Representantes dos movimentos sociais participam de curso de comunicação popular
14 de Maio de 2015, 11:18Vito Giannotti, coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que tem sua sede no Rio de Janeiro, está em Curitiba para ministrar um curso de comunicação popular e sindical aos dirigentes sindicais bancários do Paraná, aos funcionários das entidades e também de algumas entidades dos movimentos sociais.
Vito dá instruções sobre o uso da linguagem simples e de fácil acesso para todos os tipos de leitores, e destaca que as entidades precisam considerar que têm atuação de classe, a trabalhadores, e não somente preocupar-se com “o umbigo” da própria categoria.
Participação dos movimentos sociais
Lunéia de Souza é geóloga e atua como coordenadora de comunicação do Movimentos Nacional dos Atingidos por Barragens (MAB) no Paraná. Ela destaca a importância de modificar a linguagem e implantar o uso de textos curtos nos veículos de comunicação da entidade, para ampliar o acesso à informação entre a população que a organização atende.
Para Riqueli Capitani, jornalista no Paraná do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), é muito importante a participação nesses espaços de formação. Ela explica que o aprendizado de novas formas de linguagem são utilizadas no atendimento externo ao MST, já que as produções de comunicação atendem ao movimento dos trabalhadores e também ao trabalho de assessoria ao MST, valorizando a luta dos movimentos sociais.
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
A greve dos professores e o reajuste dos salários
12 de Maio de 2015, 15:32Na assembleia do dia 05 de maio professores estaduais votaram pela continuidade da greve. Foto: Joka Madruga.
A APP Sindicato divulgou que tem sido questionada sobre o porquê da manutenção da greve da categoria e pede ajuda para esclarecer a população sobre a continuidade do movimento, mesmo após o massacre dos professores, da lei que alterou a ParanáPrevidência e com uma decisão judicial que considerou a greve ilegal. A greve continua, entre outras reivindicações, pelo reajuste de salário.
A data-base da categoria, que define o prazo anual para negociações de salários, é 01 de maio e a falta de comprometimento do governo estadual com o reajuste dos professores pesou para que a categoria deliberasse, em assembleia realizada no último dia 05 de maio, no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, pela continuidade da paralisação.
Uma reunião foi realizada nesta terça-feira, 12 de maio, com representantes da Secretaria Estadual de Educação, e a reivindicação dos professores é que o governo garanta, no mínimo, a reposição da inflação. De acordo com a APP, o governo pediu prazo até dia 19 de maio para se posicionar.
Aumento real nos salários - Aumento real é o percentual de reajuste no salário acima do índice de inflação registrada no período da data-base. De acordo com uma pesquisa publicada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entidade que assessora os sindicatos nas negociações coletivas, 91,5% das categorias de trabalhadores que têm seus reajustes de salário via negociação coletiva tiveram aumento real no ano de 2014, incluindo negociações do setor público e privado. O Dieese também registrou que nos primeiros meses de 2015, as negociações coletivas estão apresentando ganho real maior. E o governo estadual não quer nem conceder a reposição da inflação.
Pauta de reivindicações dos professores:
- Data-base (8,14%).
- Piso Nacional para professores e funcionários (13,01%), retroativo a janeiro.
- PSS – Pagamento pela maior habilitação.
- Porte de Escola (condições de trabalho).
- Concurso Público para professores e funcionários.
- Enquadramento dos aposentados no nível II.
- SAS.
- Hora-atividade de 50%.
- Incorporação do auxílio-transporte ao salário.
- E a não punições e faltas aos(às) trabalhadores(as) da Educação em greve.
- Calendário único de reposição.
Saiba mais: Porque a nossa greve continua
Governo não apresenta nada: greve continua!
Para nunca esquecermos: reajustes são conquistas da categoria
Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Opinião: Cenário nebuloso
12 de Maio de 2015, 14:40Foto: Joka Madruga.
O brasileiro não tem culpa. Seja ele dono de um título de eleitor ou não. Cada dia que passa se torna mais difícil até para os “entendidos” saber ou prever como vão agir os partidos e as massas em diversos níveis. Se for governo, aperta; se for oposição, se taca pedra. Minimiza seus erros achando culpado alheio e se vangloria de …. é, não há do que se enaltecer no momento.
A postura dos partidos e dos políticos é um samba em descompasso. É o caso do PT, que condena Beto Richa pela violência, mas que freou na força a greve dos caminhoneiros. Partido contra a terceirização, mas que não puniu o PMDB quando votou a favor. Sigla que apoio o ajuste fiscal e olhou feio para o PDT, que nesta pauta, foi contra.
