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Tânia Mandarino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

TEUS OLHOS MEUS (2010)

10 de Setembro de 2013, 18:46, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


ADVERTÊNCIA 1: O assunto é forte, não leia e não assista o filme se tiver a mente fechada para as questões da psique humana!

ADVERTÊNCIA 2: Eu vou contar a história do filme todo. Não leia se não quiser saber a história do filme!

Eu estou até agora de olhos estatelados diante do atrevimento do diretor Caio Sóh em fazer este filme.

Você começa o filme vendo um homem barbudo chorando, dirigindo um carro e chorando copiosamente. “Deve ter brigado com a namorada”, pensa. Mas ai você sente que o choro é muito copioso e deve ter morrido alguém... “Perdido tudo o que tinha?”

Sabe-se lá porque aquele homem chora tanto, mas fica, já no início do filme, a certeza de algo estranho, indefinível, que traz aquele choro à cena logo no início do filme.

Corta para uma cena onde dois homens assistem em Super Oito imagens do passado de um deles, Otávio, o homem que chora no começo, vivido pelo charmosíssimo Remo Rocha.

O outro homem é seu atual companheiro e as cenas são filmagens de um amor do passado de Otávio, Ligia

Cenas de juventude, românticas e um pouco atrevidas, os dois na praia, Ligia tirando a roupa e convidando Otávio a um banho de mar...

O companheiro de Otávio tem uma crise de ciúmes ao ver os olhos amorosos com que o ser amado olha para seu passado com Ligia.

Otávio se sente mal com a crise de ciúmes do outro, pede para que ele não estrague a história dos dois com ciúmes do passado; diz que primeiro ele teria que voltar a gostar de mulher, depois reencontrar Ligia para que o companheiro então pudesse pensar em começar a ter algum ciúme.

Brigam. É noite. Otávio sai para a praia, desopilar.

Corta para uma cena doméstica, onde um jovem - Gil chega em casa bêbado e é muito cobrado por um homem que parece ser seu pai, mas na verdade é o marido de sua tia (Roberto Bomtempo), uma vez que sua mãe morrera e ele fora criado por sua tia Leila (Paloma Duarte).

Típica cena de jovem incompreendido em conflito familiar, com discussões, e culpas, e álcool e baseado e um quarto todo maluco, pichado, e violão, e uma clarineta que Gil começa a tocar trancado no quarto em plena madrugada, a tia intervém, o jovem a ama e detesta mesmo é seu tio, mas sai com seu violão na madrugada, vai até a praia para compor e desopilar.

O fabuloso Emílio Dantas dá vida a Gil, o jovem que namora Carla, também barbudo, cabeludo, com grandes pensamentos existenciais, em confronto com sua própria história autodestrutiva de vida, sem nenhuma perspectiva de futuro que não seja a crise e a crise e a crise.

Num quiosque na praia, se encontram os dois, Gil e Otávio

Gil, sem grana, pedindo fiado para poder beber uma dose enquanto compõe, é visto por Otávio, que é pianista e produtor musical, e lhe oferece o quanto queira da garrafa de whisky com a qual estava abraçado.

Os dois bebem, falam da vida, da música, das dores da existência... 

Gil leva Otávio ao apartamento de uns amigos malucos, todos fazendo uma música de excelente qualidade, e bebem mais e se sentem leves e se sentem livres e de repente estão muito felizes.

Voltam para a praia, quase ao amanhecer, Otávio se recorda do filme com Ligia, que vira no início da noite, faz como ela, tira a roupa, convida Gil para um banho de mar e mergulha.

Gil, de calça jeans, tira a camiseta e mergulha também.

Voltam para a areia, dizem que estão felizes um na companhia do outro. Otávio admite que aquela foi uma noite incrível, onde se sentiu livre. Olham-se nos olhos e se reconhecem: “eu me vejo nos teus olhos”.

Os rostos se aproximam. Beijam-se.

Gil fica mexido. Enojado, foge após o beijo. Otáviolhe pede desculpas, diz que isso não era para ter acontecido.

Na sequencia, expulso de casa pelo tio opressor (que o considera um vagabundo porque quer ser músico), Gil acaba pedindo um tempo para sua namorada Carla, pois diz que alguma coisa aconteceu dentro dele que precisa digerir.

Sem ter para onde ir, Gil vai ao estúdio de Otávio, lhe pede ajuda com trabalho e avisa: “só que eu não quero esses papos de viado, não venha com esses papos pra cima de mim por que essa não é a minha praia!”.

