa ser investigado a fundo, pois coloca em risco a transparência do processo e o futuro do DMAE ”, afirmou a vereadora.
Para ela, o depoimento de Maurício Loss expôe contradições e aprofunda as linhas de investigação:
“ Loss confirmou que o DMAE tinha dinheiro em caixa antes das enchentes e reconheceu falhas administrativas que impediram que esses recursos fossem usados na contenção de cheias. Além disso, não podemos ignorar o fato de que ele foi contratado pela Aegea/Corsan, empresa interessada na concessão da água de Porto Alegre, pouco depois de deixar o DMAE. ”
Próximos passos
A CPI segue com o calendário de oitivas já aprovado, que inclui nomes centrais da investigação, como Gustavo Ferenci, Gilvani Gringo, Agostinho Meirelles e o ex-diretor do DMAE denunciado por corrupção passiva, Alexandre Garcia.
Mas é impressionante a quantidade de Testemunhas ligadas ao Prefeito e sua “tchurma” que arrumam desculpas as mais variadas para não ir depor. Querem desqualificar o bom Trabalho desta CPI na Câmara de Vereadores que é eivada de Cumplices da gestão Melo.