E o PSDB não vai longe. No Congresso, como oposição diz que defende o trabalhador. Mas nos estados, como São Paulo e Paraná, aumenta impostos e taxas e senta a borracha em professor. E flerta com a extrema direita, mesmo querendo pousar de social democracia. E se envergonha de aplaudir o governo Dilma por medidas que ele mesmo tomaria.
Mas a confusão, ao eleitor, não se restringe aos dois partidos. Ela se espalha pelo Brasil. Como não elogiar o prefeito Gustavo Fruet quando abriu as portas da Prefeitura para abrigar os feridos da Batalha do Centro Cívico? Mas essas mesmas palmas seriam mantidas se soubessem que o prefeito não valoriza o salário base dos servidores municipais, promove calote na saúde e educação, não tem coragem de romper com grupos políticos que sugam a cidade como no transporte? Menino bom ou menino levado?
Neste descompasso da política também entra a sociedade. Povo que vaia a Dilma num dia e no outro se solidariza com o professor. Povo que protesta por educação, mas não critica governador violento. Na mesma esteira entram os sindicatos e movimentos sociais. Apoiar o governo contra o perigo do retrocesso ou Romper com um governo que utiliza os movimentos sem contrapartida para se segurar em Brasília? Eis a questão.
De um lado, o cenário é nebuloso. Mas de outro, há algum tempo a política não estava tão intensa na boca do povo.
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#alfinetadodia E a taxação das grandes fortunas, saiu da pauta do governo federal?
#Bolsadeapostas Os deputados vão protocolar o impedimento de Beto Richa: ( ) Sim ( ) Não ( ) Já que a vaca tossiu, é mais fácil chover canivete.
#pingafogo no zap zap. Alguém sabe por que os vereadores de Curitiba precisam de carros novos?
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males / Crônicas Curitibanas
Sindicato dos Bancários convida para Ciclo de Debates sobre a Comissão da Verdade
11 de Maio de 2015, 10:27A Comissão Estadual da Verdade do Paraná – Teresa Urban, a CUT-PR e o Grupo de Trabalho de Verdade, Memória e Justiça do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região promovem nesta semana um Ciclo de Debates com a Comissária da Verdade Drª Rosa Cardoso, coordenadora do Grupo de Trabalho da Comissão Nacional da Verdade e também do grupo da Operação Condor, sob mediação do bancário Márcio Kieller, vice-presidente da CUT-PR.
A programação terá início na próxima quinta-feira, 14 de maio, às 19 horas, no Espaço Cultural dos Bancários (Rua Piquiri, 380, Rebouças). Já na sexta-feira, dia 15, haverá programação das 9h às 17h, com apresentação de síntese do relatório da Comissão Nacional da Verdade, na sede do Ministério Público do Paraná (Rua Marechal Hermes, 751, Centro Cívico). Participe!
Por Paula Padilha
SEEB Curitiba/Terra Sem Males
Artigo: Cai um covarde
8 de Maio de 2015, 14:53Sei que não se deve bater em quem está caído, como fez o Choque no dia 29 com os manifestantes. Contudo, não há como deixar de se observar que Fernando Franceschini é um político covarde. Covarde na prática, não na valentia. Não a toa cabe-lhe o apelido “Valentão do PIG” e “Batman das Araucárias”. Pois sua carreira se sustenta em um imenso gogó e em pouca ação política construtiva. Cinco episódios recentes confirmam a característica de covarde.
O primeiro deles foi realizar uma campanha política ausente de propostas e centrada no ódio e no preconceito. Não se via em sua plataforma qualquer discurso ou iniciativa relacionada à redução da violência, uma vez que é policial federal. A escolha de Franceschini, pelo contrário, foi no sentido de marginalização dos movimentos sociais, no discurso fácil da redução da maioridade penal e, principalmente, no ataque a um partido político sem oferecer qualquer alternativa de desenvolvimento como reforma política e partidária. Com o bordão “Fora Dillma e leve o PT junto”, ele se elegeu com votos reacionários e conservadores.
O segundo episódio de covardia ocorreu quando ele, já secretário de segurança pública, aparece em programa policial com uma pistola na cintura. Imagem digna de pistoleiro, de faroeste. Na conversa, o conteúdo era o que menos importava. A escolha foi pelo convencimento através da intimidação. Muita gente aplaudiu a atitude, afinal, bandido bom é bandido morto e a lei se fazia presente. Contudo, o revólver pendurado na cintura impede que quem está do outro lado possa fazer um confronto de ideias sem temer o saque da arma.