Otáviorompera com seu companheiro, por que, o tendo visto com Gil na praia aquela noite, numa crise de ciúmes queimara o filme e todas as lembranças dele com Ligia.

Inicia-se um processo musical muito produtivo. Otávioreúne os amigos musicais de Gil, lhes grava um CD, começam a fazer show. Gil ajuda no estúdio, ganha algum dinheiro e, numa ocasião em que Otávio percebe que Gil está sem casa, o convida para ir dormir na casa dele aquela noite. No sofá.

Corta para os dois amanhecendo na cama de Otávio

Gil com suas elucubrações poéticas a respeito de quem fora e de quem agora passara a ser, ouve de Otávio que ele descobriu que nessa vida é bom se deixar estar no peito de alguém em quem se confia. “Não importa se é no peito de uma mulher, ou no de um homem, o que importa é encontrar o peito de alguém em quem se confie e onde se possa estar feliz.”

Os dois passam a se relacionar amorosamente; Gil vem para a casa de Otávio, recebe apoio constante para crescer como Homem, inicia a faculdade de Música, ganha um carro de presente do companheiro. Há, ali, muito carinho. Uma proteção muito paternal de Otávio sobre Gil e uma devoção quase filial de Gil para com Otávio. Tudo envolto pelo amor carnal, mas se misturando de forma quase etérea com os outros elementos que o amor pressupõe.

Tempos depois, o tio carrasco de Gil morre e o garoto, que amava muito a tia que o havia criado, decide que quer voltar à casa onde cresceu e apresentar à tia o seu companheiro.

A despeito da resistência de Otávio, os dois vão para um jantar na casa da tia Leila e, antes ainda do jantar, ela passa mal, vomita, sua pressão sobe, ela se tranca no banheiro e pede ao sobrinho que eles voltem outro dia.

Ambos saem, chateados. Gil entende que a tia talvez precise de um pouco mais de tempo para aceitar seu relacionamento com outro homem. Otávio se sente muito triste e incomodado e, noutro dia, vai sozinho à casa da Tia Leila conversar com ela.

Tia Leila o recebe, convida a se sentar e ouve as explicações de Otávio de que ele ama e quer o melhor para Gil.

A tia somente repete que aquele romance não é possível.

Otávioinsiste, pergunta se é pelo fato de ele ser muito mais velho e a tia vai até o quarto, retornando com um porta-retratos com a foto da mãe de Gil, que morrera quando ela, Leila, tinha nove anos e Gil era apenas um menino.

Otáviofica surpreso ao saber que Gil era filho de Lígia.

Surpresa maior, entretanto, e grande desconforto, apesar de que você já tinha sacado isso, no transcorrer do filme, é saber que Gil era filho de Lígia com Otávio (que nunca soubera da gravidez).

E ai a gente volta pro começo, e vê aquele homem chorando muito.

E compreende os motivos.

O filme acaba assim.

Chamem o Freud, por favor, para explicar essa coisa do desejo e das coisas proibidas que estão intimamente ligadas ao desejo de cometê-las!

Roteiro impecável, atores incríveis, um diretor atrevido, linguagem poética e a simplicidade como fundo. Um super filme! Tem até Maria Gadú cantando. Eu recomendo aos fortes e aos bravos.



FLORES RARAS (2012)

7 de Setembro de 2013, 20:35, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

FLORES RARAS é sem dúvida um belo filme, mas muito previsível. No conjunto da obra o que se destaca mesmo é a atuação impecável de Glória Pires, uma puta atriz que se entrega às cenas de um modo espantoso e intenso, além de refletir perfeitamente a carioca liberada, rica e talentosa dos anos 60/70.

Lota, interpretada por Glorinha, ganha ares de intrepidamente amoral, Mas, oh, não, que pena, ela é um homem! Em tudo e por tudo um homem... Poderia ser uma mulher que ama outra mulher, mas, não, ver ali um homem para mim foi muito decepcionante e, até, eu diria mais, um fardo... Ela só se comporta como uma mulher ao final, mas ai já acaba o filme e Bruno Barreto fica me devendo alguma coisa que não sei bem dizer o que é.

