Por Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo
Uma das queixas mais frequentes entre os simpatizantes de Dilma é esta: onde foram parar as panelas?
A cada denúncia de corrupção, a questão reaparece nas redes sociais: e aquele pessoal que batia panela o tempo todo?
Pois bem.
Houve nas redes sociais registros de panelas no pronunciamento de Temer no Natal.
Mas nada comparável aos panelaços de antigamente.
Que houve com elas, as panelas? O fato é que elas já não são as mesmas.
Os panelaços eram não exatamente contra a corrupção. Eram contra o PT e Dilma. Por isso sumiram.
Qualquer coisa servia de pretexto para ir para a janela do apartamento com uma panela. Os tolos estavam sendo manipulados, mas pensavam estar fazendo história.
Era uma atitude que para sempre estará vinculada a uma classe média reacionária e visceralmente analfabeta política.
É um tipo de gente que aceita corrupção nos outros, e até em si própria. Mas no PT qualquer boato, qualquer suspeita de corrupção é um horror de proporções ciclópicas.
Outra diferença vital entre as panelas está na mídia.
A imprensa decide a repercussão que vai dar a qualquer manifestação. O jornalismo de guerra dá volume máximo para protestos contra o PT, e mínimo ou nenhum para os outros.
Ainda que houvesse uma adesão maciça às panelas na fala televisiva de Temer, isto não teria sido notícia.
Há panelas e há panelas. Aquelas que vinham envoltas em xingamentos contra Dilma e o PT só sairão das cozinhas quando — e se — o PT voltar ao poder.
Até lá, pode esquecer.
Comentário do Luiz Müller Blog: É a luta de classes. A burguesia transforma a Classe Média e até a Classe Trabalhadora em sua subserviente se a Classe Trabalhadora não tiver projeto político. O arremedo de Social Democracia (Estado do bem Estar Social) dos três mandatos do PT, pautados pelo consumo, sem mostrar a real origem da produção, a Classe Trabalhadora), fez com que a própria classe produtora se visse apenas como consumidora. E nunca se compreendeu como “pobre”. “Pobres” e “Ricos” são as palavras pelas quais Lula e o PT passaram a tratar a sociedade. O PT, erguido para ser a voz política da classe trabalhadora, sinalizou a classe trabalhadora que ela era “pobre” e pçassou a ser “nova classe média”, algo assim como uma divisão de acesso a ser “rico”. Rica é a buguesia, que forja sua riqueza a partir da produção realizada pela Classe Trabalhadora. A Classe média é só isto: trabalhadores que alcançaram um patamar de vida um pouco melhor, mas que se deixarem de trabalhar, a pederão rápidamente. E com o desemprego e a miséria voltando, bem ao agrado da banca e de seus serviçais corruptos que agora dirigem o país, a Classe Média volta a ser só “classe trabalhadora” e desempregada. Mas o PT por hora ainda não reintroduziu esta palavra em seu vocabulario e individualmente a turma do andar de baixo não fará isto, por que a grande mídia continua a lhe dizer diuturnamente que oportunidade há, e que se o individuo não a aproveita, a culpa é unica e exclusivamente dele. Simples assim.