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A Justiça da Argentina determinou nesta terça-feira (27/12) o indiciamento da ex-presidente Cristina Kirchner, que governou de 2007 a 2015, por formação de quadrilha e administração fraudulenta por supostas irregularidades na concessão de obras públicas durante seu mandato.
O expediente, dirigido pelo juiz Julián Ercolini e que declarou Cristina como investigada em outubro, analisa um suposto esquema de “benefícios exclusivos” a favor do grupo Austral, do empresário Lázaro Báez – pessoa próxima ao falecido ex-presidente Néstor Kirchner e atualmente detido por outro caso de suspeita de lavagem de dinheiro -, em detrimento dos cofres públicos.
Ercolini ordenou, além disso, o bloqueio de 10 bilhões de pesos (R$ 209 milhões) de Cristina e o processamento, entre outros, de Báez, do ex-ministro de Planejamento Federal Julio de Vido e do ex-secretário de Obras Públicas José López.
O advogado de Cristina, Gregorio Dalbon, declarou que apelará pois “não há delito” em mensagem publicada no Twitter. Dalbon ainda disse que o processo é “outra invenção, porque Mauricio Macri e seu governo estão em colapso”.
É a primeira vez que a ex-presidente é processada por corrupção. Cristina já é investigada por supostas irregularidades na venda de dólar futuro por parte do Banco Central durante seu governo.
Os promotores tinham ligado Cristina ao crime de “administração infiel” e de negociações incompatíveis com a administração pública. Além disso, havia indícios de um plano para realizar milionárias obras públicas na província de Santa Cruz, berço do kirchnerismo, e que beneficiaram Báez.
Agência Efe
Justiça argentina determinou indiciamento de Cristina Kirchner por irregularidade em concessão de obra pública
Em uma sentença de quase 800 páginas, o juiz ordenou o indiciamento de Cristina como “coautora penalmente responsável pelo crime de formação de quadrilha e de administração fraudulenta, agravada por ter sido cometida em prejuízo dos cofres públicos”.
A quadrilha teria funcionado, pelo menos, entre 8 de maio de 2003 e 9 de dezembro de 2015. Cristina teria atuado “destinada a cometer crimes para se apoderar ilegitimamente e de forma deliberada dos recursos alocados às obras públicas viárias, em princípio, na província de Santa Cruz”.
No caso da ex-presidente, Ercolini afirma que Cristina “teria prejudicado os interesses ao violar seu dever de administrar e cuidar fielmente os bens do Estado que estavam sob sua responsabilidade”.
Ao sair do tribunal, a ex-presidente disse que é vítima de “uma manobra formidável de perseguição política e midiática” iniciada pelo atual governo, liderado por Mauricio Macri. “Dessa forma, ele tenta esconder o desastre econômico e social vivido pela Argentina”, disse Cristina.