Lilás, Bruninho Barreto, a única cena na qual efetivamente pude ver sua mão foi aquela do vidro, em que Bishop e Lota se amam pela primeira vez naquele magnífico cenário em Petrópolis e Lota está encostada naquele vidro como se estivesse no vácuo; no mais, sem grandes apontamentos para o  diretor.

O diretor de fotografia foi legal com a gente e muito generoso, mas são cenários que falariam ainda que fotografados por uma criança, sim, o Rio de Janeiro continua lindo e Petrópolis é algo assim indizível!

A trilha sonora foi bacaninha, também, com destaque pra Blue Velvet e Sábado em Copacabana.

Li por ai que Miranda Otto, atriz australiana que fez o papel de Bishop, teve “medo de expor demais a vida de alguém que era extremamente contida" e, de fato, dá pra sentir mesmo nela esse medo numa interpretação de alguém que não se joga, não se entrega a personagem, ainda que seja para viver alguém contida.

Tampouco conseguiu me convencer a força do relacionamento de Bishop com a poesia, aquilo que Barreto considera o foco do filme, uma vez que, na realidade, foi maior que seu relacionamento com Lota (a não ser pelo fato de ela ter deixado o Rio e voltado a ensinar poesia nos EUA, dedicando-se amorosamente a uma aluna...) e até mesmo com o studio no platô preparado pela arquiteta, do que com a própria poesia (até me espantei quando veio a notícia de que ela ganhou o Pulitzer, pois não a tinha visto, no filme, poeta!).

O filme está mais ou menos bem situado historicamente, com aquela presença poética de Carlos Lacerda e a gente consegue saber em que tempos a história está se passando.

Oscar de Melhor Atriz para Glória Pires (a americana Tracy Middendor, que interpretou Mary Morse, pode tranquilamente ficar com o de Melhor Coadjuvante). Talvez o filme receba uma indicação de Melhor Estrangeiro, por conta dessa atenção ao idioma inglês (que Glorinha pronuncia barbaramente!) e por se tratar de uma poeta americana comparada a Emily Dickinson(Dickinson, para mim a melhor entre as melhores!).

No mais, estou indo embora! Agora já podem me chamar de lagartixa, mas, por favor, esperem que eu tome uma certa distância para começar a atirar as pedrinhas.



ALGUMAS HORAS DE PRIMAVERA (2012)

31 de Maio de 2013, 17:16, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Se você ficou assombrado com AMOUR, do Haneke, imagino o que poderá pensar de Quelques Heures de Printemps do diretor Stéphane Brizé.

Ah, os franceses, meldewlsdelcielo, OS FRANCESES!!!!!

Eu estou até agora catatônica com a capacidade que os europeus têm em tratar de temas tão áridos de forma tão precisa e preciosa!

Algumas Horas de Primavera é simplesmente uma irretorquível obra prima que trata da relação entre mãe e filho, mas poderia ser qualquer outra relação visceral de profundos laços, a sensação é a mesma... Ou quase.

É a história do homem de 48 anos, Alain Evrard (interpretado porVincent Lindon),que ao sair da prisão após 18 meses, volta a morar com a mãe, viúva, a Sra. Yvette Evrard, interpretada pela maravilhosa Hélène Vincent.

Alain era motorista de caminhão e acabara sendo preso por contrabandear objetos a mando de seu chefe. Mas, quando sai da prisão, encontra dificuldades em encontrar trabalho e, no retorno à casa materna, bem se vê que há uma clara dificuldade de relacionamento ali, entre mãe e filho.

Num compasso lento, denso e que, mesmo assim, nos deixa colados ao filme, vamos sendo informados, junto com Alain, que aquela senhora sistemática, rígida e até um tanto quanto antipática, que implica muito com o filho, está em fase quase terminal de um câncer no cérebro.

A despeito disso, a mãe leva sua vida cotidiana de forma impecável e tem imensa força.

O filho, por seu turno, vai mostrando todas as características de uma imaturidade afetivo-relacional, que se acentua em suas atitudes grosseiras para com a mãe e até nas atitudes que tem com uma mulher, que conhece e com quem protagoniza belas cenas amorosas no filme.

Ambos, mãe e filho, são duros e orgulhosos... Há muito amor ali, vê-se, mas, como é mesmo na vida real, nenhum dos dois dá braço a torcer e assim se passam os dias até que Alainse informa melhor sobre a gravidade da doença da mãe e descobre, numa gaveta, que ela adquiriu um plano em uma associação, que lhe assegurará um suicídio assistido e indolor, caso sinta necessidade.

