Um filme genial sobre Germain, um entendiado professor de francês, frustrado como escritor e muito crítico em em relação à péssima qualidade literária de seus alunos, que acaba encontrando entre eles, Claude, um jovem cujo estilo literário lhe chama a atenção.
Tudo começa com a leitura de uma redação, escrita por Claude, cujo tema dado pelo Germain era algo como "meu final de semana". Dentre tantas redações medíocres que Germain, corrigindo os trabalhos em casa, lê para sua esposa, Jeanne, dona de uma decadente galeria de arte, a de Claude lhes surpreende, pela qualidade do estilo e uma peculiaridade.
É que Claude descreve o modo como sempre quis entrar na casa de seu colega de uma forma voyeur que desperta no professor o interesse incontrolável de devorar novos capítulos daquela observação, muito provavelmente porque vê, no aluno, a capacidade de criação literária que nunca encontrou em si.
O que se vê a partir daí é uma trama simplesmente genial, onde a história vai se construindo a partir de cada ida de Claude à casa de seu colega; cada redação trazida pelo aluno para o professor, que passa a orientá-lo obsessivamente, tem, ao final a palavra "(continua...)".
E assim vão se revelando os desejos do adolescente dentro da casa do amigo, os defeitos da família do amigo, tudo de dentro da casa, literatura que acaba mexendo com a estrutura estagnada que há tempos reinava, também, dentro da casa do Professor Germain.
A direção é de François Ozon, que também é responsável pelo roteiro, uma adaptação da peça teatral “O Menino da Última Fila” de Juan Mayorga. François Ozon cria diálogos incríveis e tem o poder de nos deixar absortos, presos ao filme, até que suba o último crédito depois do final, todos exercitando de forma criativa nosso voyeurismo, Claude, Germain e, sobretudo, nós, que a tudo assistimos confortavelmente.
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