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Economia Solidária: um caminho para enfrentar o feminicídio (Por Pérola Sampaio*)

12 de Setembro de 2025, 11:27 , por Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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O feminicídio é a face mais brutal da violência de gênero na nossa sociedade. No Brasil, ele não é um fenômeno isolado, mas consequência de uma estrutura social que naturaliza desigualdades, silencia mulheres e mantém a dependência econômica como forma de controle. A cada dia, vidas são interrompidas não apenas pela violência direta, mas por um sistema que impede alternativas de autonomia.

Mulheres negras as principais vítimas
É impossível falar de feminicídio sem reconhecer que as mulheres negras são as principais vítimas. Segundo o Atlas da Violência 2023, 66% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. O racismo atravessa de forma decisiva a desigualdade de gênero: são elas que recebem menos da metade do salário de homens brancos, segundo dados do IBGE, e ocupam em sua maioria os trabalhos mais precários e informais. Portanto, a violência, não é apenas doméstica, mas estrutural.
Por isso, iniciativas de economia solidária voltadas para mulheres negras têm um papel duplo: garantem meios concretos de sobrevivência e funcionam como espaços de acolhimento, troca e fortalecimento cultural. Cooperativas de costuras, padarias comunitárias, grupos de artesanato e redes de agricultura agroecológica mostram que, quando há apoio coletivo, a autonomia financeira se transforma também em liberdade de vida.
É urgente que políticas públicas reconheçam a economia solidária como parte da estratégia de justiça social e enfrentamento ao feminicídio. Isso significa oferecer crédito, assistência técnica, acesso a mercados e formação profissional, mas também criar vínculos entre essas iniciativas e as políticas de proteção às mulheres quilombolas, negras indígenas, brancas em vulnerabilidade social do campo e da cidade.
Enfrentar o feminicídio não se resume a punir agressores. É preciso atacar suas raízes: a desigualdade econômica, o racismo e a falta de alternativas para mulheres em situação de violência. A economia solidária, nesse sentido, não é apenas uma forma de gerar renda; é um ato político, uma ferramenta de resistência e uma possibilidade concreta de salvar vidas.

*Pérola Sampaio é Formada em Direito – PUCRS, Pós – Graduação em Gestão Pública com Ênfase Jurídica – FMP/RS, militante da Marcha Mundial de Mulheres, Frente Negra Gaúcha e Movimento Negro Unificado .


Fonte: https://luizmuller.com/2025/09/12/economia-solidaria-um-caminho-para-enfrentar-o-feminicidio-por-perola-sampaio/

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