É um programa realizado na Suíça, já que a legislação francesa não o permitiria.

Em meio as sutilezas das relações humanas, vão se desenrolando ações que nos tocam profundamente o coração e alma sem que se utilizem de artifícios musicais emotivos; é quase como em Haneke: sem música. E digo quase porque, ao final, entra uma música, mas entra, assim, depois que já estamos completamente arrebatados pela ação, e entra a nos dizer que apesar de tudo a vida segue.

O filme todo é impecável, mas duas cenas, especialmente me marcaram para sempre de forma indelével:

A primeira é a que retrata a eutanásia da mãe no programa suíço, na companhia do filho, em um momento que se abre para questões tantas, mas marca mesmo pela declaração de amor de ambos, um ao outro, naquele momento final...

A outra é a cena final mesma, a última cena do filme, depois que já começou a tocar aquela música que nos informa que a vida segue. Só vendo, para entender... Só estando dentro do filme para sentir a grandeza desta cena final, tão simples e ao mesmo tempo tão avassaladora! É nessa hora que a angústia, a agonia e a raiva sentidas durante o decorrer do filme saem do seu peito e dão lugar a um sorriso e a um sentimento de que a vida é risivelmente simples.

Aliás, a expressão e os traços faciais e corporais emprestados a Alain pelo ator Vincent Lindone a fragilidade determinadamente forte da mãe Yvette Evrard, presentes na belíssima interpretação de Hélène Vincent são parte ativa da beleza e sensibilidade deste filme.

Filme, não: obra prima que eu recomendo ajoelhada com as mãos postas em prece e a alma transfigurada louvando a capacidade dos franceses em construírem algo tão belo! Ah, os franceses...



AMOR PLENO (2012)

31 de Maio de 2013, 11:40, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Você começa a assistir este filme e, já, no início, descobre que não é um filme e sim um poema visual com essência de amor. Já, no início, descobre que a linguagem é a mesma utilizada por Terrence Malick em “A Árvore da Vida” e, portanto, não pode ser assistido com expectativa de enredo, ou de começo, meio e fim.

Porém, se você se conectar com o poema, terá visto algo belo, inusitado e que diz com os relacionamentos amorosos e seus estágios, esses sim, todos com começo, meio e fim...

Começos encantadores, meios turbulentos e fins que dão origem a outros começos e recomeços e novos encantos e entardeceres luminosos em direção ao outro e ao âmago de si mesmo.

Para isso, Malick movimenta o corpo humano de forma tão real e em meio a fotografias vibrantes e também em movimento, que, se você se entregar, fará parte do filme com toda a poesia de sua vida concentrada no amor.

É um filme vermelho. É um filme do Amor. É mesmo pleno!




CASAMENTO SILENCIOSO (NUNTA MUTA -2008)

30 de Maio de 2013, 19:07, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

“Aconteceu na Romênia, em 1953” – é o crédito que sobe ao final desta coprodução entre Romênia, França e Luxemburgo com direção do romeno Horatiu Malaele.

Com um time dramático tragicômico e burlesco, o filme se inicia nos dias atuais, com uma equipe de filmagem que se diz buscadora de histórias paranormais, chegando ao pátio do que já foi uma fábrica na Romênia e nos informando, jocosamente, que antes ali fora “uma vila que os comunistas destruíram para levantar uma fábrica que agora está sendo destruída para construir uma vila para ricos”.

Remetidos para o passado, somos conduzidos a uma história, que nos é mostrada de forma deliciosa, sobre os personagens daquela vila romena, com suas tradições e peculiaridades, que está sujeita às barbáries russas.

Um casamento será celebrado, tudo está farta e festivamente preparado, a alegria toma conta de todos os convidados, muita música, comida e bebida, mas soldados russos chegam e avisam que Stalin está morto e nenhuma comemoração poderá ser realizada sob pena de ser tratada como alta traição.

Criativamente, após a saída dos soldados russos, decide-se realizar a festa em silêncio e o que se passa a partir daí é sensacional. Algo que nos remete à comédia italiana, ainda que seja uma “festa de polacos”. Denunciando, em meio ao cômico, a tragédia dos regimes ditatoriais.

A vida, a alegria e a desobediência civil são elementos constantes na história, como a nos dar a trilha do que pode nos salvar do autoritarismo.

Filme delicioso, poético, teatral, inteligente, diferente. Eu recomendo!