Por outro lado, é justamente o terceiro momento em que a aparente valentia se transforma em covardia. Isso ocorre quando a ‘autoridade’, durante a primeira greve dos professores, é impedida por um professor de permitir a entrada dos “Deputados do Camburão” para votar o saque na previdência. A imagem de Franceschini, se escondendo atrás da tropa, dá a dimensão de uma sociedade que grita muito, bate panela, mas no mano a mano, se esconde até do debate.
Fuga que se repetiu ao tentar se eximir do massacre nos servidores públicos culpando a mesma tropa. Ora, até as capivaras de Curitiba sabiam que havia sede de vingança, que o forte aparato policial e às duas horas de bombas visavam também restabelecer a imagem da autoridade pública. Contudo, o que a covardia bombada não previa era a musculatura da opinião pública. Do pior jeito, Franceschini aprendeu que não basta se segurar em uma campanha anti-partidária para ter apoio da sociedade. Ao perceber isso, pois a culpa na PM, que se rebelou.
O último ato de covardia se desenhou ao tentar ficar no cargo. Ao implorar, segundo fontes oficiais, ao governador para ser mantido. Afinal, o Batman não podia ser derrotado e Curitiba City não podia ficar a mercê dos malvados Black blocs – mais este clichê sustentando por Franceschini. Tivesse saído, feito elogio a tropa e admitido alguns excessos, poderia manter em estima para muitos a sua imagem. Sairia injustiçado. Mas preferiu rastejar e acusar as forças policiais. Como servidor público, ele deveria conhecer a máxima: “governantes passam, a instituição fica”.
Agora, enfim Franceschini cai como covarde. Ou é empurrado por outro covarde um pouco mais forte que anda balançando.
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males / Crônicas Curitibanas
Fernando Francischini pede para sair do cargo de Secretário de Segurança Pública
8 de Maio de 2015, 12:28Clique aqui para comprar esta foto em alta resolução
O deputado federal pelo partido Solidariedade e delegado da Polícia Federal Fernando Francischini, apontado pela própria corporação da Polícia Militar do Paraná como um dos mentores do massacre dos professores no dia 29 de abril, não é mais o Secretário de Segurança Pública do Paraná.
De acordo com informação oficial publicada pela Agência Estadual de Notícias, Fernando Francischini pediu afastamento do cargo, nesta sexta-feira (8). Ele será substituído interinamente por Wagner Mesquita de Oliveira, delegado da Polícia Federal.
Em carta enviada ao governador Beto Richa na última quarta-feira e amplamente repercutida nas redes sociais, o ex-comandante-geral da PM, César Vinícius Kogut, relatou que Francischini participou do planejamento da operação realizada pela corporação e que a operação foi aprovada pela Secretaria de Segurança Pública e Administração.
O massacre dos professores, ainda repercutido como confronto, resultou em 213 feridos, após o uso ininterrupto, pelo período de duas horas, de ataques aos manifestantes com bombas de gás, de efeito moral, balas de borracha e violenta ação da PM.
Veja fotos do massacre da PM-PR contra os professores.
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Por Paula Padilha
Terra Sem Males
Crônica: Conflito no Paraná será tema de série televisiva
7 de Maio de 2015, 21:39“Eu, Bleque Bloque” aborda conflitos contemporâneos.
Foto: Joka Madruga.
A próxima série televisiva promete ser de arrepiar, ancorada em um tema, mais do que contemporâneo, instantâneo.
O nome? Eu, Bleque Bloque. Uma dramaturgia com número de capítulos indefinido.
No roteiro, um jovem ativista tenta se livrar das acusações de que teria encabeçado o enfrentamento que resultou na brutal repressão do dia 29 de abril contra os servidores estaduais, quando na realidade ele estava em casa naquele dia, assistindo Sessão da Tarde.
As crises e lutas sociais estendem-se por anos no Brasil e no Paraná.
Nesse cenário, toda a trama da série se desenvolve até o momento mais tenso, quando finalmente um líder Bleque Bloque, presente em novo protesto dos servidores estaduais, é levado até a sede da Polícia Federal e desmascarado em frente à toda a mídia.
Quem surge por detrás daquela máscara? O secretário de segurança? O governador Richa?
Os produtores estão animados com a possibilidade de audiência da nova série.
O anti-herói ainda tentará escapar, numa fuga de camburão sensacional, e se esconderá debaixo da cama do colunista Reinaldo Azevedo, causando verdadeiro pavor em um bairro de elite.
