Ao se demitir do Ministério da Cultura, Marcelo Calero denunciou um crime no coração do governo de Michel Temer; seu braço-direito, Geddel Vieira Lima, usou o cargo para defender seus próprios interesses, na liberação de uma obra acusada de agredir o patrimônio público de Salvador; a acusação deixa Michel Temer praticamente sem saída; se não demitir Geddel nas próximas horas, será cúmplice; o problema é que os dois são parceiros há mais de duas décadas, desde quando Geddel foi responsável pela administração dos portos no governo Fernando Henrique Cardoso; Temer, no entanto, pode usar o episódio para demitir Geddel, antes que surjam as delações da OAS e da Odebrecht, que também o atingirão
Marcelo Calero, agora ex-ministro da Cultura, denunciou um crime no coração do governo Temer: Geddel Vieira Lima, braço direito do presidente, usa seu cargo para defender seus próprios interesses – e não o interesse público.
Mais precisamente, Geddel pressiona órgãos técnicos do governo a liberar uma obra que, segundo arquitetos e urbanistas, agride o patrimônio histórico de Salvador. O motivo? Geddel comprou um apartamento num andar alto do espigão de 107 metros. “Como é que eu fico?”, questionou Geddel, ao pressionar Calero (saiba mais aqui).
Diante do escândalo, Temer não tem saída, a não ser demitir Geddel nas próximas horas. Isso porque a procuradoria-geral da República não terá meios de abafar a denúncia de Calero – que dificilmente voltará atrás em suas declarações.
Ou seja: se Temer não o demitir, será cúmplice de Geddel, admitindo que, em seu governo, autoridades podem usar seus cargos em prol de benefícios pessoais.
A demissão de Geddel, no entanto, teria um alto custo político para Temer, uma vez que os dois atuam juntos no setor portuário há mais de duas décadas, desde quando o político baiano era responsável pela administração dos terminais de Santos, no governo FHC (a esse respeito leia reportagem de Marcelo Auler).
A queda do articulador político de Temer, no entanto, é uma questão de tempo. Se Temer não demitir agora, diante do escândalo Calero, terá que fazê-lo quando se tornarem públicas as delações premiadas da OAS e da Odebrecht, que fatalmente o atingirão.
