TECNOFEUDALISMO é um termo novo pra muita gente. Já pra quem passou por cadeiras escolares em algum momento, deve lembrar que As relações de trabalho no feudalismo eram baseadas na servidão, onde os camponeses trabalhavam as terras dos senhores feudais. Os servos estavam presos à terra e tinham uma série de obrigações.
Ao conversar com motoristas nesta segunda-feira, em Ato pelo aumento das Tarifas e Direitos, vi e ouvi com estes meus olhos e ouvidos de leigo, o que parece o desenho do fim do capitalismo, pelo menos do jeito que o conhecemos.
Senão vejamos:
A UBER é dona da Moove, uma empresa de origem africana, que tem sede nos EUA. A Kovi era uma Startup brasileira de locação de carros que foi comprada pela Moove.
A Moove é uma empresa que oferece “soluções financeiras e de veículos para motoristas de plataformas como Uber”.
A maioria dos motoristas não trabalha com carro próprio, muitos por que nem o tem, e outros por que acham mais conveniente.
Então a Kovi oferece o conveniente aluguel de um carro sem aprovação de crédito ou cartão de crédito, além de planos com tudo incluso, como manutenção, proteção e documentação… mediante um contrato de fidelidade de 12 meses e um ilusório Contrato de 36 meses com a opção do motorista ficar com o carro… se pagar mais 2 anos de “prestação”.
Ora, o Carro é “o meio de produção” do motorista do UBER. Sempre pensei o motorista como dono do carro e responsável por tudo que com o carro aconteça, inclusive tributos, IPVA, acidentes, etc…
A verdade é que 70% dos motoristas locam carros, que agora são também propriedade da UBER, através de outras empresas.
Então pensa: As tarifas repassadas pelos motoristas ao UBER, vão de 25% a até 70% do valor de uma corrida, como já mencionei em outro artigo aqui no Blog.
Da parte da corrida que toca ao motorista, sai ainda a parcela de diária/mensalidade para a locadora, que também é do UBER.
Mas por que o motorista do Uber não loca carros em locadoras diferentes? Simples. Por que a Moove através da Kovi, oferece “condições melhores e segurança” para os motoristas.
Não tá parecendo com o velho feudalismo, com o Servo pagando parte da produção e até tributos ao Senhor Feudal?
Na época do feudalismo, os servos aceitavam ser servos por causa de um forte discurso religioso e da falta de alternativas.
A única alternativa que foi oferecida aos motoristas é baseada na regulamentação do Trabalho baseada nas velha CLT e que para eles parece tratar-se só de uma coisa: mais cobrança de impostos, como o aumento da Contribuição Previdenciária por exemplo, quando a muitos são MEI e já contribuem com INSS como tal.
Meu objetivo neste artigo aqui não é discutir a regulamentação da Profissão de Motorista de Aplicativo. É mostrar que pelo menos no meu entendimento de leigo, não basta pensar a regulamentação de motoristas e dos próprios aplicativos apenas pela ótica da Legislação do Trabalho do Século 20.
Voltarei ao tema da regulamentação em outros artigos.