Dois irmãos separados pelo ódio
O jovem Bleque Bloque ainda é profundamente marcado pela relação conflituosa com sua irmã. A jovem participou até então dos atos Fora, Dilma! e pelo impeachment.
Ela passa a ter desprezo e até ódio pelo irmão ativista e pelo pai professor, até o momento em que, em profundo clímax narrativo, ambos decidem contar que o curso de aprendizagem industrial realizado por ela e seus amigos é, na realidade, financiado com recursos do Governo Federal.
Com grande rancor e chocada com essas informações, agora a jovem precisa decidir se faz depoimento favorável ao irmão, porém, em um Judiciário de cartas marcadas.
Principalmente, ela precisa decidir se passa a apoiar a luta dos professores estaduais ou seguirá nas mobilizações coxinhas que começam a lhe parecer sem sentido, mas que estão carentes de uma liderança filha de trabalhadores, como é o caso dela.
Não perca!!!!!!!!!!
Serviço
Eu, Bleque Bloque, um faroeste brasileiro.
Narração: Ademar Traiano.
Por Pedro Carrano
Terra Sem Males
Entrevista armada de Beto Richa na TV Educativa reforça importância de democratizar e regular os meios de comunicação
7 de Maio de 2015, 18:03Reprodução
“Cara, foi excelente”. A frase soaria normal após uma entrevista caso fosse dita por um assessor de imprensa. Mas soa absurda com quando vem do próprio entrevistador. Esse é o caso de uma entrevista armada pela TV Educativa do Paraná com o governador Beto Richa (PSDB) que viralizou e circula pelas redes sociais.
O fato novamente chama a atenção para a necessidade de promover um amplo debate sobre o papel dos meios de comunicação na sociedade brasileira. Há algum tempo os movimentos sociais tentam levar esta discussão para pauta nacional dos interesses públicos, mas sem sucesso, por óbvio, em virtude da grande resistência dos barões da mídia que controlam os grandes conglomerados de comunicação. Ao seu lado estão políticos conservadores que são beneficiados diretamente pelo atual sistema.
São duas propostas distintas, mas complementares. A primeira delas é a democratização da comunicação e a segunda a regulação. Ambas são confundidas, propositalmente, com censura pelos setores conservadores que reduzem os debates promovendo informações inverídicas para travar a pauta dos movimentos sociais.
“A adoção de um novo marco regulatório ajudaria a enfrentar este quadro porque, na medida em que uma nova regulação promova a diversidade e pluralidade na mídia, assim como uma mídia pública independente de governos, seria possível que outros veículos de comunicação, não guiados pelo poder político ou econômico, denunciassem este tipo de prática e, assim, indiretamente, contribuíssem para combatê-la. Com a democratização da mídia, mais opiniões poderiam circular no âmbito dos meios de comunicação de massa e, assim, a palavra do governador não seria a única a ter espaço na mídia”, explica a jornalista membra do coletivo Intervozes e membra da comissão de ética da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Bia Barbosa.
Ela lamentou a entrevista e acredita que este caso poderia ser resolvido com uma denuncia ao conselho de ética da entidade. Este tipo de problema está no âmbito do desrespeito ao Código de Ética dos Jornalistas, que já está em vigor e deveria ser respeitado por profissionais como este que supostamente “entrevistou” o governador. “O que houve foi uma clara violação da ética jornalística”, afirma.
O caso veio à tona por acidente. O material foi publicado na íntegra na internet e logo foi salvo e reproduzido por internautas, mas este está longe de ser um caso isolado. “O caso revela que a manipulação da informação é uma prática mais frequente do que se imagina e que, principalmente aqueles que estão em postos de poder, usam deste artifício sem qualquer respeito com o telespectador cidadão. Revela também que muitos veículos de comunicação estão a serviço do poder político, e que assim conduzem a produção das “informações” que veiculam, abandonando qualquer compromisso com a ética que rege a nossa profissão e com os princípios que deveriam balizar o trabalho dos meios de comunicação de massa, que são concessões públicas”, completa Bia, que avalia que esta não é a regra dos processos de comunicação, mas também é “mais frequente do que as pessoas imaginam”.
Empresas públicas de comunicação – Embora não esteja no olho do furacão, o papel das empresas públicas de comunicação também está inserido neste debate. Cada vez mais politizadas pelas sucessivas gestões, as emissoras de televisão pública cada vez menos tratam a informação com seriedade e acabam tornando-se panfletos políticos e partidários.
A TV Educativa do Paraná e a TV Cultura de São Paulo são dois exemplos desta manobra comunicacional que utiliza-se do erário para a promoção pessoal de gestores públicos. Enquanto isso, a informação e o interesse público são relegados ao segundo plano.
“As empresas públicas de comunicação devem se guiar pelo interesse público, do cidadão, e não pelo interesse político e partidário do governante de plantão. Por isso é fundamental garantir mecanismos de independência financeira, de gestão e editorial das empresas públicas em relação aos governos aos quais elas estão ligadas. Este é um dos grandes desafios que temos hoje na comunicação pública brasileira, cujas emissoras em grande parte dependem do financiamento dos governos (principalmente dos estaduais) e acabam produzindo sua programação de forma a não contrariar os interesses de quem paga a conta. Quem sai prejudicada é a população, que tem direito a uma informação plural e de qualidade, que poderia ser oferecida pelas empresas públicas, que muitas vezes estão subordinadas a outros interesses”, enfatiza Bia.
O jornalista e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, Pedro Carrano, tem atuado na linha de frente nos embates com a TV Educativa do Paraná. Ele denuncia há tempos o uso político da máquina e as péssimas condições de trabalho ofertadas aos profissionais da emissora.
“Hoje a RTVE demite, enxuga e sobrecarrega os profissionais, não oferece concurso público, sequer a prometida carteira de trabalho assinada. Os jornalistas recebem por cachê. Há aparelhamento político da emissora, nenhuma autonomia, e vemos profissionais desenvolvendo doenças do trabalho e doenças psicológicas – coisa que talvez a gente pensasse que só aconteceria em trabalhos noutros ramos da economia. É preciso abrir concurso público na RTVE e com isso garantir condições, respeito e autonomia para os jornalistas”, cobra o jornalista.
Carrano também denuncia outras formas de uso político e institucional da emissora. “Há aparelhamento militar também. No dia 12 de fevereiro, como forma de confundir os manifestantes que buscavam impedir a votação de ajustes e cortes na Assembleia, a região do Canal da Música ficou militarizada. Trata-se de um desrespeito ao local de trabalho dos jornalistas, cercado por policiais. É assim que o governo trata um espaço de cultura e comunicação?”, questiona.
Para o jornalista a ideia é estabelecer mecanismos que impeçam o uso de bens públicos de interesse coletivo, como o caso da TV Educativa do Paraná, para fins eleitorais de autopromoção pessoal. “O descaso com as TVs estatais e públicas nos estados, particularmente com força nas gestões tucanas, torna visível a necessidade de democratizar o sistema de comunicação no Brasil, revalorizando o espaço público, hoje comprimido pelas emissoras comerciais. E também para que os espaços públicos não fiquem ao sabor do governo de plantão. Este é um item necessário de uma democratização da mídia que envolve outras medidas, tais como: a não propriedade de veículos de comunicação por políticos, nem a propriedade cruzada dos meios de comunicação”, propõe.
Uma das iniciativas dos movimentos sociais para tentar reverter este cenário é o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática. O objetivo é arrecadar 1,3 milhão de assinaturas e apresentar ao congresso nacional um projeto de lei que garanta uma efetiva representatividade dos mais diversos setores da sociedade nestes espaços públicos de discussão. “É um resumo de debates que têm sido feitos com a sociedade e que contém medidas que rompam com a concentração absurda da mídia no Brasil. Os movimentos sociais e as entidades progressistas assinam e é preciso alcançar ainda mais segmentos da sociedade com esse debate”, argumenta.
Para saber mais sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular organizado pelo Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) clique aqui.
Por Gibran Mendes
CUT-PR
Unificar as lutas é consenso na Plenária da Federação Única dos Petroleiros com os Movimentos Sociais
6 de Maio de 2015, 22:55A união das forças populares em torno de uma pauta de lutas foi apontada como a melhor estratégia para enfrentar a atual conjuntura política desfavorável aos trabalhadores pelas lideranças que participaram da Plenária da Federação Única dos Petroleiros (FUP) com os Movimentos Sociais. A atividade ocorreu na noite da última terça-feira (05), na Sede da APP-Sindicato, em Curitiba, e reuniu um público de aproximadamente 200 pessoas.
O presidente do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot, abriu o evento com uma breve análise conjuntural. “Estamos atravessando um período no qual há uma violenta ofensiva contra os direitos dos trabalhadores. O Congresso Nacional é o mais conservador desde o início da ditadura militar em 1964. O momento é propício para debater temas importantes da atualidade e unificar nossas lutas para fazer o enfrentamento à direita fascista brasileira”, destacou.
José Maria Rangel, coordenador da FUP, lembrou que a violência que os professores da rede pública de ensino do Paraná sofrem com um governo do PSDB também já foi sentida na pele pelos petroleiros. “Suportamos a truculência do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso quando fizemos uma greve de 32 dias em 1995 para defender o monopólio estatal do petróleo e impedir a privatização da Petrobrás. Infelizmente o monopólio foi derrubado, mas graças à vitória do companheiro Lula em 2002, a Petrobrás investiu muito em pesquisa e descobrimos as mais recentes grandes reservas do mundo, que é o pré-sal. Avançamos na legislação do petróleo para ter a Petrobrás como operadora exclusiva do pré-sal com o modelo de partilha e um fundo soberano desses recursos para investimentos em educação e saúde. Porém, foi passar o difícil processo eleitoral, o qual formou a Câmara Federal mais reacionária pós-1964, e o modelo de partilha passou a ser questionado no Congresso Nacional por aqueles que querem entregar nossas riquezas ao capital”, disse. Ainda segundo a análise política de Zé Maria, o país vive uma grande luta de classes. “Uma camada significativa da população, cerca de 40 milhões de pessoas, começou a ter acesso a bens de consumo que antes apenas os mais ricos tinham. Isso incomodou bastante a elite brasileira e fez com que ela viesse com uma pauta reacionária com o falso argumento de combate à corrupção, que sempre foi uma pauta da esquerda, para fazer a campanha de impeachment e da precarização das condições do trabalho via o projeto de lei das terceirizações, o PL 4330”.
Exemplo neoliberal de Minas Gerais - Uma delegação do Sindicato Único dos Trabalhadores de Educação em Minas Gerais (Sindute) veio participar do ato público de apoio civil aos professores do Paraná, realizado na terça-feira (05), e a presidenta da entidade, Beatriz Silva Cerqueira, a Bia, participou da Plenária. Bia destacou as dificuldades enfrentadas pelos professores mineiros sob a gestão do PSDB. “Quando Aécio Neves ganhou em Minas Gerais ele aplicou o tal do choque de gestão. Foram medidas que só prejudicam os servidores públicos e apresentaram projetos de vitrine estampados em peças publicitárias, que dão a falsa impressão de melhorias, mas que a população não percebe. A estratégia neoliberal foi bem articulada e envolvia dos meios de comunicação ao Poder Judiciário. Quando veio a reforma da educação, não identificamos o que isso realmente significava e o resultado foi a pulverização da categoria, com 270 mil trabalhadores da educação com direitos bastante distintos. Fizemos uma greve de 42 dias em 2011 e sofremos isolamento, mas graças a uma articulação dos movimentos sindical e social rompemos barreiras e a greve foi vitoriosa. Nossa avaliação é de que o PSDB perdeu as eleições de 2014 naquele movimento e nas marchas de junho de 2013”.
Bia ainda fez uma previsão dos rumos dos movimentos dos professores do Paraná. “A tendência é que a truculência do PSDB piore cada vez mais. Porém, o exemplo de Minas Gerais mostra que uma aliança entre o movimento sindical, social e a juventude para construir convergências e lutas conjuntas é o caminho para fazer o enfrentamento a esse projeto político tucano neoliberal”, concluiu.
Massacre dos professores - A professora Rose Mari Gomes, da APP-Sindicato, fez um relato da violência do governador Beto Richa (PSDB) contra os educadores do Paraná. “Não foi uma batalha, como a mídia disse. Foi um verdadeiro massacre, com mais de duas horas de bombas de gás, balas de borrachas, cassetetes sendo usados constantemente contra os manifestantes. Na mobilização anterior, em 07 de fevereiro, quando estávamos em uma longa greve, conseguimos evitar o tratoraço do Richa, que estabelecia uma Comissão Geral, na qual o projeto era apresentado e aprovado no mesmo dia em três sessões consecutivas. Apenas a Assembleia Legislativa do Paraná ainda tinha esse resquício da ditadura em vigor e conseguimos barrar. Outra tragédia que evitamos do tratoraço foi a medida que simplesmente acabava com o plano de carreira dos funcionários de escola, construído ao longo de 68 anos de história de luta da APP-Sindicato. Após aquela mobilização, Beto Richa retirou os projetos e fingiu o diálogo. Percebemos isso e decretamos greve novamente em 27 de abril. Dois dias mais tarde o massacre aos educadores no Centro Cívico e a aprovação do projeto que permite ao governador meter a mão na previdência dos servidores. O importante é que a sociedade aprova nossa luta e iremos resistir”.
Participação dos movimentos sociais - Os trabalhadores do campo também participaram da Plenária. Joceli Andrioli, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), apontou o debate como fundamental para a luta. “Temos que discutir muito sobre estratégias e reconstrução de nossas forças para enfrentar essa conjuntura e tentar avançar. Os ataques à Petrobrás têm a finalidade de desmontar o Brasil e atacar o desenvolvimento de nossa indústria nacional. Trata-se de uma intervenção do imperialismo que acontece por meio de partidos políticos de direita. Por isso, temos que avançar para uma estratégia nacional unificada em duas grandes lutas, que são a defesa da Petrobrás e pela reforma política democrática e popular”.
Roberto Baggio, coordenador do MST no Paraná, disse que “após 15 anos de calmaria, o capital voltou com tudo e quer nos dominar para nos transformar em mercadoria. A boa notícia é que a classe trabalhadora acordou e entrou em campo. É um bom momento político para a esquerda e temos que ser capazes de lutar para avançar no projeto político popular. Daí a importância de construirmos grandes plenárias e debater a conjuntura para preparar a luta.
Paulo de Sousa, da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (Assesoar), demonstrou compromisso com a unidade de classe. “Viemos em 180 pessoas do Sudoeste do Paraná e percorremos 600 km para ajudar na luta dos professores. Temos que unificar nossas ações contra a direita e o capital. Adormecemos um pouco nesses 15 anos e não fizemos formação política como deveríamos. Temos que retomar isso para fazer a sociedade entender a luta de classes”.
O representante da CUT Nacional, Roni Barbosa, destacou a lição que a conjuntura traz aos movimentos. “A mobilização contra o PL 4330 e os reflexos da violência contra a greve dos professores do Paraná freiam o crescimento da direita. Parte da população que estava comprando esse discurso e parou para pensar sobre os efeitos da agenda neoliberal. O que Beto Richa está fazendo no Paraná é o que Aécio queria fazer no Brasil. Isso é um ensinamento para a esquerda, que precisa se unir. O massacre do dia 29 de abril escancarou como a direita fascista age no país. A mobilização em apoio aos professores foi um exemplo de como unificar a luta. Temos que pensar em como construir os próximos passos, pois será muito importante para a conjuntura nacional. O Paraná está em evidência com todos esses acontecimentos. Para se ter ideia, Beto Richa era cogitado como candidato à presidência pelo PSDB, mas isso acabou. Por isso, a reforma política deve ser nossa grande luta para enfrentar a direita”.
Convocação para 29 de maio - A convocação de um grande dia de luta da CUT foi feita pela presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz. “Temos um grande desafio no dia 29 de maio, quando completará um mês do massacre contra os professores do Paraná. Nesta data, a CUT organiza uma nova grande paralisação nacional, preparatória para uma greve geral contra o PL 4330, que escancara as terceirizações no país. O Projeto foi para o Senado e eu não tenho dúvidas que pode ser aprovado lá também. É um jogo de cartas do PMDB e isso é muito perigoso. Com relação ao enfrentamento ao governador do Paraná, temos que construir a unidade da classe trabalhadora no campo e na cidade”.
A necessidade de democratizar a mídia também fez parte dos debates da Plenária. Pedro Carrano, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), disse que “a mídia prejudica a luta da classe trabalhadora ao se comportar como organizadora das pautas de direita e partidária. Não se trata da mídia aparecer nos nossos debates, mas de democratizá-la, pois é indutora da criminalização dos movimentos sociais. Entre as reformas de base que defendemos, a democratização da comunicação é uma delas. Está prevista na Constituição, mas não foi transformada em leis e colocada em prática”.
A última intervenção foi feita por Liliane Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres e da coordenação estadual do Plebiscito Popular pela Constituinte da Reforma Política. “As notícias que trago não são boas. O Senado aprovou o Projeto de Lei 252, de 2015, de autoria de José Serra (PSDB), que trata do voto distrital para municípios com população acima de 200 mil habitantes. Um dos pontos negativos é a divisão do município e em cada distrito cada partido vai poder indicar apenas um candidato, o chamado voto uninominal. Além disso, os concorrentes não terão direito ao acesso aos programas gratuitos de rádio e TV. É preciso muita atenção e mobilização, porque a direita está debatendo reforma política e aprovando rapidamente os seus projetos. Assim que tomou posse, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), criou uma Comissão de Reforma política que reuniu todos os 47 projetos de lei alusivos ao tema”, alertou.
Por Davi Macedo
Sindipetro PR/SC
Professores do Paraná decidem: “A greve da educação continua”
6 de Maio de 2015, 14:21Em clima de indignação, cartazes traziam mensagens de luto pela violência policial do dia 29 de abril, de apoio às demandas da greve e, também, de repúdio ao governador Beto Richa (PSDB).
Professores decidem pela continuidade da greve. Foto: Joka Madruga.
A greve da educação no Paraná continuará por tempo indeterminado. Essa foi a decisão tomada por milhares de professores, servidores municipais e funcionários da rede pública estadual. Eles se reuniram na tarde de terça-feira (5) para decidir os rumos da mobilização que alcança seu 11º dia. A assembleia geral da categoria, convocada pela APP-Sindicato, foi realizada no Estádio Durival de Britto (Vila Capanema), em Curitiba.
Em clima de indignação, cartazes traziam mensagens de luto pela violência policial do dia 29 de abril, de apoio às demandas da greve e, também, de repúdio ao governador Beto Richa (PSDB). “Fora, Beto Richa”, gritava a multidão agitada nas arquibancadas.
Após ser votado o edital da assembleia, a secretária geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli, explicou o atual momento do cenário nacional de luta pela aplicação do índice de 13,01% do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) de 2015, prevista para janeiro. Ela também mencionou outros estados que se mantêm em greve, como Pará, Pernambuco e Santa Catarina.
A mesa que coordenou o encontro relembrou o principal motivo pelo qual a assembleia do dia 25 de abril havia deliberado pela retomada da greve na semana passada: o descumprimento por parte do governo estadual em relação aos acordos que colocaram fim à greve de fevereiro e março deste ano, que durou 29 dias. Entre eles estava o diálogo sobre a questão previdenciária.
Violência
O massacre da última quarta-feira (29), assim chamado pelos grevistas que foram atacados pela polícia, durante votação do PL da Previdência no Centro Cívico, foi relembrado pelo presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, que descreveu o cenário de guerra instalado nos arredores da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Conforme registros da própria prefeitura, que atendeu a população, houve mais de 250 feridos.
“Os autores desse crime têm nome e endereço”, afirmou o professor, mencionando o governador Beto Richa, o Secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francisquini, e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano.
Durante o período da manhã, uma manifestação em repúdio ao massacre e em defesa da luta da categoria reuniu em torno de 25 mil pessoas no Centro Cívico de Curitiba, segundo contagem da APP-Sindicato. Diversos movimentos sociais, entidades sindicais e população em geral, de vários cantos do estado, demonstraram solidariedade à luta da categoria. “Menos bala. Mais giz”, pediam os manifestantes, que caminharam até a Alep.
Data-base
Um dos temas que causou reação polêmica nas arquibancadas da assembleia foi o do reajuste salarial (data-base), que não será colocado na folha do mês de maio, mas em folha complementar após negociações.
Segundo informações da APP, a secretária de Administração da Previdência, Dinorah Nogara, apresentou três possíveis cenários para o reajuste deste mês. O primeiro indica implantação, parcelada, do IPCA de maio (em torno de 8,4%). O segundo é a aplicação de apenas 5% (percentual que está previsto na Lei Orçamentária) em uma única vez. Ou, por último, a aplicação dos 5%, mas parcelado em duas vezes.
“Conquistamos em 2007 a lei que corrige o poder de compra de todos nós nos últimos 12 meses, mas ela precisa se consolidar. Não aceitaremos nenhum índice inferior ao da inflação nesse período”, defende Hermes Leão. Uma nova reunião na Secretaria de Administração da Previdência (Seap) acontecerá na próxima semana e o governo deve apresentar uma posição.
Próximos passos
Com o objetivo de esgotar os recursos de pressão para que o caso seja apurado, a direção da APP afirmou que participará nesta quarta-feira (6) de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, no Senado Federal, para relatar os fatos ocorridos no dia 29. Além disso, o sindicato também encaminhará denúncias ao Ministério da Justiça, Procuradoria Geral da União e Secretaria de Direitos Humanos.
Em relação ao PL da Previdência aprovado na semana passada, o sindicato, em conjunto com o Comitê 29 de abril, criado em função de acompanhar a apurar as responsabilidades sobre a violência do dia 29, procuram medidas legais para derrubá-lo, visto que a lei foi sancionada sem o parecer do Ministério da Previdência. “Queremos questionar uma possível ilegalidade na migração dos 33 mil servidores do fundo financeiro para o fundo previdenciário”, afirma a professora Marlei Fernandes de Carvalho, secretária de finanças da APP-Sindicato.
A assembleia foi encerrada por volta das 17h e confirmou a manutenção do acampamento da APP na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, e a realização de atos regionais no interior do estado.
Por Camilla Hoshino
Brasil de Fato